Loves Ways escrita por lollyb


Capítulo 28
O fim


Notas iniciais do capítulo

O que aconteceu com nosso querido professor de Poções? Vamos descobrir agora, lendo esse lindo capitulozinho hahaha. Espero que vocês gostem!



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Harry não sabia o que fazer. Precisavam voltar.

'-Serena, nós precisamos...'

Coff, coff. Uma tosse abafada ecoou.

Os três estacaram.

Serena ainda chorava, limpando o rosto com a capa, quando uma mão tocou seu ombro.

'-Potter, eu já disse que não vou deixar meu pai aqui!' – ela bradou, tirando a mão de seu ombro e virando-se.

'-Você acha mesmo que vai se livrar de mim tão cedo?' – uma voz grave, mas extremamente rouca, falou por entre tossidas.

Serena fechou os olhos e seu coração apertou no peito. Ela não tinha coragem de olhar.

Colocou as mãos sobre os olhos e recomeçou a chorar.

'-Fique onde está' – ela pediu, limpando o rosto com a manga, e foi até ele.

Abraçou com força e mordeu os lábios, tentando cessar as lágrimas.

Ele retribuiu o abraço com a força que ainda lhe restava e respirava com falhas, admirando a filha.

Serena só fazia chorar. Tinha funcionado, realmente tinha!

Snape afastou-a um pouco para que pudesse mirar melhor seu rosto e sorriu fraco. Deteu-se no braço esquerdo da filha, de onde o sangue jorrava.

'-O que foi que você fez...?' – ele perguntou, falando com dificuldade, segurando com cuidado o braço da menina, mas num tom assustador.

'-Nada.' – ela puxou a manga da capa, escondendo o braço.

'-Serena, você não...' – ele começou, furioso.

'-Eu fiz o que tinha que ser feito!' – ela bradou para ele – 'Eu sei dos riscos. Eu quis.'

Ela afirmou, conclusiva.

'-Você está louca? Você sabe o que pode...' – ele começou, exaltando-se, o que desencadeou um acesso de tosse.

'-Eu não sou um bebê. Eu sabia o que estava fazendo. Agora fique quieto antes que eu tenha que te ressuscitar de novo.' – ela bradou, brava, mas internamente aliviada pelo pai estar bem.

Ele ameaçou retrucar, mas Serena olhou ferozmente para ele, que calou-se ainda carrancudo.

'-Potter, nós precisamos tirá-lo daqui.'- ela disse.

Os três estavam pasmos observando pai e filha interagindo. Hermione tinha o maxilar caído em admiração e Weasley olhava sem entender.

'-Vamos, Ron, me ajude. Temos que tirá-lo daqui.' – Harry pediu.

Chegaram os cinco até a Sala Precisa, disfarçadamente. Mas, àquela hora, ninguém parecia ligar para um grupo com feridos. Serena seguiu na frente pelo corredor com Hermione, enquanto os três vinham atrás delas.

'-Harry, nós precisamos...' – Hermione falou, sendo interrompida por um gesto brusco do moreno.

Uma sala com uma cama enorme, cheia de travesseiros, e suprimentos de enfermaria apareceu. Weasley e Potter entraram com Snape, carregando-o até a cama.

O homem resmungou algo parecido com 'não preciso de babás', mas os dois ignoraram.

'-Serena!' – uma voz fina chamou, vinda de uma tapeçaria que despencara no chão.

A garota virou e encontrou Eliza Duncan.

'-Eliza?' –perguntou – 'O que você está fazendo aqui? Você está sozinha? Eu não tinha dito para que você fosse embora? Argh, onde está Zabini?' - ela urrou, dizendo tudo de uma vez.

'-Calma, Snape querida. Eu estou aqui.' – ele disse, galanteador.

'-Depois vocês têm que me explicar tudo. Agora, Zabini, ouça.' – ela pediu, puxando-o pela manga e mandando-o trazer Madame Pomfrey. Ela sussurrou no ouvido do amigo o nome do feitiço que ela usara e mandara-o dizer à enfermeira. Só percebendo a gravidade do que acontecera Pomfrey viria.

Serena entrou na Sala Precisa puxando Elizabeth consigo, agradecendo Potter, Weasley e Granger.

'-Pronto, Serena. Salvamos os dois hoje.' – o moreno disse antes de sair.

'-Draco está bem?'

'-Agora eu não sei, mas consegui mantê-lo vivo em duas oportunidades.'

'-Obrigada, Potter. Nunca terei como agradecer.'

'-E eu nunca terei como agradecer o que você fez hoje. Vi você por aí, defendendo os nossos e lutando com Comensais, mesmo seu pai sendo um deles.'

'-Veja as lembranças, Potter. Elas devem ser importantes.' – Serena recomendou e trocaram um sorrisinho cúmplice logo antes de o moreno deixar a Sala.

'-Serena.'- Snape chamou.

'-Pai, preciso que você me escute.' – ela pediu, interrompendo-o e sentando na cama, ao lado dele – 'Zabini está vindo com Madame Pomfrey, deixe que ela cuide de você. E descanse, você sabe que o feitiço ainda pode dar errado.' – ela recomendou, arqueando uma sobrancelha para ele.

'-Eu não preciso de babá, nem de uma enfermeira velha cuidando de mim.' – ele rosnou – 'Você não deveria ter feito o que você fez. Você esgotou sua carga de magia, e Merlin sabe lá o que mais pode acontecer. Você foi uma tola fazendo isso, Serena, não pensou nas conseqüências como a garota impulsiva que é!' – ele bradou, e Serena podia ver o pescoço aberto dele tremer enquanto falava.

'-Eu teria feito tudo outra vez, Snape' – ela vociferou – 'Já disse que assumo as conseqüências. '- brava, respirou fundo e disse: 'Eliza, você pode ficar de olho nele por mim?' – virando-se para a prima que estava do outro lado da Sala.

'-Eu, ahn, claro, Serena.' – ela respondeu, sendo pega de surpresa.

'-Pai, Eliza e Blaise ficarão aqui. Eu preciso ir, ainda não acabou e há muita coisa a ser feita.'

'-Eu já disse que não preciso de babá e não,' – os olhos dele ficaram mais escuros com a fúria– 'você não vai à lugar algum.'

Serena suspirou – 'Eu não vou mudar minha escolha.' – ela disse e foi saindo.

'-Você vai lutar que guerra? A guerra dos mortos?' – ele inquiriu – 'Porque, se você partir, é isso que acontecerá. Você estará satisfeita quando morrer? É isso? Sua carga mágica está praticamente nula!' – ele urrou, o rosto carrancudo e os olhos cheios de preocupação.

'-Eu preciso fazer isso, Snape.' – ela disse, encarando-o profundamente.

'-O que você está fazendo é como quebrar sua varinha na frente de um Comensal da Morte. É como se atirar aos lobos. Você pode deixar de ser inconsequente uma vez na vida?' – ele disse, quase num apelo, apesar de o tom deixar Eliza arrepiada.

'-Eu não posso ficar aqui escondida enquanto os outros lutam.'

'-É por isso que sua mãe morreu?' – ele fez o pior apelo que poderia ter feito à Serena – 'Apenas para que você se jogasse aos Comensais? Foi por isso que eu te escondi por quinze anos?'

'-Sim, Snape. Para que minha vida fosse importante de alguma forma. Se eu morrer, terei morrido fazendo alguma coisa que valesse à pena. Afinal, não foi o mesmo que você fez durante todos esses anos?' – ela disse, séria, terminando a discussão e indo em direção ao pórtico.

Eliza encarava estupefata os Snape. Eles eram extremamente parecidos enquanto se encaravam, os dois com a sobrancelha arqueada, numa disputa de olhares. Agora parecia tão óbvio que fossem pai e filha.

Serena deixava a sala com dor no coração por não se despedir corretamente do pai, mas não via nada mais que pudesse fazer. Snape era tão cabeça dura quanto ela.

Quando ela tocou a maçaneta, a voz profunda e mais rouca que o normal cortou o ar.

'-Serena?'

'Sim?' – ela respondeu sem virar-se para ele.

'-Cuide-se.' – ela sorriu e foi até ele.

Ela arqueou a sobrancelha novamente, cruzando os braços.

Ele imitou o gesto da filha e Eliza surpreendeu-se. De alguma forma estranha, eles eram bastante parecidos.

Serena foi até a cama e abraçou-o.

'-Tente ficar vivo, OK?'

'-Não vá.' –os olhos dele imploraram enquanto as sobrancelhas insistiam em unir-se no centro, formando uma carranca.

'-Eu preciso.' – ela repetiu, se desvencilhando do abraço e recuando.

'-Volte aqui, Serena' – ele bradou. Ela revirou os olhos e aproximou-se.

'-Eu não posso ficar, sinto muito.'

'-O que eu falei sobre a carga mágica é verdade.' – ele disse, temeroso.

'-Eu sei que é. E todas as outras coisas também. Mas, infelizmente, não há outro jeito. Eu escolhi ficar. E escolhi fazer aquela poção. Só me resta continuar a lutar.'

'-Por favor, filha.' – ele pediu, como Serena nunca vira antes. Ela suspirou.

'-Eu não posso...' – ela apertou a mão do pai, com pesar.

'-Você é a aluna mais corajosa que a Sonserina já teve...' – ele admitiu, suspirando.

'-Você é.' – ela disse em resposta – 'Não só da Sonserina mas de toda Hogwarts.'

'-...E também minha melhor aluna de Poções. Sei que nunca te disse isso, mas é verdade.' – ele disse, como se Serena não tivesse falado, e seus olhos estavam negros e profundos, e Serena não via agora nenhuma malícia ali.

'-Pai, eu preciso...' – ela pediu, tentando soltar a mão do aperto suave dele. As mãos esquálidas deles eram parecidas, compridas e finas.

Eliza, distante, olhava a conversa com apreensão. Não acabava nunca.

'-Eu sou seu pai e, bem, você já deve saber disso... Ou deveria pelo menos.' – ele fitou-a nos olhos, interrompendo o breve silêncio. Negros contra azuis. – 'Eu amo você, Serena.' – ele disse com a mesma feição sem expressões, mas os olhos extremamente profundos – 'Por favor, volte para mim.' – a carranca de dor se aprofundou com a última frase.

Ela apenas concordou, apertando sua mão com força.

'-Eu também amo você, pai. Só não posso prometer nada.'

Ela se afastou e abraçou Eliza apertado.

'-Cuide deles, Loira.' – Serena deu um beijo na testa da prima – 'Especialmente de seu tio.' – ela apontou com a cabeça para Severo, que franziu ligeiramente o nariz.

Eliza ficou sem graça, mas Snape deu um sorrisinho.

Serena correu pelo castelo e, ao sair para a parte externa, tudo que viu foi cinza. Hogwarts tinha boa parte desmoronada e a fumaça e a fuligem cobriam o ar. Nos jardins, a grama não era mais verde, e os duelos haviam parado por um momento. Ordem do Lorde.

Alguns ainda duelavam sem deixar o parceiro escapar, como era o caso da Sra. Weasley e sua filha, Ginny, que lutava bravamente apesar da pouca idade.

Os burburinhos aumentaram à medida que os duelos diminuíam e Serena estava lá, apenas observando, como muitos outros faziam agora. Potter não tinha sido visto – nem Voldemort. Alguns Comensais mais tolos e que não estavam junto de seu Lord já exaltavam a vitória de seu senhor.

Serena estacou diante da cena. Não, Potter precisava estar vivo em algum lugar para tudo ter valido à pena. E Voldemort precisava morrer.

Estava ela parada em meio à fumaça, o braço esquerdo com um grosseiro corte aberto coroado por sangue – muito sangue – seco. Os cabelos negros estavam empapados e o rosto tinha alguns mínimos cortes. Os arranhões se distribuíam nada uniformemente pelo corpo alvo e, diante de tudo, os olhos azuis se destacavam, brilhando em meio ao cinza de tudo.

Os combates internos também cessaram e mais e mais gente se aglomerava nos jardins, onde Serena estava.

Serena fez menção de voltar para dentro do castelo – precisava checar se seu pai, Eliza e Blaise estavam bem – quando seu braço foi puxado rudemente. Ela virou-se, preparando para azarar quem quer que fosse que apertava seu braço .

'-Serena, você está bem?' – Draco bradou, segurando-a com força e perguntando, desesperado.

'-Estou, estou, Draco...' – ela suspirou, aliviada por ser ele – 'Mas eu ficaria realmente melhor se você deixasse de apertar meu braço.'

Ele soltou o braço, mas abraçou-a com força, erguendo-a no ar.

'-Onde está tio Severo? E Blaise e a Duncan? Você soube que eles ficaram no castelo?'

'-Todos estão bem. Pelo menos estão seguros.' – Serena disse, suspirando, e pensando no pai.

Ela segurou a mão dele com firmeza, e apertou-a algumas vezes como que para se certificar de que ele estava mesmo ali. Draco passou um braço pelo ombro da garota e puxou-a para si, abraçando-a de lado.

'-Onde está o maldito Potter?' – perguntou, mas apesar do tom de raiva, ele parecia preocupado com o rumo que a guerra estava tomando.

Serena deu de ombros, apoiando a cabeça no ombro do loiro e suspirando. Só queria que tudo aquilo acabasse logo. Que Voldemort acabasse logo.

Logo, mais pessoas se juntaram e aguardaram. Neville Longbottom e o Trio de Ouro aguardavam na linha de frente, enquanto Draco e Serena foram ficando para o fundo conforme as pessoas chegavam.

Muitos estavam feridos, muitos choravam. Alguns corpos estavam sendo velados e cobertos dentro do castelo, Serena sabia. Ainda era muita sorte ela não fazer parte de nenhum deles.

'Harry Potter está morto' - a voz ofídica de Voldemort ecoou e Serena estremeceu nos braços de Draco, procurando de onde vinha a voz. – 'Ele foi assassinado, foi até mim, numa tentativa de salvar a si próprio quando vocês dispuseram de suas vidas para salvar a dele. Nós trazemos-lhe seu corpo como a prova que seu herói se foi. A batalha foi ganha. Vocês perderam a metade de seus lutadores. Meus Comensais da Morte estão em maior número , e o "menino que sobreviveu" está acabado. Não deve haver mais guerra. Qualquer um que continuar a resistir, homem, mulher ou criança, será massacrado, como cada membro de sua família. Saiam do castelo agora, ajoelhem-se diante de mim, e vocês serão poupados. Seus pais e crianças, seus irmãos e as irmãs viverão e serão perdoados, e você juntar-se-á a mim no mundo novo que nós construiremos juntos.' – ele declarou, por fim.

O estômago de Serena deu cambalhotas e o maxilar cedeu, mas nenhum som saía de sua boca. Desesperada, ela fez a menção de correr, porém Draco pôs o braço na frente, segurando-a e impedindo-a.

Ela tapou a boca com uma mão e lágrimas se formaram em seus olhos. Tudo estava perdido.

O silêncio pairou no castelo.

Repentinamente, os Comensais formaram uma barreira nas portas principais da escola. A maior parte das pessoas retornou ao castelo e viram, de lá de dentro, seus inimigos cruzarem o pórtico de entrada. Todos espiavam procurando ver a morte do garoto com os próprios olhos.

A professora McGonagall gritou, surpreendendo a todos e Bellatrix Lestrange deleitou-se com o desespero da Diretora da Grifinória. Serena ficou comovida – internamente – ao ouvir os gritos e lamúrias de Hermione Granger, Rony e Ginny Weasley, mais tristes do que qualquer outro no Salão.

'-Desça ele, Hagrid' – ordenou Voldemort para o guarda-caça que carregava o rapaz – ',em meus pés onde ele pertence.'

Serena exalava fúria e Malfoy teve de segurá-la muito bem para que ela não partisse para cima de Voldemort. Ela não esqueceria nunca que fora ele quem separara-a de sua família e que tentara, esta noite, matar seu pai.

'-Harry Potter está morto! Compreenderam agora? Não era nada, sempre, mas um menino que queria que os outros se sacrificassem por ele!' – Lorde das Trevas urrou, ecoando pelo ambiente.

A garota tremia até. Naquele momento era capaz de esmagar o rosto ofídico com as próprias mãos.

Quando Longbottom saltou para Voldemort, Bellatrix riu alto. Contou ao seu mestre de quem o rapaz era filho e Voldemort lhe fez uma proposta para ser Comensal. Neville, ofendido, recusou e pôs-se a gritar injúrias.

Muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo e Malfoy franziu o nariz para Neville, que ainda afrontava Voldemort. Quando as coisas diminuíram de ritmo, uma espada cortou a cabeça de Nagini, a cobra de estimação de Voldemort.

O Lorde das Trevas urrou em fúria, mas o acontecimento foi logo submergido por outro fato: Harry Potter desaparecera.

A luta recomeçara. Voldemort atirava feitiços, assim como faziam os aurores e estudantes. Serena estava de volta à batalha, mesmo Draco tentando impedi-la.

'-Fique aí, seu covarde. Se esconda. Eu preciso fazer isto.' – ela bradou, e partiu novamente para a luta, com a capa esfarrapada voando.

Os moradores de Hogsmeade e as famílias dos estudantes se juntavam à batalha, assim como os centauros, os duendes e os elfos domésticos.

Malfoy xingou Merlin e todos os Deuses, e, contrariado, partiu para a batalha em busca de Serena.

Avistou a garota travando uma árdua batalha com Yaxley, e, também duelando, foi para seu lado.

'-O que você está fazendo aqui?' – perguntou ela para Draco, sem dirigir-lhe o olhar para não atrair a atenção do Comensal.

'-Você está aqui, não está? Não vai ficar sozinha.'- ele disse, desviando de um feitiço.

'-Não sou um bebê. E estive lutando o dia todo, se você quer saber.' – ela rolou os olhos, mas ele não saiu de seu encalço.

Vários Comensais caíam, sem agüentar os reforços que haviam chegado para a batalha. Voldermot se encontrava no centro do Salão, jogando feitiços para todos os lados. Serena, então, viu Narcisa e Lúcio Malfoy correndo pelo salão sem atentar às batalhas, apenas procurando o filho.

Ela foi caminhando para trás enquanto lutava, conseguindo ficar ao lado de Draco e dando-lhe uma cotovelada.

'-Seus pais.' – ela sussurrou, indicando a direção.

Malfoy ponderou. Balançou a cabeça e decidiu que ficaria ali, com Serena.

Um raio de luz verde veio em direção à morena enquanto falava com Malfoy, e ela, petrificada, quase foi acertada. Draco, vendo que o raio ia cruzar a testa da garota pulou em cima dela, rolando os dois para o chão.

Sra. Weasley travava uma luta acirrada com Bellatrix, que acabou morta. Voldemort, irritado, atirou contra a matrona Weasley.

'-PROTEGO!' – gritou Potter, assustando Voldemort. Logo em seguida, tirou sua Capa da Invisibilidade.

O salão ficou em estado de euforia geral. Todos gritavam e comemoravam; Potter estava vivo afinal.

Harry e Voldemort se circundavam. Todos prestavam atenção e Serena estava novamente junto a Draco – que também parecia aliviado por ver Potter, apesar de não admitir.

Serena passou a prestar atenção à conversa. O moreno agora defendia Snape na frente de todos, supostamente falando sobre as lembranças que vira. Aquilo parecia impossível. Quando revelou que o professor de Poções fora um espião de Voldemort o tempo todo o silencio pairou.

Quando começou a explicar a história da Varinha das Varinhas, Harry mencionou a morte de Snape. O peito de Serena quase explodiu em alívio. Nunca teria como agradecê-lo. Nada nunca seria o suficiente.

'-Tio Severo está morto?' – Draco perguntou, desesperado, para a namorada. Serena agarrara-o depois de levantarem do chão, plenamente satisfeita e sem ter como agradecê-lo. Como resposta, beijou-o rapidamente no meio da guerra.

'-Não. Depois eu lhe conto tudo.' – ela sussurrou em resposta.

Ao ser mencionado, Malfoy ficou de todas as cores, e Serena apertou forte sua mão. Suspirou quando a morte voltou mais uma vez à Potter.

'-Avada Kedavra!' – Voldemort bradou.

'-Expelliarmus!' – Potter urrou.

As chamas douradas dos feitiços colidiram, fazendo Serena proteger os olhos contra a luz, o coração martelando no peito.

A Varinha das Varinhas foi apanhada no ar por Potter e, finalmente, Lorde Voldemort – Tom Riddle – caiu, morto pelo próprio feitiço. Todos estavam embasbacados e demoraram a comemorar realmente.

Tinha terminado.

Toda a tortura tinha acabado. Quinze anos da vida de Serena por isso.

Ronald Weasley e sua irmã, Ginny, foram os primeiros a ir até Potter. Draco e Serena, porém, desviaram da multidão, partindo para um canto mais afastado do Salão e comemorando de longe.

'-Então tio Severo era um espião?' – Draco perguntou, surpreso, franzindo o cenho.

Serena concordou, feliz como nunca na vida.

'-Por isso foi tão fácil convencer Dumbledore...' – ele pensou em voz alta – 'E ele sabia de tudo.'

'-Claro que sabia. Ele é Severo Snape.' – ela sorriu torto, arqueando a sobrancelha.

Recostado a um arco, estava ele, o próprio Snape, amparado por Elizabeth Duncan.

Serena correu, com lágrimas nos olhos, deixando um Draco com um sorrisinho nos lábios para trás. Snape estava mais pálido do que nunca, a pele macilenta estava amarelada e ele tinha olheiras profundas, além do enorme curativo no pescoço, que provavelmente Madame Pomfrey não tinha conseguido curar completamente.

'-Acabou, pai, acabou!' – ela sussurrou, com lágrimas nos olhos, abraçando-o com força, mas evitando o pescoço.

Vários corvinais – reunidos em um pequeno grupo que comemorava – arregalaram os olhos quando ouviram Serena chamar o mestre de Poções de pai.

Ninguém nunca compreenderia o que aquilo significava para Serena e Severo. Era mais que o fim de uma guerra, era o fim da era mais escura de suas vidas, o fim do fardo que carregavam há quinze anos. Era o fim.

Agora os dois podiam recomeçar, decentemente, a ter uma vida. Porque aquele fim só valia à pena porque havia um novo começo esperando-os.

'-Nós tentamos impedi-lo, Serena, mas ele queria ver o fim disso...' – Eliza disse, encolhendo os ombros e se desculpando.

'-Acho que foi merecido, Eliza. Depois de mais de vinte anos, Severo Snape merecia ver a queda de Voldemort.' – ela sorriu, cúmplice, para o pai.

Abraçou-o novamente, deixando mais algumas lágrimas escorrerem. Draco se juntara a eles e abraçava Blaise e Eliza ao mesmo tempo.

'-Eu disse que ele não podia sair do quarto com esses ferimentos, mas este homem alguma vez na vida me ouviu? – Pomfrey disse, batendo as mãos contra as pernas num gesto de desistência. Sorriu para Serena e foi tratar de mais feridos no Salão Principal.

'-Acabou, Serena.' – ele disse com a voz rouca.

'-Acabou.' – a última lágrima caiu, e Snape limpou-a com cuidado.

A sensação que enchia o peito de ambos era alívio. Depois de tanto transtorno, tudo estava bem novamente. O pai passou um dos braços sobre os ombros de Serena e ficaram aproveitando a tão sonhada paz.

McGonagall arrumara as mesas, mas as Casas estavam todas trocadas. Alunos e professores se misturavam, juntamente a fantasmas, centauros e familiares de alunos. Draco e Narcisa Malfoy estavam juntos e abraçados, mas Lúcio fugira junto a alguns escassos Comensais.

Draco acompanhara Blaise e Eliza até o Salão Principal, deixando pai e filha a sós para um momento que era só deles.

Severo suspirou e passou a mão pelo rosto da filha, delineando os contornos fortes e femininos como se a estivesse vendo pela primeira vez. Serena inclinou-se ao toque, encarando o pai.

'-Você é tão parecida com a sua mãe...' – ele disse, o rosto sério, mas as palavras leves.

'-Achei que eu fosse parecida demais com você para que você aguentasse.' – ela respondeu, arqueando a sobrancelha, mas sorrindo torto, lembrando das palavras do pai na sala da Penseira.

'-Eu estava errado. E o que você fez hoje...' – ele começou, Serena pediu para que ele se calasse, mas ele insistiu em continuar – 'Eu não mereço nada disso, Serena. Eu não mereço ser seu pai, não mereço sua compaixão, nem seu perdão. Você sabe que mesmo depois da guerra eu continuo sendo um assassino imundo.'

'-Você é o homem mais corajoso que eu conheci.' – ela disse somente, sorrindo o sorriso de Alexia.

Aquilo quebrou as defesas de Snape e sua autopiedade. A garota, sua garota, estava tão parecida com Alexia naquele momento.

'-É preciso muita coragem para lidar com a morte da esposa, para fingir ser um Comensal, para matar seu amigo mais caro, para obedecer em qualquer circunstância, para fingir ser alguém bem pior do que se é. E eu também sei que foi preciso muita coragem para me deixar no orfanato.' – ela completou, afastando os cabelos negros do rosto do pai e ousando traçar as linhas de expressão da testa dele pela primeira vez.

'-Você não imagina quanta coragem foi necessária para isso. Eu nunca vou me perdoar.'

'-Eu já te perdoei. E agora que finalmente acabou quero esquecer tudo isso. Eu quero começar de novo, como Serena Snape, filha de Severo Snape.' – ela disse, dando um sorrisinho fraco que foi seguido por lágrimas.

Ela afundou o rosto nas mãos e chorou como nunca havia chorado na vida. E era de alívio. Ela mal podia acreditar que tudo aquilo tinha acabado. Chorou por um bom tempo, sentada em um banco grande junto ao pai.

'-Acabou.' – ele sussurrou, puxando todo o cabelo negro dela para trás, para ver seu rosto.

'-Vamos para o Salão Principal comemorar?' – ela perguntou.

'-Eu não vou. Eu ainda serei julgado por envolvimento com Voldemort, e não tenho por que comemorar no Salão Principal. Posso fazer isso em meus aposentos. Além do mais, para eles, eu ainda sou o bastardo que matou o Diretor.'

Serena suspirou, e tentou convencê-lo.

~"~

O espanto, porém, foi grande quando o professor Snape surgiu amparado por Serena. Blaise e Eliza vinham logo atrás, sorridentes. Sentaram-se os quatro juntos, e todos olhavam na direção deles.

Serena conseguira convencê-lo, porém ele vinha carrancudo.

Elizabeth já não se importava com olhares e deitou a cabeça no ombro de Zabini. Tinha sido uma longa, longa noite.

O espanto geral era ver o Professor de Poções – dado como morto – ali, inda mais junto à Serena.

Potter passou por eles e acenou com a cabeça para os Snape.

McGonagall aumentou magicamente sua voz para ser ouvida em meio à multidão. Ficou de pé diante da cadeira do meio na mesa dos professores, no lugar que agora ocupava como Diretora, para dar os avisos.

Depois de discorrer sobre a batalha, sobre Potter, seus amigos e sua coragem, agradecendo a todos que lutaram ali e penalizando os que morreram, ela finalizou:

'-Temos mais alguém aqui que merece nossa atenção. Todos nós o julgamos e Potter fez questão de provar que estávamos todos errados. Ele teve, ainda, uma experiência de quase-morte no dia de hoje, lutando contra Voldemort. Fico imensamente grata que tenha sobrevivido, senão não poderia dar-lhe minhas devidas desculpas. A Sonserina fez a sua parte no dia de hoje, e em tantos outros dias antes. Palmas para o Senhor Severo Snape, e sua filha Serena – a única sonserina a se dispor para a batalha.' – ela disse, deixando o salão quieto repentinamente.

Snape estacou. Não esperava aquilo. Porém, com cordialidade e destreza, agradeceu com a cabeça.

O salão todo cochichava sobre o parentesco entre eles, mas a garota estava feliz com aquilo. Finalmente tinha um pai de verdade.

Potter realmente fizera sua parte, Serena pensou.

'-Eu e Filius teremos uma reunião para decidir mais algumas coisas e vocês serão informados, no mais tardar, amanhã.' – ela disse, sorrindo –'Enquanto isso, acomodem-se todos nos dormitórios porque esta noite foi longa. Familiares e moradores de Hogsmeade, queiram me acompanhar até as instalações especiais.'

Após comemorações, um longo banquete e muita conversa, os estudantes foram deixando o Salão e desviando dos destroços do castelo rumo aos seus dormitórios sem se importarem com a Casa. Era dia de festa, nada disso tinha valor.

'-Me encontre na Sala Precisa, oito horas.' –Draco sussurrou para Serena quando passou por ela, sorrindo torto.

Ela arqueou uma sobrancelha, mas concordou.

'-Eu aceito.' – Eliza disse para Blaise, enquanto levantavam.

'-O que?' – Blaise, distraído, perguntou.

'-Achei que você tinha me feito uma proposta hoje mais cedo...' – ela disse, categórica, e arqueando uma sobrancelha como fazia Serena.

'-Você aceitou...'

'-Casar contigo.' – ela deu uma gargalhada gostosa e Zabini a pegou no colo, carregando-a e girando-a.

'-O que foi que aconteceu? Eles vão se casar, por acaso?' – Snape perguntou, franzindo o cenho.

'-Se tratando desses dois, provavelmente vão.' – Serena deu de ombros, seguindo de braços dados com o pai até a Ala Hospitalar.

Depois de um cochilo merecido, um banho e uma sutura no braço esquerdo, Serena caminhava rumo à Sala Precisa, mais tranqüila do que nunca. Deixara o pai sob os cuidados de Madame Pomfrey e de uma equipe do St. Mungus que viera auxiliar com os feridos.

Ela vestia jeans justos que delineavam o corpo magro e curvilíneo e um suéter de cashmere azul claro com alguns fios prata, justo nos seios, um sobretudo, grosso e preto, e botas da mesma cor nos pés.

Draco esperava-a escorado a uma parede, um sorriso de lábios finos no rosto. Ele estava elegante e pomposo, tanto quanto era antes de toda a coisa de Comensal surgir. Os cabelos loiros estavam cuidadosamente arrumados para trás, e ele estava todo vestido de preto.

Serena simplesmente adorava aquela imagem. Aquele era Draco Malfoy, o sonserino que ela conhecia bem. E que salvara a vida dela naquela noite.

Mal a garota chegou, ele foi de encontro dela e puxou-a para um beijo sedento e apaixonado.

'-Draco!' – ela pediu, dando tapinhas nele e respirando fundo para tomar fôlego.

'-O que? Não posso mais beijar minha namorada?'

Serena sorriu, mas Draco abriu a porta da Sala Precisa, empurrando-a para dentro.

Havia uma enorme cama de casal com roupa de cama branca no centro, uma lareira crepitante para manter o quarto ameno, um par de poltronas e uma mesinha requintada e redonda.

'-O que você tem em mente?' – perguntou, maliciosa.

'-Ter você só para mim, finalmente. Pela primeira noite do resto de nossas vidas.' – ele sussurrou e ela arqueou a sobrancelha, beijando-o depois.

Malfoy soltou-a apenas por um momento, apenas para aumentar o jantar que trouxera magicamente encolhido. A pequena mesa então foi posta, a travessa de ouro que trazia o frango com alcaparras foi colocada sobre uma toalha refinada de algum tecido que pareceu bem caro à Serena. Duas taças repousavam nos extremos da mesa, assim como pratos e dois conjuntos de talheres; uma garrafa de vinho tinto acompanhava o castiçal triplo no centro da mesa.

Estava perfeito.

'-Você ainda está querendo me ganhar pelo estômago?' – ela perguntou, rindo e admirando a mesa.

'-Dizem que os dragões gostam bastante de comida.' – ele sorriu torto, e soara amável apesar do que dissera. Beijara-a mais algumas vezes e, dando alguns beijinhos rápidos nos lábios da garota, puxara a cadeira para que ela se sentasse.

'-Um cavalheiro.' – ela sorriu.

'-Sempre fui.' – ele acompanhou-a no sorriso, recebendo uma arqueada de sobrancelha como resposta.

'-Onde você arrumou comida? Ainda nem é hora do jantar.' – ela perguntou entre uma garfada e outra, franzindo levemente o cenho.

'-Os elfos domésticos realmente não se importaram em preparar isso antes.' – ele sorriu torto – 'Ou você preferia comer no Salão Principal?' – Draco provocou.

'-É, eu preferia.' – ela revidou, num tom desinteressado.

Draco franziu os lábios e cruzou os braços.

'-O que está esperando?'

'-Você é muito estressado, Loiro. Tem tratamento para isso.' – ela recomendou, com o semblante angelical.

Ele bufou, olhando feio para ela, que levantou da cadeira e foi até ele. Serena arqueou a sobrancelha e revirou os olhos. Depois baixou o olhar até que encontrasse com o dele e suavizou o vinco que formara entre as sobrancelhas do loiro.

'-Nós deveríamos estar comemorando. Mas o senhor insiste em se estressar.' – ela disse, convicta.

Draco suspirou e puxou-a para seu colo, e Serena acomodou-se lateralmente.

'-E quem disse que nós não vamos?' – ele sorriu fino.

'-Eu simplesmente nem acredito que acabou, Draco.' – foi a vez dela de suspirar, passando o braço por trás do pescoço do rapaz.

'-Acabou, Serena, acabou.' – ele sussurrou, segurando o rosto dela entre suas mãos para beijá-la calmamente depois.

'-E sua mãe? Como está?'

'-Na medida do possível, bem. Meu pai foi embora e ela está aliviada com isso.' – ele admitiu, resignado – 'Não que eu goste do Potter, mas ele salvou a vida de todos nós hoje e terei que ser lembrado disso pela minha mãe pelo resto da vida. Droga de Potter!' – ele resmungou, mimado – 'Mas ela já foi para casa, não ficaria aqui. Todos ainda seremos julgados como Comensais.'

'-Vamos dar um jeito nisso.' – ela disse, passando a mão pelos cabelos dele.

'-Ei, eu demorei muito para arrumar o cabelo!' – ele disse, fazendo bico.

'-E o que importa? Eu vou bagunçá-lo da mesma forma.' – ela sorriu, maliciosa.

Draco deu uma última garfada na comida em seu prato, com a garota ainda no colo, e Serena abriu a boca, sorrindo de lado para a comida.

Ele olhou torto.

'-Nojo?' – perguntou ela, com ambas as sobrancelhas erguidas.

Ele sorriu de lado, contrariado, e levou o garfo até o boca dela, que sorriu satisfeita.

Serena deslizou a mão pelo peito do rapaz, quase nem acreditando que finalmente poderiam namorar em paz, sem se preocupar em esconder aquilo de ninguém. E Voldemort estava definitivamente morto.

Draco beijou a mão da garota, franzindo o cenho para ela.

'-Alguma coisa errada, Srta. Sonserina?' – perguntou, arqueando as sobrancelhas loiras.

'-Não, Draco. Pelo contrário. Está tudo certo demais.' – ela sorriu fino.

'-Então vamos aproveitar, minha cara.' – ele devolveu o sorriso, malicioso.

Quando finalizada a refeição, Draco puxou-a pela mão até a cama, cada um levando uma taça de vinho. Serena acomodou-se entre os travesseiros e o rapaz completou as taças com a garrafa que repousava no chão.

'-Um brinde a nós.' – ele disse, categórico.

'-A nós.' – ela levantou a taça no ar.

'-Espere, retiro o brinde.'

'-Ah, você retira?' – ela arqueou a sobrancelha.

'-Um brinde à sonserina mais irritante do universo, mais petulante, mais intrometida, mais corajosa e mais linda' – Serena franzia o cenho diante das afirmações e os lábios já estavam fazendo uma curva para baixo, em desgosto – 'Um brinde à garota que eu amo.' – ele sorriu, também arqueando a sobrancelha para ela, que mostrou a língua.

'-Está bem então, Loiro. Minha vez.' – ela resmungou, levantando a taça – 'Um brinde ao loiro mais aguado que já conheci, mais egocêntrico, mais mimado, mais confuso, mais galante e mais cavalheiro.' – ela ofereceu a taça e eles brindaram, rindo.

Serena pulou sobre ele na cama e beijou-o longamente. Draco sorriu de lado e puxou a taça vazia da mão dela, colocando ambas no chão.

Foi a vez de Draco rolar por cima dela, beijando-lhe o pescoço, o maxilar, e dando leves mordidinhas na orelha. Serena sorriu, satisfeita, e ele pôs-se a beijar os ombros e o colo exposto, parando na curva que formava o seio.

Serena arfava, afagando as costas e os cabelos do loiro, quando ele repentinamente parou os beijos.

'-O que foi, Draco?' – ela sussurrou no ouvido dele

O rapaz nada disse, apenas tirou o pesado casaco que ela vestia e colocou de lado. Serena sorriu, maliciosa. As botas dela e os sapatos dele também foram arremessados. Draco beijou-a e beijou-a e beijou-a.

Sob ele, Serena começou a desabotoar a camisa preta que ele vestia devagar. Botão por botão. Cada movimento acompanhado de um beijo. Puxou-a de dentro das calças dele e atirou junto à pilha que já se formava num canto.

Draco sorriu fino e recomeçou a beijar a o rosto de Serena, até que puxou o suéter dela para fora. Pronto, ambos vestiam apenas as calças. Ele sorriu à visão das curvas dela, detalhadas pela luz amarelada dos archotes.

Desta vez os beijos seguiram uma trilha delicada pela barriga, e pararam nos seios. Ele deu mordidinhas em cada um deles na parte que excedia o sutiã.

Serena dava leves gemidos, entre risadas, quando Draco chegou os lábios.

Ela pensava que já tinha trocado beijos realmente bons com o rapaz, mas aquele a fez mudar sua concepção.

Draco puxou o pescoço dela calmamente e foi abrindo espaço com destreza e cuidado, as línguas se completando, dançando no ritmo que pertencia a eles e a mais ninguém.

Mudando de posição, o rapaz sentou-se e pôs Serena de lado em seu colo, de forma a beijá-la melhor. Serena sorriu no meio do beijo, passando os braços ao redor do pescoço do loiro e mirando-o com interesse.

Ele sorriu de lado e colou seus lábios mais uma vez.

'-Você é perfeita.' – ele murmurou no ouvido dela, fitando a garota seminua em seus braços.

'-Não sou arrogante, enxerida e prepotente?' – ela arqueou a sobrancelha, mas o movimento foi seguido de um sorriso verdadeiro da garota.

Serena com uma mão acariciava os cabelos platinados do rapaz e com a outra acariciava o peito magro e definido dele, aconchegada em seu colo.

'-Claro que sim, o que não te faz menos perfeita.' – ele sorriu de lado, acariciando um dos seios dela por cima do sutiã.

Draco admirava o sorriso que havia visto raríssimas vezes. Era tão bom vê-la sorrir aquele sorriso novamente. O sorriso era tranqüilo e mostrava as covinhas rasas; o loiro decidiu que aquela era a visão que mais gostava.

Serena desencostou a cabeça de um dos ombros de Draco e puxou-o para mais um beijo, mais ávido do que qualquer outro daquela noite.

Ela passou habilmente uma das pernas para o outro lado de Draco, sentando de frente no colo do rapaz sem nunca parar de beijá-lo. Serena correu um dedo ágil pelo peito dele, que sorriu em meio ao beijo.

Ainda no colo dele, ela começou dar leves beijinhos em seu pescoço, acariciando a nuca juntamente. Os beijos desceram para o peito e a barriga, acompanhados de carícias.

Draco estava ficando maluco com Serena. Ela estava tão incrivelmente linda naquela noite, e era tão absolutamente sua!

Serena partiu então para as calças do rapaz. Ela abriu cuidadosamente o botão da calça preta, e então o zíper. Draco levantou o quadril e ajudou a garota a se livrar das vestes. Pronto, ele finalmente estava só de boxer preta, como ela bem gostava. E a última peça de roupa do rapaz foi adicionada à pilha no chão.

Ele, satisfeito, pegou Serena de surpresa e jogou-a de volta na cama, deitando-a e fazendo-a rir. Draco ficou por cima dela, e beijou-a apaixonadamente.

'-Ah, Loiro' – ela suspirou, sorrindo, entre um beijo e outro, bagunçando ainda mais os cabelos dele – ', estou tão feliz que isso tudo tenha acabado...'

'-Não acabou, princesa, apenas começou.' – ele disse, galanteador.

'-Princesa?' – ela franziu o cenho e riu de deboche.

'-Princesa de Gelo, obviamente.' – ele considerou, sorrindo.

Serena puxou-o de volta, interrompendo-o, para um beijo quente.

Ela simplesmente adorava aquela visão de Draco. De boxer, o cabelo bagunçado; completamente diferente do sonserino pomposo e elegante que ele era normalmente. Assim, ele era só dela.

'-Agora você não liga que seu cabelo esteja bagunçado, não é mesmo, seu safado?' – ela considerou, beliscando-o de leve nas costelas, abraçando-o e rolando na imensa cama de casal com ele.

'-Claro que não. Absolutamente não.' – ele sorriu, sussurrando no ouvido dela e apalpando-lhe o bumbum.

Draco retomou a posição sobre a garota e começou vagarosamente a lhe tirar os jeans. Ele deixou-a repousando, enquanto descia as calças pelas pernas. Ele tirou uma perna, depois a outra, com cuidado. Enquanto tirava, acariciava-lhe as coxas e as panturrilhas.

Mais uma peça se juntou às outras esquecidas no chão.

E Draco voltou para a cama com a garota que lhe esperava, agora trajando somente lingerie preta.

Ela fez uma pose e colocou na face um semblante sensual, brincando com o namorado, como se o esperasse na cama.

Ele sorriu e se jogou sobre ela, que deu um gritinho e deu uns soquinhos no braço dele; riram ambos.

'-Só usa roupa de baixo preta, querido?' – ela perguntou, arqueando a sobrancelha, como se já não soubesse a resposta.

'-Te faço a mesma pergunta, Serena.' – ele sussurrou, abraçando-a.

Draco encostou-se à cabeceira da cama e puxou Serena para o meio de suas pernas. Começou a distribuir beijos por toda a superfície das costas e acariciá-las. Serena arfava baixinho.

Ele acariciou sua cintura, o quadril, e por fim a lateral das nádegas, brincando com a calcinha da morena. Subindo pela nuca, ele massageou suas costas, até pararem no sutiã.

Depois de dois beijos sobre a lingerie negra, Draco desafivelou-a, fazendo-o deslizar por um obro de Serena, depois pelo outro. Ela continuava de costas para ele, o cabelo longo e preto cobrindo tudo.

Ele jogou o sutiã para o lado. Aquilo eles nunca tinham feito; naquele ponto, nunca tinham chegado.

Draco puxou-a, ainda de costas, de encontro ao seu peito. Depositou um beijo calmo e demorado em um dos ombros, afastando um pouco o mar de fios negros para beijar-lhe o pescoço.

Serena estremeceu. Ela estava animada, mas com uma pontada de medo. Nunca tinha ficado tão nua com Draco.

Ele abraçou-a pela cintura e suspirou. A garota, numa atitude decidida, levou uma das mãos do rapaz a um de seus seios, e o incentivou a apalpá-lo, o que ele obedeceu prontamente, afastando os cabelos dela para beijar seus ombros simultaneamente.

Serena deu um leve gemido de prazer. Draco sorriu na orelha dela.

Depois de um tempo, ele a abraçou e deitou-a novamente na cama, beijando-lhe os lábios com fervor.

Ela se sentia um pouco exposta demais, mas tudo aquilo estava sendo bom demais para que ela realmente se importasse.

Draco parou os beijos e demais carícias para fitá-la por completo.

'-Algum problema?' – ela perguntou, ficando um pouco irritada por estar envergonhada. Não gostava nada daquele sentimento que ameaçava ruborizar suas bochechas.

'-Você está ainda mais linda hoje, Serena.' – ele disse, por entre um sorriso.

Serena sorriu, sem graça e virou, deitando com as costas para cima.

Ele massageou de leve as costas dela, deitando-se ao lado da morena.

'-Vergonha, Srta. Snape?' – ele provocou, abraçando-a contra a vontade dela.

Ela franziu o cenho e mostrou a língua para ele, que beijou o topo da cabeça dela.

'-Vem cá.' – ele puxou-a de lado contra seu peito e recomeçou a beijá-la.

Mais uma vez eles mudaram de posição e Serena estava novamente no colo do loiro. Ela sentiu o volume na boxer dele e um arrepio lhe correu a espinha. Ele percebeu e olhou para ela, questionador.

Serena respirou fundo. Era naquele momento. Tinha tido bastante tempo para pensar naquilo, mas teria borboletas no estômago de qualquer maneira.

'-Indecisa, Serena?' – ele inquiriu, sério – 'Você sabe que nós sempre podemos...'

'-Não' – ela disse, decidida – 'eu quero comemorar este dia de um jeito especial com você.'

Serena suspirou e tirou a última peça que lhe faltava.

Draco sorriu malicioso com a atitude e puxou a garota para si na cama. Ela traçou um caminho fino com as pontas dos dedos chegando à cueca. O olhar de Serena pediu permissão e Draco ajudou-a.

Finalmente. Nus.

O garoto parou apenas para colocar o 'aparato trouxa', como ele mesmo chamava, que Serena lhe ensinara. Camisinha.

A garota se preocupara bastante em enfatizar a importância do uso.

O coração de Serena começou a bater mais forte e ela achou que teria um ataque cardíaco quando Draco se aproximou.

Porém, ao contrário do que ela imaginara, quando o loiro se aproximou tudo parecia tão certo, tão natural.

Ele viera em passos lentos e beijara-a com cuidado, deitando-a na cama e continuando a seqüência de beijos. Serena sorria, o corpo e a mente tinham relaxados. Estava tudo certo, desta vez tudo seria como deveria ser.

Enquanto os corpos se uniam, Draco se concentrava apenas em mirar Serena. Já dentro dela, ele murmurou:

'-Eu amo você' – ela sorriu em resposta, puxando-o para mais perto, mais para dentro, beijando-o, sedenta.

Ela gemeu alto, e o sorriso dele se alargou.

Ficaram juntos, unidos, entrelaçados de corpo e alma pelo tempo necessário para o ápice.

Serena suspirou enquanto Draco rolava para o lado, saindo de cima dela. Ele respirou fundo, acalmando-se e abraçou-a de lado. Os dois corpos estavam suados e parte dos lençóis estava coberta por fluídos de amor, mas eles estavam mais satisfeitos do que nunca.

Ela estava calada e pensativa quando Draco acomodou-se nela e começou a brincar com seus mamilos.

'-Serena?' – ele chamou, segurando seu queixo – 'Não foi... bom?' – Draco perguntou, temeroso.

Aquilo era surpresa para ele. Ele nunca tinha realmente se importado com nenhuma das garotas depois do sexo, só se fosse para fazerem de novo. E também nunca se questionara se ele tinha sido bom o suficiente. Toda essa parte era novidade.

'-Foi tudo... perfeito.' – ela sussurrou a última parte, num suspiro, mexendo inquietamente nos lençóis ao redor deles – 'Foi tudo como deveria ter sido da primeira vez...' – completou, num tom mais baixo que o anterior.

'-Que primeira vez?' – ele indagou.

'-Eu já tinha transado antes, essa não foi minha primeira vez, mas foi horrível.' – ela admitiu - 'Na época do orfanato.'

Draco estava embasbacado. Nunca imaginara. Nem por um segundo.

'-E seu pai sabe disso, por acaso?' – perguntou, irritado, virando de costas para ela – ' Que você se abre assim pra todo mundo?' – ele disse, sério, colocando uma mão na cabeça e fechando a cara.

'-Eu me abro pra todo mundo, Draco?' – ela perguntou, descrente – 'Quanto tempo eu demorei pra transar com você mesmo? Que merda!' – ela vociferou, mas a voz tinha uma nota de mágoa.

Draco arfava, nervoso. Ele levantou-se e se afastou da cama, de costas, pensativo.

'-Draco, olhe para mim' – Serena pediu.

Ele virou-se, e, apesar de irritado, o semblante dele também tinha algo de inconformado e desesperado.

'-Venha até aqui' – ela pediu, ajoelhada na cama, estendendo a mão para ele.

Aceitando a atitude madura dela, ele seguiu e sentou-se na beirada da cama, próximo dela.

'-Este momento foi ótimo, Draco. A minha primeira vez foi péssima, como já disse. Foi ainda na época do orfanato, e eu não estava certa de nada. Eu tinha quatorze anos.' – ela admitiu, apertando a mão do rapaz.

Ele puxou a mão ao ouvir a última afirmação.

'-Você pode me ouvir por um minuto?' – ela indagou, magoada e irritada – 'Da primeira vez eu não estava preparada e nem certa se queria ou não transar... Mas o garoto da época não quis saber. Nós transamos, eu queria ser rebelde.' – ela admitiu – 'Mas foi a pior noite da minha vida. E esta, a melhor.'

Draco ficou pensativo.

'-Quem é esse cara? Eu vou azarar esse trouxa idiota até a morte!' – Draco esbravejou, saltando da cama – 'Quando tio Severo soub...'

'-Ei.' – Serena foi até ele e abraçou-o por trás, acalmando-o – 'Tio Severo não vai saber de nada. É segredo nosso. Contei para você porque é importante.'

'-Ele te machucou?' – o loiro rosnou, sem se virar para a garota.

'-Não, só não foi bom.' – ela disse, sem querer lembrar – 'Essa é a parte do meu passado que gosto de esquecer.'

'-Era ruim no orfanato?'

'-Muito.' – ela sussurrou por sobre o ombro dele – 'Algum dia eu vou te contar. Quando eu estiver pronta pra falar sobre isso e você para ouvir.'

Draco concordou silenciosamente e puxou Serena para frente, abraçando-a protetoramente.

'-Ah, Loiro, como você é difícil...' – ela suspirou, encostada no peito dele.

'-Como se você não fosse!' – ele encrespou os lábios, arqueando uma sobrancelha loira para ela.

Serena levou o namorado pela mão até a cama e deitaram-se.

'-Eu aqui, pelada, tentando explicar para você como estar com você foi importante para mim, e você enfezado e enciumado no canto! Como se você já não estivesse estado com outras garotas!' – ela bufou, contrariada, enquanto ele acariciava seus seios.

'-Eu fiquei maluco com a idéia de outro alguém te tocando desse jeito, Serena... Argh! E ainda mais um idiota qualquer...' –ele a apertou mais entre seus braços.

'-Para mim esta foi a minha primeira noite, Draco, com você...' – ela virou-se para ele, mirando diretamente em seus olhos enquanto falava – 'E foi inesquecível, Loiro.' – ela sussurrou bem próximo à orelha dele, dando um beijinho depois, causando arrepios no rapaz.

Draco sorriu de lado, cedendo.

'-E se eu disser que foi perfeito?' – ele indagou, provocando-a.

'-Vai ter que me provar.' – ela sorriu de lado e ele já estava sobre ela novamente, beijando-a como se não houvesse amanhã.

Após mais algumas rodadas de amor, Draco e Serena finalmente adormeceram na companhia um do outro. Os lençóis estavam cheios de resíduos provando o que acontecera ali, as taças de vinho vazias e a garrafa aberta ainda repousavam ao lado da cama, e um canto era totalmente coberto pela pilha de roupas. A mesa com o resto do jantar ainda estava lá, e o sutiã de Serena repousava quase no pórtico de entrada da sala.

Mas tudo estava perfeito. A bagunça era agora externa, por dentro – apesar de tudo – eles estavam completos e tranqüilos. A pior parte acabara.

E, desde que tinham se beijado pela primeira vez, antes daquele fatídico baile de inverno, eles tinham amadurecido muito. O presente, então, da guerra para eles fora aquela noite de comemoração extremamente feliz e a liberdade de viver o resto da vida como quisessem.

Tudo saíra perfeitamente bem.

Quase duas horas mais tarde, Serena acordou. Estava bem encaixada no peito do namorado, que ainda ressonava. Tudo aquilo parecia mentira. Ela estava tão estupidamente feliz por acordar ao lado dele, era um tipo de felicidade que ela não conhecia.

A garota pôs-se a traçar as linhas angulares e aristocráticas do rosto pálido de Draco iluminado por alguns poucos archotes. Se ela tivesse certeza de que seu pai estava bem, seria o dia mais feliz de sua vida.

Ela remexeu-se entre os lençóis e passou um dos braços por cima do rapaz, acariciando-lhe as costas. Serena puxou um pouco o braço esquerdo dele e viu que a Marca Negra estava quase totalmente apagada, dando lugar a uma cicatriz rósea.

Draco acordou e, ainda extremamente sonolento, puxou-a para um abraço forte, dando-lhe um beijo abobalhado na testa.

'-Draco.' – ela chamou baixinho.

'-Diz.' – ele respondeu, sem conseguir abrir os olhos. Ela cutucou-o de lado e ele então olhou-a diretamente .

'-Eu amo você.' – ela admitiu, por fim, sorrindo um sorrisinho sonolento.

'-Você está acordada o suficiente pra me dizer isso?' – ele inquiriu, fechando os olhos novamente e puxando-a para mais perto.

'-Claro que sim, Malfoy idiota. Eu amo você.'

Draco sorriu ainda de olhos fechados e beijou-a.

~"~

Serena e Draco vestiram-se e se separaram algum tempo mais tarde. Draco foi procurar Blaise para uma comemoração masculina e a garota seguiu para a Ala Hospitalar, a fim de ver o pai.

Antes disso, passou pelo dormitório vazio, para tomar um banho e trocar as vestes.

Vestindo um casaco cinza chumbo, tênis e um cachecol preto, ela rumou ao encontro do pai. Fazia mais frio do que o normal para aquela época do ano, e Serena estava com mais roupa do que gostaria.

Adentrando a Ala Hospitalar, a garota viu grande quantidade de feridos acomodados às macas e uma quantidade ainda maior de estudantes e familiares acompanhando os enfermos. Não avistou o pai, então seguiu pelo corredor comprido, agora atulhado de leitos hospitalares.

Snape estava no último catre, a cortina fechada parcialmente. Ela atou os cabelos num rabo de cavalo alto e desleixado e foi ao encontro dele.

'-E parece que a Snape é mesmo filha do Prof. Snape.' – um lufa-lufa disse para outro enquanto Serena passava por eles – 'Como ninguém percebeu antes? Os dois são assustadores e, por Merlin, tem até o mesmo sobrenome!' – ele bufou, inconformado.

Serena revirou os olhos e finalmente alcançou a cama do pai, que estava acompanhado de um medi-bruxo trajando o uniforme do St. Mungus.

O homem fazia diversos exames com a varinha em um Severo carrancudo e impaciente.

'-Já passei por coisas piores e estou vivo. Será que você não poderia apenas me dar a maldita alta?' – ele praguejou.

'-O senhor teve febre altíssima durante boa parte do sono, Sr. Snape' – o funcionário contradisse, sem parar com os exames – 'Falou e se remexeu muito, tememos que tivesse uma convulsão.'

'-Eu estou bem e estou me recolhendo. Onde estão as minhas vestes?' – ele retrucou, levantando-se da cama.

'-Você não vai a lugar algum, professor Snape.' – Serena disse, empurrando-o de volta à cama. Severo revirou os olhos. – 'Não até que ele termine os exames.'

O Mestre de Poções bufou, resignado.

'-Pronto, Sr. Snape.' – o medi-bruxo disse, depois de alguns minutos – 'O senhor está bem, só é necessário tomar as Poções que lhe indicamos para que essa ferida feche mais rapidamente. Não conseguimos curá-la por completo.'

'-Está certo, está certo' – ele respondeu impaciente, já levantando-se – 'Onde estão minhas coisas?'

Serena ajudou o pai e rumaram os dois para as masmorras.

'-Tudo bem, pai?' – ela perguntou quando eles já adentravam os aposentos de Snape, diante da carranca do homem.

'-Aqueles medi-bruxos são inúteis. Francamente, como se eu não soubesse exatamente que Poção tomar. Ainda tiveram a audácia de me fazer esperar pelo preparo da Poção, como se eu não fosse...' – ele bufou, irritado. Snape estava aturdido e confuso demais, e a filha achou estranho.

'-Ei, Snape, estamos vivos, lembra? Graças a Merlin aquela maldita guerra acabou e Voldemort está morto. É isso que importa, pai.' – ela interrompeu-o.

Severo concordou e rumou para o quarto, a fim de banhar-se e trocar as vestes.

'- Eu preciso de um ar depois de todo esse tempo naquela maldita Ala Hospitalar. Você me acompanha?' – perguntou, sem expressão, saindo de seu quarto já com vestes limpas.

A garota concordou afirmativamente e Snape pegou uma capa mais pesada.

'-Tem certeza de que não prefere comemorar com seus amigos no Salão Principal a ir caminhar com um velho professor de Poções contundido? Estou certo de que eles ainda estão comemorando nos corredores.'

'-Tenho, pai. Além de que, a comemoração com eles é secundária. É com você que quero passar o resto da noite de hoje.'

Pai e filha seguiram, então, para a noite fria que se instalava nos jardins.

'-Você já viu Draco?' – Severo perguntou, andando em passos lentos devido ao grande machucado no pescoço. Eles seguiam na direção do Lago da Lula Gigante.

'-Já, encontrei com ele antes do jantar para comemorarmos.' – ela respondeu, mais sincera e mais mulher do que Snape já pensava ter visto.

Ele concordou, tentando assimilar o que aquela frase queria dizer.

'-Então vocês não jantaram no Salão Principal?' – perguntou, pretendendo obter mais alguma informação.

'-Não. Jantamos na Sala Precisa.'

Severo parou de andar e o rosto ficou repentinamente sem expressão. Sim, tinha acontecido com sua garotinha.

Pensou no bebê que tinha deixado no orfanato. Tinha passado boa parte do dia pensando nisso, em como Serena era pequena quando ele deixara-a praticamente à própria sorte naquele lugar imundo. Depois seus pensamentos voaram para a garota petulante de quinze anos que ele reencontrara e que o irritava profundamente.

Agora o que via em sua frente era a versão mulher de Serena. Uma mulher bonita, bem feita de corpo, ainda ambiciosa e ligeiramente arrogante, mas não era mais uma garota.

Ele quase não podia suportar o peso daquele pensamento.

'-Pai? Está tudo bem?' – ela perguntou, segurando o rosto de Snape para que ele a fitasse nos olhos – 'Calma, foi tudo certo e eu acho que gosto mesmo de Draco.' – ela deu um sorrisinho de lado, considerando.

'-Então é mesmo ele?' – Severo conseguiu perguntar.

'-Acho que é.' – ela segurou a mão do pai – 'Pelo menos ele não é mais um Comensal.'

'-Você teve muito mais sorte que sua mãe.' – Snape disse, apertando a mão da filha em resposta – 'Ela teve que conviver com um bastardo sonserino, carrancudo e que ainda por cima era Comensal.'

'-Foi escolha dela. E tenho certeza que ela não teria mudado nada.' – Serena confortou-o.

Os dois pararam de andar e Serena se recostou numa mureta de pedra, bastante perto do lago.

'-Você não estava louca' – Severo disse, fitando o horizonte. Serena franziu o cenho – 'Digo, depois do Baile de Inverno. Quando você disse que sonhou com Alexia, e que tinha sido real demais.'

O maxilar de Serena cedeu.

'-Também eu estive com ela. E posso lhe afirmar que era cem por cento sua mãe.'

Por fim, ela sorriu. '-Naquela noite, ela me disse mais uma coisa. Tive receio de te contar na época.'

'-E o que seria?' – ele inquiriu, intrigado.

'-Alexia me disse que nós éramos muitíssimo parecidos, e que, se nós dois cedêssemos, eu veria como você era inteligente e interessante, e como partilhávamos os mesmos gostos.' – Serena explicou – 'Mas eu não te disse isso naquele dia, nem em nenhum outro depois. Eu queria que fosse verdade, mas tinha medo de não ser.'

Snape ponderou, surpreso com a declaração. Agora era estranho voltar no tempo e lembrar-se de como as coisas entre Serena e ele tinham sido difíceis. Em como fora duro para ele aceitá-la de volta em sua vida, a única coisa viva que fazia o passado com Alexia parecer real. E em como parecia ter sido complicado para a garota acreditar naquela história complexa e cheia de mentiras.

'-E era?' – perguntou ele – 'Era verdade?'

Serena suspirou antes de responder e prendeu o cabelo num coque desleixado.

'-Era.'

'-Fico feliz, então.' – Snape admitiu.

A garota sorriu torto para o chão.

'-É bom ver este adjetivo sendo aplicado a você, só para variar.' – Serena cutucou as costelas do pai com o indicador.

Severo sorriu fino. Tinha orgulho de Serena. Da coragem grifinória dela, apesar de ser puramente sonserina. De como ela mostrara que se importava com ele. Da lealdade e da sinceridade dela.

Agora ele sabia que ela dormira com Draco, mas Serena nunca negou suas intenções.

E não fazia tanta diferença assim, Severo pensou. Ela continuava sendo sua filha, afinal.

'-O tempo passou muito rápido desde que você chegou aqui.' – ele mirou-a – 'E sei que eu já disse isso. Continua sendo verdade.'

'-E sabe o que é bom do tempo, Snape?' – ela perguntou, travessa, ele franziu o cenho e inclinou a cabeça, esperando resposta – 'Apesar de levar quem a gente ama, ele une as pessoas. Às vezes dos jeitos mais inesperados possíveis.'

E Snape não tinha como concordar mais. Ele passou um braço ao redor da filha e conduziu-a pelos jardins. Eles ainda tinham muito sobre o que falar.

Alexia, em algum lugar entre as dimensões, sorriu.


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Notas finais do capítulo

Ei, espero que vocês tenham gostado! Fui boazinha, não? Fala sério! Desculpem pela demora... Agora faltam só os caps. finais e pretendo postá-los logo. Me contem o que acharam!!!

Beijo, L.



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