Wolverine: Uma História escrita por Tenebris


Capítulo 18
União


Notas iniciais do capítulo

Combo de três capítulos porque vocês são os leitores mais fofos do mundo! :) E, olha, esse capítulo tá prometendo, viu?



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Logan calculou que se passaram mais ou menos uns dez minutos, logo após que os outros partiram de jato atrás de Victor, sumindo com um zunido no ar.

Julia parecia melhor ou, pelo menos, mais desperta. Conforme já conseguia se mexer com mais firmeza, Julia levantou-se cautelosamente e conseguiu permanecer sentada no chão sem cambalear. Observou Logan sentado da mesma maneira do lado dela.

- Acha que está melhor? – Perguntou ele, se levantando e tirando areia da calça.

- Um pouco. Os outros já foram? – Indagou ela, fazendo o mesmo que Logan.

Seguiu-se uma pausa na qual ambos esperaram para ver se Julia vacilaria ou não. Felizmente, ela conseguiu manter-se de pé e até deu alguns passos.

- Atrás do Creed. Ele fugiu de lancha. Eu tenho que levá-la até a Mansão. Olha só pra você, cheia de machucados... – Comentou Logan enquanto gesticulava com a mão em direção ao Opala.

- Como eu podia saber que era ele? – Julia revirou os olhos, lembrando-se da expressão selvagem de Victor quando viu que ele estava no lugar do motorista no carro do pai dela.

- Devia ter previsto. Qualquer coisa poderia ser armadilha. Ou você é lerda demais pra notar que você traiu o bando do Magneto? – Argumentou Logan, alteando a voz.

Julia cruzou os braços enquanto ambos paravam ao lado do carro.

- Você me salvou, e isso é ótimo, por isso não vou discutir com você. Não hoje, pelo menos.

Logan olhou fixamente para Julia durante segundos, a tempo de segurá-la quando, mais uma vez, ela caía. Ele sentiu um ligeiro remorso. Talvez não devesse ter discutido com ela daquele jeito. Ela provavelmente ficara nervosa e agora estava novamente fraca e sedenta de cuidados.

 - Foi mal... – Murmurou ele, segurando Julia e apoiando-a em seus ombros. – O que você tem?

- Frio... Muito frio. – Comentou Julia, tremendo os dentes.

Tentara expulsar a sensação de frio de si mesma desde que fora jogada na água por Dentes de Sabre, mas agora a sensação estava irrefreável. Antes dos machucados, dos cortes, e das dores, o frio a estava afligindo com uma intensidade brutal. Bom, fazia inverno. A água devia estar com temperaturas muito baixas, e, além disso, havia o vento. Não dava mais pra fingir que a temperatura de seu corpo era favorável. Ela tinha frio. Um frio inexplicável e cortante que atrapalhava até mesmo sua respiração. Sorte de Logan, pensou ela. Provavelmente o frio nem o afetava, fosse por sua natureza animal ou pelo fato de regenerar-se.  

- Frio? – Indagou Logan, parecendo confuso.

Então, tocou Julia com mais atenção. O corpo dela estava gelado, lembrando Logan do choque com a água do lago quando teve que se jogar. A pele, sempre macia e firme ao toque, agora estava rígida e tremia como se estivesse convulsão. Talvez Julia estivesse bem perto de uma hipotermia. Não era de se esperar algo diferente. Com os traumas do sequestro, entre eles, machucados e ferimentos espalhados pelo corpo, mais o brusco contato com a água e outras intempéries, Julia estava de fato com frio.

- Bem... – Distraiu-se Logan, alternando sua atenção em segurar Julia e procurar uma solução.

Foi então que ele viu sua camisa branca jogada dentro do carro. Grande o bastante para servir de blusa em Julia e, pelo menos, diminuir a sensação de frio. Entretanto, Julia estava inteiramente molhada. De nada adiantaria cobri-la com a camisa de Logan se ela estivesse com as roupas molhadas ainda no corpo.

- Tive uma ideia... – Avisou Logan, posicionando Julia de modo que ela conseguisse ficar de pé sem cair. Julia olhou-o com ligeira expressão de incompreensão. Então, desviando os olhos de Julia e com constrangimento oculto na voz, Logan pediu:

- Ah... Preciso que tire a roupa.

- O QUE?

Exclamou Julia, incrédula demais para esboçar qualquer outra reação que não absoluta descrença. O que Logan pretendia com tudo aquilo? O que achava que ela era? Enfim, a sensação de frio ainda não a deixara por completo, mas Julia sequer teve tempo de hesitar ou de esboçar fraqueza diante daquela situação. Mil situações passaram em sua cabeça, e ela não conseguiu decifrar o que Logan poderia estar dizendo. Foi aí que ele se explicou:

- Eu vou te emprestar minha camisa. Ela está dentro do carro. Mas, pra isso, você tem que tirar as roupas molhadas, se não nada vai adiantar... Ou quer morrer de frio? Você escolhe.

Julia o encarou enquanto Logan colocava a chave no carro e o abria, pegando a camisa de cima do banco.

Logan estendeu a camiseta para ela, e Julia tomou-a da mão dele de maneira exageradamente irritada e infantil. Ela sabia disso. Logan revirou os olhos e se dirigiu para o outro lado do carro, de modo que Julia poderia se trocar sem ninguém por perto. O carro dividia-os. Logan estava do lado esquerdo, recostado na porta onde ficava o lado do motorista.

Tirou do bolso um charuto barato, que tinha pegado junto com sua camiseta. Mascou-o e ficou esperando. Sentiu uma brisa gelada cortando o ar, mas, mesmo sem camisa, não se importou. O frio não o atingia.

Enquanto isso, Julia observou ao redor. Nada. Ninguém. Viu que Logan estava de costas e ocupado com seu charuto. E, como o frio já estava voltando a incomodá-la, resolveu trocar-se logo. Antes, contudo, deu seu aviso no tom mais ameaçador que pôde:

- Nem. Pense. Em olhar.

Julia não viu, porque logo se ocupou em trocar de roupa. Mas Logan sentou-se onde estava e continuou a mascar seu charuto com um sorriso malicioso nos lábios.

Julia sentia-se desprotegida.

Estava trajando somente a camiseta dada por Logan. Caía nela como um vestido, de modo que ela estava coberta e não exposta. Além disso, estava agradavelmente quente.  Mas, mesmo assim, sentiu que a sensação de frio apenas se atenuou. Não sumiu completamente.

Então, Julia abriu a porta de trás do carro e sentou-se nos bancos traseiros.

- Vamos? – Pediu ela, um pouco mais alto, para que Logan saísse de seu aparente transe.

Logan pigarreou, jogou o charuto em algum canto e entrou no carro, sentando-se no banco do motorista. Ele, por mais que detestasse admitir, queria olhar Julia, mas sentiu que aquele não era o momento ideal.

Mas, o conforto inicial ia se dissipando. Julia começou a tremer novamente. Sentiu que o pouco calor recuperado ia se esvaindo de seu corpo. Logan estava prestes a ligar o carro e partir quando a observou.

Os sintomas. A aparente sensação de frio, os tremores cada vez mais intensos com frequentes espasmos musculares. A pele gelada, com tonalidades diversas de roxo e cinza claros. Hipotermia. Logan tinha vivido na pele experiência parecida, quando Adamantium tinha sido injetado nele e ele fugira. Sabia na pele o que Julia estava passando.

Logan desligou o carro e saiu dele, entrando pela porta de trás e se sentando ao lado de Julia. Nunca a vira tão pálida.

Tocou-a e confirmou suas suspeitas.

- Logan... – Chamou Julia. – Eu... Acho que não estou bem.

- Você acha? – Ironizou Logan. – Bom, é a coisa mais inteligente que você já falou até agora.

Um leve sorriso brincou nos lábios de Julia. Ela sentia-se péssima. Devia mesmo ser algum tipo de hipotermia, mas Julia não queria pensar muito nisso. O frio fazia o simples ato de pensar algo extremamente doloroso.

Logan fez o que lhe pareceu mais certo, embora novamente temesse uma reação exagerada de Julia. Penso que talvez, com Julia nessas condições, não teria outra opção. Além disso, ela devia estar fraca demais para xingá-lo ou para se opor.

- Julia. – Chamou ele, com a voz urgente. – Deite-se comigo.

Logan apontava para si mesmo. Então ele queria que Julia se deitasse com ele, ali, naquele banco traseiro do Opala preto. Julia processava tudo muito lentamente. Devia ter um motivo para Logan fazer o que fazia, mas por que se importar? Por que simplesmente não deixar as coisas acontecerem?

- Por quê? – Julia perguntou, sinceramente confusa. Suas próximas decisões envolviam a resposta de Logan a essa pergunta. Ela ficou feliz por saber que ainda sabia raciocinar.

- Você está em estado de hipotermia. A temperatura do seu corpo está caindo cada vez mais e mais rápido. Calor humano resolve, eu sei do que estou falando. É o jeito mais fácil e mais rápido de você melhorar. – Respondeu Logan, olhando ansiosamente para Julia.

Com alguma dificuldade, ela absorveu a informação e calculou que Logan queria ajudá-la de toda e qualquer forma ao seu alcance. Não fazia sentido implicar com ele agora ou afastá-lo. Julia levantou-se, tremendo ocasionalmente, e deitou-se de modo que ela e Logan ficaram abraçados, ocupando todo o espaço disponível no banco traseiro do Opala preto.

E assim eles ficaram durante um tempo.

Julia e Logan. Abraçados e deitados no banco traseiro do carro dele. O corpo de Julia, coberto apenas com a camiseta de Logan, em contato direto com o peito nu dele. O calor que aquela pele quente emanava fez Julia recuperar-se pouco a pouco. Parecia que a corrente sanguínea de Logan irradiava esse calor que ela tanto necessitava, bem como a respiração irregular dele, refletindo ao acaso no pescoço dela de vez em quando. Enfim, o corpo todo de Logan, tudo nele parecia irradiar calor. A respiração, o toque, o cheiro, a pele... Um calor que aos poucos ia fazendo o frio em Julia se dissipar.

Julia pensava na situação que agora vivenciava. Ela e Logan daquela maneira. Parecia algo que jamais poderia acontecer, algo ainda não completamente terminado, de alguma forma. Mas ela estava feliz por estar naquela situação estranha. Sentia-se bem e sentia que, se possível, ficaria lá ainda por um bom tempo.

Depois de um tempo se recuperando e refletindo sobre a situação na qual se encontravam, Julia riu. Agora, quase recuperada, tinha forças para tal. Já conseguia pensar com clareza, falar com convicção, rir e já não se sentia mais tão fraca quanto antes.

Logan acompanhou a risada, mas perguntou com a voz grave ressonando nos cabelos de Julia:

- Qual é o motivo da risada?

Julia riu mais um pouco antes de responder, agarrando-se mais firmemente a ele:

- Sabe, Logan, se você não fosse tão autoritário, estúpido e egoísta... Eu até poderia gostar de você.

Logan segurou um riso, e respondeu quase que imediatamente:

- Sabe, Julia, se você não fosse tão desobediente, infantil, e impulsiva... Eu até poderia gostar de você.

Então, o esperado inesperadamente aconteceu.

Logan acariciou os cabelos longos de Julia, acariciou o pescoço dela... E então a beijou. Não como das outras vezes. Eram beijos intensos, abraços mais apertados. Julia ia retribuindo tudo, da mesma maneira. O beijo seguia-se ininterrupto, ardente, os lábios se encontrando e revirando tudo loucamente. O toque hábil e Logan na pele macia de Julia, contornando os quadris dela e subindo até a nuca, onde ele sabia que ela teria arrepio. Julia tocando as costas de Logan, arranhando-a inconsequentemente, abrindo um leve talho nas costas dele que já ia se regenerando. O bagunçar dos cabelos que ambos provocavam um no outro.

Logan não podia mais se refrear. Ele tinha seus instintos e estava seguindo-os, como vinha fazendo desde então. Seu corpo chamava. Implorava. Então, ele lentamente foi tirando a sua camiseta branca que estava em Julia. A pele branca ia aos poucos se revelando. Mas Logan lembrou-se da ocasião. A mínima parte racional dele que ainda funcionava dizia que ele parasse. Julia podia não estar recuperada. Então, ele interrompeu-se.

- Não! – Pediu Julia, recolocando os braços de Logan onde estavam. – Eu quero.

E Logan também queria. Mais uma vez, mais intensamente que nunca, deixou que seu instinto o guiasse, e deixou que implorasse. Que chamasse e clamasse por mais.

Ele terminou de tirar a camiseta e deixou que Julia fizesse o mesmo com ele. E assim a noite passou. Tudo mais forte e mais intenso do que antes. Os beijos, os abraços, os toques.

Todas as emoções, as aspirações e os desejos futuros condensados naquele momento. Raiva, ódio, descrença, proteção... E amor. Por que, de fato, Julia já descobrira o que estava sentindo, mesmo que não tivesse revelado. Logan descobrira naquele dia, quando teve que suportar novamente a ideia de perder Julia para sempre. Ele não queria perdê-la. Queria protegê-la de tudo, mantê-la bem. Segura. Viva. Ele a amava. E agora, ficara provado. Eles se amavam.

E, assim, cada copo ia clamando pelo outro. Clamando e implorando por mais. O êxtase de cada um deles, perdidos em seu momento.

Eles entregaram-se um ao outro. 


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