A Última Carta escrita por Camí Sander


Capítulo 5
É isso


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo.
Espero que não se decepcionem, mas se isso acontecer, deem-me sugestões de como continuar com a fic.
Aceito sugestões mesmo. Sem estresse c;



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Narrador Pov.

Então Isabella correu até a casa do seu querido “príncipe” já que era a mais próxima. Ela tentou ser discreta, fazer com que sua “capa de invisibilidade” ainda fizesse algum efeito sobre a humanidade. Conseguiu ir calmamente até a casa de Edward e, como o quarto era no segundo andar, na parte de trás da casa, ela teve que ser cuidadosa.

O cão de Edward não a conhecia, mas era lindo; um dálmata grande e com impressão desconfiada. Quando ela inventou de passar para o lugar que queria, o cão deu um passo em sua direção. Isabella congelou, olhando para o cachorro que, em pé, ficaria maior do que ela.

–Calma, lindinho, calma – ela sussurrou para o animal. Este latiu uma vez em resposta, rosnando em seguida. – Shh, por favor! Não lata, não os chame. Eu preciso fazer isso!

Como se entendesse cada palavra da garota, o cachorro virou a cabeça de lado, fitando-a com se estivesse a desafiando. Ela suspirou, balançando o envelope.

–Olha, eu só quero dar um presente para o Edward, entende? Ele precisa ler isso, mas não pode saber que fui eu. Eu posso, por favor, jogar isso pela janela dele?

Em resposta e reconhecimento ao nome do dono, o cão recuou um pouco, abrindo uma passagem estreita para ela. Bella, como gostava de ser chamada, deu um passo curto para aquela abertura. Logo o cachorro voltou a interceptá-la. Ela lhe mostrou a mão para que ele pudesse cheirá-la.

“A nossa cachorrinha é muito brincalhona, mas ela gosta de morder e dói!” Bella lembrou-se de Alice contando-lhe sobre a dálmata que haviam ganhado e que estava latindo nos fundos da casa e mostrando as mãos arranhadas.

Imediatamente, Bella recolheu a mão. A cadela havia crescido demais desde quando Alice, irmã de Edward, lhe falara. Provavelmente, uma mordida arrancaria pedaço. Assustada, a dálmata latiu.

–Chega! – gritou alguém, de dentro de casa e a cadela se calou, olhando-a de canto.

–Olha, só vou jogar na janela do Edward porque ninguém mais pode ver isso, ok? – Bella sussurrou novamente.

O animal chegou mais perto, Isabella ficou parada em seu lugar apenas observando, a ponto de tocá-la com o focinho. Então, esfregou a orelha no braço da menina, como se estivesse com um de seus donos. Sorridente, Bella acariciou-lhe o pelo manchado e hesitou um passo para os fundos da casa. Sem nenhuma hora pensar em latir, a cadela a acompanhou até pararem em baixo da sacada do quarto do garoto.

Bella jogou a carta com precisão, fazendo-a cair bem perto da parede com pouco barulho. Ela sabia que Edward estava em casa. Seu quarto estava aberto e a sala também. Ou seja, ou ele estava no quarto, ou na sala. Mesmo ela torcendo para não estar, pois ele teria visto-a por perto.

Terminado seu “trabalho”, ela agradeceu ao cachorro e voltou para casa, refletindo na besteira que fizera. Ela não deveria ter feito aquilo. Não, ela não deveria nem ter começado aquela carta. Mas estava feito. E se ele não visse? E se a carta desaparecesse e ele nunca a encontrasse? Por um lado seria bom, assim ela nunca ficaria mais envergonhada do que já é. Mas por outro, ele nunca saberia do que ela sentia, e isso a deixava infeliz.

O maior problema era Jacob. Não que ela não gostasse dele. Por Deus, isso não! Ela o amava... não. Ela não o amava, porque senão, nunca ficaria tão irritada de saber que ele está com outra. Ela estava com ciúmes dele. Ela estava realmente apaixonada.

–Não se preocupe, paixão acaba! – disse seu irmão Benjamín.

–Não quero que acabe, seu idiota! – Bella tacou-lhe uma almofada, da qual Ben se esquivou sorrindo. – Eu o quero! Não quero o Edward, ele merece ser feliz e isso eu nunca poderia fazer a ele. Mas o Jacob... o meu Jake! Ele é meu, caramba! Ele TEM que ser meu! Porque sou totalmente entregue a ele, aquele cachorro miserável! – e chorou.

–Ah, Bellinha, eu sinto muito por isso e...

–Saia daqui, Rafael Benjamín Sander!!!! – ela berrou. – Cale essa sua boca e deixe-me em paz!

O irmão saiu sem dizer uma palavra, fechando a porta.

Pela primeira vez em meses, Isabella estava sentindo alguma coisa. Ela chorava de verdade por algo que lhe era próximo.

Bella nunca se importara com seus sentimentos. Nunca fora verdadeira consigo mesma e nunca permitira-se chorar por algo que lhe fosse triste. Apenas poucas vezes ela chorava. Era raro. E geralmente, nunca perto de pessoas, pois estas eram traiçoeiras. Ninguém se importava com a dor dela, mesmo que ela a sentisse rasgar o peito.

Então, Bella chorou em sua cama por pouquíssimos minutos. O suficiente para se conformar. Era sempre assim. Ela vivia conformada com a sua situação. Os pais se separaram? Ok, se ela ainda pudesse ter onde dormir e um canto para ler e ouvir música. O pai viver com uma verdadeira bruxa? Que viva, não colocava mais os pés naquele lugar. A mãe engravidou? Tudo bem, contanto que ela não ficasse de babá. A criança de sua mãe ser de alguém com 5 anos de diferença de sua idade? Se o cara foi burro de fazer um filho com uma mulher 15 anos mais velha que ele, o problema não era dela. A camisa vermelha de Edward ser queimada com o ferro de passar, por descuido da mãe dele? Está feito, não há o que arrumar.

Mas as poucas vezes que ela chorou, foram por motivos realmente idiotas: seu casal favorito iria se separar por uma traição de algum amigo, ela sabia um ano antes; o melhor amigo daquele casal sofreria um acidente de moto; ninguém a notava; ninguém a amava; ninguém sentiria sua falta; ela não conseguia fazer contato com o casal para alertá-los. Bem, motivos muito idiotas que lhe assombravam a mente esperando um motivo mais forte para lhe fazer chorar por uma tarde inteira. E o motivo mais forte era a falta de confiança da mãe, ou uma briga com suas irmãs.

Mas depois que Jacob apareceu na sua vida, ela nunca mais chorou. Não chorava pela mãe, nem pelas irmãs, nem pelo Edward, embora ainda lhe fizesse cartas. Jacob era um farol, um porto seguro que agora arruinara sua função.

O pior era saber que se Jake estivesse feliz, ele mesmo se afastaria mais ainda dela. Mesmo dizendo que não. Ele já estava se afastando, embora sutilmente. E tudo por causa de uma menina com olhos azuis. Tal qual Edward. Bianca e Juh. Elas nem se conheciam, mas juntas roubavam Isabella sem piedade alguma.

Bella não se importava com isso, contanto que cuidassem melhor do que lhe era roubado. Podiam até roubar-lhe a vida que não se importaria. Porque apenas poucas pessoas sentiriam sua falta. E infelizmente, Alice era uma dessas. Como ela podia deixar alguém tão bondosa nas mãos de Juh? Seria porque Juh lhe parecia uma boa moça? Seria porque Alice estava feliz de ter uma cunhada? Querer o bem de sua amiga era mais importante do que querer o seu próprio.

E Edward... como ela pode deixar isso acontecer? Seu príncipe?! Ela realmente gostava de se torturar, talvez para ver se chegava a chorar um pouco, e ficava vendo as coisas que ele fizera para a nova namorada. A primeira, caso Bella sabia. Ele era tão romântico!

E Jake? Seu cachorrinho. Não que ele fosse um cachorro... talvez um pouco. Mas ele era uma pessoa incrível e dizia gostar dela. Por que ela teve medo de aceitar o que ele lhe propôs? Agora Bianca ficava com tudo. Ela conseguira fazer com que ele a pedisse em casamento... tal como no sonho. Seria possível que ele estivesse assim tão desesperado para ter alguém? Ou era insegurança de perder? Bella não conseguia olhar para outros garotos, depois que o conheceu e ele lhe encantou.

Claro, com raras exceções a Edward. Este, nem em mil anos ela conseguiria esquecer. Mas ela também não conseguiria esquecer Jacob neste tempo. Porque os dois eram mais que especiais para ela. Ela tentara explicar isso à Jacob, mas ele não entendeu.

Ela não queria trair nenhum dos dois. Nem em pensamentos. Mas isso acabou com suas chances com qualquer um deles. Ela fora a culpada.

Com esses pensamentos, Bella pegou o celular e mandou uma mensagem anônima para Edward com os seguintes dizeres:

Olhe pela janela de seu quarto. O envelope contém algo que você provavelmente quer saber. Sinto muito por tudo o que fiz. Adeus

E então secou o rosto e foi seguir a vida como se nada tivesse lhe acontecido. Ela não assinara seu nome real na carta, mas ele saberia de quem havia sido. Edward não era burro para acontecer isso.

Por um momento, olhando a mensagem enviada, ponderou em escrever uma também à Jacob. Mas ela não precisava disso, porque ela não tinha vergonha de dizer o que sentia para ele. Ela diria tudo como se estivessem em uma conversa normal. E a única razão para isso era que Jake vivia em outro estado. Nem se ela quisesse conseguiria mandar a carta. E, aliás, o que escreveria? E se Bianca achasse? Provavelmente, estaria acabando com a vida do garoto. E ela não queria isso, de jeito nenhum.

Nem de Edward, na verdade. Mas ela sabia que naquela carta, ela elogiava Juh como se fosse sua melhor amiga. O que não aconteceria com Bianca.

Três longos anos depois

Bella continua sozinha. Mais sozinha do que deveria. Mas ela sempre sabe que o que é para ser, será. E se o ama, deixe-o partir, se ele voltar sempre será seu, senão, nunca terá sido. Afinal, a esperança é a última que morre e ela aprendeu com seu erro.

Bella Pov.

Agora, você, leitor – ou leitora, não sei – deve ir atrás de quem ama. Fale a verdade. Não tenha vergonha. Não seja como eu. Não deixe que a vida lhe roube o que lhe é precioso. Ame sem precedentes e seja feliz, porque essa foi a minha última carta.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso, acabou. A não ser que vocês queiram mais. Daí eu elaboro uma fic melhor. Prometo!



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