O Mapa Cor-de-Rosa escrita por Melanie Blair


Capítulo 16
Meios


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, finalmente capítulo novo! As Canárias foram espetaculares e deram grandes ideias para os próximos capítulos (é pena que não tenha acontecido o mesmo com "Chamamento de Sangue").
Vamos então aos agradecimentos...
Um grande obrigada à querida Yukoh que recomendou a fic.
Um grande obrigada à malandrita (no bom sentido) Heera-chan que fez com que a flor Magah começasse a ler e a comentar.
Um grande obrigada à novas leitora Mary-chan, que tanto amor tem posto nos seus comentários.
Estou me a esquecer de alguém? Ah, pois...
Um grande grande grande OBRIGADA (com letras maiusculas, hein?) a todos os leitores que têm acompanhado sempre esta história e que me têm apoiado a não desistir e continuar.
Amo-vos a todos!
(Se me esqueci de alguém, façam favor de me relatar)
Música do capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=C29Cip5btQQ&list=PLbl4aMCF967F_WfWkyBV0fd7bEFtIUvgb
Música para embalar Christian: http://www.youtube.com/watch?v=3dM2qCCg6GE



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O calor humano sempre me acalmara. É estranho, mas corresponde à mais pura das verdades. E parece que o meu irmão carece da mesma doença.

Vindo de certos pesadelos (talvez os mesmos que me atormentavam toda a noite), Christian abriu a porta do meu quarto e, com a mais piedosa das vozes, pediu-me:

– Mana, posso dormir contigo?

Sentei-me no pouco confortável colchão, afastei os lençóis que se colocavam no caminho, e incentivei-o a aproximar-se. Assim que ele entrou na minha cama, Christian abraçou-me a cintura e começou a chorar. Afaguei-lhe os caracóis, carinhosamente.

– Tens mesmo de partir amanhã?- perguntou-me, entre lágrimas. Acenei, sem coragem para lhe responder.

O meu irmão retirou a face do meu peito e confessou:

– Tenho medo.

Aumentei o ritmo dos carinhos no cabelo dele. Esperei até a minha voz estar preparada o suficiente para falar. Porque, afinal, eu também tinha medo. Talvez até mais do que ele. Mas se confessasse o tormento que sentia, as possibilidades não melhoravam para o nosso lado. Apenas o deixaria mais assustado. E isso não valia a pena. Eu tinha de ser forte. E não havia volta a dar a esse facto.

– Há-de correr tudo bem.- tentei acalmá-lo. A minha voz parecia completamente segura, fazendo com que o coração do menino abrandasse.

Como fizera tantas vezes no orfanato, embalei-o. Entoei a música que a minha falecida mãe tocava no piano, quando eu fazia birra. Era uma canção calma, daquelas que nos faz desejar saber tocar o instrumento. A minha voz não era propriamente um piano afinado, mas conseguiu atingir o objectivo: acalmar a agitada alma de Christian e deixá-lo ter bons sonhos.

Assim que a música terminou, afastei o adormecido, lentamente, do meu corpo. Ajeitei-lhe a almofada e acomodei-lhe os lençóis. Dei-lhe um beijo rápido e suave na testa, enquanto fiz uma desajeitada prece a pedir que realmente tudo corresse bem.

É estranho, não acham? Uma rapariga ateia como eu estar a rezar?! Não me sentia nada confiante. A ausência desta deve-se ao sorriso com que Raúl se afastou, deixando no bar, contra os seus planos. Parecia pouco assustado com a sentença de Castiel. E o facto de o pedófilo estar tão confiante, deixava-me cheia de medo. Não o podia evitar.

Só espero que Deus, se é que este existe, esqueça todos os meus pecados e me oiça. Só hoje. Só esta noite. Só esta pequena prece. Só o “Faz com que Raúl se foda completamente no tribunal!”.

O resto da noite foi turbulento, já que os meus sonhos apenas reflectiam o que tinha acontecido naquela tarde…

** Esmeralda’s Flashback **

– Isto é…?- perguntou o psicopata.

– …Um pedido para levar este caso a tribunal.- terminou Castiel, explicando o que se tratava.

Olhei o ruivo, surpreendida. Era aquela a melhor solução que ele tinha arranjado?

– O meu cliente considera que o réu é inocente e que, por tal, a senhorita Esmeralda não tem de ir consigo.

Raúl dobrou o papel e voltou a entregar ao doutor que acompanhava Castiel. Sorriu-nos e proferiu:

– Se é provas que querem…Então que se abra um caso.

Voltou a entrar para a carruagem, mas, antes de pedir aos cavalos que prosseguissem, fitou-me.

– Prepare-se Esmeralda.- pediu-me.- No final, virá comigo. Lembre-se disso! Eu consigo ser um homem muito paciente…

Enquanto chicoteava os pobres animais murmurou um “Tribunal?” e gargalhou. A gargalhada apenas parou quando os nossos ouvidos não o permitiam ouvir mais. Mas duvido que ele tivesse parado de rir até chegar ao seu destino. E era esta a reacção que eu temia.

Encarei o ruivo que, cruzando os braços, recusava-se a fitar-me. Mas eu pouco me importava com as súbitas e esgotadoras alterações de humor dele.

– Sai desta embrulhada.- adverti-o.- Não sabes onde te estás a meter! Sai enquanto podes.

Ele olhou-me incrédulo.

– O quê?- perguntou-me, zangado.- Deves estar a gozar comigo?! Eu passei a noite toda em branco à procura de uma solução e agora que encontrei uma, é assim que me agradeces? Mesmo depois da nossa discussão e de ainda estar chateado, resolvi ouvir o teu irmão e ajudar-te, e é assim que me agradeces? Depois de eu ser repreendido pelo meu capitão por não ter dormido no barco (como é suposto) enquanto procurava um advogado, é assim que me agradeces?

Tudo o que ele disse entrou em força no meu peito. Castiel tinha mesmo se esforçado para me tirar desta situação.

– Desculpa.- confessei-lhe, cabisbaixa.- Não só por agora mas, também, por causa da nossa discussão. Acho que não estava nos meus dias… Desculpa.

Levantei o rosto e fitei-o.

– Mas tens de me compreender.- pedi-lhe.- Isto não é algo em que possas participar.

– Porque não?- perguntou-me, ainda mal-humorado.

– Porque ele não é um homem qualquer.- expliquei-lhe.- Além de ser um gordo pedófilo e medir menos que os meus orgulhosos 168 centímetros, ele é o homem. E quando ele é testado, seja por quem for, Raúl sai sempre, sem excepção, vencedor.

O ruivo gargalhou. Questionei-me acerca do seu QI. Com certeza que não seria muito alto, já que só idiotas se riem quando colocados em situações de perigo.

– Há uma primeira vez para tudo, Esmeralda!

– Castiel, ele é um homem de meios ilimitados. Não o testes. Ele pode colocar toda a tua carreira em risco…

O Mr. Hide (alcunha que lhe dei graças às suas variações de personalidade) não pareceu mais assustado com a minha sentença. Continuou a sorrir-me como um doidinho, com uma intrespassável aura de confiança (a tal que me andava em falta) ao redor dele. Será que há injecções de positivismo?

– Eu também tenho meios.- revelou-me.- Tenho muitas dúvidas que os dele se comparem com a minha Springfield M1903 (uma espingarda com baioneta, se não sabes) ou com Dragon, o meu pastor Beauce.

Pronto está provado! Ele é mesmo idiota!

Quando estava preparada para lhe dar uma boa definição de “meios” (já que ele não parecia perceber o conceito), o advogado colocou-se entre nós, talvez para parar uma provável discussão, e estendeu-me a mão:

– A senhora deve ser a senhorita Esmeralda. Muito prazer em conhecê-la.- apertei-lhe a mão.- O meu nome é Faraize e eu sou o advogado de defesa do seu irmão. Farei de tudo a meu alcance para que o considerem “inocente”.

Dr. Faraize era magro. Talvez até demasiado magro. Trajava uma camisa verde e calças castanhas boca-de-sino. Os óculos realçavam a formalidade presente em redor dele. Além disso, trazia na face umas olheiras realçadas, também presentes nos olhos do ruivo antipático.

– Prazer. Obrigada por tudo.- disse-lhe, carinhosamente. O advogado, em resposta, deu-me um sorriso gentil.

– Tenho que adverti-la, Senhorita Esmeralda.- continuou ele, mais sério.- A partir de amanhã, terá que deixar a sua…- olhou para o estabelecimento velho e sujo que se encontrava atrás de mim.-…casa.

– Porquê?- perguntei-lhe, enquanto suprimia o riso que me abalara. Faraize não devia estar acostumado a ver casas de classe tão baixa.

Deixou de observar o estabelecimento e fitou-me:

– É apenas por precaução.- explicou-me.- Para terem a certeza que não foge, os juízes querem que passe a noite numa cama improvisada dentro do tribunal.

Acenei, compreendendo. Pelo menos era melhor que dormir abraçada àquele homem gordo. Suspirei...

– Esmeralda!- chamou a minha tia, que estava perto do meu irmão.- Já que não te vais embora, deixa de ser preguiçosa e vai trabalhar.

Sorri. “Que velha tresloucada!”, pensei, enquanto me dirigia ao meu irmão, que parecia mais calmo. “Ah, já me esquecia!”. Virei-me na direcção oposta à que caminhava. Na direcção em que Castiel (e Dr. Faraize) ainda discutiam os seus assuntos.

– Ruivo!- chamei-o. Ele encarou-me, parecendo descontente com a alcunha. Ignorei a expressão de matador que me mandava.- Pode não correr bem. Podemos não ganhar. Mas obrigada por estares a tentar!

E com um sorriso carinhoso do Mr. Hide, entrei no bar, com uma réstia de esperança aumentada no coração.


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Notas finais do capítulo

Bem, é verdade que eu já tenho ideias. E é verdade que eu já sei o que vai acontecer. Mas como? Eu quero colocar as próximas cenas o mais realistas possíveis, logo gostava de pesquisar como um julgamento se proceda num todo. Alguém sabe? Alguém tem alguém que perceba de direito?
Com tudo isto e sem ajuda, o próximo pode demorar um pouco a ser postado! Desculpem, desculpem!



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