– Hm conversar sobre o quê? – perguntei como se não soubesse de nada.
– Você sabe exatamente o quê! – ele respondeu.
– Não, realmente não sei! Você não é o mesmo, ou talvez eu não te conheço o suficiente!
– Madson. Me desculpe! Eu não queria ter sido ignorante com você na biblioteca, eu só estava um pouco estressado, não queria ter descontado em você.
– Não foi o que pareceu! Olha só Luke, eu não quero ser um tormento na sua vida, então... – eu continuaria, mas ele me interrompeu.
– Não Mad! Você não é um tormento, eu que fui um idiota, não deveria ter te tratado daquele modo. Me desculpe?!
Fiquei quieta por uns minutos, até que ele quebrou novamente o silêncio.
– Qual é Madson? Você quer que eu me rasteje... Por favor, to te pedindo desculpa!
– Vai começar? Por que se for, nem precisa continuar com isso. Realmente, é desnecessário, porque você estaria perdendo seu precioso tempo com essas bobagens e ...
– Shhhh – ele coloca o dedo indicador em meus lábios. – Desculpa, sei que estraguei seu dia, e sei que você aguentou muito.
– Ok, te desculpo – reviro os olhos.
– Não assim! Se for pra me desculpar, ao menos me desculpe direito. – ele disse.
– E como é essa sua desculpa certa então? – deixei um sorriso torto sai de meus lábios.
– Que tal é essa? – ele se aproximou de mim.
Ele me beijou, intensamente, de um modo tão diferente, tão inexplicável... Mas bom!
– Hm-hm – pigarreou Ariel – Desculpa interromper o momento dos pombinhos, mas já que interrompi, alguém viu uma moto passando por aqui? Não, espera! Por que to perguntando pra vocês? Vocês nem estavam prestando atenção, estavam ocupados demais. Que droga! Quero minha pizza – ela bateu o pé com força no chão e fez beicinho.
Eu e Luke nos olhamos e começamos a rir, aquela cena estava sendo hilária.
– Qual a graça de passar fome? Quem pensa vocês nunca passaram por isso! Ah é verdade, não passaram! Porque não tiveram que ficar segurando vela e ainda ficar esperando o cara da pizza chegar logo! – revirou os olhos.
– Nossa Ariel, você podia ser comediante viu? – Luke ainda continuara rir, era tão prazeroso vê-lo assim tão feliz.
– Há, há, claro! Vão ficar ai fora se agarrando ou vão entrar? Porque eu vou fechar a porta, não quero ter que ficar vendo isso – mostrou a língua.
Sorri, e entrei, puxando logo Luke junto a mim. Fechei a porta, e Ariel se jogou no sofá emburrada, porque a pizza ainda não tinha chegado.
***
Depois de uns 20 minutos a campainha tocou novamente.
– Saí da frente!!! Eu atendo!!!! – gritou Ariel empurrando tudo que estava em sua frente.
Eu e Luke estávamos na sala conversando e assistindo um programa de acerte ou perde tudo.
– Ah, Caio é você! – Ariel disse bufando.
– Opa valeu pela preocupação em mana? – revirou os olhos.
Levantei e vi Caio apoiado a Larissa, provavelmente tinha saído do hospital.
– Já recebeu alta? – perguntei curiosa.
– Sei que não me queriam por aqui logo, mas sim. O médico disse que não era nada grave, e eu não queria ficar naquela porcaria de hospital, pedi pra ele me dispensar logo – sentou-se no sofá.
– Caio, cuidado! – Larissa segurou nele.
– Valeu por tudo, mas não precisa mais se preocupar, to bem aqui em casa. Tá livre já! – mordeu os lábios e segurou o suspiro que ia dar.
Pelo jeito a conversa deles ainda não tinha acertado o seu relacionamento.
– É assim que você vê? Hm tudo bem, já estou indo mesmo, tchau pra vocês – ela abaixou a cabeça e foi seguindo pra porta.
Caio ficou olhando para o chão, sei que ele não queria que ela fosse, e se não fosse orgulhoso o suficiente, pediria pra ela ficar, mas o orgulho é maior e sempre toma conta dele.
– Ei Larissa, espere! – gritei – Fica! Estamos esperando uma pizza, você nem deve ter jantado, sei que pizza não é uma alimentação saudável, mas fique aqui conosco!
– Valeu Madson, mas acho melhor ir pra casa – deu um sorriso fraco, logo o deixando fora de vista.
– Não acha nada! Fique logo! Ora deixa disso vocês dois! Será que eu vou ter que resolver isso? – falei indignada.
– Mad... Não se intrometa nisso, deixe que eles resolvam – Luke falou.
– Me intrometo sim! Olha como a menina está? Toda triste, anda Caio, diga algo! – dei uma cotovelada nele.
– Ai caramba to vendo que vou ter que segurar duas velas – Ariel revirou os olhos.
Caio deu uma risadinha baixa, mas pude perceber.
– Ok, desculpa Larissa se estou sendo infantil e desagradável, e orgulhoso. Desculpa por te ignorar o caminho todo, e ter te tratado mal! – Caio levantou e foi até ela.
– Hm, ta tudo bem... – ela sorriu.
Caio segurou em seu rosto e lhe beijou.
– Ah de novo não cara! Por que eu mereço ter que ficar vendo essas coisas? Cadê logo minha pizza? – Ariel reclamou.
Eu e Luke começamos a rir, e logo Caio se afastou de Larissa rindo também, sentaram no sofá, e ficamos lá assistindo.
A campainha tocou, Ariel foi esperançosa ver se era sua preciosa pizza.
– Caramba até que enfim, que demora viu moço? Vê se da próxima vez vem logo – disse ela, lhe entregando o dinheiro.
Ela fechou a porta, colocou a pizza na mesa, trazendo os copos e a garrafa de refrigerante.
– Vamos brindar? – perguntou Ariel.
– Pra quê? – perguntei.
– A volta dos pombinhos 1 e dos pombinhos 2 ué, tive que agüentar isso até agora, então vamos lá, brindem! – mostrou a língua.
– Mas hoje você ta cheio das graças! – disse Caio, fazendo cócegas nela.
– Sou realista querido! – riu Ariel.
– Ok, então vamos brindar! – disse Larissa.
– A felicidade de todos! – disse Luke
– A felicidade! – dissemos num uníssono, levantando os copos e brindando.
A noite foi divertida, pegamos alguns jogos, fizemos brincadeiras, e depois assistimos alguns filmes. Era quase onze e meia, Ariel tinha ido dormir, Caio foi levar Larissa em casa, e só sobrou eu e Luke, parados novamente na porta.
– Hoje foi uma ótima noite! – disse ele.
– É foi sim, uma grande noite, um grande e longo dia! – pisquei.
– Olha Mad, quantas estrelas hoje no céu! Ta vendo aquela ali? A mais brilhante! - perguntou-me.
– Sim, estou vendo.
– Ela tem o mesmo brilho que o seu sorriso, o mesmo brilho dos teus olhos... Ela é tão linda quanto você – sorriu.
– Nossa Luke, você sabe me deixar sem graça – corei.
– Só digo o que sinto! – ele falava enquanto colocava uma mecha de meu cabelo louro quase cinza, descolorido e desbotado atrás de minha orelha.
– E eu só faço o que devo fazer! – olhei no fundo dos seus olhos, e logo fechei os meus assim lhe dando um beijo. E me entregando ao grande amor incondicional que sinto por ele.
– Tenho que ir – ele se afastou.
– Eu sei, por mim eu ficaria assim com você pelo resto da eternidade – respondi.
– Não posso prometer que vai ser eterno, mas posso garantir que enquanto estivermos juntos, nada mais vai se comparar, nada mais vai existir. – sorriu – Boa noite Mad. Eu te amo.
– Boa noite Luke, eu também amo você – acenei.
Ele virou de costas e continuou andando, fechei a porta atrás de mim, e fiquei olhando ele até virar a esquina.
Hoje em meu sono profundo, não vai ser só mais sonhos intermináveis, porque sei que quando acordar vou realizá-los ao lado dele, não importa quando ou onde, só sei que vai ser juntos, porque não quero fazer mais nada sem ele ao meu lado, não agora que sei que ele é uma parte de mim, que ele é tudo que faz sentido a minha vida, ele é todo significado louco e confuso, que simplesmente me faz amá-lo cada vez mais. Ele é o vazio que faltava em mim.