As crônicas de Nárnia - Feiticeira verde escrita por Isa Holmes


Capítulo 8
O sonho.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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~POV Eustáquio ~

Enquanto Edmundo ainda relatava suas informações, ouvi alguns passos se aproximarem. Todos nos calamos, e então uma mulher cruzou a entrada do buraco onde fomos metidos.

– É ela – murmurou Rilian - ­ É a feiticeira.

Uma mulher encantadora, eu não poderia negar. Uma mulher com cabelos cor de bronze, que ondulavam como cascatas por seus ombros. Seus lábios eram vermelhos como cereja. Seus olhos eram verdes e sedutores, sua pele rosada... A moça mantinha os pés descalços e usava um vestido negro e esverdeado. Notei também um colar com um pingente de cristal. Semicerrando os olhos percebi algo se agitando dentro dele. Foi então que dei conta... Aquele deveria ser o colar que Edmundo mencionou.

– Olá, meus queridos! - cumprimentou ela. Sua voz parecia a de mil anjos.

Edmundo bufou sarcasticamente.

– Vocês estão bem, meus amores?

– Que acha? – meu primo explodiu – Nós com certeza estaríamos melhor longe de um monstro como você!

Basta! – rugiu ela - Nunca. Nunca mais dirija este tom de voz a mim, garoto!

Furiosa, a mulher ergueu o cajado que segurava, e com todo o ódio que demonstrava possuir no coração atingiu Edmundo. Seu rosto demonstrava uma terrível expressão de dor ao golpe. Seu grito ecoava por todo o cômodo. Era ensurdecedor.

– Por favor - comecei, por cima do desespero do meu primo, desesperado e mal entendendo o que eu mesmo pretendia fazer -, o deixe. Prometo que ele não fará mais nada.

A mulher encarou Rilian e depois seguiu os olhos musgos em minha direção. Eu, com total constrangimento e medo, desviei o olhar. Graças a Deus, sem dizer mais alguma palavra, ela abaixou o cajado e foi embora.

Edmundo se calou e permaneceu inconsciente. O príncipe Rilian também não me dirigiu mais nenhuma palavra.

~ POV Lúcia ~

Despertei com a brisa gélida passeando pelo meu corpo, enquanto me mantinha com arrepios. Pedro estava sentado embaixo de um carvalho enquanto saboreava uma maçã. O sol, que estava a pino, mantinha-se velado por nuvens carregadas. O tempo esfriava cada vez mais. Tudo indicava que um pé d' água estava próximo.

– Lúcia? - Pedro chamou minha atenção - Está melhor?

– Uhum - murmurei.

­– Vai comer alguma coisa antes de irmos? – perguntou ele, levantando e alisando sua roupa.

Neguei. Pedro sorriu e apagou a fogueira que fez. Pegamos nossos pertences e partimos.

– Eu tive um sonho essa noite... – comecei a dizer. A última coisa que eu desejava era o silêncio.

­ – Por que não me conta como foi?

Sorri e aceitei a proposta.

– Bom... Era um lugar. Uma caverna que parecia ser pequena por fora, mas que era gigantesca por dentro. Como uma casa, sabe? – suspirei – Edmundo, Eustáquio e outro garoto, que deduzo ser Rilian, estavam lá. Eles e a feiticeira. Apenas me lembro disso. Ah, sim! Lembrei de algo. Eles estavam cativos.

Quando olhei para Pedro ele parecia surpreso. Rapidamente abriu sua bolsa e pegou o mapa que Caspian havia nos dado.

Meu irmão colocou o mapa no chão e agachou.

– Lúcia, você se lembra de alguma caverna...? Alguma caverna que serviria de lar para alguém?

– Me lembro de uma, mas não sei se ainda existe. Lá era a casa do Sr. Tumnus – suspirei – Sinto saudades...

Pedro apontou para uma caverna que havia achado no mapa. Aquele lugar me era familiar. Um pouco antes daquela caverna, havia um lampião.

Pedro me encarou.

– Lúcia, você lembra?

– Claro que sim! Nunca, nunquinha vou esquecer! – animei-me – Mas para que toda essa busca? Você acha que meu sonho é real? Achas mesmo que a feiticeira está na caverna do Sr. Tumnus? E, que além de Rilian, ela está com Edmundo e Eustáquio?

– Não custa descobrir.

Parei para pensar. Pedro até poderia estar certo. Nós já quase andamos Nárnia inteira e essa era a única caverna que conhecíamos.

Meu irmão levantou, recolheu o mapa e colocou de volta na bolsa. Andamos por cerca de mais algumas horas. Logo a frente havia um lago com uma cachoeira. Sugeri então que parássemos ali. Pedro concordou.

Quando estávamos perto do lago, vimos dois daqueles minotauros que haviam levado Eustáquio e Edmundo. Esses estavam atacando dois unicórnios – um branco e um negro. Pedro disse para que eu ficasse atrás de uma das árvores. E assim fiz. Ele, ao contrário de mim, se aproximou um pouco de onde os dois animais estavam. Meu irmão pegou seu arco e atirou duas flechas naqueles monstros. Saí de traz da árvore e fui para o lado dele. Os unicórnios também se aproximaram.

– Por Deus! Vocês estão bem? – perguntei.

– Estamos sim. Obrigado. – respondeu o animal negro – Meu nome é Eclipse. Essa é minha irmã, Cristal.

­­– Sou Lúcia. E ele é meu irmão, Pedro.

­–Que fazem aqui? ­– Cristal perguntou. Logo depois deitou.

Os dois deitaram, na verdade. Pedro e eu sentamos também, contando toda a nossa história. Assim que terminamos os unicórnios ofereceram ajuda. Meu irmão e eu aceitamos sem demora.

– Vocês querem maçãs? – perguntei, demonstrando um tratado de amizade.

Os dois aceitaram.

Peguei a bolsa de Eustáquio. Lá havia duas maçãs perfeitas. Dei-as para nossos novos amigos.

O resto do tempo passou voando. Logo já estava anoitecendo. Eclipse disse para que passássemos a noite com eles. Com toda animação (e cansaço) aceitamos.

Pedro pegou vários gravetos que havia debaixo de uma árvore, ajeitou-os e Eclipse acendeu uma fogueira com seu chifre.

Os unicórnios logo dormiram. Pedro alegou que ainda não estava com sono.

Deitei perto da Cristal e comecei a olhar para as estrelas. Fiquei pensando se Edmundo e Eustáquio estavam bem. Raciocinei se Pedro estava certo sobre o sonho que eu tive. E logo, depois de uma overdose de pensamentos, dormi.


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