Diário De Um Pseudopsicopata escrita por Ramon Leônidas


Capítulo 13
O Grande Segredo - Capítulo XII




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Isso é vergonhoso para mim. Sempre foi. O meu irmão me espancou quando a Julie disse ter sido estuprada por mim, porque temia que eu me tornasse aquilo que ele sempre foi: um estuprador. Fui violentado por ele durante sete anos da minha vida. Isso pode soar um pouco doentio, mas eu depois de um tempo passei a gostar daquilo. Mas, como você descobriu isso, Jenny? — Ela acariciou meu queixo, sentou-se ao meu lado e respondeu minha pergunta: - Sua mãe sempre soube. Mas, você conhece Charlotte, ela quer sempre passar a imagem de família perfeita. Espero que não se importe, mas tive que contar isso para o Jimmy. Não se preocupe, ele não vai te infortunar. Meu filho pode parecer uma má pessoa, mas ele sempre foi muito compreensivo quanto a isso. Ele sabe o que eu passei para superar esse trauma, o que eu ainda passo. Não vou dizer que eu odiava, depois de tanto tempo que ele fazia aquilo acabei gostando sim, como você mesmo disse. Mas, aquilo era ruim. Me sentia como um lixo depois. Eu também tenho um grande segredo. — Olhei para ela esperando pelo segredo e ela logo disse: - O Jimmy não tem pai. Engravidei aos 15 anos do meu próprio irmão. Foi quando eu resolvi fugir da minha cidade natal e começar uma nova história em Westview. Mas, pra onde eu ia, aquilo me perseguia. Como um grude, uma sujeira no meu corpo. Me perseguia mentalmente... — A interrompi e indaguei: - O que você fez para se livrar disso? — Ela começou a chorar e disse: - Treze partes de um corpo espalhadas pela minha cidade de origem. Esquartejei o meu irmão. Nunca fui pega. O meu pai nunca quis saber o que tinha acontecido comigo. Eles me desprezavam. Eu era a filha bastarda. A minha mãe morreu durante um assalto e deixou-me sozinha no mundo com meu pai e meu irmão. Não demorou três meses para que meu pai casasse com uma prostituta que nos espancava. Pouco tempo depois de matar meu irmão, fiquei sabendo que meu pai se suicidou por descobrir que a putinha dele tinha AIDS. Alguns meses depois ela morreu da doença também. — Abracei a diretora confortantemente, aquilo tudo havia me deixado impressionado e um pouco chocado. A diretora se afastou de mim e falou enquanto enxugava as lágrimas que rolavam em seu rosto:  - Saia daqui. Já está tarde. Você vai dividir seu antigo quarto com o Jimmy. Espero que não se importe. Agora, pode ir dormir. Na hora que ia saindo da sala da diretora, me segurei para conter as lágrimas. Nunca havia achado alguém que tivesse passado pelo mesmo que eu e tinha dado a volta por cima.

Todos os alunos estavam nos seus respectivos quartos. Jimmy estava sentado na frente da porta do nosso quarto, estava aparentemente triste. Agachei-me e disse: - É horrível saber que as pessoas que a gente confiava não são quem nós imaginávamos. Mas, é isso mesmo cara. A vida é assim, eu estou bem, logo você vai ficar também. Vamos entrando, já está bem tarde. — Ele me abraçou e começou a chorar, pedia desculpas repetidamente. Voltar àquele quarto era estranho. Iria sentir falta de ver o Klaus e o Carlos jogando videogame e se agarrando, por incrível que pareça. Nada tinha mudado. Estava tudo exatamente do jeitinho que havíamos deixado, nem parecia que já haviam se passado quase um mês. Deitei na minha cama virado pra parede e o Jimmy deitou-se na cama que pertencia ao Klaus, uma cama que ficava ao meu lado. Alguns minutos depois, quando eu já estava caindo no sono, ouvi Jimmy sussurrando: - Rich, posso te contar um segredo? — Virei a cabeça e olhei pro Jimmy balançando a cabeça em sinal de confirmação. Ele pegou uma mala que estava embaixo da sua cama e tirou de dentro um álbum de fotografias e me entregou. Todas as fotos do álbum tinham o meu irmão e o Jimmy se beijando ou abraçados. Outro choque para mim, por mais que eu soubesse quem era o meu irmão. Jimmy começou a chorar e falou: - Não esperava que ele fosse tão canalha. Nós dois tínhamos feito o combinado de parecermos apaixonados pela Julie. — Estava desconfortável. Fechei o álbum e entreguei paro o Jimmy, em seguida perguntei: - Alguém sabia? — Ele balançou a cabeça positivamente e disse: - Annie. Um dia ela nos flagrou transando no auditório. Não faz muito tempo. Ela jurou segredo, mas todos do nosso ciclo de amizade acabaram sabendo, menos a Julie. Ainda bem que eles fingem não saber. Nem tocam no assunto. — Dei um suspiro e falei: - O que importa é que agora você sabe quem o Robert é de verdade e não vai mais se envolver com ele, não é? — Ele balançou a cabeça confirmando e eu completei: - Ótimo. Agora, vamos dormir. Amanhã é um novo dia.

A manhã chegou logo. Um piscar de olhos foi o suficiente para o sol que saía de trás das nuvens iluminasse meu rosto sonolento. Olhei para a cama ao lado e o Jimmy não estava mais deitado, apenas seu celular estava na bancada,  sua cama estava incrivelmente arrumada.  Dei uma olhada em volta do quarto e tinha uma pessoa de capuz jogando videogame. Era um homem, seus braços eram fortes e sua determinação ao jogar era voraz. Aproximei-me vagarosamente e coloquei a minha mão no seu ombro. Vorazmente ele segurou o meu punho e me puxou para o chão. Quando eu caí, ele colocou o pé no meu pescoço e disse com um sorriso irônico nos lábios: - Lembra-se de mim? Esse quarto costumava ser meu e eu costumava a ser invejado por todos os outros garotos do internato. Você e aquela louca obcecada me tiraram tudo. Tudo! — Carlos. Como não poderia saber? A culpa sendo passada somente para o Klaus que estava trancafiado em um hospício faria o Carlos ser liberto. Me afastei vagarosamente dele enquanto o mesmo esmurrava a parede e sentei-me na cama do Jimmy e peguei seu celular para mandar uma mensagem para a Lana: “Carlos está aqui. Ele vai me atacar. Preciso da sua ajuda. Socorro.” Carlos se virava devagar enquanto tirava um objeto de dentro do seu casaco. Ele encaixava o objeto nos seus dedos bem devagar, era um soco inglês.  Ele se virou, fitou bem meus olhos, sorriu e balançou a cabeça em desaprovação. Carlos me agarrou pela gola da camiseta e me arrastou pela parede do quarto, derrubando todos os quadros e porta retratos que tinham ali. Ele me jogou no chão e disse: - Eu tinha tudo! TUDO! Você destruiu a minha vida e agora eu vou destruir a sua. Eu vou matar você Richard Rhodes! Quais são suas ultimas palavras? — Não respondi. Ele deu um soco no meu rosto e repetiu: - Quais são suas ultimas palavras, seu monstro?! — Nesse momento pude ver a Lana entrar no quarto sorrateiramente. Ela tinha um machado em mãos. Carlos chorava de ódio e esmurrava o chão ao lado de onde eu estava acoado. Ele balançou a cabeça para os lados, em gesto de negação e afirmou: - Pelo visto você prefere morrer em silêncio. — Nesse momento eu sorri sadicamente e falei em um tom de sussurro: - Vejo você no inferno Carlos. — Mal acabara de proferir essas palavras, dois policiais entram no quarto apontando as armas para a Lana, eles estavam juntos de uma garota de cabelos curtos e loiros que trajava um sobretudo preto e óculos escuros. Um dos policiais era o Dan Summers, assim que entrou no quarto, ele proferiu: - Lana Miller? Você está presa por homicídio e tentativa de assassinato. Solte o machado ou atiraremos! — Carlos encarava a Lana assustado. Ela soltou o machado e se virou lentamente para o policial. Olhou para a moça que trajava o sobretudo e falou sorrindo: - Tanto fez que conseguiu, hein Inês? Eu nunca quis que você fosse pra cadeia. Pensei que além de irmãs, fossemos parceiras, mas você me traiu. Teve o que mereceu! — Na hora que ela tirou os óculos, seu rosto veio como flashes na minha memória juntamente com um diálogo: “Tenho que atender a mãe da Inês, pra variar! Você sabe bem como ela é...” “Quem é essa Inês? Ela parece ser bem difícil.” Em hipótese alguma, chegue perto da Inês, entendeu? Ela é encrenca na certa. As coisas que ela faz são terríveis. Não quero você perto dela.”. Inês Miller, a tal garota problemática. Ela mexeu nos seus curtos e loiríssimos cabelos e falou em tom de deboche: - É o máximo que consegue fazer? Gritar o quão insatisfeita está por ter sido traída? — Enquanto Dan algemava a Lana, Inês aproximou-se dela, mexeu em seus cabelos, beijou a testa e continuou: - Na cadeia a gente aprende muita coisa. Aprende que só há uma forma de fazer o bem para as pessoas ruins: armando contra elas. E eu armei pra você Lana. Você é uma assassina, eu sou uma vítima. Os policiais já sabem de tudo o que planejávamos. Eu fui para a cadeia somente pra esquentar o banco para você, afinal de contas, vais ficar por lá durante uma vida inteira. — Nesse momento, ela começou a bater palmas enquanto sorria sadicamente. Ao terminar de algemar a Lana, Dan disse em tom de superioridade: - Um dos seus comparsas vai apodrecer em um hospital de loucos e você vai apodrecer na cadeia. Á propósito, seu plano de explodir o avião do Sr. Klein deu certo. Esse será somente mais um dos crimes que você será indiciada. — Lana fitou meus olhos com uma expressão de medo e eu disse apenas movendo os lábios: - Não se preocupe. Você vai sair logo. Vejo você em breve. 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Personagens no capítulo:
Richard Rhodes (Protagonista)
Lana Miller (Garota mais rica e poderosa de Gladstone)
Inês Miller (Irmã de Lana Miller)
Klaus Klein (Um dos mandões de Gladstone / Namorado de Carlos)
Carlos Albuquerque (Um dos mandões de Gladstone / Namorado de Klaus)
Jimmy Simmons ( Melhor amigo #1 de Robert / Filho de Jenny Simmons)
Jenny Simmons (Diretora do antigo colégio do Richard / Mãe de Jimmy Simmons)
Robert Rhodes (Irmão de Richard)
Dan Summers (Policial #1)
Lugares:
Berna (Capital da Suiça)
Gladstone (Internato)
Westview (Cidade Natal do Richard)