Capitulo 26 - Sobreviva

Ficar nesse barco está me dando nos nervos. Escrevo e escrevo. Além dele falar sobra N coisas que as vezes entendo e as vezes, tenho vontade de mandá-lo calar a boca. Mas, apreendi que nadar amarrado não é tarefa para mim.

Ainda não sei como vou sair desta situação, mas já sei o que farei quando sair. A primeira coisa é falar com minha irmã e deixá-la calma. Depois pegar meus pokemons com o Professor Carvalho. Após isso tentarei descobrir qual é a situação dos meus Pokemons: fundo do mar próximo a Olivia ou com a Estilo de Poder. Para isso apenas preciso ficar de olho nas noticias sobre o ataque a Olivia, lá falarão, com sorte, sobre mim e meus pokemons. Ou esbarrarei com um membro da Estilo de Poder, assim eles vão reagir do tipo “Quero seus pokemons” ou “Agora que temos seus pokemons, vou apenas te matar”.

Se eles souberem de meus pokemons, ainda não sei o que fazer. Tudo é arriscado demais para mim, meus pokemons e minha irmã. Agora, se não estiver com eles, só precisarei de um especialista em água e expedições submarinas. Imagino que o Professor Carvalho possa finalmente ser de algum auxilio.

Apesar de não escrever tudo neste diário, tenho o plano quase todo formado para o caso de uma expedição submarina. Agora, se eu precisar enfrentar a Estilo de Poder, ainda não sei o que farei.

5 dias nesse mar desgraçado querendo matar Pedra Noturna. Mas agora que revi toda a minha jornada em Jotho, eu entendo o quanto inconsequente eu seria de enfrentá-lo. O cara derrotou a Top Coordenadora Soledá e a Líder Jasmine. Rivalizou em habilidades contra o Campeão da Elite dos 4 de Hoeen Wallace. Pedra Noturna certamente pode ser derrotado, como Wallace provou ao mundo, mas não posso me comparar a um Mestre Pokemon. Ou será que posso?

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A região de Shikoku era uma pequena região com 35 cidades. A distancia de Kanto e Jotho era considerável, de tal forma que não existia ali uma liga pokemon, ou mesmo tradição em alguma carreira pokemon.

– Fala sério. - Doko estava incomodado com a espera. - Por que não começamos logo? Quero saber porque estou aqui. -

Os poke-escolhidos estavam retornando de suas férias e receberam orientações de seguirem para Shikoku, onde deveriam encontrar o Mestre Gary Carvalho no local onde o mapa indicava.

A primeira a chegar foi Marjori, seguida de Détrio e depois Doko. Estavam sentados diante a uma pequena arena de batalha pokemon e vários troncos de arvores, que serviam a eles de bancos. Viam algumas instalações do outro lado da Arena, que lhe pareciam alojamentos, mas nada que viesse a ser chamativo.

Gary estava ali usando um jaleco branco que ocultava toda roupa que estava por baixo. Ele estava calmo e apenas consultava o relógio ignorando a reclamação de seus pupilos.

– Desculpem-me a demora. - Dizia Lúbia sorrindo e se aproximando do grupo após surgir do meio das arvores com uma mochila mediana. A menina havia mudado suas roupas para uma calça jeans preta e uma botina de escaladas. Estava usando uma blusa verde clara, justa, com o símbolo de uma coroa. Em sua cintura estava suas pokebolas e algo que lembrava uma pokeagenda. Apesar de suas roupas terem mudado, ainda mantinha um sorriso e bobo nos lábios e os cabelos encaracolados. - Felizmente ainda não estou atrasada, certo? -

– Pontual como sempre minha campeã. - Gary fez sinal para que ela retirasse a mochila das costas e sentasse. - Bem vindos de volta ao treinamento, meus caros discípulos! Como sabem, temos muita coisa para fazer nos próximos dois anos e provavelmente esse foi o último descanso que tiveram pelos próximos 4 anos. -

– Como é que é? - Marjori gritou. - Não posso ficar quatro anos sem fazer shows. - A menina agora tinha umas estrelas douradas em sua cabeleira rosa e usava roupas de couro em um estilo sensual.

– O treinamento militar começará após a Copa Equipe, que será nossa primeira meta de retorno. - Gary ignorou a menina. - A Copa Equipe, como já sabem, é uma competição onde Equipes de no minimo quatro treinadores se enfrentam em meio a cooperação e estratégias. A Equipe vencedora, além do prêmio em dinheiro tem direito a quatro vagas para a Quest Liga. -

– Quest Liga! - Détrio vibrou. Ele estava com roupa branca e vermelha, tanto na bermuda quanto na camisa. Parecia com um uniforme.

– Eu sugeri que descansassem nas férias. Em especial devido ao desgaste emocional que tiveram com a traição de Davis. - Gary sacudiu a cabeça. - Mas, vocês não me escutaram. Marjori fez uma turnê, onde enfrentou a Estilo de Poder, saindo vitoriosa. Doko viajou por toda a Kanto derrotando todas as academias de artes marciais. -

– Dojos, mestre! Dojos! - Dizia o rapaz que usava roupas laranjas, parecidas com um quimono. - Sou o melhor guerreiro de Kanto. -

– Détrio viajou pelas ilhas laranjas passando por 3 dos ginásios locais e conquistando a insignia de dois deles. - Comentava Gary vendo o rapaz sorrir.

– Ou seja, novamente está abaixo de nós. - Comentou Marjori. - Afinal, Doko enfrentou 32 academias de treinadores e os derrotou. Bati na Estilo de Poder e Lúbia... - Marjori olhou para menina que apenas sorria.

Détrio olhou para Lúbia que parecia ignorá-lo enquanto Marjori e Doko riam do baixo potencial que o menino possuía diante dos três.

– Lubia em 5 meses conquistou uma vaga na Quest liga ao se tornar Campeã em Tokai. - Diz Gary. - Mas, não estamos aqui para comparar o potencial de vocês, e sim para aumentá-los. Vamos começar sabendo se essa desobediência serviu para algo. - Sorriu Gary.

– Uma vaga na Quest Liga! - Disse Lubia rindo. - Você foi a Tokai pessoalmente me dar parabéns! -

Gary nada disse, apenas olhou para a arena onde alguém estava posicionado. Com cabelos e olhos castanhos. Um boné da oficial da liga pokemon e um olhar animado. Em seu ombro estava um pokemon amarelado com um rabo alongado e algumas listras marrons.

– Ash? - Détrio saltou de seu lugar surpreso. - Nós vamos enfrentá-lo? -

– No começo os cinco juntos não podiam comigo. Mas, talvez depois de terem evoluído tanto, ainda mais nas férias, vocês possam fazer alguma coisa. - Gary sorria debochosamente.

– E então treinadores? - Ash virava seu boné para trás. - Darei a vantagem de saber que usarei Buizeel! -

O coração dos quatro dispararam. Aquilo seria humilhante para eles com certeza. Sempre apanhavam no 5 contra 1 ao enfrentar Gary, agora que seria um 4 contra 1 eles não tinham dúvidas que passariam um grande perrengue. Mas, quem poderia dizer que pode combater o Mestre Ash?

– Como sou a estrela, sigam minha deixa que vamos brilhar. - Diz Marjori. - Escolham cada qual um com vantagem e... -

– Fique na sua Marjori. - Dizia Détrio.- Fui o segundo colocado na seleção, então sou o próximo líder. Cada qual com o seu mais forte que vamos... -

– No dia que você conseguir sobreviver a cinco minutos comigo posso pensar em seguir um fracote como você. Até lá respeite a hierarquia, ultimo colocado da Copa Kanto. - Doko provocou-o. - Eu fui o melhor colocado na Copa, então sou o líder. -

– Não querendo criar casos, mas a campeã aqui sou. - Diz Lúbia. - Vamos usar um pokemon para prendê-lo, um para defesa e cura e... -

– Assim vai ser fácil demais. - Diz Ash suspirando vendo-os discurtir.

Poke-escolhidos contra Ash. A batalha durou 8 minutos, sendo que o pokemon de Ash foi acertado apenas 5 vezes. As cinco vezes que pareciam ter iniciado a oportunidade dos quatro para a vitória. Após um ataque terremoto de Doko que acertou a todos, uma combinação de Chuva de meteoros feita por Marjori que também acertou a todos, uma tempestade de folhas de Détrio e uma nevasca de Lubia, Ash comandou seu movimento especial de defesa e ataque.

Buizeel rodava no chão enquanto usava o jato de água, criando inúmeros chicotes de água no ar, prendendo os pokemons no meio da rotação. O pokemon marinho do Mestre fez aquilo por 5 minutos, enquanto um a um, já desgastados pelos golpes anteriores dos próprios companheiros, iam caindo. Sobrando apenas o pokemon de Marjori que tinha a maior defesa. Este ainda fez um ataque rápido bem executado na hora que o ataque especial parou, mas fora apenas isso. O ataque pulsação de água foi certeiro terminando o combate.

– Deveríamos ter trabalhado em equipe. - Diz Lúbia. - Era isso que o Mestre Gary queria nos mostrar. Que nossas habilidades solo não são o suficiente para a Copa Equipe. -

– Então porque você usou seu ataque Tempestade de Neve? - Détrio encarou Lúbia. - Que espécie de trabalho em equipe você estava pensando se eu usava um pokemon planta? -

No entanto, parecia que Détrio havia falado para os ventos, pois Lúbia sequer havia lhe dado atenção. Tanto que ela passou a falar com Marjori que praguejava a todo momento.

– Calma. - Dizia Lúbia. - Agora já foi! Temos apenas que nos organizar e seguir as orientações do Mestre. -

– É fácil para você falar. Já está classificada. - Diz Détrio irritado com a menina o ignorando.

– Cala boca Détrio! Você só sabe mandar o Serperior. Você tem outros pokemons que poderiam ser mais uteís. Talvez até o Mantine que capturou nas Ilhas Laranjas, se gabou tanto que ele pode lutar fora da água facilmente. Deveria ter aproveitado! - Doko respirou fundo para deixar a irritação ir embora. - Odeio admitir isso, mas o grupo se mantinha unido por causa do Davis. Nós respeitávamos a decisão dele. Querendo ou não ele tinha a habilidade de nos fazer acreditar nas decisões dele e fazia todos serem uteis. - Doko socava o tronco de uma arvore. - Não importa o quanto o Mestre Gary nos diga o que fazer, se não nos entendermos e seguirmos a liderança de um de nós, não vai dar para lutar em grupo. -

Os quatro se olharam durante um tempo. No meio deles estava a folha de inscrição da Copa Equipe faltando apenas indicar quem era o líder entre os 4. Gary havia dito para que eles decidissem quem seria o líder e não sairiam daquela floresta enquanto não indicassem o líder.

– Quais as chances de conseguirmos cooperar uns com os outros. - Pergunta Lubia. - Davis conseguia nos fazer colaborar porque fazia com que a todos tivessem função em tudo o que fazíamos, de acordo com nossas habilidades. - Lubia parou. - Talvez por votação, sem permitir que pudéssemos votar em si mesmo. -

– Votar em alguém que não fosse eu. - Marjori parou por alguns instantes. - Eu votaria em você. - Disse Marjori apontando para Lúbia. - Doko só faz o que quer e Détrio é um idiota. -

– Ei! - Gritou Détrio. - Eu não quero por votação nenhuma. Isso é besteira. Somos apenas quatro e votando assim só vamos por afinidade e não por capacidade. -

– Você ainda assim não será o líder cara. - Disse Doko rindo.

– Seu... - Détrio parou engolindo a piada e a raiva. Ele precisava agir ou teria que seguir as ordens de Lubia. Para ele a escolha de Lúbia era óbvia a menina conhecia as habilidades de todos e era uma estrategista nata. - Lubia não é uma opção. Já está classificada para a Quest. Sem questionar as habilidades, mas não dará o 110% quando estiver perdendo. -

Lubia nada disse. Não se defendeu ou argumentou. Ela parecia não ter escutado o que Détrio havia dito. Simplesmente esperou até que outra pessoa dissesse algo.

– Talvez isso seja verdade. - Diz Doko. - Continue! Mas, não será o líder. - Diz Doko encarando Détrio.

– Temos você e Marjori. Você que é uma pessoa centrada nos treinamentos e completamente focada na vitória, independente do quão penoso seja. Marjori dá ordens até para a imagem dela no espelho, distribuindo as tarefas e mesmo que não seja apto, ela grita até ele se tornar. - Détrio sentou-se. - São duas características de líderes. Tem que ser um dos dois. -

– Essa estrela fica feliz com sua indicação. - Marjori sorriu.

Lubia revirou os olhos ao escutar a menina começando a se tratar pela terceira pessoa novamente. Havia estranhado que até aquele momento ela não havia feito tal coisa. Na verdade ela acreditava que nenhum dos quatro tinha as habilidades para liderar o grupo naquele momento, então para ela realmente não faria diferença. Tudo resultaria em problemas e derrota certa.

– Vamos fazer uma batalha tripla. - Diz Lúbia.

– Como é que é? - Os três pararam sem entender.

– Doko usando três pokemons e Marjori usando três pokemons. - Lubia parou alguns segundos. - Não precisamos chegar ao final da partida. Aquele que estiver comandando melhor os três pokemons em simultâneo provará ter habilidade suficiente para nos instruir durante as batalhas da Copa Equipe. -

– É... - Détrio ficou a comparar os pokemons a lutarem agora com eles durante a Copa Equipe. Era realmente uma visão inteligente. - Que tal quadrupla para igualar o nosso número? -

– Détrio de um de seus pokemons a Doko. - Lúbia ignorava a sugestão e dava um de seus pokemons a Doko. - E outro a Marjori. Eles lutarão usando dois pokemons que não são deles, de forma que seria como se estivesse realmente comandando-nos durante a batalha. -

– Que ideia maluca. - Diz Doko vendo que ela havia Lúbia havia lhe dado o Tyranitar a ele. - Mas, to gostando! - Doko cerrando os punhos.

– Quer dizer que Marjori Star provará que é melhor que DoKo? - A menina deu uma risada vendo que recebera de Lubia o Pellipiper.

Détrio ficou olhando Lúbia antes de fazer o que ela havia indicado. Ficou imaginando sobre as escolhas que ela havia feito naquele momento. Voador para Marjori dando vantagem sobre os pokemons lutadores, além da propriedade de água que lhe daria vantagem sobre Tyranitar. Um pokemon de Pedra, que terá movimentos de terra a principal fraqueza de Electrabuzz, Yverssaur, Typlosion e Graveler.

:: “ Ela deu uma arma para cada um derrotar o outro. Ela novamente com um pokemon derrotaria o time inteiro.“:: Détrio paralisado de medo. Estava irritado com Lúbia por ela não estar falando com ele, mas as lembranças da batalha deles na Copa pareciam vir à tona a todo momento desde que se reencontraram.

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O mar estava começando a ficar um pouco mais agitado. Naquele momento Kevin estava de costas para a direção que eles iam e olhava para Diego Marion que também o fitava. Eles se encaravam durante muito tempo.

– Vou contar uma história. - Disse Diego. - Ao final farei uma pergunta e conforme sua resposta seu destino será decidido. -

Kevin assentiu. Ele já havia parado de escrever há algum tempo, concentrava-se apenas em descobrir uma forma de se livrar de Marion.

– Um jovem promissor conquistou a Liga de Prata, como também conquistou o desafio da Elite dos 4 de Jotho. Ele estava apto a participar do Carnaval dos Mestres de Jotho. - Marion observava Kevin atentamente. O olhar dos dois se encontravam constantemente e desvivam apenas com o balanço do mar. - No entanto o campeão da Elite disse que ele havia deixado um assunto pendente, havia deixado um Mestre Pokemon esperando para batalhar com ele e que para ser Mestre em Jotho ele precisava não ter assuntos pendentes. - Diego Marion então pegou uma pokebola em seu bolso. - O jovem promissor então foi atrás do Mestre Pokemon das ilhas laranjas. Ele havia se classificado para enfrentá-lo alguns anos atrás, mas não o enfrentou afim de participar da liga de Jotho. -

Kevin escutava aquilo sem saber onde ele queria chegar e o que tinha dentro daquela pokebola. Tentava se atentar a qualquer coisa que ele falasse que fosse relevante.

– A batalha iniciou com o Gengar do mestre e terminou com o mesmo Gengar. - Diego ao dizer aquilo sacudiu aquela pokebola apontando-a para Kevin. - O treinador promissor que derrotou 5 Mestres em Jotho foi derrotado de forma humilhante pelo Mestre das Ilhas Laranjas. - Diego parou de sacudir a pokebola. - Dos seus seis pokemons, apenas um pode voltar a lutar. Sendo que ele deu origem ao que está qui dentro desta pokebola. -

Kevin sentiu um arrepio na espinha. Diego Marion estava resumindo a própria história. Ele fora um treinador pokemon que ficou a uma batalha de se tornar Mestre Pokemon e ser reconhecido, mas perdeu e ainda teve seus pokemons feridos para sempre.

– Me isolei em lamentações e hoje apenas assisto as batalhas imaginando como teria sido continuar. - Diego Marion gargalhou. - Eu podia ter continuado. Eu não precisava vencer o Mestre das Ilhas laranjas, porque uma liga não está ligada as outras. Eu só precisava honrar uma partida na qual eu faltei. Eu poderia ter participado do Carnaval dos Mestres, mas eu escolhi desistir e viver minha miséria. - Diego parou de falar guardando a pokebola e encarou Kevin.

Kevin sentia que seu corpo estava sendo transpassado por uma forte corrente elétrica. Ele não conseguia desviar o olhar de Diego. Não conseguia deixar de pensar que o homem que estava ali, na sua frente era um treinador que encontrou a ruína quando estava no seu ápice. Um futuro mestre pokemon reduzido a um corsário que se apossa de tudo que vem do mar.

Sim. Diego Marion era um corsário, mas sua cabeça não conseguia manter a linha desse pensamento. Não conseguia, naquele momento ter raiva ou pensar em algo contra Marion. Eles sentia que eles eram iguais em algum ponto. Que eles de alguma forma tinham trilhado os mesmos caminhos em algum ponto.

– A minha pergunta é... - Diego não pode fazer a pergunta, Kevin o interrompeu.

– O diário é para que eu perceba que o único culpado disso tudo sou eu mesmo? - Kevin naquele momento ficou encarando-o esperando uma resposta. Ele não queria saber qual era a pergunta que Diego iria lhe fazer, ele sabia que não conseguiria responder de forma que o livrasse daquilo. Mas, queria seguir aquele sentimento de que eles eram iguais.

Diego começou a rir e pegou a faca apontando para Kevin. Kevin fechou os olhos esperando para ver o que aconteceria. De repente sentiu que seus braços já não estavam mais presos assim como suas pernas. Abriu os olhos e via que Diego estava o encarando.

– Eu sei como é ser um treinador indo para cima de seu adversário, medindo e calculando suas ações, mas não valorizando as coisas que são importantes. Não dando valor o suficiente para as coisas ao ponto de ser negligente com elas. - Diego suspirou. - Meus cinco pokemons que saíram feridos daquela batalha, jamais poderão voltar a lutar. Eu pensei que foi culpa daquele Mestre por alguns dias, mas eu sabia que tinha sido eu exigindo deles fazer coisas que eram arriscadas demais. - Diego olhou para Kevin. - Você ainda tem a chance de sair desse caminho autodestrutivo meu caro. Você tem muita habilidade, talvez não queria ser um treinador pokemon, mas leva jeito com eles. -

– Mas preciso primeiro parar de colocá-los em risco. - Kevin abaixou a cabeça. - Parar de colocar todos em risco. - Kevin fechou os olhos. - Valorizar as coisas que são importantes. Eu não sei bem o que isso significa na prática, mas me parece promissor. -

– Iria pensar duas vezes antes de deixar um de seus pokemons se arriscar? Iria pensar duas vezes antes de colocar em risco outro pokemon? Iria pensar nas pessoas ao seu redor e nas perdas que cada um de seu movimento poderia causar? - Diego Marion o encarou.

– É muita coisa para mim. - Disse Kevin irritado. - É promissor, mas não tem como eu lutar contra a Estilo de Poder e pensar em respeitá-los. Não tem como eu lutar contra um demônio e não pensar que são eles ou sou eu. - Naquele momento Kevin parou. Havia falado dos demônios num momento de irritação. Ficou encarando Diego e percebeu que para ele a palavra demônio estava como referência a Estilo de Poder. - Como é que eu posso respeitar quem na primeira oportunidade pretende me matar? -

– Você está vivo agora? - Perguntou Diego. - Você não pensou em me tirar do barco e me deixar em alto mar enquanto eu apontava uma arma para você? Você por acaso não gritou comigo, me insultou mesmo eu tendo lhe salvo a vida? -

Kevin se calou abaixando a cabeça. Ele sentia o mar um pouco mais agitado, mas sentia que o barco também estava parando de se movimentar. Escutava agora um barulho diferente. Algumas aves emitindo sons e pode escutar um motor.

Levantou a cabeça surpreso. Haviam atracado em uma espécie de Pier. Havia pessoas ao longe e muito movimento de outros barcos e lanchas chegando naquele ponto. Ele havia distraído-se de tal forma com a conversa que não percebeu que se aproximavam de terra firme.

Kevin jogou-se no pier beijando o chão e chorando. Não acreditava mais que fosse ver terra firme. Não acreditava que seria libertado. Não acreditava que a pessoa a sua frente fosse uma pessoa boa. Mas, estava ali, seguro.

– Agora prove-me que você não será um treinador inconsequente. - Diego Marion estendeu a mochila para Kevin. - O que fará agora? -

– Vou recuperar meus pokemons custe... - Kevin parou por alguns instantes fechando os olhos.

Kevin sentia que estava sendo imprudente. Não adiantava sair correndo atrás de seus pokemons. Precisava se acalmar e deixar que seus amigos e família soubessem que estava bem. Precisava cuidar dos pokemons que ainda estavam vivos. Precisava saber sobre Joy e Jasmine que estavam até o último minuto na cidade de Olivia. Seus pokemons perdidos ou capturados eram importantes, mas tecnicamente estavam em uma situação da qual não poderiam ser retiradas com sua correria e falta de preparo. Sim ele precisava primeiro se preparar.

Kevin sentia que estava fazendo como Diego no passado, entregando-se ao desespero eminente da derrota, da perda, da dor. Fazendo as coisas de cabeça quente e tentando reverter a situação num passe de mágica.

– Vou te agradecer por ter me ajudado. - Kevin sorriu. Ele sentava-se calçando seu tênis, recolando a jaqueta e seu cordão com a piramide de captura. - Eu não tenho nada de muito importante comigo, mas... - Kevin parou surpreso ao abrir a mochila. Lá estavam cinco pokebolas comuns e uma escura. As pokebolas de Slowbro, Ampharos, Pidgeot, Bayleef, Numel e Surskit.

– Prove-me que não é um treinador inconsequente. - Marion já estava distanciando-se com seu barco. - Prove-me e quem sabe um dia podemos cruzar pokebolas. -

– Espera... - Kevin deu um passo a frente e sentiu que estava pisando em algo. Olhou para baixo e viu uma pokebola e um caderno. O caderno no qual ele escrevia e a pokebola que continha o filho do único pokemon de Diego que sobreviveu a batalha contra o Gengar do Mestre das Ilhas laranjas.

Kevin pegou a pokebola com a mão direita. Ele ainda chorava diante a toda aquela situação. Esticou na direção de Diego.

– É uma promessa! Eu vou chegar ao mesmo nível que você chegou como treinador e um dia nós vamos nos enfrentar. - Gritou Kevin. - Está me ouvindo! -

Diego acenou confirmando. Ele esticou uma outra pokebola para Kevin aceitando o desafio.

Kevin via o barco se afastar enquanto segurava o caderno na mão esquerda e a pokebola na direita. No entanto, a pokebola de repente desaparecia.

– O que? - gritou kevin olhando em volta. - Cadê a pokebola. Cadê pokemon de Diego? - Desesperado ele olhava em volta de tudo. Não tinha como a pokebola sumir no ar.

– Ei carinha escandaloso. - Uma voz intercalava Kevin. - Você ai dos braceletes dourados. - Kevin olhou o rapaz com roupas floridas. - Um treinador só pode portar, oficialmente, seis pokemons. O Escandaloso por acaso tinha seis com você antes de pegar a pokebola que desapareceu? -

– Obrigado! - Kevin sorriu abertamente correndo até o cara e abraçando-o. - Valeu mesmo! - Kevin começava a correr pelo pier. Mas, parou virando-se para o rapaz com quem havia afalado. - Você sabe onde tem um centro pokemon próximo? -

O rapaz apontou para uma direção que Kevin pode ver ao longe uma grande pokebola. Certamente era o Centro pokemon.

– Valeu mesmo! - Grita Kevin andando de costas enquanto agradecia. No entanto, acabou chocando-se com alguém que corria na direção contrária a ele.

– Me desculpa! - Kevin ficou tonto por alguns instantes. Sentiu os muculos fraquejarem e percebeu que talvez correr não fosse uma boa opção para quem acabou de sair de 5 dias preso dentro de um barco.

Kevin olhou e via um garoto recolhendo tudo o que podia. Parecia que ele havia derrubado alguém com uma pasta cheia de papéis. Kevin foi tentar ajudar, mas viu que a pessoa desesperou-se e dois policiais corriam na direção deles.

– Droga! - O rapaz empurrou e tentou começar a correr, mas tropeçou na mochila de Kevin caindo. - Me solte seu idiota! - O garoto chutou Kevin para o lado e levantou-se rapidamente correndo e preparando-se para saltar no mar.

– Parado! - Gritou um dos policais.

– Pidgeot! - Berrou Kevin ao perceber que o cara com quem trombará era um criminoso.

A mochila brilhou e a vibração da pokebola fez o ziper se abrir permitindo que o raio vermelho libertasse Pidgeot que velozmente foi contra o garoto que já havia saltado para mergulhar, mas fora agarrado no ar.

– Bom trabalho garoto. - Dizia um policial recolhendo o que havia caído da pasta enquanto Kevin era ajudado a se levantar pelo velho.

– General, conseguimos capturar o ladrão na área do Pier. - Um dos policiais falava pelo rádio. - Tivemos a ajuda de um jovem e uma ave rara. - O policial se mostrava surpreso com o Pidgeot. -

– Traga os dois para a delegacia. Vou interrogá-los pessoalmente. - Dizia a voz que vinha do rádio.

– Como é? - Kevin percebeu que teria de acompanhar os policiais. - Não! Eu preciso ir no centro pokemon verificar meu pokemon e contatar minha irmã. - Kevin gritava.

– Essa voz? Nesse escândalo? - A voz do rádio.- Kevin? Você está vivo? E Se metendo emproblemas como sempre, benzinho? -

– Tenente Surge? - Kevin se assustou ao reconhecer a voz.

– General! - Disse um dos policiais.

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Uma sala bem equipada cheia de computadores e policias indo e vindo. Estava tudo movimentado e nenhum policial estava com cara de feliz.

Kevin estava sentado numa cadeira falando no videophone com o Professor Carvalho, enquanto um velho e o General Surge o observavam e conversavam em tom baixo.

– Sim seu pokemon chegou aqui. Fiquei espantado quando a pokebola se transferiu. - O professor Carvalho aprecia emocionado. - Seus pokemons fizeram uma festa. Achávamos que você poderia estar morto. -

– Certo! Vou fazer algumas trocas de pokemon em breve. Então permaneça no laboratório. - Diz Kevin. - Vou desligar para procurar contato com minha irmã. -

– Ela está no laboratório de Yve. Já conquistou as 4 insignias e estava treinando para enfrentar o Mestre das Ilhas laranjas quando soube de seu sumiço. - O professor parou. - Ela planejava ir atrás de você se não tivesse noticias na próxima semana. Talvez deva se apress... - Kevin desligava o viodephone na cara do professor apressando-se em discar.

O velho e o General se olharam e percebiam que o garoto não iria lhes dar atenção enquanto não falasse com a irmã.

– Laboratório da professora... JUNIOR! - Do outro lado Julia atendia e começava a chorar ao ver o irmão. - Maninho! - Ela chorava sem conseguir dizer nada.

– Calma... Eu estou bem! - Kevin também não conseguia segurar o choro. - Desculpa deixá-la preocupada. -

– Você não teve culpa. Estava no lugar errado e na hora errada. - Julia continha o choro por alguns instantes. -A culpa é da Estilo de Poder. E se tivesse acontecido qualquer coisa com você eu juro que eles iam pagar. - A expressão de Julia era de um misto de angustia e raiva. Podia-se notar que a moça estava realmente falando sério em fazer a Estilo de Poder pagar. -

– Se acalme moça dos cabelos loiros. - Surge aparecia no vídeo ao lado de Kevin. - Seu irmão está bem e aconselho aos dois ficarem longe da Estilo de Poder, porque o Caldo vai entornar para eles. -

Julia observou o General perto do irmão. Ficou a imaginar o que havia acontecido desde o ataque em Olivia.

– Escuta, seu irmão te ligará mais tarde para conversarem com mais calma. No momento, preciso falar com ele. - Surge desligava o Viodephone.

– Ei! - Kevin gritou com o General chamando a atenção de todos os policiais.

Surge riu voltando a sentar-se próximo do velho. Kevin os olhou durante algum tempo. Ele já havia recolocado as pokebolas nos braceletes e esperava que alguém lhe explicasse o que estava acontecendo ali.

– Durante uma semana esta ilha sediara a Copa Equipe. Estamos fazendo uma força tarefa para proteger a ilha e aqueles que aqui estiverem nela, será uma atividade de 20 dias, sendo que já se passaram 4. - Surge começou a falar. - Todos acham, que no momento, você está morto. E fico muito feliz em te ver bem e que todos pensem que você está morto. -

Kevin não entendeu muito bem o que ele estar vivo tinha haver com a Copa Equipe.

– A Copa Equipe será meu último evento como Presidente. - O velho fechou os olhos. - Sou o Presidente Gutshor. -

Kevin arregalou os olhos, o homem estava realmente vivo. Ele deveria já ter quase 100 anos de idade, mas continuava suas atividades.

– Preciso te pedir um favor que devido a sua suposta morte, você se torna a pessoa perfeita para fazê-lo. - Surge levantou-se. - Eu, o General Surge, estou te convocando como segurança disfarçado do presidente. -

– Como é que é? - Kevin gritou enquanto Surge tentava fazê-lo chamar menos atenção.

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Muitas coisas aconteceram naquele dia e foi uma sorte eu ter encontrado Surge. Ele estava a me oferecer aquele emprego maluco não remunerado para proteger o presidente.

Eu não sabia como iria fazer aquilo, mas eu descobri que estava sem opções. Não havia vaga em nenhum dos Centro Pokemons da Ilha e eu estava sem dinheiro. A opção era ajudar a policia protegendo o presidente ou provavelmente eu iria dormir no banco da praça. Mas, como era um evento Pokemon a praça estaria movimentada 24 horas, não iria dar para dormir lá.

Surge me deu duas horas para decidir. Enquanto estou aqui, fazendo uma refeição modesta e escrevendo no diário, Surge olha-me junto ao presidente esperando uma resposta.

Eu deveria aceitar tal coisa? Mesmo sem saber exatamente o que vou ter que fazer? O que Diego faria?