Após dez dias no hospital, Hermione finalmente estava indo para casa. Não tinha mais porque ficar internada, Neville a segurou o quanto pode, mas Hermione era teimosa e convenceu o médico a lhe dar alta.

-Nas próximas três semanas quero a senhora de repouso em casa, escutou? Neville passou para assinar os papeis da saída dela.

-Três semanas? Ela bateu o pé no chão, parecia uma criança ao ser contrariada. –Não posso ficar todo esse tempo em casa! Já estou dias sem ir a minha confeitaria...

-Prefere ficar essas três semanas aqui?

-Não... Ela respondeu emburrada. –Vou ficar três semanas em casa, doutor.

-Assim é melhor. Ele a abraçou se despedindo. –Se cuide, certo? E desse bebezinho também!

-Pode deixar. Hermione passou a mão na sua barriga saliente. –Obrigada por tudo, doutor.

John e Catherine aproveitaram a hora do almoço que a confeitaria estaria fechada e foram ao hospital buscar a filha. Ron não pode ir junto, pois tinha uma reunião com Robert, mas prometeu que depois passaria na casa dela.

-Como é bom estar em casa! Hermione sentiu um alivio por pisar em casa.

-Esta não será mais sua casa por muito tempo... Catherine murmurou.

-Por quê? Ela não entendeu. –Vocês vão nos expulsar de casa?

-Não. John riu e olhou serio para a esposa que quase estragou a surpresa que Ron estava preparando. –Esta sempre será a sua casa, sua mãe não sabe o que fala.

-Certo. Hermione olhou desconfiada para os pais. –Vou descansar um pouco.

-Nós daqui a pouco temos que voltar para a confeitaria. John avisou. –Voltamos no fim da tarde e traremos Hugo e o jantar. Qualquer coisa ligue.

Hermione tentou deitar e descansar como o médico havia pedido, mas passou os últimos dias deitada em um quarto que mal se podia ver algo pela janela. Pegou um livro e foi para o jardim. O jardim era a parte que mais gostava da casa, desde pequena sempre gostou de ler ali. Estava tão concentrada na sua leitura que demorou a perceber que seu celular tocava, ao ver o nome de Ron na tela, sorriu e deixou o livro de lado.

-Oi.

-Oi. Ele respondeu contente ao escutar a voz dela. –Como você está?

-Bem, estou aqui no jardim lendo. Ron riu sobre ela estar lendo. –Sim, estou lendo como sempre. Ela também riu. –Fiquei uma semana sem ler, isso é muito tempo.

-Será que você pode ficar apenas com a companhia dos livros? Ele procurava um jeito de falar o que precisava.

-Talvez...

-Eu não vou poder te ver hoje.

-Por quê? Aconteceu alguma coisa? Ela perguntou preocupada.

-Não, apenas problemas com o filme. Estamos procurando um lugar para gravarmos, mas está difícil...

-Tudo bem. Hermione não queria demonstrar o seu descontentamento. –Podemos nos encontrar outro dia.

-Até sexta-feira eu resolvo tudo isso. Podemos sair para jantar sexta?

-Claro, eu adoraria. E as crianças também irão gostar...

-Não, será um jantar sem crianças. Ron a interrompeu. –Apenas eu, você e o bebê... Não podemos deixa-lo em casa.

-Tudo bem, tenho certeza que o bebê irá entender e fingir que nem estará presente.

-Obrigado, bebê. Então até sexta. Te amo.

-Até sexta. Também te amo. Ela se despediu.

Hermione ficou triste por ter que esperar três dias para vê-lo, mas aproveitaria para ficar um pouco mais com seus pais e o filho. Nada que alguns livros a ajudassem há passar o tempo.

Ron estava aliviado, finalmente acharam um lugar para as gravações, a equipe técnica e o elenco já estavam formados. Robert queria começar as gravações no próximo mês assim o filme estaria pronto até natal. Parecia muito tempo, mas para a produção de um filme, seis meses eram pouco tempo.

 -Olá, Ron! Foi Hugo que abriu a porta.

-Oi, Hugo. Ron o abraçou. –Está pronto?

Arthur e Molly convidaram Hugo para um acampamento no quintal de casa, eles sempre fizeram isso quando os filhos eram pequenos e agora repetiam com os netos.

-Sim! O garoto respondeu animado. –Eu nunca acampei, alguma dica?

-Apenas se divirta! Ele sorriu ao lembrar-se dos acampamentos da infância.

-Oi, sumido! Hermione apareceu na sala.

-Oi. Ron a beijou e escutou Hugo dizer “eca” antes de deixa-los a sós. –Senti a sua falta.

-Também senti, mais até do que quando você estava nos Estados Unidos. Ela permaneceu abraçada a ele, era tão bom poder abraça-lo novamente.

-De qual vez você se refere? Os doze anos da primeira vez ou os três meses da última? Ele brincou, mas ela não gostou.

-Das duas vezes e eu espero que tenham sido as únicas.

-Foram. Ele a beijou mais uma vez. –Quando eu for receber meu Oscar, você irá junto.

-Assim é melhor. Ela sorriu e se aconchegou no abraço.

John e Catherine foram levar Hugo A’Toca e depois aproveitariam para ir ao teatro, após os últimos acontecimentos precisavam de um tempo só para eles.

Ron deixou a escolha do restaurante por conta de Hermione. Ao chegarem, Ron começou a colocar seu plano em pratica. Não tinham uma mesa reservada, apenas o garçom entregou o cardápio e esperou os pedidos.

-Nós não iremos nos sentar primeiro? Hermione perguntou confusa. –Iremos comer aqui no bar?

-Não. Ron sorriu e fez o seu pedido ao garçom. –Apenas peça o que irá comer. Um passo de cada vez.

-Certo. Mesmo contrariada, ela fez o que o noivo pediu.

Posteriormente o garçom voltou com os pedidos em embalagens para a viagem.

-E agora? Hermione questionou enquanto voltavam para o carro. –Para onde iremos?

-Para o próximo passo. Ele respondeu abrindo a porta do carro para que ela entrasse.

Ron foi dirigindo em direção ao bairro de Chelsea. Hermione estranhou o caminho do centro de Londres para o bairro, estavam fazendo o caminho inverso que fizeram no inicio da noite. Depois de alguns minutos em silencio tentando entender o que acontecia, ela não resistiu e começou as perguntas.

-Você disse que sairíamos para jantar, mas chegamos ao restaurante e pedimos o jantar para viagem. Agora estamos voltando para a minha casa e...

-Por que acha que estamos voltando para a sua casa? Ele interrompeu se divertindo com as suposições dela.

-Nós estamos no bairro onde moro, alias estamos há poucos metros da minha casa. Ela respondeu certa do que dizia. –Quer me dizer o que está acontecendo? E nada de dizer, um passo de cada vez!

-Tudo bem. Ron estacionou o carro em frente à casa que visitara há poucos dias com Harry. –Chegamos, mas antes que faça qualquer pergunta deixe que eu termine o que havia planejado.

-Certo. Hermione concordou, mesmo não estando certa sobre o que iria acontecer. –Eu estou com fome, então será que você pode fazer logo o que planeja?

-Se você parar de me interromper... Ele pegou a chave e abriu a porta. –Primeiro você. E deu passagem para que ela entrasse primeiro na casa.

Ron refez todo o caminho que havia feito com Harry quando conheceram a casa pela primeira vez. Hermione não disse nada, mas a cada cômodo que via sentia-se como se aquele lugar fosse a sua nova casa. Quando passaram por todos os cômodos, Ron a levou para o último quarto no último andar.

-Então, o que achou? Ele perguntou ansioso para escutar a resposta.

-Sobre o que? Ela não entendeu sobre o que ele se referia.

-Sobre a casa, Hermione. O que você achou da casa. Ron riu, Hermione sempre ficava sem reação quando algo a surpreendia.

-É uma bela casa. Hermione tentava formular uma resposta. –Tem tudo o que eu acho que uma casa deve ter. Uma grande sala para a família ficar reunida, um jardim que as crianças possam brincar, uma cozinha perfeita para eu cozinhar e os quartos são realmente bons...

-Ótimo. Ele a interrompeu. –Podemos nos mudar quando você quiser!

-O que? Você comprou essa casa? Ela questionou espantada.

-Agora que a minha noiva aprovou, eu vou comprar. Posso comprar esta casa para nós?

-Sim. Ela sorriu emocionada e o beijou. –Pode comprar esta casa para nós.

Hermione ficou abraçada a ele por um tempo e ainda continuava a chorar. Sem entender o que estava acontecendo, Ron passava a mão pelos seus cabelos tentando acalma-la.

-Você está chorando só porque iremos comprar a casa? Ron ainda tentava acalma-la.

-Não, quer dizer, sim. Eu não sei. Hermione respondeu confusa. –São os hormônios da gravidez e eu lembrei que na cozinha não tem nem um micro-ondas para nós esquentarmos o jantar... Eu estou com vontade de comer macarrão, mas não frio.

-Desculpa sobre isso. Ele a abraçou consolando. –Eu achei que você fosse gostar de jantar na nossa casa... Podemos ir a um restaurante...

-Não, vamos comer pela primeira vez na nossa casa. Acho que não deve estar tão fria e qualquer coisa temos a casa dos meus pais e a de Gina e Harry aqui perto.

-Tudo bem. Ron sorriu imaginando que essas crises de choro por qualquer motivo seriam frequentes nos próximos meses.

Ron havia preparado uma cesta com alguns petiscos e sucos já que Hermione não poderia tomar vinho, com direito a uma toalha xadrez estendida fizeram um piquenique na futura sala de jantar. Ficaram conversando sobre a casa, as mudanças que fariam e acabaram dormindo ali mesmo no chão.

Na manhã seguinte Hermione acordou com a cabeça apoiada no peito de Ron, sentiu uma sensação de segurança e conforto. Ficou o olhando dormindo.

-Estava me admirando? Ele perguntou despertando do sono e ela balançou a cabeça afirmando. –Tudo bem, você pode pois é minha noiva. Dormiu bem?

-Que bom! Ela sorriu. –Muito bem! E você?

-Também, apenas tenho a sensação de que irei sentir dores nas costas por dormir nesse chão. Hermione começou a rir e ele não entendeu. –Porque essa risada?

-Porque aquele dia que saímos para jantar com Harry e Gina e depois fomos para a sua casa, nós também dormimos no chão e se me recordo bem, fizemos outras coisas no chão também.

-É, mas depois eu tive que tomar analgésicos por alguns dias. Estou velho, Hermione. Ter quase quarenta anos não é fácil. Ele brincou e levantou massageando as costas.

-Acho melhor deixar essa velhice de lado, pois temos três crianças agitadas e um bebê a caminho para cuidar. E falando nelas, porque não trazemos para conhecer a nova casa?

-Vamos ver se a casa é a prova de crianças!

Antes de buscar os filhos, Hermione pediu para passar, na agora casa dos seus pais, para trocar de roupa. Tinha se arrumado para a noite anterior com um belo vestido e salto alto, precisava vestir algo mais confortável. John e Catherine ficaram felizes ao saber que a filha tinha gostado da casa e que iriam compra-la.

-Olá? Ron entrou na casa dos pais, mas não encontrou ninguém na sala ou na cozinha. –Alguém em casa?

-Eles estão no quintal. Hermione apontou para janela. Várias barracas montadas e as crianças brincando.

-Pai! Rose deixou a boneca de lado e correu para abraça-lo. –Senti sua falta!

-Também senti sua falta! Ele a pegou no colo. –Se divertiu?

-Muito! Mas antes de dormir, os meninos ficaram contando histórias de terror e monstros que iriam aparecer para nos pegar enquanto dormíamos. A menina contou assustada. –Só Hermione e o vovô contam boas histórias!

-Obrigada, querida. Hermione pegou Rose no colo e começaram a conversar.

Arthur e Molly vieram cumprimenta-los. Estavam com a aparência cansada, mas não deixavam de acompanhar os netos nas brincadeiras.

-Eles se comportaram? Hermione perguntou enquanto ajudava Molly a fazer o almoço.

-Dez crianças na faixa de quatro e treze anos reunidas sem a presença dos pais... Molly sorriu. –Nada além do que eu e Arthur não passamos com os nossos filhos.

-Preparasse, querida. Arthur finalmente conseguiu sentar, pois as crianças resolveram brincar entre elas. –Daqui a pouco será você e Ron nessa situação.

Os irmãos de Ron também chegaram para buscar os filhos e Molly os fez ficar para o almoço, ela adorava ver a casa cheia e a grande mesa montada no quintal. Ron e Hermione aproveitaram que todos estavam reunidos para confirmar o que alguns já sabiam, a chegada do novo bebê.

-Então, para onde estamos indo? Ben perguntou depois que eles saíram da casa dos avós.

-É uma surpresa! Ron e Hermione responderam juntos.

Ao pararem em frente à casa, as crianças desceram e ficaram olhando desconfiadas para os pais.

-Essa será a nossa casa. Ron finalmente revelou a novidade. –Quero que vocês entrem e vejam o que acham.

-Podemos escolher nossos quartos? Ben perguntou animado.

-Sim. Hermione sorriu. –O último quarto será meu e do seu pai. Os outros três vocês podem escolher de quem será.

As crianças entraram e foram correndo subir as escadas. Eles apenas seguiram os filhos para ver a reação deles e evitar qualquer tipo de briga que pudesse surgir.

-E então, já escolheram os quartos? Ron perguntou ao encontra-los no corredor em frente aos quartos. –Sem brigas?

-Sim! Hugo começou a contar a escolha. –Eu e Ben iremos dividir este quarto. Ele apontou para o quarto da frente.

-E eu irei ficar com o quarto do lado! Rose mostrou o seu.

-Achei que vocês não fossem querem dividir o quarto. Hermione comentou curiosa sobre a escolha dos meninos.

-Nós gostamos da ideia. E eu prefiro dividir o quarto com Hugo a dividir com Rose ou com o bebê que irá chorar a noite toda. Ben explicou a escolha. –E assim, eu e Hugo poderemos jogar vídeo game até tarde.

-Vocês que pensam! Hermione ficou emocionada com as escolhas das crianças, não poderia ter filhos melhores.  –Nada de vídeo game no quarto, irá ficar lá em baixo na sala de televisão.

Eles passaram o resto do dia na nova casa, ficaram planejando como seria a casa com os móveis e brinquedos que queriam. Pode ter demorado e sido um pouco diferente do que pensavam há treze anos, mas finalmente Ron e Hermione estavam juntos com uma bela família e um futuro ainda por vir.