PET - 2 Temporada - Estilo de Treinador escrita por Kevin


Capítulo 45
Capitulo 45 - Desistindo


Notas iniciais do capítulo

Fala galera!!!!

Falando a verdade para vocês, esse é um episódio que me deixa com a pulga atrás da orelha... É uma situação que eu tentei fugir ao máximo de fazer... mas não tem jeito... Certas coisas acontecem porque devem acontecer.

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Capitulo extra no dia 16/10/2013 GALERA! Aguardem!



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Capitulo 45 - Desistindo

 

Desde o inicio de minha carreira como treinador eu me perguntava o motivo das coisas. Por que realizar uma captura? Por que enfrentar um outro treinador? Eram perguntas que para muitos era uma pergunta estranha, para não dizer idiota. Mas, para mim eram perguntas vitais para que eu me animasse a fazer algo.

Eu deveria ter percebido, desde o inicio, que essas perguntas eram vitais para todos, e as pessoas que não a faziam é que eram idiotas. Se fosse assim eu teria descoberto mais cedo que os pokemons também se fazem essa pergunta.

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Kevin encarava Numel e Numel encarava Kevin. Eles não desviavam o olhar um do outro.

– Então você não quer ferir ninguém nem mesmo se exibir. - Kevin suspirou. - Prometo achar uma solução para seu caso, sem que você tenha que mudar e sem que você deixe de ser meu pokemon. -

Numel acenou com a cabeça parecendo feliz.

A situação não era fácil para Kevin. Depois de muito tentar entender o motivo de Numel ter parado de executar os golpes, durante um treinamento aleatório, um treinador viu Kevin com problemas e ofereceu ajuda. O treinador dizia conseguir interpretar o que seu pokemon, inicial, falava. Ele colocaria esse pokemon para conversar com Numel e depois interpretaria o que o seu pokemon falasse.

O resultado foi Kevin descobrir que Numel não gostava de batalhar. Ele não tinha vontade de ferir ninguém. Havia lutado inicialmente porque não queria trocar pela quarta vez de treinador, mas não achava legal usar seu ataques contra outro pokemon apenas por esporte. Tão pouco gostava de se exibir, usando seus movimentos para chamar a atenção dos outros, também já havia passado por dois coordenadores.

Descobrir aquilo foi um choque para Kevin que ficou aturdido por um bom tempo imaginando se Trevor teria feito aquilo de propósito. Mas, o que ele iria fazer com um pokemon que não lutava era muito mais importante do que uma suposta armação do campeão.

:: “Se eu não tivesse imaginado ter visto Melani, eu jamais me lembraria de suas palavras e talvez tivesse libertado ou isolado Numel do time. Todo pokemon só está esperando por alguém que traga o seu melhor para fora. Eu vou trazer o melhor do Numel. É mais uma promessa feita por Kevin Maerd Junior! Eu não vou desistir.”:: Kevin havia visto uma pessoa na aldeia dos treinadores que lembrava Melani. Ele correu atrás dela, mas não conseguiu achá-la novamente. Acreditou que era apenas sua mente ajudando-o a se manter no caminho certo no final das contas.

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A cada dia que passava mais e mais pessoas iam chegando ao Monte Prateado para acompanharem, ou participarem, da Liga de Prata. A cada nova pessoa que chegava havia um pequeno alvoroço. Como as coisas ainda não estavam prontas para receber treinadores e visitantes, mesmo faltando tão pouco para o evento ter inicio, a dificuldade de se encontrar alojamento e comida era o maior dos problemas.

Mas, para aqueles que chegavam para competirem, isso não era nem de perto o problema maior. Com pouco espaço para estarem treinando longe dos olhares curiosos as rivalidades estavam ficando cada vez mais intensas.

De todos os rivais que se encontravam, Poke-escolhidos e Kevin Maerd Júnior protagonizavam, sem dúvida, a mais interessante mistura de elogios, provocações, ofensas e objetos voando. No Geral, Doko e Marjori estavam sempre prontos para detonar Kevin, mas Gary os mantinha sobre rédias curtas enquanto estavam terminando o treinamento.

– Ainda me pergunto como você consegue fugir dos olhos de Gary para vir bater papo comigo nessa hora do dia. - Kevin estava sentado sobre uma rocha numa parte gramada próximo a estrada. Era o local que ele havia percebido que poucos iam e assim ele conseguia uma pseudo privacidade.

Uma área gramada ampla próximo a uma das trilhas. Talvez a proximidade da trilha afugentasse os treinadores temerosos de serem surpreendidos com a a guarda baixa.

– Sou uma campeã de Liga. Mas, disse a ele que estava treinando. - Sorriu Lubia sentada ao lado dele. - E não deixa de ser verdade. Admito que estou de olho em você. Até então meus mais valorosos adversários são você, Cowboy, Barreira e Trevor. Os outros competidores não apresentam grande ameaça, nem mesmo Marjori ou Doko. -

Kevin deu uma pequena risada. No ano passado nem de perto ele poderia imaginar que seria um dos mais valorosos em uma liga e ainda assim ele ficou em oitavo colocado. No entanto, agora ele estava em uma situação diferente. Ele era um dos oito favoritos ao título, sendo que a batalha que todos esperavam era Kevin contra Trevor.

Por algum motivo as pessoas queriam ver o grande herói e campeão de Jotho enfrentando o jovem que declaradamente veio para a competição, só para enfrentá-lo em uma revanche. Mas, esse jovem acabou se tornando um novo herói e com isso a batalha mais esperada era herói contra herói.

– Devo me sentir honrado em ter uma campeã me estudando. - Riu Kevin da situação. - E está conseguindo treinar apenas conversando comigo? Achei que sua coleta de dados fosse apenas no campo das estatisticas. -

Lubia colocou o dedo na bochecha e ficou pensando por algum tempo até que saltou um suspiro. Sempre que ela chegava Kevin estava sentado naquela pedra olhando para o caminho. Dos quatro treinadores que ela esperava enfrentar, Kevin era o que ela mais precisava estudar. Ela sabia que ele tinha adquirido conhecimento sobre quase todos os competidores durante seu período como líder, e havia se tornado um bom líder de ginásio, sendo assim ele seria um difícil adversário.

– Confesso que é meio frustrante. Desconfio que você esteja me sacaneando sentado nessa pedra, parando de treinar quando me aproximo. - Lubia riu observando para identificar se ela estaria certa.

Kevin levantou a sobrancelha como quem não diria nada. De fato, ele estava. Treinava com Roselia em posição de vigília, assim como fez com o antigo presidente da Associação de Batalhas, durante a Copa Equipe. Lúbia começava a se aproximar e ele parava tudo com tempo o suficiente para sentar e distrair-se no horizonte, com vários pensamentos. Ela ainda não havia descoberto aquilo e demoraria para descobrir.

– Bem... imagino que eu descobrirei em uma de suas lutas. - Esnobando a situação Lubia passou a olhar a estrada, assim como Kevin. - Afinal, tenho certeza que está crescendo cada dia que pode para poder superar o Caçador das Sombras e recuperar Pidgeot. -

Kevin apenas confirmou com a cabeça sem dizer nenhuma palavra sobre aquilo.

– Eu vi a batalha... - Lúbia parecia procurar as palavras. - Sei que eu poderia ter feito algo se estivesse com meu primeiro time, mas como estava com o segundo, ainda pouco treinado, não tinha o que fazer. - Ela parou olhando para ele. - Sinto por não ter feito nada para ajudá-lo. -

– Ninguém ali poderia ter parado-o. - Kevin disse a meia voz. - Um dia lutei contra ele com tudo oque tinha, sem que ninguém pudesse interferir e ninguém pudesse se ferir, mas não consegui. Ali tinha muita gente para se ferir. - Kevin via Lúbia prestando atenção em suas palavras. - Não estou preocupado com Pidgeot, sei que ele está bem nas mãos daquele maluco. Melhor com ele do que com a Estilo de Poder. -

– Isso é verdade! - Comentou Lúbia. - Mas, você vai atrás dele após a Liga, não vai? -

– Sim. - Comentou ele. - Mas, realmente não estou preocupado com Pidgeot. Todos os pokemons raros que ele captura aparecem bem tratados e cuidados. Prefiro me preocupar no momento com o Numel que... O que Détrio está fazendo? -

Lúbia olha para a direção que Kevin passou a olhar. Os dois podiam ver o jovem ruivo descendo pela trilha apressado. Estava com uma mochila nas costas e parecia olhar para trás constantemente.

– Acho que ele está fugindo. - Comentou Lúbia.

– Fugindo? - Kevin se levantou rapidamente olhando em volta. - Só se fosse direto para a Quest Liga. Ele jamais fugiria. - Mas, enquanto Kevin falava ele podia perceber que a menina estava ficando com um semblante esquisito, algo entre a tristeza e a preocupação. - Do que ele estaria fugindo? -

– Bom... Ele não se classificou para a liga e ainda levou uma bronca enorme de Gary por ele ter desrespeitado o líder na última partida. - Lúbia viu Kevin cerrando os punhos nitidamente irritado. - Ele está não apenas envergonhado, está realmente abatido a ponto de desistir... EI! -

Lubia viu Kevin começar a correr morro abaixo. O caminho pelo qual Détrio seguia fazia contornos para descer o morro, no entanto, Kevin descia correndo em linha reta para alcançá-lo.

::” Não! Ele não está fugindo! Ele não está fugindo! Ele não está desistindo. Ele não está indo embora só por causa dessas dificuldades. Ele não está indo embora e desistindo da promessa que fizemos. Não depois de tudo que passamos. Não depois de tudo o que eu fiz. Aquele idiota não vai embora sem me convencer de que não é só por causa de umas derrotas e humilhações que eu mesmo passei no começo!”:: Kevin estava mexido. A dias tentava entender o que o amigo tinha para estar sempre evitando-o. Estar desanimado como se o mundo tivesse acabado ou coisa parecida. Ele conhecia Détrio. Sabia que algo estava errado, mas não importava o que fosse ele não iria simplesmente fugir.

Foi coisa de um ou dois minutos. Kevin chegou numa parte de onde saltando, estaria diante de Détrio. O inconsequente jovem Maerd não pensou duas vezes em saltar em cima do jovem Dasen. Caindo por cima do ruivo, os dois rolaram um pouco pela estrada, com Détrio tentando se defender e Kévin tentando agredi-lo.

– Está ficando louco? - Gritou Détrio tendo dominado a Kevin, mantendo-o de costas para o chão enquanto ele o prendia com as mãos. Naquele momento ele agradecia ao treinamento militar, ou tinha certeza de que levaria a pior.

– Eu é que pergunto! - Kevin consegue desvencilhar seu braço esquerdo e da um soco no rosto do amigo que cai de cima dele completamente atordoado. - Está ficando louco, seu idiota? -

Eles nunca haviam brigado antes. Já havia discutido, mas nunca chegaram a trocar insultos. Já haviam ficado sem se falar durante alguns dias, mas nunca haviam haviam levantado a mão um para o outro.

Kevin havia rompido a barreira que eles nunca haviam rompido. E apesar de ser Kevin quem batera e Détrio quem recebera o golpe, ambos estavam completamente arrasados.

– Fala para mim que você não está indo embora com o rabo entre as pernas e me deixando aqui. - Kevin estava claramente perturbado seus olhos pareciam querer lacrimejar. - Fala para mim que você não é um maldito traidor desgraçado! -

– Cale a boca seu idiota! - Détrio caído se jogou para tentar acertar Kevin, mas sua mochila o desequilibrou para o lado impedindo que sua investida surtisse algum efeito. - Você não sabe como é estar sendo um fracassado que é menosprezado todo o tempo! - Entre lagrimas Détrio se desfez da sua mochila. - Não é você que está tendo que ver a garota de quem gosta ignorando-o por uma burrada que fez a dois anos. Não é você que treina ao lado de um bando de gente melhor que você em tudo que fazem, cheios de si mesmos! Não me fale que eu sou um maldito traidor desgraçado. - Détrio irritado tirou a mochila das costas. - Você só se deu bem em tudo que fez até agora no mundo pokemon e eu não consigo nada! -

– E só por isso vai fugir? - Questinou Kevin irritado.

– Só por isso? - Détrio berrou incrédulo. - Vou para casa para me ver livre disso tudo. Nunca mais quero ouvir falar de nada disso. -

– Eu estou aqui por sua causa seu idiota. - Kevin levantou-se tentando agarrá-lo pela blusa, mas ele desvencilhou-se. - Eu nunca gostei de pokemon. Eu brincava com você porque você gostava. Fiz a promessa idiota da Quest Liga porque você insistiu. Mas eu nunca gostei de pokemon! - Berrou Kevin. - Meu pai morreu nas mãos de um. Minha mãe morreu nas mãos de um pokemon e eu aceitei fazer a promessa para você desistir dela num momento de dificuldade? -

Détrio arregalou os olhos naquele momento. Ele nunca soubera que a mãe de Kevin morreu por causa de um pokemon. Na verdade todos diziam que ela morreu no parto. Sem conseguir entender, apenas viu o punho de Kevin indo em direção ao seu rosto novamente, mas desta vez, sem a mochila ele foi rápido suficiente para dar um passo para trás e tentar socar a Kevin também.

Os punhos dos dois se encontraram e ambos sentiram um vento frio passar por eles junto ao choque. Kevin deu um passo para trás e sua expressão de raiva foi passando para uma de confusão mental grande. Ele olhava para Détrio sem entender. Enquanto o jovem ruivo olhava para o próprio punho, um pouco menos confuso que o amigo loiro, mas ainda assim confuso.

::”Eu vi ele chorando aos pés da Torre Brotinho? Por que eu imaginei uma coisa como essa?” :: Kevin havia tido uma visão quando os punhos se chocaram e não entendia o que havia acontecido. Porém, a dor e o sofrimento do amigo lhe pareciam tal reais e compreensíveis naquele momento que ele não conseguia voltar a sentir raiva dele.

– Você luta para dar o melhor Kevin aos seus adversários? - Détrio confuso olha para o amigo. - Que ideia mais louca é essa? - Détrio confuso. - Digo... Como... - Détrio cerrando os punhos com pressa passou a mão na mochila e ia disparar a correr. Passou por Kevin que ainda estava atordoado, mas parou ao perceber que mais alguém estava ali e agora também bloqueava seu caminho.

Com uma uma bermuda jeans e tênis de caminhada, blusa rosa justa e um cabelo preso em rabo de cavalo a morena de cabelos cacheados, Lubia Mar, estava com uma pokebola erguida na direção dele, com braço esticado. Estava desafiando Détrio para uma batalha.

– Lú.. - Détrio engasgou durante aquele momento. Não sabia se estava mais surpreso ao vê-la ali ou por ela estar o desafiando para uma partida.

– Antes que pergunte, estou aqui desde que levou o primeiro soco do Kevin. - Comentou ela sem dar nenhum sorriso. A falta de sorriso na face de Lubia era algo que assustava as pessoas, no geral ela estava sempre sorrindo. - 1 contra 1. Só vai embora se me derrotar, se perder, vai ser meu assistente durante a liga. -

– Como é que é? - Détrio irritou-se. - Eu não serei seu capacho de forma alguma. -

Lubia não esbolou reação alguma. Apenas continuou a olhar para ele mantendo a posição de desafio. Détrio deu um passo para passar por ela, mas escutou a voz de Kevin interceptando-o.

– Não lembro de Lubia ter sido má com você como está sugerindo que ela é. - A voz saia melancolica. - Ela está dizendo no momento que se você provar ter habilidades para vencê-la, pode ir embora e jogar tudo o que construiu fora. Mas, se não tiver habilidades, pode se juntar a ela para ajudá-la e deixar que ela o ajude. - Kevin suspirou. - Você se tornou tão burro quanto o Gary, foi? -

– Pare de me ofender! - Disse Détrio se virando. - Parem de me perturbar os dois. - Ele ficou olhando para Lubia que ainda não havia se mexido. - Eu não preciso de... Por que você está tirando o calçado? - Détrio se assustou ao ver Kevin retirando o calçado do pé esquerdo.

– Eu vou fazer você comer esse calçado! - Berrou Kevin. - Já conseguiu fazer a Lubia chorar de novo! -

– O que? -

Lubia abaixava o braço em meio a lágrimas. Já em meio a soluços a menina começava a caminhar de volta para a aldeia dos treinadores enquanto Détrio havia ficado incrédulo.

– Cara... Eu sei que você está passando por algumas coisas difíceis de se superar... Mas, não é possível que com 15 anos você seja tão idiota de não saber quando alguém está te estendendo a mão por gostar de você e quando estão apenas querendo se aproveitar de você. - Kevin recolocava o calçado. - Eu não vou mais tentar te impedir de ir. - Kevin virou para seguir atrás de Lúbia. - Mas, se for embora... Não aparece mais na minha frente. -

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O sol estava se pondo. A maioria dos treinadores no local estavam treinando exaustivamente naquele horário. Era um momento que tinha um clima agradável, muito espaço e paz já que os operários já haviam parado de trabalhar.

Deitados na grama virados para o por sol Lubia e Kevin estava em silêncio já há algum tempo. Kevin havia a encontrado uma hora depois da situação com Détrio. Ele apenas se aproximou da menina sentada na grama, que ainda tentava conter o choro. Ele deitou-se próximo a ela e ficou ali sem ao menos se mexer até que ela fez menção de sair dali, mas ele a puxou derrubando-a na grama para que ela deitasse ao lado dele.

Lubia foi para dizer algo, um pouco irritada, mas então começou o por do sol. Assim que sua visão viu o céu tomando um tom alaranjado ela ficou maravilhada. Se Kevin não tivesse a impedido de sair ela não veria aquela cena única.

– Você tem razão. - Eram as primeiras palavras de Lubia desde que deixará Détrio na estrada. - O por do sol está me fazendo bem melhor. - Ainda fungando um pouco e com a voz chorosa, Lubia quebrava o silêncio. - Obrigada por me fazer companhia. -

– Achei que você é quem estava me fazendo companhia. - Comentou Kevin. - Fui eu quem a impediu de ir, não? -

Lubia riu com a tentativa de descaso de Kevin. Não era a primeira vez que eles tinham a oportunidade de conversar depois de uma situação deprimente. Não era a primeira vez que um apoiava o outro em uma situação difícil. Curiosamente, a última vez havia sido na Copa Equipe, justamente por causa de Détrio.

– Por do sol sem companhia não tem graça. - Comentou Kevin.

– Gosto de sua companhia. - Lubia virou o rosto para Kevin. - Queria que você tivesse entrado para o grupo. Teria sido divertido conviver com você. -

– Provavelmente você me odiaria. - Kevin deu algumas risadas. - Você admira meu eu treinador e seus feitos Só os fiz por não estar no grupo. -

– Verdade. Além disso, você e o infeliz fariam uma dupla inseparável. - Riu Lúbia meio amargurada. - Bom, agora ele já foi. -

Kevin virou o rosto para o lado de Lubia e surpreendeu-se ao perceber que ela estava olhando para ele. Se perguntou a quanto tempo ela estava fazendo aquilo, mas era impossível descobrir. Os olhos castanhos da menina estavam avermelhados.

– Ele sempre foi lento e cabeça dura? - Perguntou Lubia.

– Se não envolve pokemon, desde que eu o conheço. - Kevin pareceu evitar uma risada ao falar mal do amigo.

– Eu percebi que ele gostava de mim desde as duas primeiras semanas. Quando nos reencontramos no Evento de Bill, depois da jornada onde te conheci, eu tive certeza, já que ele parecia ter ficado com ciúmes de eu ter te conhecido. Mas... - Suspirando ainda visivelmente desanimada Lubia deixou um lagrima rolar.

– Não fique assim por causa dele, você tem 13 anos. Vai achar um novo amor! - Comentou Kevin.

– Eu não amo ele. - Disse Lubia sorrindo.

Kevin ficou a olhá-la algum tempo. Ela realmente parecia ser sincera ao dizer aquilo. O que parecia confuso porque até então parecia que ela sentia algo por Détrio.

– Eu gostava dele, mas depois do que ele fez na Copa Kanto eu tomei um pouco de nojo dele. - Lubia ficou sem graça. - Eu tinha apenas 11 anos toda animada e aberta para um idiota vir e me esnobar e falar um bando de grosserias para mim? E por quê? Por ter perdido uma batalha na qual ele mesmo se eliminou? - Lubia deixava novamente as lagrimas correrem de seus olhos. Fechou-os para tentar conter tudo aquilo. - Eu achei que talvez ainda pudesse sentir algo por ele, então me forcei a ignorá-lo. Quando na Copa Equipe ele se acidentou, eu não fiquei desesperada, só preocupada. Foi ai que percebi que não tinha um sentimento profundo por ele. - Ela fechou os olhos. - Como você pode gostar de alguém que é um idiota em pessoa e acha que tudo o que você faz é para deixá-lo mal? -

– As vezes eu não acredito que você seja mais nova que eu. - Kevin passou o mão no rosto dela tirando um pouco das lagrimas fazendo ela dar um risada. - Mas, você queria ajudá-lo a pouco, não queria? -

– Queria ajudá-lo. Mas, porque depois daquele acidente, eu percebi que ele me lembra muito o meu irmão. - Lubia abriu os olhos devagar para que Kevin permanecesse com a mão em seu rosto. - Você lembra do que eu contei? -

Kevin apenas confirmou com a cabeça enquanto parava de limparas lagrimas dela. Como ele poderia esquecer das lagrimas que a menina derramou e do segredo que ela confidenciou a ela em meio a Copa Equipe. Agora, tudo fazia mais sentido. Ela assustada contudo aquilo era devido ao acidente de Détrio fazê-la lembrar dos acidentes com a família. O fato de querer ajudá-la e ter criado sentimentos pelo ruivo era o carinho que já tinha por uma pessoa parecida com ele.

– Mas, vamos ser justos. - Sorrindo e passando a mão rosto Lubia tentava mudar de assunto. - Me conte um caso seu. -

– Um caso meu? - Kevin parecia não ter entendido.

– Vamos lá. Você sabe de alguém que eu gostei, quero saber de alguém que você gostou também. - Lubia ficou olhando sorrindo. - Com quem foi seu primeiro beijo? Eu acabei não beijando ninguém ainda, mesmo a Marjori tendo me entregue para uns garotos chatos. -

Era interessante que ela havia se animado com a própria mudança de assunto. Kevin a olhou durante algum tempo sem saber o que dizer.

– Como assim te entregue? - Kevin tentou desconversar. - Aquela mau caráter te vendeu? -

– Falando assim fica feio. - Riu Lubia. - Ela foi ficar com um fã dela e eu fiquei sobrando com dois outros que tentavam me conquistar. - Ela revirou os olhos. - Mas, não mude de assunto. - Ela pareceu desanimar naquele momento. - Mas, se não quiser contar... -

– Eu não tenho muito para contar. - Riu Kevin. - Meu único caso com foi com a Joy. -

– Então me conta. - Ela sorriu ainda deitada, agora virando-se totalmente para ele, ficando deitada de lado. - Eu falei que iria querer detalhes mais tarde. -

O sol já havia se escondido, mas ainda estava claro e havia um colorido no céu por entre algumas nuvens. Aqueles que já haviam visto os dois ali pareciam não se incomodar ou não querer incomodar. Em especial quando identificavam quem eram, quanto mais tempo sem treinos os dois tivessem, mais chances os outros teriam. Assim era a lógica de quase todos.

– Vamos ver... - Kevin riu sem saber o que contar. - Ela foi a primeira pessoa que fiquei... Melhor dizer que eu namorei... Se bem que durou pouquinho, não tínhamos muito tempo um para o outro depois que começamos. - Kevin fechou os olhos lembrando-se. - Foram seis meses de convivência direta, e ela era muito doce e solicita, como as Joys normalmente são. Por outro lado eu estava sempre ajudando-a e animando-a com as coisas. Ela era a única que no final realmente sabia como eu estava me sentindo, eu não podia deixá-la na mão. - Sorrindo Kevin se lembrava da convivência. - Acabou que eu queria, mas não sabia bem o que fazer e nem se ela queria. - Kevin riu voltando a olhar Lubia. - Era tudo muito confuso. Eu era líder, policial, prefeito e mais um monte de coisa. Morria de medo de um ataque da Estilo de Poder... Eu não percebia as coisa acontecendo. E como sou meio impulsivo, quando a vontade bateu e achei que ela não iria me bater, eu a beijei. -

– Hum... então foi assim seu primeiro beijo. Você sentiu que era uma oportunidade e foi. - Lubia ficou sorrindo. - Fico imaginando como será o meu. O que você acha?-

– Eu não sei. Espero que seja com alguém legal. Mas como imagina? -

– Eu imagino algo meio... - Lubia parou corada e resolveu não dizer. A ideia dela girava algo com um por do sol, um momento agradável com alguém que soubesse conversar e se importasse com ela. A descrição batia com aquela situação que viviam, ela não poderia falar sem deixar a ideia de que algo deveria acontecer. - Mas, se acontecer com qualquer coisa que eu imagine, vai ser conto de fadas para mim. -

– Verdade. - Kevin ficou sem graça. - Eu preciso confessar que não foi o meu primeiro beijo. O meu aconteceu na Copa Equipe. O grupo com quem eu trabalhava era muito mais maduro e experiente nesse negócio. Falavam sobre isso o tempo todo. Foi ai que eu meio que despertei para isso tudo. Mas, aconteceu por um acidente quando eu estava passeando. Um tropeço e fomos empurrados um para o outro. -

Lubia começou a rir desesperadamente. Levava as mãos na barriga para tentar se conter.

– Eu devo admitir que hoje é algo engraçado. - Kevin ria de forma menos contida.

– E foi com outra Joy? - Lubia continuava rindo. - Aposto que foi com outra de cabelinhos rosa. -

– Cabelos rosa? - Kevin parou as risadas confuso com a piada. - Agora eu não entendi. -

– Marjori. Aposto que toda a fúria que tem contra ela é amor escondido. - Disse Lubia em meio a risadas, mas acabou parando de rir percebendo que Kevin não havia voltado a rir. - Passei dos limites. - Comentou ela respirando fundo devido a fadiga das risadas. - Mas, você deve convir que ela é bonita. -

– Alguém deve achá-la bonita. Ela usa muita maquiagem. - Disse Kevin.

– Bom... Vamos facilitar as coisas. Ao invés de descrever diga alguém que você acha bonita, sem ser a Joy? - Perguntou Lubia animada. - Pode dizer qualquer pessoa do mundo pokemon que mais tarde eu poderei conferir na minha base de dados. -

– Você. -

– Eu o que? - Lubia não compreendeu de inicio.

– Você é bonita. -

– Não sou nada. - Envergonhada e sabendo que aquilo não foi elogio apenas para animá-la, Lubia ficou olhando para baixo, mas como estava deitada, não funcionava muito bem.

– Desculpe... Acho que te constrangi. - Comentou Kevin sem graça.

– Um pouquinho. - Disse ela rindo sentindo que sua face já não estava tão ruborizada quando de inicio. - Mas eu não sou bonita. - Ela arriscou olhar para ele e viu que ele continuava a olhá-la.

– Eu acho. Você é delicada, tem esses cabelos encaracolados e consegue cuidar deles mesmo em jornada. Tem essa pele morena... - Kevin tocou de leve o braço dela. - … e macia. Tem um corpinho bonito. - Kevin naquele momento percebeu que estava exagerando, mas também percebeu o motivo do amigo gostar da menina, ela realmente uma gracinha em questão de beleza e personalidade, apesar de algumas vezes Kevin ainda achar que ela só sabia analisar as coisas. - Sem contar esse sorriso gostoso. -

– Você conseguiu me deixar completamente sem graça. - Vermelha a menina tentava não olhar para Kevin. - Você deve me achar uma boba, né? Eu faço agente entrar no assunto e fico toda sem ação. -

– Pelo menos tem algum assunto que você não se sai bem, né? - Riu Kevin. - Mas, não é porque você é bonita que vai começar a se achar não, hein? Senão vai ficar que nem a Estrela dos Escândalos. -

– Olha você falando dela. - Sorrindo abertamente, mesmo com a face rubra, ela não conseguiu esconder que havia gostado do elogio. - Me diga outra pessoa que acha bonita. -

– Julia. -

– Sua irmã não conta. - Disse Lubia revirando os olhos. - Se bem que realmente ela é muito bonita. - De repente a menina começou a rir. - E olha que eu acho vocês dois super parecidos. - Rindo a menina percebia que já escurecia e que o holofote próximo iluminava o local onde eles estavam. Mas, também percebeu que Kevin estava olhando-a de forma diferente, sorrindo, mas quem havia descoberto algo. - O que foi? -

– Então você acha minha irmã bonita e parecida comigo? - Kevin estreitou um pouco o olhar percebendo que ela ficava sem graça novamente.

– É... - Lubia toda sem graça procurava as palavras. - Talvez... -

– Super parecidos. - Disse Kevin cutucando-a com o dedo indicador na altura do abdômen e provocando cocegas. - Confessa que eu sou bonito. - Ele começou a fazer cócegas nela com as duas mãos enquanto ela gargalhava alto. - Confessa. -

– Que seja. - Tentando manter um ar superior ela bufou ao resmungar a resposta. - Mas, não venha querer tirar vantagem de mim só por eu te achar bonito. -

– Digo o mesmo! -

Kevin e Lubia se olharam naquele momento e começaram a rir. Não havia como negar que havia algo engraçado em tudo aquilo. Talvez em uma outra situação a conversa poderia tomar tons mais coloridos.

– Obrigada! - Disse a menina em meia voz.

A menina se inclinou e abriu os braços abraçando Kevin, meio incerta do que estava a fazer. Mas, sentiu-se mais relaxada ao sentir que ele a abraçava.

– Espero não estar interrompendo nada. - A voz fez os dois se assustarem e deixar Lubia constrangida coma situação. Afastando-se de Kevin e levantando-se rápido ela ficou surpresa ao ver o dono da voz.

Kevin virou-se, ainda sentado. Ele não precisava de muito para reconhecer a voz do melhor amigo, Détrio Dasen. E o tom de voz indicava um misto de hesitação de medo, mas também uma vontade de gritar que só mesmo o medo poderia conter.

:: “ O que está rolando entre esses dois?” :: Détrio esperava que eles falassem algo, mas não pareceu que eles falariam, por sinal, nenhum dos dois estava sorrindo mais depois dele ter interrompido. Com isso um silêncio se formou entre o trio sem que ninguém parecesse querer quebrá-lo.

– Eu não consegui nem sair do local de onde me deixaram. - Finalmente Détrio quebrava o silêncio. - Lubia, eu te amo. Kevin, me desculpe por querer quebrar nossa promessa. Lubia, eu não espero que ame um idiota como eu. Kevin eu vou chegar a Quest Liga, nem que eu tenha que enfrentar toda a Estilo de Poder para isso. Lubia, eu espero que você possa me aceitar como seu amigo de novo. Kevin... Lubia... Por favor... - Lagrimas começaram a cair do rosto de Détrio. - Eu acho que consegui entender... entender o estilo do vovô... mas eu não sei como usá-lo. Por favor, Me ajudem! Eu só ia embora porque eu não tinha motivos para lutar... Mas, agora eu lembro o porquê luto. - Ele se ajoelhou diante dos dois. - Eu peço que me ajudem, por favor. -

<><><><><>

Julia é minha irmã e sempre cuidou de mim. Eu tenho muito carinho por ela, talvez mais do que qualquer outro irmão tenha por qualquer irmã. Eu nunca me imaginei sem ela, mas também nunca imaginei minha vida sem o Détrio.

Enquanto procurava Lubia eu me perguntei diversas vezes se realmente tinha dito aquilo para ele e fiquei feliz por ele ter voltado. Enquanto os dias se passavam e Détrio treinava para dominar o estilo do avô, eu sentia que Détrio estava ficando incomodado com algo.

Détrio é como um irmão e por isso sei quando tem algo errado. Sempre que eu estava com Lubia eu sentia o seu olhar nos vigiando. Sempre que eu falava dela, sentia sua voz mudar um pouco. Eu sentia o ciúme dele e queria falar com ele sobre isso, mas ao mesmo tempo percebia que ele não me dava abertura para o mesmo.

Lubia nada falou com ele sobre sua declaração de amor. Ela me falou que não tinha porque falar algo para ele nas condições que ele estava. E cada vez que eu e ela estávamos juntos, rindo de algo, ou ajudando-o com seu treinamento, eu podia sentir que Détrio nos fuzilava com os olhos.

Eu me pergunto quanto da minha conversa com Lúbia ele ouviu. Será que meu melhor amigo se voltará contra mim por causa de ciúmes? Será que até o final da Liga de Prata mais um Poke-escolhidos será tomado ela maldade?


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