Estava morrendo de ódio da Lana. Não queria nem ver a cara dela, só queria deitar na minha nova cama e dormir. Quando cheguei ao quarto, Klaus e Carlos estavam jogando no Xbox e o Klaus dava cotoveladas no Carlos por ele estar vencendo. Apenas sorri para eles, me joguei na cama e fiquei encarando a parede por alguns minutos. Um turbilhão de pensamentos passaram pela a minha cabeça. Notei que eles pausaram o jogo, pois parei de ouvi a trilha sonora do jogo. Klaus sentou do meu lado na cama e disse: - É normal sentir saudades da família no primeiro dia. Depois passa. Minha família é daqui da Suíça mesmo, mas eu imagino o que você passa. — Olhei para ele e perguntei: - Se sua família é daqui, então como você sabe que passa? — Ele passou a mão nos cabelos para arrumar e disse: - Meu pai não tem tempo pra mim. Minha mãe morreu em um acidente de carro alguns anos atrás, junto com a mãe da Lana, elas eram melhores amigas. Ela era alcoólatra. Meu pai me culpa, ele dizia que ela fazia isso pela preocupação que eu trazia pra ela. Um belo dia, ele chegou pra mim e disse que eu não conseguiria destruí-lo. Algumas horas depois eu estava aqui, abandonado. Todos os meses ele manda uma mesada, é muito dinheiro, mas não compensam a falta que ele me faz. — Torci a boca em um sinal de pena e dei duas tapinhas nas costas dele e disse: - O motivo de eu estar aqui é secreto. Mas, tudo que eu posso dizer é que meu pai e meu irmão mais velho sentem um ódio mortal de mim. Acusam-me de algo que eu não fiz, algo terrível. Mas, isso não vem ao caso. — Klaus deu um sorrisinho de canto de boca e disse: - Eu te entendo. Te entendo completamente. — Carlos desligou a TV e disse: - Sou o único que estou aqui por vontade própria? Ou melhor, por causa do Klaus? — Acenamos a cabeça em um sinal positivo. Lana abriu a porta do nada e disse: - Festinha hoje na piscina subterrânea. Mas, é segredinho, hein? Somente pessoas selecionadas por mim irão. — Klaus revirou os olhos ao ver ela, quando ela saiu, ele começou a estirar o dedo repetidamente. Estranhei a atitude dele e disse: - Nossa! O que houve? — Klaus balançou a cabeça negativamente e Carlos disse: - A Lana ainda tem esperanças de que vai reconquistar o Klaus. Ela não aceita que eu consiga fazer ele mais feliz do que ela. — Klaus o interrompeu e disse: - Ela não aceita o fato de eu estar feliz. Só. A Lana é egoísta pra cacete. — Levantei a sobrancelha e sorri. Como eu iria destruir o relacionamento deles e ainda trazer o Klaus pra Lana? Rapidamente me lembrei do Jimmy e da Carly. A Carly é legal e o Jimmy é um babaca e era esse o plano da Lana: fazer com que o Carlos pareça um babaca para o Klaus. Na hora que tive a ideia, fui surpreendido pelo Carlos me cutucando e dizendo: - Vamos comer? — Balancei a cabeça em sinal positivo. Fomos até a cantina. A Lana estava desfilando com as gêmeas lésbicas que a bajulavam. Violet e Vivian eram realmente lindas, cabelos pretos e curtos, pele tão branca que pareciam mais que eram feitas de porcelana. Ao chegarmos à cantina, a Lana chegou e sussurrou algo no ouvido do Carlos. Ele apenas balançou a cabeça positivamente e sorriu. Ainda bem que sei fazer linguagem labial e o que li não era nada bom.

Lana falou pro Carlos dar um jeito da Violet bater com a cabeça na borda da piscina, caso contrário o segredo dele seria revelado. Ela usava os segredos de todos para chantagear. Que vadia! Klaus alisou a mão dele discretamente e disse: - O que ela falou? Mandou você armar uma daquelas? — Carlos puxou a mão e disse: - Nunca mais faça isso em público. E quando a sua pergunta: sim. Dessa vez ela está indo longe demais, mas eu tenho que fazer. É o meu nome que está em jogo. — Depois que o Carlos disse aquilo, já tive uma ideia de qual era o segredinho. Todos os garotos olhavam pra nossa mesa, todos queriam fazer parte daquele grupinho. Apesar de Carlos e Klaus desprezarem todos os outros meninos do colégio, eles eram muito legais comigo. E eu me sentia especial ali, era popular e respeitado por mais que tivesse chegado naquela manhã. Lana caminhava pela cantina como uma rainha e as gêmeas eram como súditas dela. Observando de longe, vi que ela não queria mais o suco e ela simplesmente jogou na blusa da Vivien e ela apenas sorriu e disse: - A mamãe me trará roupas novas nesse final de semana mesmo. — Lana parecia ser realmente temida.

A noite chegou e a festa na piscina também. Vesti a minha melhor sunga e estava caminhando até a piscina, no caminho vi a Lana e o Carlos discutindo. Ele discordava de algo que ela falava, Lana o empurrou e revirou os olhos. Logo depois correu pra falar comigo, apertou meu ombro e disse: - Parece que vou precisar de outro servicinho seu, Richard estuprador. Preciso que você mate a Violet na sala de música que fica logo acima da piscina. Vou dar um jeito de atrair ela até lá e você mata ela com um machado que tem na gaveta da cômoda do professor de musica. Já tenho a roupa e as luvas que você vai usar. — A empurrei e disse: - Você está louca? Jamais faria isso. A Violet não fez nada comigo! — Ela apertou meu braço com suas unhas enormes e disse quase sussurrando: - Fala baixo, idiota! Quer que sejamos pegos? Ou você faz isso, ou eu anuncio em um megafone quem você é de verdade. É uma escolha que só cabe a você. — Balancei a cabeça em sinal de reprovação e disse: - Você não me conhece. — Dei as costas para ela e saí andando. Logo depois, chega uma mensagem no meu celular: “Megafone. Machado. É tudo uma escolha sua. Qual dos dois você escolherá? Beijinhos.” Não podia deixar que ela estragasse minha vida. Enquanto caminhava para a piscina, mandei uma mensagem assim: “E se eu for pego?” Não passou nem dois minutos e ela já respondeu: “Não será. A culpa vai cair sobre o Carlos. É a maneira mais brilhante de separar ele do Klaus e fazer com que o Klaus odeie-o.” Respirei fundo e respondi: “Ok. Não me considere seu aliado.” Já estava na beira da piscina, de repente a Lana estava atrás de mim e sussurrou: - Você ainda não se conhece, meu amor. Eu era como você. Hoje você descobrirá seu verdadeiro eu e do que você é capaz. — Logo após falar isso, ela deu um beijo nas minhas costas e me empurrou na piscina com celular e tudo. Aparentemente, seu objetivo era destruir o celular. Ela se deitou na borda da piscina e disse: - Evidências destruídas. Vai se enxugar e realizar o seu serviço. A isca já está a caminho. — A sala de música ficava logo acima da piscina e tinha uma enorme vidraça que dava pra ver a piscina e da piscina dava pra ver a sala. Como faria isso sem ser visto? Saí da piscina e enquanto me enxugava, uma lágrima escorreu. Chorei de pena da Violet. Mas, era eu ou ela. Sou egoísta demais para deixar que a Lana destruísse tudo assim, do nada. A roupa que tinha para vestir era um casaco preto com um capuz de plumas pretas ao redor do capuz. Clássico de filme de terror americano, me senti em "Lenda Urbana". Na hora que entrei na sala de música, ela estava trocando SMS com alguém e sorrindo. Na hora que ela ouviu a porta abrir, se virou sorrindo. Tudo que pude dizer foi: - Sinto muito Violet. — Na hora que fui dar o golpe, ela desviou e acabou desandando e caindo em cima do piano. Ela começou a chorar e rastejar pelo carpete da sala dizendo: - O que você está tentando fazer? A minha família é rica, eles vão destruir você! — Nessa hora, ela se levantou e acabou caindo em cima da vidraça. Começou a bater no vidro pra chamar atenção, todos olhavam atônitos. Na hora que me aproximava eles apontavam pra trás. Lana gritava de dentro da sala e chorava. Sem pensar duas vezes dei uma machadada nas suas costas. Puxei o machado com tudo, ela ainda estava agonizando. Peguei-a pela cintura e a joguei contra a vidraça. O corpo caiu direto na piscina, o sangue se espalhando e as pessoas gritando saindo da piscina foi a melhor cena que já vi na minha vida. Ali nascia um novo Richard.  

Continua...