P.O.V. Katniss

–Mais que droga! –grito assim que chego ao quarto. Jogo meus saltos no chão com tudo e em seguida se jogo na cama.

–Eu juro que eu mato aquela professora!- esbraveja Johanna em seguida.

–Ah se eu estivesse com a minha coleção de facas- resmunga Clove dando um soco na parede com uma mão enquanto a outra aperta um travesseiro contra seu corpo.

O motivo da nossa revolta e estresse tem nome e sobre e se chama: Effie Trinket.

A nossa queridíssima professora aproveitou que hoje, o nosso ultimo dia antes do baile, para nos fazer treinar o andar com saltos, mas só que ao invés de ela fazer como qualquer pessoa normal, e nos mandar colocar saltos e andar de um lado para o outro para treinar ela simplesmente, nos mandou colocar saltos de 15 cm e nos fez andar pela floresta. Não pudemos ir longe só uns 40m, mas tivemos que ir e voltar, ir e voltar, um monte de vezes!

–Se vocês podem andar com saltos dessa altura em uma floresta, sem cair, com certeza também vão poder fazer isso em um salão de chão plano. – disse nossa professora como se fosse algo normal!

Ai que raiva dela.

Eu e as meninas não conseguimos parar de reclamar desde que chegamos.

–Esta doendo muito! – choraminga Glimmer enquanto passa as mãos, massageando seu tornozelo - já usei saltos até maiores em lugares bem inapropriados, mas isso já é ridículo!

–Só tem uma explicação- diz Annie – essa professora é louca, uma psicopata, que quer ver a gente sem pé antes desse bendito baile.

–Nem me falem!- fala Madge revirando os olhos e se deitando na cama colocando um travesseiro em seu rosto para abafar um grito.

Nesses últimos tempos tentamos evitar esse assunto, pois nos lembra os garotos e preferimos tentar ignorá-los esses últimos tempos, o que é fácil já que só nos vemos nas aulas de dança e eles também estão nos ignorando.

–Gente – grito quando olho, pela primeira vez para meus tornozelos, que estão sangrando pela marca dos saltos! –Eu ainda mato aquela professora! Olha, eu vou à enfermaria pegar alguns curativos. Falando nisso por acaso alguém sabe onde fica?

É serio quando eu vim para esse acampamento, eu só ouvi falar em uma salinha que tinham por precaução como enfermaria, mas até hoje nunca vi.

–É aquela salinha que tem separada, perto do estacionamento. –Responde Johanna.

–Jura? Então ta. Eu vou lá, mas já volto. –digo e vou em direção a porta.

–Tchau. –dizem as meninas.

–Trás alguns curativos para também! –grita Annie quando já estou saindo.

–Ta! –grito de volta.

Foi muita sacanagem isso que fizeram conosco. Meus pés inteiros estão ardendo. E não foi só isso, a semana inteira estamos seguindo um regime militar, as regras são cumpridas a risca sem ser burlado, o que está tornando nossas vidas um tédio. As aulas de dança que eram para ser a nossa salvação, nos dando um pouquinho de alegria, só estão nos deixando mais nervosas.

Quase não estou conseguindo andar, a grama faz cócegas em meus pés descalços. Eu não conseguiria calçar nada no momento com meus tornozelos queimando.

Não demora muito e já consigo ver a sala que deve ser a enfermaria, por fora mostra ser pequena, e se confirma minhas suspeitas quando entro, e é menor ainda porque tem uma pessoa lá dentro.

–Peeta? –seus doces olhos azuis encontram o meu, mas eu desvio o olhar - o que esta fazendo aqui?

–Eu me cortei na aula da professora Graese, vim fazer um curativo.

–Que irônico, você, o nosso mestre de cozinha, ter ser cortado. -digo em tom de zombaria, que ele logo percebe e se mostra incomodado.

–Eu posso ser bom na cozinha, mas sou um pouquinho desastrado e isso às vezes acontece. –diz ele indiferente, ignorando o meu sarcasmo.

–Não deveria ter alguém aqui? Como enfermeira, sei lá?

–A que tinha foi embora ontem, como ninguém tinha se machucado ainda o diretor achou que não era mais necessário ela estar aqui. Mas vejo que agora era melhor ela não ter ido. Afinal o que você faz aqui?

–Meus tornozelos. A prof. Effie nos fez caminhar com saltas ao redor da floresta, isso me detonou!

Em seguida ele olha para os meus pés que estão com alguns machucados sangrando e sujo com um pouco de terra e de grama.

–Você não deveria ficar descalça, pode pegar uma infecção! –ele praticamente grita se mostrando preocupado. Oh, espera, Katniss se controla! – deixe-me te ajudar a enfaixar isso.

–Não precisa se preocupar - digo sem mostrar emoção. Mas confesso que estou me derretendo por dentro. Se controla!!

–Você vai ser minha parceira de dança amanhã, eu não quero alguém caindo aos pedaços como meu par. – diz ele friamente o que me faz voltar a ser rígida e lembrar tudo o que aconteceu nesses últimos dias.

–Ah... Se esta tão preocupado em fazer feio amanhã é melhor treinar, porque mesmo com os pés machucados, eu sei dançar muito bem, agora vamos ver você com os pés inteiros...

–Sente ai, deixa eu te ajudar logo – diz ele ignorando meu ultimo comentário e apontando para a maca que ficava encontrada na parede.

Obedeço ao que ele diz e me sento. Ele vai até uma das gavetas pega um pano, molha na torneira que tinha ali perto e começa limpar meus machucados. Ele age com toda delicadeza para evitar que doa mais, em seguida aplica uma pomada de tom amarelo esverdeado e que tem um cheiro estranho e então coloca os curativos. Durante esse tempo fico o observando, seus cílios são tão claros que quase não são possíveis de se ver é até engraçada ficar olhando para ele, por causa disso acabo sorrindo com o canto da boca.

–Qual é a graça? – Peeta pergunta me encarando.

–Nada. – minto, mas der repente bate aquela vontade de rir e eu começo.

Ele fica me observando e eu vejo que devo estar fazendo papel de louca.

–Desculpa do nada me deu vontade de rir, deve ser o cheiro da pomada.

–Sei. E o premio de pior mentirosa do ano vai para: Katniss Everdeen! –ele diz e começa a bater palmas.

–Pare de ser idiota! Eu só tive um ataque de risos- digo.

–Sabia que você fica uma gracinha tentando me enrolar. – quando ele fala isso sinto minhas bochechas, não esquentarem, mas arderem. Eu devo estar mais vermelha que a maçã que a bruxa deu para a branca de neve.

Ele percebe o que falou e também cora. Mas logo volta ao normal e segura minha mão direita com a dele, ele chega bem perto, nossos olhos grudados e quando eu acho que nós iríamos acabar nos beijando, Peeta fala:

–Vê se amanhã não erra o passo.

E sai, me deixando com cara de tosca, olhando para a parede. Mas o que foi isso? A que vontade de matar alguém com o sobrenome Mellark. Ele estava brincando comigo é isso?

É melhor ignorar. Vou em direção a gaveta onde Peeta tinha pegado a pomada e os curativos, e pego alguns deles eu vou para o meu chalé. Ao chegar lá às meninas me olham.

–Então, como é a enfermaria- pergunta Clove.

–Pequena apertada- principalmente quando se tem duas pessoas lá dentro – olha trouxe os curativos.

Enquanto ajudo as meninas, ficamos conversando sobre como seria amanhã, sabe que no fundo até estou curiosa. Glimmer disse que hoje, um pouco antes do jantar a mãe dela iria trazer nossos vestidos para o baile. Nisso eu estou com um pouco de medo, eu sei que é simplesmente a estilista mais famosa do momento, mas e se ela resolver fazer aqueles looks estranhos? Não vejo a hora dos vestidos chegarem! Credo, falei igual à Glimmer.

P.O.V. Peeta

Acabei me cortando na aula de culinária. Eu poço ter crescido na cozinha, mas eu sou um pouco desastrado às vezes, por isso não vi quando me cortei, eu estava tão distraído que só percebi quando Finnick gritou:

–Peeta você quer decepar sua mão?! –eu levei um susto e corri para a enfermaria.

Um pouco depois Katniss apareceu, o clima não estava dos melhores, mas decidi ajudá-la com os curativos, do nada ela começou a rir, eu perguntei o qual era a graça e ela tentou me enrolar e o idiota aqui disse que ela ficava uma gracinha daquele jeito.

Quando eu peguei a mão dela e a olhei nos olhos, eu realmente ia beijá-la, algo que estou com vontade de fazer, desde nosso beijo na chuva, mas... Do nada eu achei que era melhor não. Não estou seguro em fazer isso não parece certo, por isso, enrolei, e sai de lá as preças.

Que droga ela deve estar me odiando eternamente agora. O pior é que nem da para voltar atrás.

Nesse momento estou abrindo a porta do meu chalé.

–Finalmente! Achei que você tinha ido fabricar os curativos, para depois enfaixar a mão. –diz Gloss dramaticamente.

–Deixe de ser dramático. Eu não demorei tanto assim.

–Demorou sim – fala Gale.

–É. –concordam os outros garotos.

–Belos amigos vocês.

–A gente sabe. – diz Cato – Olha estávamos conversando sobre o que podemos aprontar amanhã no baile. Alguma idéia?

–Bem... – começo. Acho que todos teremos uma longa conversa para acertar os planos.