Diário De Um Pseudopsicopata escrita por Ramon Leônidas


Capítulo 22
Segredos da Alma - Capítulo XXI




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Então quer dizer que temos um herói aqui? — Sorri e balancei a cabeça em forma de negação. Logo respondi: - Não. Apenas fiz o que era certo. Sabíamos que não pertencíamos a aquele local, fomos colocados ali contra nossa vontade e devido a interesses particulares de nossos familiares. — O delegado me encarava com um olhar duvidoso. Ele aproximou sua cadeira de mim e perguntou: - Quais interesses eram esses? — Fitei seus olhos duvidosos durante alguns segundos e respondi: - Meus pais faleceram e meu irmão me internou naquele lugar para ficar com toda a herança. Pagou cerca de dois milhões para a diretora do manicômio para me manter lá para sempre. Ou me eliminar em breve. — O delegado me encarava aterrorizado com toda aquela trama e indagou: - Espere. A diretora do manicômio era a moça que estava fazendo a Alice de refém? — Alice balançou a cabeça em confirmação e respondeu por mim: - Sim, doutor. Ela era minha irmã, mas nunca me aceitou pelo fato de eu ser adotiva. Ela colocou na cabeça que eu não tinha direitos a receber nenhum tostão que herdamos dos nossos pais que faleceram em um incêndio em uma de nossas fábricas, e para isso fez comigo a mesma coisa que o irmão do Richard fez com ele. Enfiou-me naquele hospício. — O delegado levantou as sobrancelhas e passou a mão em seus cabelos quase calvos e falou: - Isso é loucura demais para mim. Já vi de tudo nessa vida, mas isso superou todas as expectativas! Mas, se você eram pacientes, o que estavam fazendo na casa dos enfermeiros? — Olhei para a Alice e respondi: - A diretora, Vanessa, pediu que eu matasse a irmã dela. Não tinha capacidade para isso, já tinha criado um laço de amizade com a Alice e eu jamais teria coragem de matar alguém. Mas, nós tivemos que matar para que pudéssemos sobreviver. Todos os enfermeiros eram cúmplices da Vanessa. Todos sabiam a razão pela qual Alice e eu estávamos lá. Ninguém nunca tentou nos tirar dali. Precisávamos sair de uma forma ou de outra. Por isso, tivemos que eliminar algumas pessoas do nosso caminho, pessoas essas que tentaram enfiar injeções letais em nossas veias. — Nesse momento, Alice me interrompeu e disse: - Havia uma enfermeira que me contava tudo que iria acontecer. E ela me disse que eu e o Richard estávamos marcados para morrer na cadeira elétrica em poucos meses. Não queria ter o fim de vários outros pacientes que nem eram pacientes, tendo em vista que os mesmos não eram insanos. Você precisa nos entender doutor, as pessoas que eliminamos, foi em legitima defesa. Não iria morrer naquele lugar. — O delegado fitou nossos olhos durante alguns minutos e falou: - Já fazem 20 anos que sento nessa cadeira e raramente me engano com as pessoas. Eu acredito piamente em tudo que vocês me dizem. Alice, você me falou sobre uma enfermeira que era sua confidente, certo? Qual era o nome dela? — Alice começou a chorar e respondeu soluçando de chorar: - Mercedes. Ela morreu na explosão! — O delegado nos encarava aparentemente apavorado com tudo que havia sido contado. Ele fez um gesto com a cabeça estranhando algo e indagou: - E como foi que tudo explodiu? A explosão foi proposital? Aquilo estava planejado para acontecer? — Alice olhou para mim, aparentemente sem resposta e eu respondi por ela: - Não. Haviam muitos produtos infláveis ali para o tratamento dos pacientes, o tiro deve ter acertado em algum produto altamente inflamável, como um bujão de gás. — O delegado balançou a cabeça negativamente e falou: - Não sei. Tem um pedaço dessa história faltando. Tem alguma coisa que vocês não querem que eu saiba. Iremos investigar isso a fundo. Estou de olho em vocês dois, qualquer deslize estarei aqui como um tubarão pronto pra devorar sua presa. Prestem atenção no que fazem. 

Ótimo! Conseguimos Richard! Nós conseguimos! Vou embora para a antiga casa dos meus pais, vou ficar lá até tudo se resolva.  Todo o dinheiro da Vanessa virá para mim e dará para eu me estabilizar. Você tem para onde ir? — Milhares de lembranças vieram na minha cabeça e tudo que pude falar, foi um sussurro abafado e envergonhado: - Não. — Alice me abraçou e falou: - Não tem problema. Você irá ficar hospedado na minha casa. E eu não aceito não com resposta, vamos? — Balancei a cabeça confirmando. Pegamos um táxi que estava na porta da delegacia e a Alice deu todas às coordenadas para chegar até sua casa. Ela segurou minha mão e sorriu encarando-me. Puxei minha mão e indaguei: - Quantos anos você tem? — Envergonhada, ela respondeu: - 21. Você tem mais de 20, não é? — Sorri e respondi: - Não mesmo, tenho 16 anos! — Alice ficou meio sem graça com a minha resposta. Não tardou para que chegássemos à casa dela. Não era uma casa, era uma mansão. Ficava dentro de um condomínio fechado, superluxuoso. Olhava para as casas encantado e falei: - Nossa, agora eu sei porque a Vanessa te queria longe da herança dos pais dela. Vocês são muito ricas. — Enquanto descia do táxi, ela respondeu: - Meus pais eram embaixadores da Inglaterra e têm algumas fábricas de celulose. Para todos os efeitos, nós estávamos na Inglaterra, entendeu? Ninguém pode saber que saímos de um manicômio. — Alice bateu na porta e imediatamente uma senhora negra muito bem trajada veio abrir. Com um sorriso no rosto, ela disse: - Alice? Não acredito, minha filha! Você voltou para nós! Como foi esse período na Inglaterra? — Alice levantou a sobrancelha, olhando para mim e respondeu: - Foram turbulentos, acredite. Bessie, Vanessa já chegou? — Bessie desfez sua cara de alegria e respondeu: - Alice, você não precisa mentir para mim. Sei que não estava na Inglaterra. Sei o que a sua irmã fez com você e sei também que ela morreu nessa madrugada em uma explosão. Minha filha, eu sinto tanto por isso. Nem desconfiava que isso estava acontecendo. Toda semana sua irmã me mostrava cartões postais da Inglaterra de alguém que dizia ser você. Eu descobri que você estava internada faz pouco tempo, algumas semanas pra falar a verdade. Mas, sabe como é... Não podia fazer nada, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. — Alice deu um forte abraço em Bessie e respondeu: - Que bom que você me entende, que bom que encontrei alguém pra poder confiar, que bom que você existe, Bessie. Você é a melhor pessoa do mundo! — A mulher me encarou e perguntou: - Quem é esse belo rapaz? — Alice alisou meu cabelo e disse: - Esse belo rapaz, é a segunda melhor pessoa do mundo. Se não fosse por ele, jamais teria saído daquele lugar terrível que a Vanessa me colocou. Ele foi fundamental para a minha fuga. Tenho tantas coisas para contar... Sofri tanto nesse período, Bessie... — Ambas se abraçavam com os olhos cheios de lágrimas, a governanta suspirou durante o abraço: - Eu imagino, minha filha, eu imagino...

Havia vários quartos na casa, muitos banheiros, salas, era uma mansão mesmo. A casa tinha muitos detalhes em mármore e era muito iluminada pela presença das várias janelas. Cheguei á sala principal e sentei no tapete de pele sintética de urso que ficava logo em frente a uma lareira de mármore branco e ali encarei o fogo toda a madrugada, até que o dia amanhecesse e a lenha fosse totalmente consumida. De manhã, Bessie sentou-se ao meu lado e falou: - Sua cabeça está atordoada com tudo que aconteceu, não é? Sei como é. Você esconde segredos terríveis, assim como eu. Posso ver nos seus olhos o peso que esses segredos fazem sua alma carregar. Você tem a alma ferida, não é? Eu sei. Eu sinto e vejo tudo, Richard. — Encarei a lareira apagada e perguntei enquanto algumas lágrimas desciam: - Como sabe meu nome? — Ela alisou minhas costas e respondeu: - Como não saberia o nome do rapaz que salvou a vida do meu bem mais precioso e que há cerca de um ano atrás foi acusado de estupro? Está em todos os noticiários, Richard. Você é o mais novo herói da cidade. Todos sabem quem você é. Eu poderia passar anos dizendo-lhe obrigado repetidamente por ter salvo a vida da minha filha, e ainda assim não seria suficiente. — Olhei para ela estranhando a ultima frase dita e indaguei: - Alice é sua filha? — Bessie balançou a cabeça confirmando e falou: - Esse é o segredo que a minha alma carrega. Qual o segredo que a sua alma têm? 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Personagens no capítulo:
Richard Rhodes (Protagonista)
Robert Rhodes (Irmão de Richard Rhodes)
Vanessa McClain (Psiquiatra do manicômio em Westview)
Alice McClain (Irmã de Vanessa McClain / Paciente do manicômio)
Bessie Andrews (Governanta da mansão McClain / Mãe de Alice McClain)

Lugares:
Westview (Cidade Natal do Richard)
Alameda das Mansões (Condomínio Luxuoso da Alice)



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