P.V.O. Annabeth

Pela primeira vez em muito tempo acordei com um sorriso no rosto, Bob me olhava divertido, me sentei na cama e ele também.

– O que foi? – perguntei, meu irmão começou a rir, eu não havia entendido o motivo, peguei um espelho que estava em cima do criado mudo e me olhei, bom meu cabelo estava bagunçado, mas não tão bagunçado a ponto de cair na risada daquela maneira, meu rosto também não tinha nada de engraçado, novamente o olhei e ele continuava rindo, depois de quase vinte minutos naquela estranha felicidade, Bob se recuperou, e eu decidi perguntar de novo – Posso saber o motivo de tanta graça?

– Você – respondeu, se antes eu estava confusa, agora estou muito mais, vendo que eu ainda não tinha entendido, ele explicou – Você maninha agora deu pra conversar enquanto dorme – Arregalei os olhos, e Bob recomeçou a rir se deitando em meu colo.

– Mentira sua, eu não converso enquanto estou dormindo, você teve foi um sonho ou algo parecido – falei na defensiva o que só fez sua risada aumentar, comecei a mexer em seu cabelo loiro.

– Acho que eu estava bem acordado Annie – por curiosidade perguntei.

– E o que eu supostamente falei? – meu irmão olhou para mim com um sorrisinho de lado.

– Percy, Percy, Oh Jackson – disse imitando meu tom de voz, no qual ficou completamente ridículo, tinha certeza que estava toda vermelha porque já sentia o arder no meu rosto, enquanto eu corava violentamente, Bob descontroladamente ria.

– Eu vou tomar um banho – levantei muito envergonhada e fui para o banheiro, deixando um doido gargalhando em minha cama. Tranquei a porta me apoiei na pia e encarei o espelho, vi que ainda estava praticamente roxa de vergonha, mas Percy me trazia um efeito diferente, ele não era igual os outros meninos. Tomei um banho lavando meu cabelo e sai. Bob assistia televisão esparramado na cama.

– Vive em um abacaxi e mora no mar Bob Esponja calça quadrada – ele cantava a música de abertura do desenho. Não aguentei me sentei no chão e foi minha vez de cair na gargalhada. Meu irmão parou de cantar e passou a encarar-me.

– Qual a graça palhacinha – me levantei e ambos sentamos na beirada da cama, então apertei suas bochechas e disse com uma voz de criancinha.

– Que lindinho do Bobzinho vendo desenhinho e cantando a musiquinha – continuei rindo. Bob segurou minhas mãos lançando-me um sorriso, depois me abraçou, novamente não tinha entendido esse gesto.

– É tão bom vê-la assim de novo – me separei dele e olhei em seus olhos azuis com uma sobrancelha arqueada.

– Como assim de novo? – perguntei ainda confusa, meu irmão soltou uma risadinha e antes de entrar no banheiro falou – Quero agradecer esse garoto um dia.

Ele me deixou mais confusa que cego em tiroteio com o que eu escutei. Sequei meu cabelo e sentei em um dos puffs, passei os olhos por todo meu quarto, ele era bem simple, do jeito que gostava, suas paredes em um tom lilás bem claro e delicado, tinha um guarda-roupa embutido, uma estante onde ficava o computador e meus livros, três puffs ao lado da minha cama de casal, o banheiro e várias fotos espalhadas. Me centralizei no canto direito do quarto onde se localizava meu violão, tinha bem uns anos que eu não o tocava, senti meus dedos formigarem e uma imensa vontade de tocar surgiu em mim, devagar me levantei e caminhei até ele, me sentei no chão mesmo escorada na parede, posicionei meu instrumento e dedilhei as primeiras notas, e a canção escolhida foi I’m with you de Avril Lavigne, não sei bem o porque que escolhi, apenas me sentia bem a ouvindo, comecei a canta-la.

I'm standing on a bridge
I'm waiting in the dark
I thought that you'd be here by now
There's nothing but the rain
No footsteps on the ground
I'm listening but there's no sound

(Estou parada em uma ponte

Estou esperando no escuro

Eu pensei que você estaria aqui agora

Não há nada exceto a chuva

Sem pegadas no chão

Estou ouvindo mas não há som)

Cantando essa parte me lembrei do meu ex-namorado, Ethan Nakamura esse garoto é o famoso ELE, que me fez sofrer nos últimos oito meses. Um traidor barato de uma figa. Que no nosso aniversário de namoro, me contou que eu fazia parte de uma aposta e que nunca sentia absolutamente nada por uma menina feia e desengonçada igual eu, ainda teve a cara de pau de me agradecer por ele ganhar duzentos dólares e falou que enquanto eu me iludia ele dormia com outras.

Isn't anyone trying to find me?
Won't somebody come take me home?

It's a damn cold night
Trying to figure out this life
Won't you take me by the hand?
Take me somewhere new
I don't know who you are
But I... I'm with you
I miss you

(Há alguém tentando me encontrar?

Alguém virá me levar para casa?

É uma maldita noite fria

Tentando entender essa vida

Você não vai me levar pela mão?

Leve-me para algum lugar novo

Eu não sei quem você é

Mas eu... Eu estou com você

Eu sinto sua falta)

Cheguei aqui e lembrei do meu pai, no dia em que Bob e eu fugimos de casa para ver se nos livramos de todo sofrimento, estava sim muito frio aquela noite, e também estávamos tentando entender o porque de nossa vida ser assim. Sentimos falta do nosso antigo pai, aquele que chegava do trabalho sorrindo e brincando e não bêbado e chingando.

I'm looking for a place
I'm searching for a face
Is anybody here I know?
Cause nothing's going right
And everything is a mess
And no one likes to be alone

Isn't anyone trying to find me?
Won't somebody come take me home?

(Estou procurando um lugar

Estou procurando um rosto

Há alguém aqui que eu conheça?

Porque nada está dando certo

E tudo está uma bagunça

E ninguém gosta de ficar sozinho

Há alguém tentando me encontrar?

Alguém virá me levar para casa?)

Sim, ainda naquela noite estávamos procurando um lugar melhor, para que pudéssemos crescer iguais crianças normais e não odiando nossa vida, quem sabe um rosto familiar que pudesse nos fornecer ajuda só por um tempo. Pensávamos sobre o porquê que de uma hora para outra tudo ficou confuso e virou uma bagunça, não gostávamos de ficar sozinhos vagando sem rumo, muitas vezes pensei se tinha alguém sentindo nossa falta e vindo nos procurar para nos levar para casa.

It's a damn cold night
Trying to figure out this life
Won't you take me by the hand?
Take me somewhere new
I don't know who you are
But I... I'm with you
I'm with you
Yeah, Yeah, Oh...

Oh why is everything so confusing
Maybe I'm just out of my mind
Yeah yeah yeah
Yeah yeah yeah
Yeah yeah yeah yeeeaaahhh

(Está uma maldita noite fria

Tentando entender essa vida

Você não vai me levar pela mão?

Leve-me para algum lugar novo

Eu não sei quem você é

Mas eu...eu estou com você

Eu estou com você

Yeah, Yeah, Oh...

Oh por que tudo está tão confuso?

Talvez eu esteja fora de mim

Yeah yeah yeah

Yeah yeah yeah

Yeah yeah yeah yeeeaaahhh)

Novamente sentindo um frio terrível, pelo menos tínhamos a companhia um do outro, sentíamos falta de tudo, mas principalmente da mamãe, e por mais que meu pai fosse um monstro eu estava com ele, porque eu sabia que também sofria pela ausência da minha mãe, apesar de também bater nela. Atena o fazia falta.

It's a damn cold night
Trying to figure out this life
Won't you take me by the hand?
Take me somewhere new
I don't know who you are
But I... I'm with you
I'm with you
I'm with you

Take me by the hand?
Take me somewhere new
I don't know who you are
But I... I'm with you
I'm with you
I'm with you.

(Está uma maldita noite fria

Tentando entender essa vida

Você não vai me levar pela mão?

Leve-me para algum lugar novo

Eu não sei quem você é

Mas eu...eu estou com você

Eu estou com você

Eu estou com você

Vai me levar pela mão ?

Leve-me para algum lugar novo

Eu não sei quem você é

Mas eu...eu estou com você

Eu estou com você

Eu estou com você)

Encontrados, Bob e eu não queria voltar para casa, mas sim a um novo lugar onde crianças possam brincar felizes, mas fomos levados pela mão, e já sabíamos o que nos esperava em casa.

Take me by the hand?
Take me somewhere new
I don't know who you are
But I... I'm with you
I'm with you
I'm with you.

(Vai me levar pela mão?

Leve-me para algum lugar novo

Eu não sei quem você é

Mas eu...Eu estou com você

Eu estou com você

Eu estou com você)

Agora estávamos chorando no quarto, mas mesmo assim eu estava com ele.

Cada palavra que eu pronunciava, colocava minha alma nela, cantar era uma sensação incrível, e eu não tinha me tocado que sentia falta dessa sensação. Assim que terminei fechei meus olhos, e pude reviver todos os momentos que a música me lembrou, mas minha mente foi possuída por um par de esmeraldas verdes cristalinas, sem ver um sorriso se formou em meus lábios, então escutei palmas, abri os olhos e vejo meu irmão com um olhar que transbordava felicidade.

– É ótimo ouvir sua melodiosa voz novamente – me levantei e guardei o violão.

– Eu não fazia ideia do quanto estava com saudades de tocar e cantar – sorrimos – Vamos? – ele assentiu ainda sorridente. Estávamos descendo a escada, quando me dei conta de uma coisa.

– Eu não vejo Frederick desde segunda, depois do episódio – O corte no canto da boca dele já tinha cicatrizado e as manchas em meus dois antebraços já estavam sumindo.

– Eu também não, acho que esses dias ele não dormiu em casa.

– Estranho – comentei.

Trancamos a porta e vejo o moreno de olhos verdes escorado em seu carro, ao me ver ele sorriu e acena, puxo Bob para a direção dele, chego perto e Percy me abraça dando-me um beijo na bochecha.

– Bom dia Sabidinha – nos soltamos e percebo que meu maninho está de cara fechada, mas ignoro.

– Bom dia Percy, e porque Sabidinha? – perguntei achando engraçado o apelido, ele passa a mão em meu cabelo e quase derreto, mas Bob me puxa para perto, Percy percebe, porém não fala nada.

– Porque você é bem sábia e inteligente e pessoas especiais para mim gosto de chamar por apelidos que arrumo – falou corando, ele vermelhinho uma gracinha, mas percebi que meu rosto estava quente e decide apresentar meu irmão.

– Esse é Bob meu maninho, e Bob esse é Percy.

– Prazer Bob – o moreno estende a mão, mas meu irmão apenas acena com a cabeça deixando Percy sobrar, o que estava acontecendo com ele? Bob nunca agiu assim, para não deixa-lo no vácuo pego sua mão e puxo para irmos à escola.

– Eu tinha que pegar o Marlim – soltei uma risadinha.

– Deixa o Marlim dormir um pouco mais, você hoje vai a pé com a gente – ele sorriu, fomos o caminho inteiro conversando e rindo, menos Bob que se mantinha sério, alguma coisa tinha acontecido, e eu iria descobrir. Chegamos e fomos nos encontrar com a turma, todos se cumprimentaram, meu irmão foi para o lado de Melina e lá permaneceu calado.

– Então e vocês dois, Percy e Annabeth – disse Silena com um sorriso um tanto malicioso, olho para Talia e vejo que seu sorriso com segundas intenções é bem maior.

– O que tem? – pergunto me fingindo de sonsa.

– A aulinha ontem, foi lucrativa? Sentir meu rosto queimar, enquanto as duas palhacinhas riam.

– Foi sim, Annabeth é uma ótima professora, me ensinou muito – falou Percy todo inocente o que só fez os sorrisos de ambas ampliarem, coloquei a mão na testa, eu iria deixar passar porque ele ainda desconhecia a mente poluída daquelas duas.

– Vocês ainda vão continuar com as aulas? – eu matava essa Talia, Luke e Charles seguram o riso, Bob só me olhava com a expressão séria. Tentei mudar de assunto.

– Aonde está o Nico? – nem terminei de falar e sinto duas mãos tamparem meus olhos, com a voz rouca sussurrou em meu ouvido.

– Adivinha quem é? – pude ouvir as risadinhas do pessoal.

– Papai Noel – brinquei, em um movimento rápido ele me virou.

– Desde quando papai noel é tão sexy assim – dei um leve tapa em seu braço.

– Convencido nem um pouco né – o moreno sorriu e me deu um beijo no rosto.

– Vamos que o sinal tocou – lembrou Melina. Todos entraram, eu e Bob ficamos um pouco atrás.

– O que você tem? – o pergunto delicadamente, porque eu conheço meu irmão e quando ele perde a paciência simplesmente explode, sem me olhar ele responde o mais seco possível.

– Nada – entra na sala e senta em seu lugar, Percy que estava perto de nós, falou.

– Aconteceu alguma coisa entre vocês? – ele parecia realmente preocupado.

– Bob nunca agiu dessa forma – disse tristonha.

– Talvez seja o estresse, nada de mais – tentou me animar, mas não consegiu.

– Acho que não, hoje mais cedo ele estava normal, quer dizer, do jeito que está sempre, feliz, agora de uma hora para outra ele está de cara amarrada e nem me conta o motivo.

Sem esperar Percy me abraça e novamente sinto aquela sensação de estar protegida, sou meia baixinha então fico na altura de seu tórax onde escuto seu coração batendo em um ritmo acelerado, ele sussurra em meu ouvido que diferente de Nico, me fez arrepiar.

– O tempo é seu melhor amigo, lembre-se disso – dou um sorriso e o aperto mais.

– Obrigada.