[HIATUS] Obsidiana e a Irmandade da Serpente escrita por Bellotte


Capítulo 2
Bom dia, Beco Diagonal


Notas iniciais do capítulo

Bem, três reviews no primeiro capítulo foi mais do que eu esperava, então vou fazer o segundo logo ( afinal, Obsidiana terá que correr no mesmo ritmo do TBDM, ou uma estragará surpresas da outra ). Espero que gostem o/



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- Acordem.

Era a terceira vez que a voz irritada chamava o casal. Parecia que a qualquer momento ela iria explodir.

- ACORDEM! - gritou, por fim pulando na cama dos pais e fazendo-os abrir os olhos subitamente, assustados. A garota de onze anos era pequena demais para sua idade, e também leve demais - por isso não causou muitos estragos.

- Di... Diana! Seu pai e eu estamos dormindo! - reclamou a mulher, puxando o cobertor para cima do rosto no momento em que a menina abriu a cortina, inundando o quarto com luz.

- Ah, isso eu notei, mamãe. Caso contrário, não estaria tentando acordá-los. - respondeu animadamente a garotinha. Ainda de pijamas estampados de estrelas e luas, ela sorria largamente, os cabelos negros e bagunçados caindo sobre o rosto. - Já são seis da manhã e já fiz o café. Temos que sair bem cedo hoje, não queremos que nos atrasemos. - continuou, puxando vigorosamente o cobertor e descobrindo o rosto da mãe. - Vamos?

- Obsidiana, vai se arrumar, então. - resmungou seu pai, extremamente sonolento e não completamente desperto.

- É pra já! - exclamou, saindo da cama rapidamente e correndo pelo corredor deserto. A animação tinha um motivo: era a primeira vez que teria contato real com o mundo mágico.

Eles iriam ao Beco Diagonal.

- Bem, aqui diz que precisamos encontrar o Caldeirão Furado. É um bar que fica na rua Charing Cross... - murmurou Obsidiana horas mais tarde, lendo as instruções que o Prof. Longbottom havia os deixado. Eles haviam estacionado o carro há algumas quadras, e agora andavam hesitantes. Será que estavam no lugar certo? - Ahá! Ali está.

Os pais da garota franziram o cenho. Não parecia ser um lugar... Amigável. Não tiveram outra escolha, porém, se não seguir a filha que disparou bar adentro. E quase perderam o fôlego.

E a coragem.

Figuras de todos os tipos encontravam-se no recinto escuro e sujo. Alguns levantaram a cabeça para ver quem entrava, e outros encaravam com certa curiosidade os recém-chegados: afinal, eram claramente trouxas.

- Oi, alô! - exclamou a menina, sem abaixar o tom, dirigindo-se ao barman que secava um copo distraído. - Você deve ser o... - parou ela, consultando novamente a carta - O Tom, certo?

O homem era extremamente velho e parecia estar ficando surdo, já que a resposta veio num tom alto demais.

- Sim, sim! Você é...?

- Obsidiana Coleen. Nova aluna de Hogwarts. - respondeu, aumentando o volume da voz. - Nos informaram que você nos deixaria passar...!

- Ah! Venham, venham por aqui. - convidou-os, levando os três até o fundo do bar. - São trouxas, os seus pais, menininha? - perguntou, no que era para ser uma frase discreta. Obsidiana apenas sorriu e deu os ombros.

- É, eles não deram tanta sorte quanto eu.

A parede de tijolos pareceu tomar vida quando o barman tocou alguns deles e liberou uma passagem. Um discreto brilho ganancioso surgiu nos olhos escuros da menina Coleen.

- Incrível.

Por ainda ser cedo, nem todas as lojas estavam abertas, assim como o beco encontrava-se parcialmente vazio. Mas isso não diminuiu o deslumbre da pequena, encarando as vitrines como se estivesse num parque de diversões. "Não" pensou sorridente "Isso é melhor que um parque de diversões".

A primeira parada foi um estranho banco: Gringotes. Duendes mal-humorados realizaram a troca das libras para nuques, sicles e alguns poucos galeões. A menina morena, porém, sentia-se mais rica do que nunca com algumas moedinhas que seus pais lhe entregaram tintilando no seu bolso. Ela queria visitar todas as lojas, comprar tudo o que via e tocar tudo que lhe estava a mão. A primeira parada foi no Floreios e Borrões, onde compraram os livros que foram pedidos ("Ah, são trouxas, sim? Não se preocupem, nossos livros são de excelente qualidade") e em seguida compraram os uniformes para Obsidiana na Madame Malkin ("Tem certeza que já está com idade para ir para Hogwarts, querida? Nunca vendi uniformes para uma estudante tão pequena"), passaram no Empório das Corujas e compraram uma bela e negra ave ("Muito obediente e fiel, minha queridinha. Nunca vai atrasar com sua correspondência"), compraram ingredientes para poções na Farmácia Mullpepers ("Ah, aluna de Hogwarts, é? Venha, venha"), um caldeirão ("Fundo reforçado. Jamais vai ter problemas com esse aqui!") e todos os outros materiais ("Filha, como saiu caro, hein?"). Por fim, faltava apenas um item...

- Uma varinha. - murmurou, parando diante de uma loja chamada Olivaras. Um homem e um garoto já estavam dentro do lugar, e a criança aparentemente experimentava várias varinhas, fazendo diversos objetos saltarem pela loja. - Acho que é aqui. - disse para os pais, que, assim como a filha, equilibravam diversos pacotes. Inspirando, ela entrou silenciosamente na loja, curiosa com a cena.

- Hm, não, não, não. Definitivamente não. - comentou o homem idoso, retirando a varinha clara da mão do menino logo após ele ter levitado alguns centímetros do chão. - Seu filho está sendo tão difícil quanto o senhor, Sr. Potter. - sorriu, mostrando dentes amarelos e já gastos. - Oh, bom dia. Uma varinha para a garotinha? - perguntou o Sr. Olivaras ao notar a entrada da família na loja.

O homem e o garoto viraram-se imediatamente para ver quem entrava, tendo eles diferentes reações: o homem Potter fez uma estranha careta ao ver o rosto de Obsidiana, como se a reconhecesse de tempos atrás e a lembrança fosse dolorosa; o garoto Potter, porém, corou violentamente quando a garotinha sorriu para ele. Aparentemente, ela achou a reação divertida, já que continuou sorrindo e encarando-o, mas agora com um olhar maldoso.

- Ah, sim. Mas não queremos atrapalhar. - insistiu o pai de Obsidiana, educado. O Sr. Potter voltou a sorrir, tirando a carranca do rosto.

- Bem, a pequena senhorita poderia ir experimentanto das varinhas que já rejeitaram Alvo. Assim me pouparia tempo. - sugeriu Olivaras. Como a decisão pareceu agradar todos, foi acatada. O único problema era que a loja ficou um pouco apertada com os ocupantes extras.

- Alvo, vou esperar lá fora, ok? Sua mãe e o Tiago já devem estar terminando. - disse o Sr. Potter por fim, acenando para o dono da loja e retirando-se.

- Hã... Acho que eu e seu pai faremos o mesmo, Diana. - murmurou a Sr. Coleen, um tanto nervosa. Aparentemente, até mesmo ela conseguia sentir a magia que vibrava naquele lugar. Por fim, restaram apenas as duas crianças e o Sr. Olivaras.

- Bem, agora é com a gente, garotão. - riu Obsidiana, piscando para Alvo apenas para vê-lo corar. Que garoto mais... Esquisito.

- Hm, ah, é. - fez ele, recebendo mais uma varinha do homem velho e fazendo seus próprios sapatos pegarem fogo. - Acho que essa não, Sr. Olivaras. - exclamou, enquanto soltava-a e fazia o fogo sumir instantaneamente.

- Vou trazer mais algumas para você, Sr. Potter. - garantiu ele, e então voltando-se brevemente para a menina. - Importaria-se de ir testando essas aqui enquanto espera? - perguntou enquanto apontava para inúmeras varinhas acomodadas em caixas finas sobre o balcão. Nem precisou de uma resposta, já que a morena começou a esticar o braço para a primeira, ansiosa.

A reação foi completamente diferente do que Alvo havia conseguido até então. Nenhum acidente aconteceu ao toque, mas a varinha pareceu estar vibrando, e pequenas faíscas saíam da ponta dela. Uma sensação estranha preencheu Obsidiana, que fez uma careta. - Não, não gostei dela. - disse enquanto a guardava na caixa e pegava outra. Na segunda, a varinha pareceu tremer violentamente segundos antes que a mão da garota a segurasse, e assim que ela encostou ficou imóvel e quieta. - Não. - murmurou ela, indo até a terceira.

Alvo assistia a cena bobo. Já viera ao Olivaras antes, junto com seu irmão e primos. Mas era certamente a primeira vez que via alguém controlar varinhas que não eram suas tão bem. "Ou será que sou eu que não consigo controlar a varinha?" pensou amuado. Não teve tempo de perguntar à menina como ela fazia aquilo, porque Olivaras voltou no instante em que ela experimentava a quinta varinha.

- Aqui, tente essas, Sr. Potter. - disse, enquanto entregava uma levemente torta para Alvo, que a pegou com mais determinação do que antes. A varinha, porém, causou um pequeno vendaval dentro da loja, e sem demora o garoto devolveu ela a caixa apropriada. Estava começando a se irritar. Será que não acharia nunca? Colocou a mão para testar a próxima, mas foi interrompido por uma pequena exclamação de Olivaras. - Por Merlim! Como está fazendo isso, senhorita?

Obsidiana segurava a varinha com curiosidade, que parecia lutar de um jeito estranho: labaredas azuis saíam de todo seu comprimento, deixando rachaduras na madeira. Parecia prestes a se quebrar. - Ela está resistindo. - respondeu simplesmente, as chamas não conseguindo tocá-la. Estava fascinada.

Olivaras e Alvo, porém, tinham uma expressão assustada. Num movimento que pareceu rápido demais para um homem de sua idade, o senhor tirou a varinha da mão da garota, impedindo-a de se destruir. - Isso... Isso é raro. - murmurou por fim, após longos segundos analisando a varinha danificada. - Nunca vi uma garota de sua idade tentar submeter uma varinha com tanto... Poder. Geralmente as varinhas escolhem seus donos, e rejeitam quem tenta usá-la de modo claro, como Alvo viu. Mas... - hesitou ele, levantando os olhos e franzindo as sobrancelhas. - Você subjulgou-a. Quem é você?

- Obsidiana Coleen. - respondeu feliz. Seus olhos procuraram os pais, querendo saber se eles viram o momento de triunfo dela. Estavam, porém, muito entretidos numa conversa com o Sr. Potter. Isso a irritou. 

- Bem, vamos precisar de uma varinha muito resistente para a senhorita. - disse preocupado, indo até o estoque. Alvo Potter pôde ouvir, porém, que ele resmungou algo como 'de novo não'. Seus olhos voltaram-se para o rosto daquela menina de olhos negros. Ela não parecia ser perigosa: pequena e magra, aparentava ter alguns anos a menos, e os cabelos caídos sobre o rosto a davam um leve ar de biruta.

Após alguns minutos, o fabricante de varinhas voltou com uma caixa diferente. Era de metal e algumas pequenas correntes finas pendiam soltas ao redor dela, mas pareciam emitir pequenos raios. - Essa varinha é, sem dúvidas, minha obra-prima. - anunciou Olivaras com carinho. - Feita de carvalho, 31 centímetros, flexível. O cerne... - hesitou, como se estivesse se perguntando se realmente era uma boa opção mostrar aquela varinha - O cerne é de pelo de crina de unicórnio. Um unicórnio muito especial.

Com um gesto fluido, o homem tirou sua própria varinha e desfez os encantamentos que protegiam a caixa, desaparecendo com as correntes elétricas. - Devo alertá-la, porém, que ela é provavelmente uma das mais poderosas varinhas que já fiz. Ela não irá ser subjulgada por você, e se não ela não a escolher, largue-a. É perigosa. - disse sério. A garota, porém, estava com os olhos fixoas na caixa que foi aberta. Ela parecia simples: um pedaço de madeira comum, na verdade. Sem entalhes, sem decoração. No momento em que Obsidiana esticou a mão para tocá-la, quase pôde ouvir as presentes segurarem a respiração.

O que se procedeu foi incrível.

Os vidros da loja se quebraram num estrondo audível, e todos os objetos da loja pareceram flutuar, incluindo Alvo e Olivaras, que tentavam segurar-se para não serem jogados para o alto. - LARGUE! - gritou o fabricante, mas a menina parecia não ter ouvidos. Do lado de fora, o Sr. Potter tentava entrar na loja, alarmado, mas algo o impedia. Era como se a própria varinha estivesse barrando-o enquanto...

- Ah, entendo. - murmurou a garota de olhos negros, um sorriso tranquilo se esboçando em seu lábios. - Acho que é hora de parar de brincar.

E, como num piscar de olhos, tudo voltou ao normal. O vidro não estava quebrado. Os objetos não estavam voando.

- O que foi isso?! - exclamou Potter entrando na loja por fim, seguido do casal Coleen. O Sr. Olivaras não respondeu. Afinal, sabia que a varinha canalizava os poderes do bruxo. Um tremor passou por seu corpo, lembrando-se de quando foi sequestrado por Voldemort.

Sem dúvidas, o poder daquela garotinha lembrou o de Tom Riddle.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? >