CINCO

Finalmente chegamos a casa. O silêncio dominava o carro, e ele estava encarando as minhas mãos que estavam inquietas em meu colo. Eu estava prestes a abrir a porta do carro quando o ouço me chamar.

Roza... ele me chamou por meu apelido em russo. Eu o olhei. Uma péssima decisão, ele estava próximo demais de mim. Estou esperando demais por isso. disse ele.

O que?! perguntei confusa.

Isso... ele tomou meus lábios.

Tentei afastá-lo, porém ele era mais forte do que eu e não resisti, por muito tempo com seus lábios sobre os meus. Havia eletricidade no beijo, aos poucos, tomaram conta de nossos corpos. Cada célula do meu corpo voltou à vida com o seu toque, suas mãos estavam em meus cabelos. Soltei um gemido de prazer, e um gemido gutural de Dimitri. Minhas mãos foram para seu rosto, como se estivesse memorizando cada pedacinho dele, e logo depois agarrei seus cabelos o aproximando mais.

Senti saudade de seu toque como se eu o tivesse sentido antes. Estar com ele parecia certo. Nós colamos nossos corpos o máximo que a física nos permitia. Separamos-nos buscando ar. E só então me dei conta do que fiz assim que Dimitri chamou-me.

Roza... havia uma paz no modo como me chamava.

Céus! Por que você fez isso? perguntei me afastando dele indignada, tentei me recompor.

Eu não fiz isso sozinho. E tem mais, se não quisesse ser beijada não teria correspondido, Roza! disse ele exasperado. Eu fiquei surpresa com sua reação.

Nós estamos traindo Adrian! Eu o estou traindo... me sentindo de repente cansada.

Dimitri aproximou-se de mim rapidamente e segurou meu queixo, fazendo com que eu o encarasse. Ninguém traiu o Adrian! Por que ele está MORTO! Para de viver como se ele fosse bater na sua porta a qualquer momento, depois de uma longa viagem! disse ele furioso.

Eu abri a porta do carro e saí correndo sem olhar para trás. As lágrimas embaçaram a minha visão. Passei pela sala e deixei tia Amélia falando sozinha. Entrei no meu quarto, o tranquei e me joguei na cama. Chorei copiosamente até adormecer.

Acordei na hora do jantar com as batidas na porta. Sabia que Irina não iria parar até eu abrir, então fui ao banheiro com intenção de tomar um longo e relaxante banho. E eu o fiz. A água da banheira que eu raramente uso estava morna e convidativa. Tirei minha roupa depois de colocar os sais e essências de banho.

Enquanto eu estava entrando me veio tudo o que aconteceu durante todo o dia. A conversa com Irina, a discussão com Dimitri e o beijo... Inconscientemente toquei meus lábios. Soluços tomaram conta do banheiro e resolvi molhar o rosto. Afundei o meu corpo todo e por último a cabeça. Fiquei de baixo dágua até sentir alguém me puxar.

O que deu na sua cabeça? perguntou-me uma Lissa desesperada.

O que foi agora? Será que eu não posso nem ao menos tomar um banho de banheira? a rebati com perguntas carregadas de sarcasmo. Por um acaso você achou que eu iria me suicidar? a fúria me dominava. Isso a desconcertou e ela encarou o chão. Peguei a toalha e levantei-me enrolando- a em meu corpo. Encarei Lissa, que estava com lábios trêmulos e olhos vermelhos. - Então agora sou suicida? perguntei calma. Uma gargalhada sem humor escapou.

Rose... Desculpe-me! disse ele entre soluços. Lissa estava chorando. Depois eu percebi que estava descontando minha raiva na pessoa errada. Raiva essa, que eu sinto de Dimitri e de mim mesma. A abracei e confortei.

Desculpe... sussurrei e beijei sua testa. Eu briguei com Dimitri e... ela me interrompeu.

Por que vocês brigaram Rose? Ele a adora! Qualquer um pode perceber isso toda vez em que ele a vê ou ouve o seu nome. disse ela.

Eu a contei tudo o que aconteceu entre mim e Dimitri hoje, antes e depois de encontrá-la no café.

Como ele pode falar isso para mim, liss? perguntei com a voz embargada.

Você baixou a guarda alguma vez? Fora ao seu encontro de mente aberta? Disposta a desculpar-se com ele? Por que não adianta a Irina colocar a ideia em sua cabeça, mas sim, porque você realmente o quer fazer. disse ela respirando, após me bombardear de perguntas. Foi a primeira vez que a vi assim, havia uma determinação em defender seu posto de vista e indignação por conta da minha atitude. Lissa nunca falou assim comigo. Ele errou em ter dito aquilo. Mas você não facilitou para ele. Vocês precisam conversar. disse ela pegando a minha mão. Eu a olhei pronta para protestar. Não precisa ser agora, mas espere esfriar a cabeça. - Disse ela.

Eu deitei mina cabeça em seu colo e pensei em tudo o que me disse. Ela está certa. Eu não o quero perto de mim também, mas... A quem eu quero enganar? Eu queria sim mais cedo estar em seus braços, e correspondi sim aos seus beijos.

O sonho que eu tive com Adrian, de repente, veio vivido em mente. Como em sonho ele quer que eu o esqueça? Como pode esquecer todos os momentos que passamos juntos? Isso, com certeza, é algo que minha mente produziu. Mas por quê?

Lissa... Ela me olhou, dando-me total atenção. você acredita nessa coisa de vida após a morte? Ou sonhar com mortos? perguntei. Ela me olhou confusa e sua expressão ficou pensativa.

Não sei... Por quê? perguntou curiosa.

Eu tive sonho com Adrian. falei. Minha voz soou distante aos meus ouvidos. Ele disse para eu seguir em frente com Dimitri. disse eu a olhando. Prestando atenção a sua reação.

Sabe, isso é lá pergunta que se faça para uma mulher da ciência? perguntou divertida e rimos juntas. Na verdade, você deve olhar mais para dentro de si Rose. Só você não vê, ou não quer aceitar o quanto Dimka mexe com você. Ouso dizer que você o ama. disse ela arqueando a sobrancelha sugestivamente.

Talvez... escapou sem que eu percebesse já havia dito. Cobri meus lábios com a minha mão direita. Lissa riu da minha cara.

Enfim está sendo sincera consigo mesma! disse ela acariciando meus cabelos. Tudo bem... Às vezes, nós só seguimos em frente, Rose. disse ela suavemente. Isso não é errado. Você mais do que ninguém sabe disse, lembra-se do quanto eu sofri com o cafajeste do Aaron? E em Christian, a pessoa que eu menos imaginava, hoje é o homem da minha vida! Meu companheiro, amante, amigo e irmão. Eu sentei e a encarei.

Mas não posso esquecê-lo, liss... sussurrei baixinho.

Não estou dizendo para esquecê-lo. Pelo contrário, você tem mais é que lembrar o quanto ele era incrível, maravilhosamente bondoso, generoso e amoroso. Os momentos maravilhosos que passaram juntos! disse ela entusiasmada com seu discurso. Você tem que ser feliz! Com certeza é isso que ele quer! Mesmo se estivesse vivo, e você quisesse outra pessoa. Esse era o Adrian que nós amávamos. Seja feliz Rose, mesmo que no fim das contas não seja Dimitri. disse ela. Ao final de seu discurso, beijou minha testa, despediu-se e saiu do quarto.

Deitei na cama e pensei em tudo o que ouvi de Lissa. Aliás, seu casamento será daqui a um mês e não comprei nada para ela e o Chris. Posso adiar meu encontro com Dimitri até lá. A questão é... Será que eu realmente quero isso?

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NOTA AUTORA

Demorei pra postar o quinto e penúltimo capítulo de Seguir em frente, mas logo postarei o Epílogo!