-Então, esse é o profeta Kevin? - Perguntei, analisando o garoto que se sentava ao lado de Jessie.

-Sou. - Ele disse, limpando os machucados em seu braço - E obrigada pelos cortes viu Sam.  - Sam e Dean riram.

-Então Kevin, cadê a palavra de Deus? - Perguntei, sendo direta, afinal, era pra isso que havíamos ido atrás dele.

-Espera a gente chegar no hotel ou seja lá para onde vamos e eu conto. - Ele disse, adiando a hora que ele contaria aonde estava a palavra de Deus verdadeira.

-Ah você só pode estar brincando! Fala logo garoto, aonde está a palavra de Deus? - Dean quase gritou no carro.

-Calma Dean, ele vai ter que contar uma hora. - Sam disse, calmo.

Ficamos um tempo em silêncio. Eu ajudava Jessie a limpar o corte que ela tinha no rosto, já que ela obviamente não conseguia ver.

-E a sua mãe Kevin? O que aconteceu com ela? Quando nós chegamos lá, não vimos ela. - Jessie perguntou.

-Ela... Ela está morta. - Ele abaixou a cabeça, triste - Quando cheguei na casa dela encontrei o seu corpo com sangue no chão. Chamei a polícia, mas eles insistem que foi um suicídio.

-Ah... Sinto muito. 

Continuamos a viajem até a cidade mais próxima e paramos em um hotel. Saímos do carro e enquanto eu, a Jessie e o Kevin pegávamos as mochilas, Sam e Dean íam reservando dois quartos, um com três camas e outro com duas. Eu e Jessie levamos nossa mochila para o nosso quarto, e Kevin, Dean e Sam levaram as coisas dele para o quarto deles. Depois descemos todos para almoçar. 

Nos encontramos no restaurante do hotel. Todos sentamos na mesma mesa e ficamos conversando enquanto esperávamos o garçom passar por ali.

-Então... Cadê a palavra de Deus? - Perguntou Dean, sendo direto e evitando não gritar, apesar dele querer.

-Então... Eu dei ela para um amigo. - Todos nós arregalamos os olhos.

-Você fez o que? - Agora sim o Dean estava berrando.

-Você deu para um amigo? - Sam perguntou, indignado como todos nós.

-Ele não sabia o que era, eu só pedi para que ele escondesse em um lugar que ninguém encontrasse. - Kevin disse, assustado, tentando se explicar.

-Então espera, sem querer me intrometer, mas eu acho que já estou metida nisso então... Você deu a palavra de Deus para um amigo qualquer, sem ele saber o que estava escondendo? Você sabia que a vida dele pode estar em risco nesse momento? Isso se ele ainda estiver vivo né! - Eu disse.

-Exatamente! Imagina que ele esteja agora sendo vigiado por demônios? - Dean perguntou, irritado.

-Eu... Eu só achei que seria melhor ela ficar lá, longe de mim e escondida em um local que nem eu soubesse onde. - Ele se explicou, e de um certo modo, era melhor mesmo ele não saber onde estava, caso um demônio pressionasse ele - Mas não se preocupem, ninguém sabe que eu enviei para ele, eu nem mesmo fui até lá, eu mandei por correio. 

Sam ia falar algo, mas foi interrompido pelo garçom que chegou para perguntar o nosso pedido. Eu pedi um macarrão com molho branco, Sam pediu um frango com salada, Dean pediu um hambúrguer para começar, mas o garçom disse que naquele restaurante não se servia hambúrgueres. Ele estava prestes a discutir com o garçom quando eu o interrompi e pedi uma lasanha para ele. Kevin pediu o mesmo que Sam e Jessie pediu carne assada.

Quando o garçom saiu, continuamos a conversa.

-Então precisaremos ir atrás desse seu amigo - Concluiu Sam - Onde ele mora? 

-Nessa cidade mesmo... Alguns quarteirões daqui. - Kevin disse, desanimado.

-Qual o nome dele? - Perguntou Jessie. Todos ficaram impressionados por ela ter interesse no assunto, afinal, ela ficava a maioria das vezes quieta.

-Arthur. 

Passamos o resto do almoço em silêncio. Às vezes Dean murmurava coisas como "Tinha que ser você para fazer isso". Kevin passou o almoço com o rosto triste, arrependido. Eu havia entendido o porquê dele fazer aquilo, na verdade acho que todos entenderam. Isso pode ter ajudado, mas naquele momento, todos pensavam que só havia piorado.