É confuso. Tudo que sinto é enorme e ao mesmo tempo me faz sentir pequena. A solidão é gigantesca e me faz sentir mínima.

Martha medeiros

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Andei atordoada para minha próxima aula, eu nunca havia escutando o nome dele, Jacob, lembrou-me de meus ursos de pelúcia, eu tinha vários, mas o que eu mais gostava eram os três Jacob’ s, e o Sirius, eu era meio apaixonada por lobos, fiz minha mãe comprar dezenas de ursinhos, eu sempre sonhava com o Jacob, por alguma razão ele era especial, diferente de Sirius (que havia ganhado esse nome por causa de uma serie de livros que havia feito muito sucesso, era algo sobre um bruxo e tal), eu não deixava minhas amigas brincarem com ele.

Isso seguiu até minha adolescência, eu tenho dezenas de desenhos de lobos no quarto, pelas paredes, eu não quero me gabar, mas eu desenho muito bem, mas não eram apenas lobos, desenhava fadas, florestas, mas especificamente uma campina, ela era muito bonita, às vezes era como se eu já tivesse ido a esses lugares.

Porem nem todos esses meus sonhos eram realmente sonhos, alguns são pesadelos, tristes, dolorosos, e às vezes apavorantes como quando eu sonho com uma praça, faz sol no pesadelo, e eu nunca me mexo rápido o suficiente, eu não estou ali para me salvar, e algo muito mais importante que está em jogo.

O segundo sinal soou, assustando-me corri para a aula de espanhol, a senhorita Mendes olhou para mim, ela não era velha, tinha no máximo trinta anos de idade, tinha traços finos, e cabelos curtos e pretos, ela não era espanhola de verdade, mas dizia ser, então...

–Buenos dias Amy. -Ela sorriu para mim ajeitando os óculos.

–Bom dia senhorita Mendes. -eu a cumprimentei.

–Deve falar em espanhol, Amy, em espanhol. -ela gargalhou.

Sentei-me no meu lugar, peguei o livro da matéria, foliei, a professora ainda esperava alguns alunos entrarem na sala, então um surto de criatividade me bateu, arranquei uma folha do meu caderno e comecei a rabiscar, minhas mãos eram rápidas, podia escutar alguns cochichos de uns alunos que se sentavam perto de mim. Ignorei, e continuei, dois olhos se formaram, e então a senhorita Mendes chamou a atenção da classe para frente. Meus olhos se arregalaram, eram a baixinha e o loiro. Tratei de fazer minha melhor cara de impassibilidade.

–Bem turma esses são Jasper Hale e Alice Cullen... Se apresentem. -ela disse para os dois.

–Olá, sou o Jasper. -ele disse serio, agora, mas de perto pude perceber que ele tinha uma postura retraída e cuidadosa como se uma respiração dele fosse capaz de nos matar, já a baixinha era mais leve e solta, não menos cuidadosa, contudo mais disfarçada.

–Oi, sou Alice. -ela disse animada, ela não era tão receosa quanto o tal Jasper, parecia mais a vontade do que ele. Era como se os dois se completassem, ela precisava da discrição dele e ele dá animação dela.

–Podem se sentar... Ali perto de Amy. -ela apontou para mim arregalei os olhos, porém tratei de suavizar a expressão novamente. Houve um murmuro geral, mas então Lola (uma das seguidoras de Katherine) se pronunciou.

–Coitados, já vão para perto da esquisita. -ela disse e alguns riram, revirei os olhos.

–Melhor que perto de você assim eles não precisam sentir o cheiro da água oxigenada. -eu rebati, e a gargalhada foi unânime.

–Meninas!-a Professora repreendeu-nos. Lola me olhou com raiva, eu apenas sorri. Lá na frente Alice também ria e ganhou um olhar frio de Lola. Jasper tentava não rir, mas foi vencido e soltou uma pequena gargalhada e recompôs sua face.

Eles se sentaram nas duas mesas ao meu lado, ambos do lado direito, um ao lado do outro. A senhorita Mendes começou a falar, e logo todos já prestavam atenção, mas eu continuei o meu desenho, já que o que ela falava era apenas revisão do conteúdo, alguns detalhes foram se formando, estava ficando bom, quando chegasse em casa teria que fazer alguns retoques, mas estava bom. Então alguém me chutou.

–Ai. -eu gemi e levantei a cabeça, a turma toda olhava para mim, a senhorita Mendes, me havia perguntado alguma coisa.

–Então senhorita Marley, pode me dizer escritor que estamos traduzindo nesta aula?-Ela perguntou virando a capa do livro para si mesma, tentando esconde-la de mim.

Eu não fazia a mínima idéia, eu sabia que era um clássico... E era tudo. Então a tal Alice sussurrou.

–Jane Austen. –Os lábios dela nem se movimentaram.

–Jane Austen. -eu repeti.

–Qual passagem?-ela tentou.

–“Em vão tenho...” Alice começou

–“Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer que eu a admiro e amo ardentemente”-eu disse, conhecia perfeitamente o livro.

A professora me olhou por alguns segundos e continuou a tradução do meu romance favorito, eu comecei a prestar atenção, mas ao longo da fala dela eu fui perdendo o interesse, já que eu conhecia o livro de trás para frente e falava a língua espanhola fluentemente, olhei para Alice e ela pareceu tão entediada quanto eu, mas seu rosto ainda estava virado para a professora, que andava pela sala, de repente ela se virou e olhou-me, seus olhos eram de um dourado e conhecidos, ela sorriu para mim, sorri timidamente de volta.

O sinal bateu e a professora deu o aviso de que os testes iriam começar logo e que era para escolhermos um clássico e traduzir no mínimo um capitulo dele para ajudar nos estudos.

Guardei minhas coisas na bolsa, me virei e Alice sorriu para mim.

–Poderia nos mostrar onde e o prédio cinco?-ela perguntou.

–Humm, claro, eu estou indo para o prédio três eu os levo. -E eles me seguiram, Lola tentou esbarrar em Alice que desviou elegantemente e a cobra loira tropeçou e caiu, sua cara foi de uma raiva, Alice de novo sorriu, quando chegamos ao corredor eu resolvi avisá-la.

–Sabe, não devia provocar a Lola. -eu disse, ela riu.

–E só você pode provocá-la?-ela desafiou. Quem riu desta vez fui eu.

–Ela não e muito boa com meus amigos, nem ela e nem as amigas dela, as lideres de torcida, são todas fúteis e mimadas. -eu disse revirando os olhos.

–E eu devia ter medo dela por isso?-ela perguntou quando chegamos perto do prédio três.

–Não, medo não, só não fique muito perto dela. Vai que ela resolve colocar uma sonda no seu cérebro ou pior, pintar seu cabelo daquele louro aguado. -eu disse. Ela gargalhou e Jasper que se manteve calado, também.

–Bem eu fico por aqui. Para chegar ao prédio cinco e só ir por ali. -eu apontei para o caminho.

–Obrigado Bella. -ela disse. Minha testa se vincou e pensei ver Jasper vacilando.

–Bella?-eu perguntei confusa. Ela riu.

–Ainda estou no clima da aula espanhol. -ela disse acenando e puxando Jasper. Eu também acenei. E entrei na aula de trigonometria.

Assim que eu entrei Katherine me deu um olhar furioso, eu apenas suspirei e fui para minha mesa, o senhor Manfred começou a falar monotonamente, ele já era velho, tinha pouco cabelo e usava um óculos com lentes grossas, mas o mais estranho era um suspensório caqui que ele usava por cima da camisa de botões.

Logo a aula terminou reprime um bocejo e esfreguei os olhos, trigonometria era muito chato, e o senhor Manfred parecia perceber isso e sempre fazia com que ela ficasse mais chata ainda. Encontrei com Angel na porta da classe dela e nos fomos em direção ao refeitório, nos dirigimos para a fila do almoço, algumas pessoas falaram de nós, mas estávamos tão acostumadas que nem ligamos. Peguei uma maçã e uma coca, Angel colocou na sua bandeja um sanduiche natural e um suco verde esquisito.

Sentamo-nos na nossa mesa afastada de sempre, logo Matt apareceu pegou o seu lanche e foi para nossa mesa. A conversa seguiu agradável até que Matt começou com a fofoca.

–... Meninas já tiveram alguma aula com um dos Cullen?-Ele perguntou a nos duas.

–Eu não!-Angel disse sem animo.

–Eu tive física com o Seth, o moreno lindo de morrer!-ele disse.

–O que anda junto com a baixinha de cabelos ruivos?-ela perguntou.

–Não aquele e o Jacob. -eu respondi.

–PARA TUDO. -Matt disse levantando as mãos como se detivesse o transito-Teve aula com ele?

–Sim em Física também, tive aula com os dois, Jacob e Nessie, e depois em espanhol com Jasper e Alice.

–Caramba. -ele disse chocado.

E então os Cullen entraram no refeitório, houve quase um silencio total, e eles se sentaram numa mesa próxima da gente, mas afastada de todos.

–Parece que eles são reservados. - Angel comentou bebendo seu suco verde.

–Chego até a ter um pouco de pena deles, se mudaram para esse fim de mundo, cheio de gente curiosa e fofoqueira. -eu disse, os Cullen pareciam escutar. A loira e o grandão (que por altos na aula de trigonometria escutei que se chamavam Rosalie e Emmett) sorriram.

–Credo Amy até parece que você não gosta daqui. -eu revirei os olhos para ele- Ah eu nasci aqui, sei lá, eu gosto daqui, mesmo que as lojas não tenham as marcas conceituadas eu gosto.

–Tá bom senhor patriota municipal me desculpe. -eu disse sarcasticamente.

–Ouvi dizer que o Seth disse que achava você bonita. -Matt comentou Angel quase cuspiu a coisa verde (que eu acho que era um suco de cascas ou de algum tipo de folha).

–O que?-ela perguntou, e eu percebi pelo canto do olho que uma pequena discussão se formou na mesa dos Cullen.

–Ele comentava no corredor algo sobre você ser linda e ser a “coisa mais doce que eu já vi”, acho que ele falava com o Jacob e a ruivinha. -ele disse.

–Impossível. -ela sussurrou.

–Não e impossível, você e muito bonita. -eu disse sorrindo.

–Não e o que todos acham. -ela murmurou.

– E desde quando o que todos acham faz alguma importância?Mandem aqueles vermes irem se ferrar e viva. -eu disse, podia parecer discurso de alto ajuda, mas às vezes ela era muito insegura.

–Olha só nossa Amyzita e uma psicóloga de mão cheia. -Matt brincou.

–A “Amyzita” aqui sabe muito bem o que fala... Ei não me chame de Amyzita eu não gosto. – Matt riu.

E de repente a vaca da Katherine apareceu na nossa mesa, assustando a Matt que estava de costas.

–Olha só se não são as aberrações. -ela zombou.

–Volta para o zoológico sua cobra. -Angel disse.

–Calada coisa psicodélica, só vim avisar uma coisa, fiquem longe de qualquer pessoa do colégio, isso inclui os Cullen, isso inclui o Seth. -ela ameaçou a Angel

–Veio a nossa mesa para mandá-la sair de perto do Seth? - eu ri sem humor.

Ela cruzou os braços.

–Olha “fofinha”, volta para o seu ninho de cobras, e nos deixe em paz. -Matt disse

–Matt isso não e com você. -ela disse, já que ela tinha uma paixonite por ele.

–Quer saber? Fica ai, faça o seu show eu não ligo. Mas vai fazê-lo sem espectadores. -eu disse e me levantei, ela agarrou meu braço. Eu a olhei com raiva.

–Solta. O. Meu. Braço. -eu disse pausadamente para ver se aquela demente entendia. Percebi que o auditório todo olhava.

–Não. -ela disse.

Então peguei o negocio verde que Angel bebia e joguei na cara horrorosa dela.

–Dá próxima vez que você vier até aqui a para ameaçar a Angel ou o Matt você terá coisa muito pior que isso tá “queridinha”?!-eu imitei a voz fina dela para dizer a parte da “queridinha”.

Ela saiu bufando em direção ao banheiro as outras Lady Gagas a seguiram me mandando um olhar mortal. Então o Taylor (que era o “ficante” dela) se levantou e veio para nossa mesa. Agarrou meu braço como a nojentinha fez.

–Quem você pensa que é?-ele perguntou me sacudindo. Matt de levantou.

–Solta ela. Agora. – Ele disse ameaçadoramente.

–O que você vai fazer Gayzinho?-ele disse.

–Ele pode até não fazer nada, mas nós vamos. -A voz rouca de Jacob assustou a todos, ao lado dele estava o Emmett, que eram duas vezes maiores que ele.

Ele soltou meu braço e voltou para mesa. Enquanto o acompanhava com os olhos vi a postura do tal Edward na mesa dele, era como se ele fosse avançar no Taylor, Nessie parecia acalmá-lo.

–Bella você está bem?-Emmett perguntou.

–Meu nome e Amy, e sim eu estou bem. - eu disse esfregando o meu braço.

–Ele te machucou?-Matt perguntou.

–Não, talvez fique uma marquinha roxa, mas nada de mais. -eu disse.

O sinal bateu, Emmett e Jacob seguiram para suas aulas com a promessa de que se qualquer um tentasse encostar-se a mim estaria morto.

Matt me acompanhou até a porta da minha aula. Biologia.

Continua...