O Tutor escrita por Ester Liveranni


Capítulo 6
Capítulo 6 - A resposta


Notas iniciais do capítulo

Pois é, cá estamos nós. Confesso que quase abandonei a fic por completo, mas fiz um teste com o wattpad e a aceitação foi muito boa. Gostaria de postar todos os dias como foi Secrets 1, mas não sei se ainda tenho essa habilidade. Bom, tá ai mais um capítulo. Espero que gostem!



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(Cap. 6) Capítulo 6 – A resposta.

Levantei e sem me trocar, fui à cozinha comer algo antes de voltar para o quarto. Procurei Ayla, por toda a casa, mas ela não estava em lugar algum, e isso fez com que o lugar parecesse absurdamente vazio. Tudo estava tão quieto que me fez pensar se era só no cômodo onde eu estava, ou se esse silêncio também havia invadido as outras casas da vizinhança.

Descalça me dirigir à cozinha, ainda que a sola dos meus pés insistisse em reclamar o contato com o chão frio.

Tudo estava em seu lugar.

Tranquilo.

Calmo.

Fui até o balcão da cozinha, e com o corpo apoiado nele, comi alguns biscoitos olhando para a luz amena que banhava a sala.

Estava quieto demais.

Caminhei até a poltrona da sala, e nela sentei, colocando os pés sobre o estofado. Lembrei da vida que eu tinha antes e durante a guerra. Pensei em Draco, no tempo e na dor. Abracei minhas pernas e fechei os olhos, divagando sobre os últimos dias e pensando sobre o que aconteceria conosco depois que nosso tempo nessa casa acabasse.

Para onde iríamos? E o que aconteceria comigo se ficasse sem Ayla. Um nó gigante se formou na minha garganta, pois só conseguia pensar em coisas ruins. Abri os olhos e me dei conta de que estava chorando, não sei se só pela ausência de Ayla, ou se pela minha perspectiva futura. A questão foi que já fazia muito tempo que eu não me sentia tão desamparada. Eu não tinha pais, amigos, amores ou flertes. Era só eu e minha vontade de fazer parte de alguma coisa, de ser importante pra alguém, de ter um lar.

Senti dedinhos gelados tocando o meu braço e lentamente levantei a cabeça, para olhar nos olhos da única criatura no mundo que se importara comigo desde o meu nascimento.

– Ayla! – falei lançando meus braços em volta de seu corpo miúdo.

– O que foi menina?

– Nada Ayla. Não e nada. – entre soluços.

Uma névoa acolhedora envolveu meu corpo e quando olhei ao redor não estava mais sentada na sala, e sim em meu quarto sobre as cobertas.

– Ayla cuida da menina. – falou me cobrindo.

Fiz que sim com a cabeça e puxei a coberta até a altura dos ombros.

– Quietinha que Ayla já volta. – disse acariciando meus cabelos.

– Está bem. – falei secando o rosto enquanto a olhava fechar a porta.

Onde ela estava? Será que ela tem amigos? Me perguntei tentando lembrar, de alguma conversa onde ela os tivesse mencionado. Talvez ela tenha amigos de sua raça, familiares dos quais, ela não esteja vendo por minha causa. Senti a dor me apertando o peito, com a possibilidade de não tê-la. Eu não estava, pronta para deixa-la ser livre. Sei que era egoísmo de minha parte, mas se eu só tinha a ela, então qual o problema dela ter somente a mim?

Abafei o soluço no travesseiro e deixei essa questão pra depois, para um momento em que eu me sentisse mais caridosa e menos carente.

Não demorou muito e ela voltou, com uma xícara entre as mãos.

Sentada, me condicionei ao sentimento de melhorar o atual estado de espírito e segurando a caneca respirei o vapor quente que emanava do seu conteúdo. Tomei um gole sem questionar, e me permiti sentir o conforto que a bebida me trouxe. Talvez essa seja a minha definição de lar:

“Momento único de carinho, dado por quem te quer bem e recebido de bom grado por alguém cujo amor é reciproco”.

– Ayla foi buscar fruta que a menina gosta. – falou sentando de frente para mim. – Ayla não sabia que menina tava triste.

– Eu estou bem, só um pouco chateada. – disse dando outro gole.

– E o amo? Respondeu?

– Não, mas ainda está em tempo... eu acho.

– Não te aborrece menina, ele vai responder, agora descansa que Ayla vai fazer o jantar.

– Está bem. – Respondi, deixando que ela cuidasse de mim, mais um pouco, sem contar a ela que eu havia acabado de levantar.

Sorri involuntariamente e tentei pensar em assuntos mais leves, quando ouvi o som mais que esperado... O da miudinha batendo com o bico na janela.

Meu coração deu um pulo de felicidade, chutei a coberta e corri para abrir a janela. A coruja colocou o bilhete no parapeito e eu me apressei em pegá-lo, mas hesitei em abri-lo. Olhei para o papel a mim endereçado e me permiti ter esperança.

Sentei calmamente na cama e o abri.

Srta. Lestrange

Sobre os bilhetes, faça como quiser.

Quanto a sermos amigos, não sei o que a faz pensar que isso é uma boa ideia.

Severo Snape

Suspirei.

– Nossa como ele difícil. – falei deixando o corpo escorregar até o chão enquanto olhava a chuva que começava a entrar pela janela. Preguiçosamente me levantei para fechá-la.

– Não se preocupe não vou te mandar de volta nessa chuva. – falei virando para a coruja em meu assoalho. – Até por que não tenho ideia do que responder.

Desci as escadas até a cozinha com a coruja nos ombros e o bilhete entre as mãos.

– Ele respondeu?

– Sim...

– É coisa ruim?

– Não sei dizer.

– Então é coisa boa! – retrucou sorridente.

Ayla tinha razão, não sendo uma notícia ruim já era uma notícia boa. E por que eu deveria me apressar se estamos apenas nos conhecendo?

Severo PDV

Evitei o quanto pude, mas a tarde decidi que iria para casa, afinal de contas agora eu tinha alguém sobre minha responsabilidade. Arrumei minhas coisas e como a chuva não diminuiu usei a lareira do meu gabinete e fui para casa.

Quando cheguei à sala estava vazia e absurdamente limpa. Tudo estava em seu lugar, exceto as cortinas que haviam sumido. A casa toda cheirava a comida, andei até a cozinha, mas está também estava vazia. Voltei para a sala, tirei a capa e sentei na poltrona.

– Está com fome? - uma voz animada soou atrás de mim

– Não! – falei massageando as têmporas. - Só um pouco cansado. - pensei.

– Se quiser eu posso...

– Já disse que estou bem! – falei fechando os olhos e apoiando a cabeça na poltrona.

A casa ficou silenciosa, e eu deduzi que ela havia desistido, foi quando senti algo levantando minha perna.

– O quê está fazendo?- olhei assombrado para a garota de joelhos segurando meu calçado entre as mãos.

– Estou tirando suas botas. - ela me olhou e falou como se dissesse uma coisa óbvia.

– Posso cuidar disso sozinho! - falei me levantando e caminhando até as escadas.

Andei com dificuldade, graças à perna que Nagini mutilou. Como de costume a perna vacilou no primeiro degrau e eu quase fui a chão.

– Maldição! - resmunguei.

– Eu ajudo! - falou a insolente me arrastando escada a cima.

– ME LARGUE! - vociferei me desvencilhando dela. – Já disse que posso sozinho!

Ela se afastou e eu me arrependi de ter sido ríspido. Mas eu não sou um inválido, e não aceito ser tratado como um!

O quarto estava frio e empoeirado, totalmente diferente do resto da casa. Tomei um banho quente e torci para que a dor na perna cessasse. Algum tempo depois, estava mais calmo e faminto. Sai do quarto torcendo para que ela já estivesse dormindo. Mas minhas preces não foram atendidas. Me aproximei do balcão da cozinha e pequei um pedaço de pão. Sentei e aguardei que ela começasse a tagarelar.

Mas isso não aconteceu.

Dei a primeira mordida no pão e a vi tirar uma bandeja de carne assada do forno. O cheiro do assado inundou o cômodo como uma onda, o prato parecia estupendo. E eu além de faminto, agora me sentia envergonhado por não ter acreditado que ela era capaz de alguma coisa.

Continuei a observando trabalhar. Peguei pratos e talheres, os coloquei no balcão e a observei fatiar a carne. Ela não disse uma única palavra, e eu não quis estragar a noite com as minhas.

Elladora (PDV)

Estava começando a escurecer.

Quando eu havia terminando de arrumar a cozinha ouvi seus passos na escada. Peguei o queijo e comecei a fatiar, eu estava tão frustrada que quase me cortei. Como ele pode ser tão grosseiro? Não é vergonha ter limitações, assim como não é vergonha pedir ajuda.

Sorri triste com meus pensamentos.

Peço todos os dias por um amigo e ganho mais um carrasco. Incrível a minha falta de sorte!

Tirei a carne do forno e a coloquei no balcão a fim de corta-la. O cheiro estava ótimo! Queria tanto poder me gabar, queria perguntar coisas, queria beber e conversar como adultos. Mas sabia que não seria possível, então me calei.

Ele pegou os pratos e os colocou sobre a mesa. Cortei a carne em fatias finas, as coloquei no prato e em seguida cortei os pães e os recheei com a carne, o molho, o queijo e um pouco de manjericão fresco.

Notei que ele me olhava montar os pratos e enrubesci, pois não estou acostumada com plateia. Foquei em mim, no jantar e nos sabores que eu estava prestes a desfrutar. Lhe entreguei o sanduiche e me sentei de frente para ele, pronta para saborear o meu.

– Obrigado. - falou de modo sucinto, quase inaudível.

– Não há de quê. - respondi antes de dar a primeira mordida.

O olhei comendo e tive vontade de rir. Ele nem precisava me fazer elogios, já que era notória a sua satisfação em cada mordida.

– Só faltou um suco de uva. – devaneei.

– Você quis dizer um vinho. – retrucou.

– Não. Vinhos são para comemorações, e nós estamos apenas jantando.

Um silêncio estranho dominou a conversa, e eu percebi que agora eu havia sido rude.

– Tem alergia a alguma coisa? - perguntei tentando amenizar a situação.

– Não que eu saiba. - falou terminando de morder o sanduiche.

– Quer sobremesa? - falei recolhendo os pratos.

– Não, obrigada. - falou limpando as mãos no guardanapo.

– Com licença. - falei me levantando.

– Toda. - ele respondeu, antes de também se levantar.

Por dentro eu estava um pouco assustada com os avanços, e de certo modo até um pouco triunfante. A carne estava ótima, pois ele comeu como se fosse à coisa mais gostosa do mundo, sem falar na educação que parecia ter voltado a habitar entre nós.

No fim da noite, acho que entramos em um consenso. Eu cozinho, ele come e a gente vive. Pode parecer estranho, mas no momento não acho que dá para pedir mais do que isso.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?
Já viram como ela vai ganhar nosso Sev né. hihihi
Bjo e até amanhã



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