As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 80
Ainda acredito


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu tive alguns problemas em relação ao meu computador; o que mais me afetou foi a resposta aos comentários. Por favor me perdoem a demora a responder cada uma de vocês; nenhum comentário me passou despercebido, amei cada um que recebi e juro que não foi por querer.
Jheissianny, já te agradeci pela recomendação linda? Sim? Não? Não importa! Eu te agradeço de novo e quantas vezes eu achar necessário! Te amo, querida!
Ok, ok, este cap ficou bem, ah, dramático. Espero que curtam:



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THALIA

Pulei do convés para o mar. Assim que afundei encontrei Percy lá embaixo a minha espera. Me amparando, me guiou até a praia quase vazia. Os dois deuses nos esperavam pacientemente e com sorrisos orgulhosos; nós dois estávamos vivos. Um pouco machucados, mas vivos.

Percy fez o excesso de água voltar ao mar e eu conjurei um vento para nos secar. Só então fomos caminhando de volta aos nosso pais. Percy foi envolvido por um abraço do pai.

–Vou levar Percy para casa. Irmão - ele cumprimentou Zeus com um aceno de cabeça e estendeu a mão para mim - Caçadora. - Percy veio até mim, me abraçou fortemente como eu gostava e murmurou em um pedido que eu me cuidasse.

Antes que eles se afastassem completamente gritei:

–Hei Jackson! - Percy virou sorrindo - Vê se cuida da Annabeth! - ele ficou corado enquanto eu ria e Poseidon tentava disfarçar seu sorriso sacana.

E ficamos apenas Zeus e eu numa praia enquanto a noite ditava as regras. Não encontrei Zoe nos céus, mas também não tinha vontade de vê-la. Olhei para os lados um tanto assustada. Não queria encontrar Hugo de jeito nenhum.

–Vamos embora? - Zeus perguntou já começando a andar. Fui seguindo-o, mas não podia evitar olhar para os lados inquieta e temerosa. Meu braço foi segurando. Sufoquei um grito por puro orgulho, mas eu me senti tremer.

–Quanto tempo, princesa - sua voz era pior do que eu me lembrava; seu bafo fedia a álcool e seus olhos brilhavam em loucura - Pensei que estivesse morta. Sabia que sua mãezinha...

–Eu sei. - minha voz soou tremula; que inferno! Por que eu tinha que estar assim tão afetada? Eu só estava dando mais prazer a ele. Seus olhos brilharam e um sorriso psicótico brotou em seus lábios.

–Sabe? Também sabe que ela sofreu quando você foi embora? - aquilo foi um choque. Como ela poderia...? Eu nunca fui nada além da prova viva de seu amado não voltaria mais - Ela não parou de chorar...

–Pare. - pedi com um fio de voz; eu detestava minha mãe, mas eu nunca suportei ser a causa do seu choro.

–Parar? Sua fedelha nojentinha... - ele me estapeava e me chutava sem me dar a chance de defesa. - Acha que eu sou inferior a você, cadela? - Hugo desferiu uma joelhada em meu abdomem. Gemi no mesmo intante em que cai na areia. Sabe-se lá onde ele encontrou uma garrafa de vidro para lançar em mim como fazia sempre. O vidro se espatifou na minha clavícula, cortando a alça fina do macacão e rasgando meu ombro. Meu sangue escorria quente e rubro, pingando e manchando a areia. - Cadê seu paizinho? Onde está aquele trouxa metido a deus? Cadê seu amiguinho loiro para te salvar de novo? - ele falava de Luke; senti uma lágrima involuntária cair.

Tentei me afastar, mas não pude. Senti um vendaval se agitando a minha volta. O vento lançou Hugo para longe de mim fazendo-o colidir com um poste próximo a nós. Uma mão grande me segurou pelo ombro; gritei de dor e susto, mas meu pai não se abalou. Me levantou do chão do jeito mais gentil que pode. Eu tremia. Preferia ter morrido afogada do que encarar esse demônio de novo. E minha mãe... Como ela podia me amar? Não, era tudo uma mentira para ele conseguir me atingir.

Zeus me puxava para longe de Hugo, mas eu consegui ver o olhar tão assuatado quanto raivoso dele. A cada passo, o deus despejava palavras sobre a minha imprudência, sobre como eu poderia ter reagido..

–...Seu problema...

Não deixei que continuasse:

–Meu problema? O que você sabe sobre os meus problemas, Zeus?

–Mais do que você espera. - seu tom de voz estava um tanto mais deus do que humano; isso só estava me deixando em um estado ainda mais frágil - Não quero que os outros deuses pensem...

–Os outros! - exclamei entre o desdém e a raiva - É só com isso o que se importa? Com os outros? - fiz uma pausa durante seu silêncio quase decidindo se falava ou não, mas que tudo se exploda! Eu já estava cansada demais de nunca pensar em mim ao menos uma vez - E quanto a mim? Isso não importa?

Ele me olhava em um silêncio estático, seu rosto não mostrava emoções enquanto eu sabia o meu estar transbordando de carência e tristeza.

–Você não parece mais centrada, tão consciênte do que faz, perdida... - sua voz estava firme, divina. Isso me fez ruir mais do que Hugo ou Luke conseguiriam fazer juntos. Ele estava me tratando como uma qualquer! Eu sou filha dele! Como ele tem coragem...?

–Eu me perdi a muito tempo! - aquilo soou quase um grito desesperado de socorro, a voz tremula, os olhos banhados em água salgada - Eu nunca nem cheguei a me encontrar! Eu não sei quem é a minha mãe de verdade e o que eu sei do meu pai vem de livros de história. Livros de história! - ele me olhava chocado com desabafo; provavelmente não esperava isso de mim - Esse é meu maior problema. Não sei como cheguei até aqui...

–Essas frescuras...

–Frescuras? - duas lágrimas caíram enquanto meus olhos fitavam os seus; nem fiz esforço para disfarçar a minha dor - É pedir muito ter uma vida o mais normal possível? É pedir muito ter alguém em quem confiar? Ter uma mãe sómbria e um pai presente? - mais duas lágrimas escorreram; eu estava me sentindo feita de papel de tão fina e frágil.

–Pensei que isso se trata-se apenas do filho de Hermes - ele ainda parecia em estado de choque.

–Esquece o Luke! Esquece essa maldita guerra! - passei a mão nos cabelos com raiva de mim mesma por estar chorando na frente do deus dos deuses - Meu problema é com você. Será possível que você não percebe? Eu nunca me senti tão sozinha! Pelos deuses! Como você não percebe que mesmo estando a vida inteira sozinha nada supera esse vazio de agora?

–Mas eu estou do seu lado agora!

–AGORA? Agora eu vejo um estranho. Me explica como eu posso me sentir confortável a ponto de confiar em um estranho?

–Eu sou seu pai...

–Tem certeza disso? Cronos é seu pai? Não, claro que não. Um pai está presente e não apenas te joga no mundo.

–Thalia... – sua voz soou um pouquinho mais suave, mas algo quase impercepitível; uma lágrima pingou do meu queixo caindo sobre um dos cortes. Ardeu, claro que ardeu, mas não importava. Eu estava morrendo, sangrando por dentro, uma hemorragia que já deveria ter sido curada, mas não; eu sangraria até a morte por que eu não era capaz de cuidar desta ferida sozinha.

–Se eu luto por alguém , são por famílias ou partes delas: Percy e a mãe, Annabeth e o pai. Mas não posso lutar por mim. Não ganho nada vivendo e não perco nada com a morte. Pra mim não faz diferença . Acho que nunca fez.

Enxuguei as lágrimas e fui caminhando na direção em que eu sabia estar o carro. Levou um tempo até Zeus voltar a caminhar, mantendo uma respeitosa distância.

No carro, ele tentou limpar meus cortes; tirei meu braço do seu alcance:

–Deixe-me limpar... – ele começou em voz baixa e branda. Senti meu corpo tremer.

–Quer parar com isso? Pare de fingir que se importa; isso dói mais do que a sua indiferença – mais lágrimas escorreram enquanto eu também virava o rosto impedindo-o de ver mais sofrimento em mim.

Durante o caminho de volta ninguém falou. Encolhi-me no banco apoiando minha cabeça em meu braço bom. O vento balançava meus cabelos e lágrimas silenciosas voltaram a me escorrer pelo rosto. Eu não sentia nada, estava em um estado entorpecente onde nada me importava. Talvez alguém venha a chamar isso de depressão e digam que isso é uma doença, mas que diferença faz nomer essa sensação de vazio? Ela não passaria assim, sempre soube que não.

Devo ter adormecido no caminho, mas acordei quando paramos em frente ao Empire State. Me cobrindo parte do corpo, uma camisa branca e impecável. Zeus dava a volta para abrir a porta para mim. O peito nu, forte e "jovem". Nunca que eu poderia dizer que ele era um velho. Meus olhos pesavam e minha cabeça doía; eu odiava chorar. Ele me amparou durante o trajeto até o elevador. Fechada naquele cubiculo, escorreguei pela parede até o chão.

Zeus me levou em seus braços até seu templo. Um quarto imaculadamente feito de céu, a cama feita de nuvens, as cortinas leves e no teto as estrelas. Meu sangue havia manchado toda a sua camisa e o tecido grudava em minha pele. Ele me pôs sentada na cama e ajoelhado no chão a minha frente limpou meu ferimento, enfaixando-o em um pano azul claro.

–Por que ainda está aqui? – minha voz era apenas um fiapo.

O deus encaixou sua grande e forte mão em meu rosto; seu toque era quente e gostoso ao contrário do que pensei.

–Porque, você acreditando ou não, eu me importo.

LUKE

Já fazia um tempo desde que eu voltará do Mundo inferior. Já fazia horas desde que aquele sonho me atormentava. Deitado no meu colchão, eu me sentia diferente, mas aqueles rostos não deixavam eu pensar em mais nada. A menininha era óbviamente a mais nova, parecida demais com a mãe, mas os olhos eram um tom mais claro do que os de Thalia e um tom mais forte dos meus. O menino era o mais velho, parecido comigo, mas tinha os mesmos olhos da irmã. E Thalia... Ela estava tão linda, madura...

Voltei a fechar os olhos. Quando os abri estava em outro lugar: era um quarto bonito, simples e agradável. Me sentia diferente. Nos meus braços, encolhida e entregue ao sono estava uma Thalia mais velha. Inconsciente, apertei-a levemente contra mim. Ela suspirou e sorriu ainda de olhos fechados. Beijei-lhe a testa e ela voltou a se apertar contra mim; sorri altomaticamente. Era muito provável que fossemos ficar ali naquela troca de pequenos carinhos por muito mais tempo, mas tivemos um delicioso impedimento:

As duas crianças vieram se deitar conosco, sorrindo e já bem despertos. A menina começou a pular pedindo que fossemos brincar.

–Calma, princesa – pedi ouvindo o quanto minha voz mudara.

–Papai – a voz do menino era confusa – Se ela é sua princesa – ele apontou para a irmã – a mamãe é o que?

Thalia ergueu a sobrancelha.

–Ela é minha rainha. É meu céu, minhas estrelas, meu sol, minha lua – minha filha suspirou e meu moleque começou a fazer uma careta; eu ri da sua expressão, mas Thalia sorria docemente para nós três. As crianças foram para seus quartos trocar de roupa e ela voltou para meus braços; tão linda... Seus dedos me acariciaram o rosto.

–Eu te amo – ela sussurrou quase contra meus lábios.

Levantei suando, atordoado e com a mão sobre a boca. Não, ela não estava ali.

THALIA

Zeus me despiu e me guiou até o banheiro me entregando uma troca de roupa. Talvez eu devesse estar envergonhada por estar seminua na frente dele, mas, sinceramente, não estava. Quando limpa, vesti a camisola cinza e voltei para o quarto encontrando-o lá com a taça de vinho. Adormeci segurando sua mão contra a minha.

Não tive sonhos, mas vi flashes: parecia ser vários corredores, um novelo de lá prateada, um idoso e uma oficina. Aquilo era familiar e estranho. Abri meus olhos pesados: Zeus não estava ali. Claro! O que eu estava esperando? Que ele ficaria ali me mimando a noite inteira? Eu não podia ser assim tão ingênua; ele é um deus, simplesmente não tem tempo para mim.

Voltei a fechar os olhos. O que diabos eram aqueles flashes?

–Thalia, querida? Já está acordada? - a empolgação na voz da deusa me fez querer voltar a dormir.

–Não!

–Ah, vamos! Vamos! Temos um dia cheio de coisas para fazer...

Levantei com indignação.

–Meu deus! Eu não tenho mais o direito de ficar a toa? Quem é o próximo que eu preciso explodir?

A deusa riu e balançou a mão em um gesto de desprezo.

–Não, querida. Hoje teremos uma manhã só de garotas - eu bufei e voltei a cair no colchão - Sabe, eu acho que você precisa disso.

–Eu preferia explodir alguma coisa.

Mas lógico que não deu. A deusa me levou para as ruas de NY, a cada loja ou butique que interessava-a, nós parávamos, entrávamos e ela me fazia experimentar duzias e dúzias de vestidos. Sapatos, jóias, tudo. E ela comprava cada coisinha que gostasse. No meio desse período ela encontrou dois homens dispostos a carregar nossas compras. Na décima terceira loja, eu não aguentei mais:

–Afrodite, o que estamos fazendo extamente? - perguntei assim que saí da cabine com outro vestido extravagante.

–Ah, acho que não com esses sapatos - ela estalou os dedos e uma vendedora apareceu - Pegue aqueles sapatos da vitrine... Thalia, meu bem, estamos fazendo compras...

–E onde você acha que eu vou usar isso aqui? - perguntei balançado as saias do vestido - Você espera que eu vá caçar com isso?

Ela fez uma careta.

–Odeio pensar que se juntou aquelas... Aquelas...

–Era isso ou eu tenho certeza de que você não existiria mais.

Ela expressou choque, mas depois sorriu pensando no que havia implícito na frase. Ela voltou a me forçar a experimentar mais vestidos.

–Você ainda nutre sentimentos fortes por ele, não é? - a deusa se manifestou quando eu voltei a aparecer com outro conjunto chique que eu nunca usaria.

–Claro. - ela sorriu; ingênua: o único sentimento que passou pela cabeça foi o ódio. Luke havia maltratado minhas irmãs, ameaçou Annie, traiu Percy... Eu não podia amá-lo mais. Mas podendo ou não, já não sentia aquilo que sentia antes - Eu o odeio.

–O ódio e o amor andam sempre lado a lado - o empenho em sua voz era contagiante e lindo; ela jogou os cabelos loiros e lisos sobre o mbro. Aqueles olhos violetas reluziram em fé - O ódio sempre pode se transformar em amor.

–Já te ocorreu que pode acontecer o contrário? - perguntei enquanto abri um zíper. O ar ao meu redor pareceu ficar tristonho, voltei a olhá-la. Ela tinha um sorriso no canto do rosto, era claramente falso. Os olhos reluzentes em lágrimas.

–Chegou o dia em que temos de conversar de forma mais séria.

[...]

Poder voltar a causar meus tênis e vestir meus jeans foi quase um consolo. Andávamos, agora, ignorando as lojas. Aquilo devia mesmo ser sério para a deusa ignorar a perfumária.

–Eu fiquei surpresa anos atrás quando o destino de vocês dois se cruzaram. Foi tão lindo... - ela juntou as mãos ao peito - O jeito ingênuo como um se agarrou ao outro, o cavalheirismo dele em não permitir que você caísse... - não consegui conter um pequeno sorriso - Você pode pensar que tenho culpa no seu caso de amor, mas não tenho, querida.

–Como pode não estar envolvida? Você é a deusa do amor!

–Sim, claro. Meu bem, eu normalmente dou pequenos empurrões em casais com futuros promissores... Já vocês, eu apenas observei. Nunca eu vi algo tão puro e forte e que não precisava de interferência! Thalia, acredite quando digo que a deusa do amor nunca viu nada mais belo que isso... Nem em deuses, nem em mim mesma.

Desviei o olhar. A calçada era tão mais interesante...

–Mas nós conhecíamos o destino de Luke - seu tom estava tristonho e quase sombrio - Todos os deuses sabiam que ele estava destinado a fazer algo terrível. Você tinha acabado de se mostrar como semideusa. Foi um choque para o Olimpo. A vida de ambos não podia ser mais terrível. Mas o destino falou mais alto. O destino não se resume a profecias de Apolo, assim como promessas não precisam ser acompanhadas por um "eu prometo". Vocês tinham que estar juntos. Vocês sozinhos caminhavam para os braços do outro... - a deusa rompeu em lágrimas - As parcas são cruéis. Você, Thalia, você sempre foi a doença e a cura de Luke. Não havia outro modo.

–Predestinados a se encontrar, condenados a se perder - suspirei - Como eu poderia... Afrodite, por que está me dizendo isso?

–Eu acredito no amor, sempre acreditei. Se você escolhese os Titãs por ele, eu seria a única deusa a sobreviver. O amor vence tudo, meu bem. Então, que tal confiar um pouco mais naquilo que sente?

–Eu não sei o que sinto!

–Sabe. A resposta está adormecida dentro de você. Sei que fará o certo. Não tenho dúvidas de que fará o melhor que puder. - ela enxugou as lágrimas - Bom, Ártemis lhe deu alguns dias de folga, já que você não aproveitou aquele dia e teve alguns imprevistos... Divirta-se. Vou guardar suas roupas, ok? Ok.

Ela saiu andando e quando virou a esquina, desapareceu. Eu estava novamente só.


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Notas finais do capítulo

Perdoem qualquer errinho, ok?
* bjss *