Diana Damburn: Adeus, Casamento. escrita por Desirée Schultz
Já é de manhã. Acordo com braços e pernas doloridos. Alguém bate a porta. E me pergunto se existe algum ser que goste de acordar cedo assim.
- Senhorita Diana?
- Entre.
Mary entra no quarto carregando uma bandeja com chá e biscoitos.
- Bom dia Diana - Diz ela, sorrindo. - Seu café da manhã.
- Ah, obrigada. Dispensada.
- De nada.
- Mary?
- Sim?
- Eu vou me casar hoje?
- Vai sim. Aliás, seu noivo está a sua espera lá fora.
- Não, eu... Tenho de me preparar... Diga a ele que estou doente e não posso receber visitas.
- Sinto muito, sua própria mãe o convidou. Ela pediu para que você não demore muito.
- Hum... Muito bem vou me preparar então.
- Quer ajuda?
- Se não se importa...
- Ora, eu sou sua criada! Desde quando eu tenho opção por aqui? - Brinca.
- Eu pretendo fugir do casamento. Vou pra bem longe daqui. Há muito tempo eu venho sonhando com o dia em que eu fosse embora. - Falo, enquanto ela arruma o meu cabelo.
- Então será hoje? Quando exatamente?
- Ao pôr do sol.
- Perdão, mas tenho de admitir - Ela baixa o tom de voz. - Seu noivo tem sua idade. E se eu estivesse em seu lugar, pediria pra que o casamento fosse adiantado.
- O que quer dizer?
- Ele não é de se jogar fora... - Diz ela sorrindo.
- Ha! Ha! Pegue-o pra você, já que quer tanto.
- Quem me dera, senhorita, quem me dera. Pronto, seu cabelo já não se parece mais com uma fogueira.
- Obrigada. - Digo, com a boca cheia de biscoitos. - Você vem comigo?
- Certamente.
Então descemos as escadas e fomos em direção ao meu "noivo". Nada mal. Nada mal mesmo. Alto, forte, cabelo castanho levemente desajeitado. Sobrancelhas arqueadas e olhos cinzentos. Mary levanta as sobrancelhas como se dissesse "Viu? Vai mesmo fugir agora?" e olho para ela com olhar de aprovação.
- Senhorita... - Ele se curva e beija as costas da minha mão.
- Olá. - respondo desajeitada. - E qual seria seu nome?
- William. E você seria Diana Damburn... - Sorri ele, e que sorriso suspeito, diria eu.
- Perdão, mas por que está sorrindo assim?
- Estou me lembrando de boatos. Boatos a respeito de você.
- Que tipo de coisa algum insolente diria de uma dama respeitável como eu?
- Diana, a fugitiva dos cabelos de fogo. - Então ele começa a rir freneticamente. Que imbecil, penso.
- Não seja incoveniente se não quiser arrumar briga.
- São apenas boatos. Um velho bêbado disse isso. Um velho viking. - Tio Benjamin, seu dedo duro.
- Cale a boca, imbecil.
- Onde está sua mãe agora pra lhe repreender, mocinha?
- Meu senhor, a senhorita Diana necessita entrar, nesse exato momento. O pai dela exige que ela esteja á mesa durante o almoço. - Disse Mary.
- Muito bem. Prazer em conhecê-la senhorita Damburn.
- Tenho nojo de você.
- Espere até depois de nosso casamento, amor. - Responde ele. Pervertido, penso.
Durante nossa ida á mesa, sussurro para a criada:
- Ele é arrogante, nojento e pervertido. Obrigada.
- De nada. Mas confesse, eu estava certa em relação a aparência do "nojento".
- Nada mal, nada mal mesmo. Mas eu odeio garotinhos mimados como ele.
Me sento em meu lugar enquanto os outros criados servem a comida á mesa. Mary permenece em pé próxima a porta da cozinha, onde podemos fazer contato visual.
- O que achou de William, minha querida? - Minha mãe pergunta.
- É um rapaz maravilhoso, mãe. Humilde, Honesto, Sincero... E extremamente educado.
" Sarcasmo?" sussurra Mary, erguendo uma sobrancelha, se contendo para não rir.
- Oh, minha filha, que bom que você está gostando dele. Me desculpe por não avisar antes, mas ele será seu marido. Seu casamento será a noite.
- Bom saber, mãe. - Minto.
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