Jessica Chloe - Vitoriosa escrita por MidnightDreamer


Capítulo 41
Biópsia


Notas iniciais do capítulo

desculpem por ter demorado DEMAIS, mas é que eu tive um simulado do ENEM na minha escola hoje, e eu fiquei muito sem tempo. Perdão!



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Não. Não, não, não, não...

— O quê, doutor? — Vejo Hector entrar no quarto como um trem-bala. Seu rosto mostrava todo o seu temor. — Por favor, diga que eu não ouvi direito...

— Eu sinto muito. O tumor reapareceu.

Eu estou chocada. Sinto uma tristeza enorme invadir meu peito, a sensação de peso sobre meu corpo quase me faz perder o ar, mas o choque não me permite expressar o que sinto em choro. Vejo mamãe, papai e Lil chorando, mas eu não consigo... Eu não consigo chorar.

— Sica... — Hector se aproxima. Ele também não chora, mas sua expressão de terror me deixa ainda mais sem chão. — Vai... Vai ficar tudo bem.

— Não vai. — Falo, com os olhos vazios, olhando para o chão. — Não vai não.

Hector parecia desesperado. Ele olha para o doutor.

— Doutor... Eles vão ficar bem?

O doutor pigarreia.

— Bem, a resposta é sim e não. Se for benigno, haverá mais chances de tudo ocorrer bem. Se for maligno...  As chances de vida tanto da senhora Daves quanto dos bebês serão... Mínimas.

Solto um grito baixo, porém esganiçado. Deus... Minhas mãos vão diretamente para o meu ventre. Por que isso está acontecendo comigo?

— E como vamos saber? E é na cabeça, também? — Pergunto.

— Teremos que fazer uma biópsia, mas não sabemos ainda se é no cérebro, apesar de todos os sintomas indicam que sim. — Ele explica. — Vamos ter que fazer uma tomografia.

Mamãe parece ter saído do estado de choque e se volta para o doutor.

— Mas e os riscos por causa da radiação? — Ela pergunta.

— É melhor que você passe por uma tomografia e corra pequenos riscos do que falecer. — Ele é bem direto. — E é melhor que façamos isso o quanto antes.

— Para que não corra o risco de que o tumor passe para os bebês. — Sussurro.

— Isso se já não tiver passado. — O doutor balança a cabeça.

Hector põe sua mão em cima da minha, e seus olhos conseguem machucar minha alma.

— Jessica, você pode fazer a tomografia amanhã mesmo. — O doutor fala, pela primeira vez pronunciando meu nome.

Não respondo, só balanço a cabeça. Mil coisas passam por minha cabeça, mas sinto meu coração doer como se eu estivesse tendo um ataque. Hector deve ter percebido meu mal-estar, pois ele está fazendo carinho na minha bochecha. Papai, Lilian e mamãe ainda estão se entreolhando, sem ação.

 Eu... Gostaria de descansar agora.  Falo, quase que sussurrando. — Hector... Fique aqui.

— Nunca sairia. — Ele responde.

Mamãe beija minha testa, assim como papai e Lil. Sei que eles fariam qualquer coisa para me ver bem de novo, mas nem eu mesma sei o que devo fazer agora. O doutor vai embora, e Hector deita sua cabeça na ponta da minha cama.

Meu corpo parece ter sido dilacerado, meu coração dói demais... Por que eu tenho que passar por tudo isso de novo? Por que agora, que estava tão feliz com o rumo que minha vida estava tomando... Acabei de me casar com Hector. Estou grávida de duas crianças que já amo tanto, vou começar a estudar o que quero, na cidade que quero... Tudo irá por água abaixo?

— E se não tiver chances? Se eu tiver que fazer quimioterapia de novo? — Sussurro. Não tenho nem coragem em olhar nos olhos dele. — Eu já escapei da morte uma vez. Não acho que eu vou ter outra chance. Não vou suportar outro tratamento...

— Não, Jessica. — Ele segura meu queixo e me faz olhar para ele. — Não pensa nisso agora. Você não vai morrer, eu não vou...

Ele está nervoso.

— Eu não vou deixar. Você é importante demais para mim... Eu te amo. Não vou deixar você morrer.

— Você não tem escolha sobre isso, Hector.

Sei que acabei de irritá-lo, só pela maneira como ele me encara em seguida.

— Confie em mim. Não pense nisso, tudo vai ficar bem. — Ele se estica para me beijar a testa. Ele está chorando silenciosamente, e enxugo uma das lágrimas. — Você não pode morrer. Se isso acontecer, eu morro junto.

A seriedade das palavras dele me faz arrepiar de medo. Sei que Hector não está brincando quando ele fala aquilo. Ele já tentou se matar uma vez, por minha causa. Não quero que isso aconteça comigo.

— Não diz besteira...

— Nada me prende aqui, não terei nada se você morrer. Mas isso não vai acontecer. — Ele parece estar tentando acreditar nas próprias palavras. — Agora descansa, meu amor. Nós precisamos ser fortes, por eles.

Ele me beija novamente, e sinto como se fosse uma despedida. Deus, eu não quero ir... Não quero que isso se torne uma despedida.

— Você vai ficar aqui? — Pergunto, mas logo minha voz muda para um pedido.  — Fica, por favor.

— Claro que eu fico. — Ele se inclina melhor na poltrona, tentando se acomodar melhor. — Agora dorme.

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Acordo com o som de couro sendo esticado. Quando abro os olhos, vejo Hector se sentando melhor na poltrona. Provavelmente ele deve ter acordado agora mesmo.

— Bom dia. — Ele fala, bocejando.

— Bom dia. — Digo, e meu marido se aproxima de mim e me beija. — Não me parece muito confortável dormir nessa poltrona dura.

— Se eu pudesse, dormiria ao seu lado. — Ele sorri. — Já se esqueceu que estamos na lua-de-mel?

Não posso evitar de sorrir.

— Mas que bela lua-de-mel, hein... — Espreguiço-me.

— Shh. — Ele coloca seu dedo indicador em cima dos meus lábios. — Não fala besteira. Qualquer lugar ao seu lado é o céu para mim.

O doutor entra, nos tirando da nossa pequena porém aconchegante bolha de felicidade.

— Já acordada, Senhora Daves! — Ele sorri de leve. — A sala de exame já está a sua espera.

Ele me ajuda a me levantar, e Hector também faz o mesmo. Eles me perguntam se preciso de ajuda para andar, mas digo que estou bem. Eles, então, lentamente me guiam. Aquela sala, mesmo não sendo a mesma de Seattle, me deixa arrepiada. Deus, não quero passar por isso de novo.

O doutor me fala as etapas, como se eu não soubesse. Deitar naquela cama estranha, aquela claridade, os bips horríveis que a máquina estala... Deixam-me tão nervosa que tremelico. Depois de vários pedidos para eu parar de me mexer, eles me levam para o quarto.

— Onde está mamãe? — Pergunto a Hector.

— Ela está desde mais cedo tentando acalmar e dar notícias suas para os convidados do casamento, e confirmar que assim que você estiver melhor, iremos fazer a melhor festa de todas.

Sorrio e ele segura minha mão.

— Vocês vão sair dessa. — Com sua outra mão, ele segura minha barriga.— Deus...

— O que foi? — Pergunto.

— Como é que eu já posso amar duas criaturinhas que nem nasceram ainda? — Ele ri.

— Eu me pergunto isso toda hora. 

— Mas você é diferente. Você é mãe, sente eles o tempo todo. Eles estão dentro de você, você tem contato com eles. O máximo que eu tenho de contato é pondo minha mão na sua barriga. — Hector dá de ombros. — E eu acho incrível o fato de eu amar, idolatrar, adorar esses bebezinhos sem nem ter visto-os ainda, só pela ultrassom. Que, diga-se de passagem, não consigo ver nada nela além de borrões.

— Entendo... — Acaricio sua bochecha. — E pensar que eu posso estar ferindo eles agora mesmo...

— Não temos como saber. E se estiver, não é culpa sua.

Ele beija a ponta do meu nariz, e logo o doutor entra de novo no quarto.

— Está no cérebro, sim. — Ele comunica oficialmente. — Muito pequeno, provavelmente benigno, mas só com a cirurgia. Podemos marcar a biópsia para amanhã. Vai ser uma cirurgia complicada, não podemos te dar uma anestesia muito forte, e teremos que fazer todo o procedimento muito rapidamente, mas não se preocupe. Temos os melhores cirurgiões do lado leste dos Estados Unidos, estará em boas mãos.

— Tudo bem. — Digo sem nenhuma animação no meu tom de voz. —Quando mamãe chegar, ela assina os papéis.

Ele assente com a cabeça e sai.

— Vê? Vai dar tudo certo.

Solto um suspiro em resposta, e ele se contenta com isso.

O dia corre como nunca vi. Acho que estou tão ansiosa por amanhã que não consigo parar de pensar nisso, mesmo quando mamãe entra no quarto. Eu estou e permaneço aérea até quando finalmente durmo.

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                            No dia seguinte, após a biópsia

 

— Sica? Sica, você acordou! — Ouço a voz de minha irmã. — Gente, gente, a Jessica acordou!

Começo a enxergar, ainda tudo um pouco borrado, mamãe, papai e Hector, além do senhor e senhora Daves, pais dele. Todos estão com sorrisos enormes, mas sinto uma atmosfera de preocupação entre eles. Depois de algum tempinho, o doutor chega também.

— Doutor! Levanto-me bruscamente, e eles me acalmam. Toco minha cabeça e vejo que rasparam uma parte do meu cabelo. Não me lembro disso...

— Jessica, acalme-se. — Ele verifica minha pressão. — Não pensei que fosse acordar tão cedo.

— E então? — Ainda estou ansiosa.

— Tudo ocorreu bem, com você e com os bebês. — Ele sorri. — Eles são fortes como a mãe.

Hector solta um risinho fofo.

— Mas e o resultado? Já saiu? Sei que é muito cedo para já terem uma resposta, mas...

Ele olha para meus pais, que ainda parecem nervosos. O que está acontecendo?

— Não, não... Já faz quase um dia que fizemos a cirurgia. — Ele diz calmamente. — Coloquei seu caso em prioridade. O resultado já está pronto.

— Já se passou um dia... Sério? — Franzo o cenho. — Isso é normal?

— Seu caso em geral não é normal. — Ele sorri, tentando descontrair um pouco. — Bem... O exame deu que o tumor é benigno.


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Notas finais do capítulo

Veem? Eu nem sou má!