Diário De Um Pseudopsicopata escrita por Ramon Leônidas


Capítulo 27
Os segredos mais sujos dos Rhodes - Capítulo XXVI


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, andei um pouco desestimulado a postar os capítulos devido aos poucos comentários. Espero que os atuais leitores continuem lendo e gostando. Ainda há fortes emoções vindo por aí.



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Depois de tudo que passei nada mais me choca, mamãe. — Afirmei em um tom de superioridade enquanto servia duas taças de champanhe.

- Não bebo mais. Filho, aqueles manifestantes na frente da nossa antiga casa, não foi uma alucinação. Aquilo aconteceu de fato, mas não aconteceu como sua cabeça mostrou. Nenhum de nós morreu, como você pode ver.  — Falou minha mãe enquanto recebia uma taça e a colocava em uma mesinha de canto. — Não bebo mais. Como eu havia afirmado, vim aqui para contar-lhe segredos que por muito tempo estiveram enterrados em nome da potência politica de seu pai aqui na cidade. É melhor que você se sente. — Minha mãe respirou fundo, prendeu o cabelo e segurou minha mão enquanto eu me sentava no sofá. — Os manifestantes foram á nossa casa, porque descobriram toda a verdade escondida por trás de Robert Rhodes. Seu irmão é um assassino. Seu pai e eu fizemos coisas horrendas! Sequestrávamos algumas pessoas do subúrbio para que seu irmão cometesse as mais terríveis atrocidades com essas pessoas. Aquilo era como uma terapia para ele. Quando ele não matava alguém, ficava extremamente violento, já tentou nos matar algumas vezes inclusive. Ele tinha problemas sérios, sempre teve. No dia do acidente, eu e seu pai decidimos que era hora de dar um final àquela alma atribulada pela própria mente. Queríamos jogar o carro dele contra o penhasco, por mais que nos doesse, aquilo precisava ser feito, ele precisava ser detido. De boca em boca, a notícia de que você era violentado e que tudo que a Julie te acusou foi uma farsa, chegou ao ouvido de todos os cidadãos da cidade. De vilão, você foi promovido a herói. Você não percebeu, sei que deve ter receio em sair do condomínio. Seu pai morreu no acidente, mas eu sobrevivi. Achei melhor que todos pensassem que eu havia morrido, tenho muito medo da fúria popular e do que ela é capaz de fazer comigo. 

- Espera, tenho uma duvida. Por que eu nunca percebi que meu irmão pegava essas pessoas para matar? — Indaguei-a interrompendo-a.  

Ela pegou a taça de champanhe, cheirou o liquido durante alguns segundos com os olhos fechados e respondeu: - Tudo acontecia fora da cidade. Todas aquelas viagens a negócios que nós te deixávamos com a Matilde, eram para que seu irmão torturasse essas pessoas.

Uma vaga lembrança da Matilde veio a minha cabeça. Era uma moça jovem, doce, tinha traços indianos e de origem humilde, nunca havia escondido de onde ela vinha. Desapareceu misteriosamente alguns meses após começar a trabalhar na minha casa. Sempre me contava histórias sobre sua família, que era um grupo de ciganos que habitavam um conjunto de trailers que ficava nos arredores da cidade.

- O que aconteceu com a Matilde? — Perguntei, tudo parecia suspeito demais.

Minha mãe encarou a janela durante alguns segundos, suspirou fundo, sorriu levemente e me respondeu: - Ah, a Matilde... Era uma garota tão doce, não é? Foi a única das vitimas de seu irmão que conseguiu sobreviver à sua ira. Ela nunca o denunciou. Nunca mais a vimos. Ninguém sabe que fim ela levou, esses ciganos tem mania de desaparecer sem vestígios. Semanas depois àquela tentativa de assassinato, a família dela sumiu no mundo também. — Minha mãe largou a taça de champanhe e me olhou com uma feição séria. — O seu irmão não é o único a ter segredos sujos. Seu pai e eu também tínhamos alguns. Na verdade, eu escondia os segredos. Seu pai dizia que se eu falasse para alguém, ele me mataria da pior maneira possível. Ele conhecia muitos métodos de tortura, ele foi um sobrevivente da guerra do Vietnã. Na verdade, ele participou do finalzinho da guerra. Ele disse que se o segredo fosse revelado, ele iria me esquartejar, todos os meses tiraria um membro do meu corpo e deixaria apodrecer ao meu lado e me manteria em cativeiro para que fizesse isso. Mas, agora que ele não está mais entre nós, esses segredos podem ser revelados. — Ela passava a mão em seus cabelos e as lágrimas desciam incessantemente.  — Seu pai era um pedófilo. Ele abusava sexualmente de garotinhos. É por isso que seu irmão se transformou nesse monstro. Em um dos dias em que eu estava resolvendo problemas da prefeitura e que o Robert havia chegado mais cedo do colégio, ele flagrou seu pai abusando de um garotinho de apenas quatro anos. O garotinho era neto da Georgia, uma senhora que morava ao nosso lado e que sofreu um terrível acidente automobilístico com seu neto, logo após o abuso. Tire suas conclusões.

- Quantos anos o Robert tinha quando flagrou o estupro? — Precisava saber dessa informação. Ela olhou para mim, um pouco perdida e envergonhada.

- Seu irmão tinha quatro anos. Para ser sincera, o Robert não flagrou seu pai abusando de um garotinho. — Um silêncio ensurdecedor dominou a sala da minha mansão durante alguns segundos. — Seu irmão era abusado constantemente pelo Carl. E por isso, ele cresceu tão perturbado. E por isso, seu pai te enviou para a Suíça quando a coisa ficou russa por aqui com a bomba do estupro da Julie. O seu pai nunca havia desconfiado que você fosse abusado, até que tivesse dito isso á ele. Você era o filho favorito dele, tanto que nunca foi abusado. Ele ficou tão transtornado quando descobriu tudo que quis matar o Robert, mas quem acabou morrendo foi ele.

 Levantei-me do sofá, encarei uma pintura clássica que havia na sala da casa e constatei: - Então, isso quer dizer que somos todos vítimas do Carl? Somos todos vítimas do meu pai? — Algumas lágrimas rolavam no rosto da minha mãe enquanto ela balançava a cabeça afirmando que sim.

- Agora que já sabes de tudo, poderá dar um final feliz a sua vida. Chega de mortes, chega de vinganças, chega de lágrimas. Muitas famílias já foram destruídas por causa de um problema familiar, por culpa de uma única família. Espero que não faça como eu, espero que você tome a decisão certa. Eu amo você, Rich. — Minha mãe colocou seu turbante e seus óculos e saiu da minha casa rapidamente.

Meu celular tocou poucos minutos depois que ela saiu da minha casa, era o Ethan.

- Foi comovente a história que a sua mãe contou, enquanto observava e ouvia tudo aqui do segundo andar da mansão, fiquei realmente emocionado. Não se assuste se isso for usado contra você para quando eu for tomar sua herança. Afinal de contas, um homem que foi abusado pelo irmão e que tem passagem por um hospício não pode ser tão são assim, não é? Eu com toda certeza usarei todos os artifícios que estiverem ao meu alcance. Ah, e não adianta tentar me encontrar na mansão agora, já estou fora do condomínio. — Ele riu. — Inclusive, estou com uma pessoa muito querida sua. Gostaria de falar com ela?

- Desgraçado! Passe para a minha mãe agora! — Uma lágrima desceu dos meus olhos e eu coloquei as mãos no rosto em desespero.

- Nossa, não sabia que você era vidente! Olha aí, mais um talento seu que me era desconhecido. Escute apenas o pavor dela com um pano tapando sua boca. — Nesse momento, ele colocou o telefone perto da minha mãe e pude ouvir seus gemidos implorando por ajuda. Ethan gargalhava do outro lado da linha. Era aterrorizante.

- Você vai passar toda a sua fortuna para o meu nome, ou eu vou matar a sua mãezinha. É uma escolha sua. Dinheiro ou família. — Ele completou sua fala em um tom determinado.

- Eu vou te caçar, vou te achar e eu vou acabar com a sua raça! É bom que esteja preparado, Ethan! — Gritei ao telefone.

- Pode vir quente que eu estou fervendo. Ou melhor, quem pode estar fervendo em poucos minutos daqui a pouco será a sua mãe. Boa noite, Richard. Você tem algumas horas pra pensar no que poderá acontecer com a sua vidinha mesquinha. 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Personagens no capítulo ou que foram citados:
Richard Rhodes (Protagonista)
Robert Rhodes (Irmão de Richard)
Carl Rhodes (Pai do Richard)
Charlotte Rhodes (Mãe de Richard)
Ethan Murphy (Advogado da família McClain / Oportunista)

Lugares:
Westview (Cidade Natal do Richard)
Alameda das Mansões (Condomínio Luxuoso da Alice)