Não entendi o porquê de eu ter que ficar com o Tio Billy. Minha mãe sempre me coloca em furadas. Certo que ela tinha que resolver as coisas com meu pai em Amsterdã, mas me deixar em uma reserva florestal, com meu primo e meu tio mega estranhos e ainda por cima que a cidade mais próxima é um buraco, era demais pra mim.

            Eu sempre convivi em cidades grandes: Londres, Nova York, Califórnia. Não era justo eu ter que passar o resto do meu ano em um lugar chamado La Push. Eu deixei tudo pra trás por causa de minha mãe, larguei meu namorado Bob que não me amava tanto, mas me dava o que eu queria sempre que eu queria. Se eu tiver que descrever minha relação com o Bob usando só uma palavra seria sexo, definitivamente.

            Quando acordei e tive que partir para o aeroporto, minha mãe me deixou mil recomendações, como: obedeça a seu tio, seja legal com o Jacob, preste atenção nos estudos. Minha mãe achava que eu tinha 10 anos, pra elas esses últimos sete anos passaram tão rápido que ela nem tinha percebido o quanto eu tinha mudado. Logo depois que descobrimos que meu pai tinha uma vida suspeita em Nova York, minha mãe o deixou. Ele foi morar em Amsterdã, a terra da perdição. Minha mãe nunca o perdoou e por isso que ela teve que partir pra lá, ela iria entrar com um processo e avaliara cada bem que ele tinha pra poder se vingar de todas as maneiras. SIM, minha família era meio conturbada.

            Minha mãe tinha me dito também, que o vôo que ela tinha comprado pra mim pararia no aeroporto central de Seatle. “Ótimo, eu ainda vou descer em outra cidade”. Quando cheguei naquele aeroporto miserável, eu o vi. Tio Billy, com seus longos cabelos preto e de cadeira de rodas. Ele estava com uma plaquinha com meu nome, porque lógico que ele não iria me reconhecer.

            Da última vez que ele me viu, eu era pequena, tinha no máximo 1,40, tinha os cabelos curtos e era gordinha, ele se assustou quando viu que eu estava indo em direção a ele.

- Aline? Nossa, como você ta... hum.. mudada! – ele falou enquanto me analisava de cima a baixo.

- Minhas botas de couro são mesmo bonitas né? – ri. – Pois é tio, eu mudei de uns tempos pra cá.

            Eu já estava medindo 1,65, e tinha os cabelos lisos e uma silhueta que ninguém imaginara que eu pudesse ter. Meu estilo de me vestir também tinha mudado, eu era uma garota atitude agora.

- Então, vamos? – perguntei pegando minha mala de mão, e seguimos para pegar o restante das bagagens.

- Nossa! Você ta vindo morar definitivamente conosco? – Homens! Nunca entendem o quanto é importante ter uma mala bem preparada!

- Não tio! E eu ainda nem trouxe tudo o que eu vou precisar, mas, não deve ter muitas festas por aí, então... não vai ter problema!

            Pegamos um táxi e fomos pra casa. Passamos por Forks, e o Tio Billy me mostrou o colégio que eu iria estudar.

- Então, é aqui! Forks High School. A escola do ensino médio da cidade.

- Nossa, ela é tão... hum... diferente? – Não podia falar mal da ÚNICA escola de ensino médio da cidade né? Eu que estava acostumada com o Constance Billard School vou me enfiar o resto do ano numa escola tão precária. Espero que pelo menos exista algum garoto interessante por lá.

            Fomos pra casa depois que o tio Billy me mostrou os pontos turísticos da cidade.

- Essa é a delegacia do meu amigo Charlie Swan. Ele é o chefe de polícia daqui, então, comporte-se ou você não irá querer ser presa pelo amigo né? – ele tentou fazer uma piada, mas era sem graça, mas dei um sorrisinho amarelo, afinal, eu tinha que parecer empolgada com tudo.

- Claro, claro. Não vamos permitir que isso aconteça. – continuei com um sorrisinho no rosto. “Ah! A gente não pode só chegar em casa e pronto?”

            Depois de curvas e curvas, entradas na floresta, chegamos na casinha do tio Billy. Não era nada comparada a minha incrível casa em NY, mas... Cavalo dado não se olha os dentes. Tio Billy abriu a porta e entrou. Eu o segui olhando por todos os lados a casa, a fim de encontrar um lugar pra eu dormir. Tava exausta dessa viagem, e queria sair ainda hoje à noite, procurar alguma boate, algum lugar descolado pra ir.

- Jake? Sua prima chegou!

“Jake? Quem é Jake peloamordedeus?”

            Demorou um tempo, e o Tio Billy aproveitou pra me mostrar o quarto onde eu ficaria hospedada. Entrei, joguei minhas coisas na cama e fui tirar uma roupa pra vestir. O meu quarto não tinha uma suíte (era pedir demais), mas o banheiro era próximo. Entrei, coloquei meu ipod pra tocar, e fui tomar um belo de um banho. Lavei os cabelos, coloquei um pijama que eu adorava (um de lacinhos e renda vermelha), e fui me deitar.

            Acabei adormecendo. No dia seguinte, peguei meu relógio e vi que já eram seis horas. Que eu me lembre, a escola começa às 7, então... eu tinha menos de 1 hora pra me arrumar. 1 HORA? NUNCA QUE VAI DAR TEMPO.

            Tinha tomado banho antes de dormir e aqui não parecia que fazia muito sol, não era quente, era um clima confortável, às vezes esfriava demais, então não tomei um banho antes de ir. Penteei meus cabelos e pus um lacinho vermelho preso em um dos lados, coloquei uma saia de prega quadriculada e uma blusinha decota escrito “I Love NY”. Saí do quarto e me deparei com... com... As palavras fugiam da minha boca... Quem era aquele gato? E ainda mais, enrolado em uma... uma.. toalha? Era demais pra mim.

            É, ele me notou. Me fitou por um tempo sem acreditar no que estava vendo...

- Aline? – ele me olhava de baixo pra cima, igual ao tio Billy tinha feito.

- Jacob? Não acredito, é mesmo você? – perguntei incrédula. Meu deus, como o Jacob tinha mudado. Ele estava tão gostoso.

- Como você ta mudada!

- Eu posso dizer o mesmo de você. Você está maior e mais forte. – SIM! Eu peguei nos músculos do braço dele. Eram como ímãs e me atraíam demasiadamente.

- É... andei malhando! – Ele abriu um sorrisão largo, branco e lindo. – Você anda diferente também, mais magra e bem vestida.

- Ah, também adorei os seus trajes. – não me contive e tinha que comentar que a ele de toalha era mesma uma coisa única na vida de qualquer pessoa.

- Desculpa por isso! Acabei esquecendo que você iria chegar. E você chegou que horas?

- Cheguei ontem às 12:30 da noite. Tio Billy foi me pegar no aeroporto de Seattle.

- Ah, e ele demorou tanto assim? Ele saiu cedo de casa, ainda me deixou um bilhete.

- Acho que ele foi resolver as coisas pra mim na cidade. Eu to indo pra aula agora, Forks High School! Você estuda lá, não? – “SIM SIM, UM GATO NO COLÉGIO! “

- Não, eu estudo aqui na reserva mesmo.

- Ah, entendi. – Não poderia mostrar minha decepção ao ouvir aquilo né? Mas, pelo menos eu o teria em casa, sempre! Durante todo o resto desse ano.

            Olhei para o relógio e vi que eu estava atrasada.

- Desculpa Jacob! Eu to atrasada, tenho que ta no colégio em dez minutos. A propósito, o tio Billy não me explicou direito o caminho, você pode me levar?

            Lógico que o tio Billy tinha me explicado, na verdade, umas vinte vezes. Ele tinha adquirido um carro velho, que mais parecia relíquia, um Fiat Uno, de 1912 eu acho.

- Tudo bem! Eu te levo sim! Vou só colocar um short e já venho.

- Ok! – outra coisa decepcionante. Ia ser muito melhor se o Jacob me levasse de toalha. “Pára de pensar nessas coisas, Aline.”

            Não demorou muito pra que ele voltasse. Fomos à garagem e ele me entregou um capacete.

- Sobe aí! Hoje você vai chegar com atitude no colégio. – Aceitei a carona na sua mega hiper super moto turbinada e subi.

- Segura! Que isso aqui é pura potência! – ele entrelaçou meus braços em sua cintura e deu partida.

            Não sabia se estava gostando mais do passeio de moto, ou se ter Jacob ali, lindo maravilhoso a minha frente. Ao chegarmos ao colégio, ele me deu um beijo na testa e disse que qualquer coisa era pra que ele ligasse e ele iria me buscar. Eu assenti, LÓGICO!

            O colégio é uma merda! Os garotos interessantes eram meio escassos aqui. Mas nada que não viesse com o tempo. Pelo menos por agora eu tenho o Jacob.

            Fui apresentada a todos durante as classes. Não dividi cadeira com ninguém, graças a deus.  No almoço, sentei em uma mesa até que agitada, não TÃO agitada, mas eles pareciam ser os ‘populares’ do colégio. Eles não me impediram, mas me trataram com desdém. Como pode tratarem Aline Black com desdém?

            O final das aulas continuou um saco. Mas enfim, acabou! Liguei pro Jacob de um telefone público e ele disse que ia me buscar.

            Jacob chegou com a sua moto mega Power, o que fez as ‘populares’ sentirem uma inveja de mim por ir embora com um cara tão gostoso, e os ‘populares’ babarem pela moto de Jacob.

- Você me fez ganhar uma ótima popularidade e uma ótima mesa pra sentar no almoço Jacob. Muito obrigada. – Seguimos pra casa. Quando entramos eu me deparei com uma pirralha, que devia ter no máximo uns 14 anos, ou um pouco mais, batendo o pé no chão, com os braços cruzados em frente aos seios e um bico enorme na face.

- Jacob? – ela falou entredentes olhando fixamente pra mim.

- Calma Nessie, não é nada disso que você está pensando.