Coloquei minhas botas, e fomos ao convés. Minha boca ainda estava cheia de biscoitos, fui trançando meu cabelo no caminho. Não havia necessidade de colocar minha "armadura", ali era um local... Seguro? Não sei... Enfim, começamos as apresentações pela cozinha.

– Este aqui é Pierre, cozinha maravilhosamente bem. - disse Brendan.

– Bonjour, mademoiselle. - cumprimenta Pierre, fazendo uma reverência.

– Bonjour monsieur, qu'est-ce que tu cuisines?

– Pommes de terre. - responde Pierre.

– Oh, que bonito, ela é culta. Ótimo, vamos conhecer o resto.

– Hum...En colére... - diz Pierre, fazendo uma expressão triste.

– Je suis d'accord... Bom, foi um prazer zombar de Brendan com você.

– Igualmente, mademoiselle.

Brendan já estava bufando, impaciente.

– Este é Manfred, descasca as batatas.

– Olá Manfred. - ele faz um aceno de cabeça e volta a trabalhar.

– Ele não é de falar muito. - explica Brendan.

– Percebi.

– E aqui fora - ele me puxa pelo braço - temos Francesco, o alfaiate.

– Por que um alfaiate?

– Por que uma mimada rica?

– Eu poderia te dar uma joelhada onde você menos gostaria.

– Por que não um beijo?

– Beijo? Você vai ver um beijo no meio de seu...

– Ciao, sou Francesco o alfaiate.

– Ah, olá, me perdoe.

– Seu nome?

– Diana. Diana Damburn.

– Verde, preto ou vermelho?

– O que?

– Seu vestido, ora. Brendan não avisou?- droga, o que será que eu terei de fazer... - O baile.

– Que diabos?

– Você, com essa carinha de anjo, vai roubar algumas moedas num baile cheio de gente rica. E vai ganhar um vestido, o que acha?

– Por que eu?

– Nós nunca seríamos bem vindos naquele lugar. Quem sabe você consiga entrar? E é um baile onde o anfitrião não gosta muito da gente...

– Inimigos? E se eu for descoberta?

– É um risco que estamos dispostos a correr, querida. Você é bonita e tem modos, vão amar sua companhia.

– Quem é o anfitrião?

– Devon. Fácil de achar, ruivo igual a você, olhos azuis.

– Meus olhos são verdes.

– Dane-se. Um vestido verde, talvez?– disse Francesco, indo produzir o vestido.

– Pode ser. - Respondo. Brendan começa a dar umas risadinhas, como se eu não soubesse de algo.

– Que foi, imbecil?

– Espero que goste de decote...

– Nojento.

– Não vai deixar nada para a imaginação.

– Eu só não te jogo ao mar, porque talvez eu confie em você. Então, me leve até Hans.

– Hum... - ele ergue uma sobrancelha. - A sós?

– Mas é claro, um garoto loiro e lindo como ele não é de se jogar fora, se é que me entende... - respondo, provocando, mas na verdade, Hans me parece familiar.

– Hum, ok, ele está logo ali observando o mar. - missão cumprida, ele está com ciúmes.

Me aproximo silenciosamente de Hans que está de costas. Então ele percebe minha presença.

– Gostou dos biscoitos?

– Estavam ótimos, obrigada.

– De nada. Brendan gosta de você.

– Percebi. Eu não gosto dele.

– Bom pra você. Ele vive se relacionando com prostitutas, sabe?

– Você acha que ele...

– Com toda a certeza.

– Nossa, não sei o que dizer.

– Atrás de você.

– Como assim?

– Atrás de você, dê um passo pra direita, agora. - e foi o que fiz. E veio uma flecha.– Eles querem sua bolsa de moedas, é melhor tomar cuidado.

– Como sabia da flecha?

– Minha mãe me treinou pra ser extremamente atento a tudo. Me ensinou a manejar arco e flecha, lutar com espadas e combate corpo a corpo.

– Por que ela quis te treinar?

– Ela é viking, igual a você. Ela valoriza muito essas coisas.

– Entendo... Qual é o motivo de ficar observando o mar?

– Nem sei direito. Acho que isso me mantém tranquilo.

– Ah. Eu tenho medo.

– Do mar?!

– Não... Tenho medo quando está agitado demais.

– Boa sorte pra você então, pois hoje terá uma tempestade. Olhe só para as nuvens. Chame Brendan á noite para te acolher. - diz ele em tom zombeteiro. - e cuidado com as mãos silenciosas... Noite passada não foi uma das melhores pra você, não é?

– Como você sab... Deixa pra lá.

– Jake e Jason, os gêmeos. Não se preocupe com eles.

– Falando em preocupação, tenho que trocar a fechadura da minha porta.

– Belo decote. - responde Hans, sorrindo. Deuses, eu esqueci de fechar o botão...