we didn't meet by accident escrita por isabella


Capítulo 2
Capítulo 2 - Rio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ;D



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No dia seguinte levantei depressa. Separei um dinheiro e coloquei em minha carteira. Vesti-me e desci para tomar o café. Desta vez meu pai estava em casa. Cumprimentei a todos e preparei ovos com bacon. Comemos todos em silêncio, e pareceu durar uma eternidade, mas eu já estava acostumada, pois minha família nunca foi de falar muito. Minha mãe acabou antes de todos, e saiu para o trabalho. Vini foi com ela. Ele tinha aulas de manhã numa escola especializada para ensinar aos futuros alunos de medicina – em outras palavras, vários professores particulares que se juntaram e criaram uma miniescola – mas ele foi com carro dele. E sobramos eu e meu pai. Não sei o porquê, mas nunca fui muito íntima do meu pai, na verdade sentia-me até um pouco exposta quando falava com ele sobre a minha vida. E às vezes me sentia incomodada com a presença dele – não que eu não o amasse, eu o amava muito, mas é que nunca rolou nada entre nós e, eu não sabia explicar aquilo. Peguei minha mochila, dei adeus ao meu pai e fui para escola.

Chegando lá, encontrei com Isabella e Bruna que estavam conversando. Isabella me parou, e se despediu de Bruna.

–Ei, Thats! Então, Luiza falou com você? – ela perguntou sorrindo.

–Ah, ela falou sim. Estou com o dinheiro aqui, mas e isso da sua irmã? Ela vai nos levar? Está tudo certo?

–Está sim, que ótimo que vamos fazer compras juntas. Caso o contrário, eu teria de ir sozinha com Caroline, e ela é muito chatinha pra fazer compras – sussurrou ela. – Ela nunca gosta de nada que a gente escolhe.

–Verdade! É um saco mesmo fazer compras com ela, uma vez eu fui e foi um desastre – eu disse, e ela riu. – Nunca mais!

–Com certeza – ela concordou e nós rimos.

–Eu até disse isso para a Lu, e disse para não chamar – eu ri mais um pouco. – Amo a Carol, mas não da pra fazer compras com ela não, é impossível – eu disse, e comecei a andar.

Isabella me seguiu e entramos na escola.

–Pois é. Bom, então nos vemos no intervalo? – ela sugeriu.

–Pode ser, vou falar com a Lu e nos encontramos lá. Fale com a Jess, e ficamos nós quatro – murmurei – é bom, porque assim nós não vamos ter que passar o intervalo com as meninas da minha sala, elas são muito sem graça. Só sabem fofocar, nunca tem assunto sobre a vida delas, é sempre sobre a vida dos outros. Irrita – nós rimos.

–Está bem então – ela riu. De repente o celular dela tocou, era uma mensagem – Ah, é da Jess, ela está me mandando encontrar com ela em seu armário. Bom, nos vemos então – ela respondeu a mensagem e depois me abraçou.

–Até – eu sorri e acenei.

Fui para o meu armário pegar os livros que eu precisaria usar nas aulas do dia e encontrei com a minha melhor amiga.

–Thatianna, você não vai acreditar... – ela disse muito empolgada, o que me causou suspense. Eu não gostava de surpresas.

–O que, meu deus? O que foi que você fez agora, Luiza? Eu já te disse para ser educada com os professores e...

–Não é nada disso! – ela me interrompeu. – É sobre o Igor...

Meu coração acelerou. O que foi estranho.

–Sim? – perguntei, tentando esconder minha curiosidade.

–Ele quer ir ao baile com você! – ela gritou com um sorriso gigantesco. – Não é lindo?

–Lindo? Eu diria improvável – meu coração parou. – Isso é impossível, você só pode ter ouvido errado. Quem te disse essa maluquice?

–Não é mentira, ele que veio falar comigo hoje e, pediu para eu te perguntar. Ele ficou com vergonha de chegar a você e levar um “não” – ela disse. “Que idiotice. Como se eu fosse dizer não para um tremendo gato como ele”, eu pensei.

–Ah, por mim tudo bem – disse mascarando minha felicidade num sorriso minúsculo, e dei de ombros.

–Sério? Então você aceita? – ela disse com mais animação, o que fez o meu coração voltar a bater mais rápido do que antes. – Ah, que casal fofo vocês – ela gritou.

–Sh! Não fale isso alto! – eu sussurrei. – Calma, eu ainda vou falar com ele. Quero que ele fale isso para mim.

–Então tá, vamos para a sala – ela disse decidida e me puxou pelo punho direito. Eu fui arrastada até a sala.

Fechei o armário com a mão esquerda o mais rápido possível, antes que eu não o alcançasse mais, e fomos quase correndo para a sala. Luiza quando gosta de alguma coisa – principalmente quando se trata da minha vida amorosa, e ela é quem está no controle – ela não desiste. Chegamos à sala um pouco mais devagar e, Igor me olhou sorrindo e depois piscou. Ele definitivamente era irresistível. Seu cabelo bagunçado liso e loiro num topete baixo, seu nariz fofinho, sua boca perfeitamente alinhada e seus olhos hipnotizantes. Quase babei olhando para o deus da beleza diante de mim naquele exato momento. E isso também, porque não falei nada sobre seu sorriso maravilhoso que fazia qualquer garota fã de boybands desmaiar. E ainda era inteligente, o sonho de qualquer garota. Agora era só descobrir se ele era legal. Aproximei-me dele e o cumprimentei, ele retribuiu com um sorriso e assentiu uma vez.

–Hm, então, você aceita? – ele perguntou meio inseguro.

Meu coração disparou e eu senti o rubor tomando meu rosto.

–Aceito o que? – me fiz de desentendida.

–Ué? A Luiza não te falou? – ele ficou meio confuso.

–Ah, o baile... – baixei a cabeça, escondendo um sorriso.

–Então, você aceita ir comigo? – ele colocou a mão direita em meu queixo e levantou minha cabeça fazendo-me olhar em seus olhos. Fiquei completamente paralisada. Fechei e abri os olhos duas vezes para voltar para a Terra e responder a pergunta.

–Sim – eu sorri.

–Sim? – ele repetiu feliz, e sorriu, ainda encarando meus olhos.

Balancei a cabeça como resposta.

Sinceramente, quase desmaiei olhando para aqueles olhos perfeitos. Então ele colocou a mão na minha cintura e afagou meu rosto com a outra mão.

–Seu sorriso é maravilhoso – ele disse ainda olhando nos meus olhos.

–O meu? Você já viu o seu? – eu disse rindo. Desviei o olhar, antes que eu ficasse igual a uma pimenta, porque com tudo isso, eu deveria estar mais do que vermelha.

–Não tem comparação com o seu – ele sorriu.

O professor chegou à sala e nos mandou sentar. Fiquei com um pouco de raiva dele por me separar de Igor, mas tentei me acalmar dizendo a mim mesma que ele seria meu na sexta à noite.

Passei quase o dia inteiro pensando em como seria a minha noite. Claro que também imaginei o nosso primeiro beijo. Senti um frio na barriga imediatamente. A aula havia acabado e era hora de ir para o Rio. Passei uma mensagem breve e direta para Vinicius explicando, e disse que ele não precisaria me buscar. Não demorou muito para que ele me respondesse...

Ok. Não volte tarde pra casa, mamãe te quer pro jantar. Nos vemos à noite. Beijos.

Respondi um “Tudo bem” depressa e fui procurar as meninas. Andei para fora da escola e vi Isabella acenando para mim, ela fez um sinal para me apressar. Dei uma corridinha até o carro e fui para o banco de trás. O carro de Manuela era bem grande e nós cinco cabíamos nele sem esforço, mas não era maior que o de meu irmão. A viagem foi curta, não tinha muito trânsito na ponte. Manuela ligou o rádio e Lu, a rainha da fofoca, contou tudo sobre meu par. Inventou também algumas coisas, e lógico que eu tive que desmentir. Manuela e Jéssica apoiaram-na, dizendo que eu não deveria perder tempo, e devia ficar logo com Igor, porque um garoto como aquele não fica solteiro para sempre. Achei tudo aquilo uma bobagem porque se ele gostasse de mim de verdade me esperaria, mas não disse nada.

Decidimos visitar os shoppings antes de ir às lojas soltas pela cidade. Manuela nos deixou na porta e disse que nos encontraria às cinco horas para voltarmos à Niterói. Isabella e Luiza foram na frente empolgadíssimas com o baile, mesmo não tendo um par. Jéssica me acompanhou mais atrás e seguindo meu ritmo mais lento de andar, prestando mais atenção em cada vitrine. Elas entraram numa loja cara, com roupas muito bonitas. Jéssica segurou no meu braço esquerdo e me puxou para nos apressarmos. As meninas já estavam com dois vestidos nas mãos e nós duas sentamos nas cadeiras ao lado da vitrine. Isabella entrou no provador com uns cinco vestidos e nós três ficamos esperando para julgar. Ela saiu com o primeiro vestido. Ele era de cor vinho quase marrom, tomara-que-caia curto, justinho nos seios com algumas pedrinhas minúsculas cintilantes, e descia mais soltinho.

–Amei – disse sorrindo. – Ficou lindo!

–Eu também adorei, Isa. Mas é um baile, não é? Não quer tentar um vestido longo? – Jess perguntou.

–Verdade, mas ficou bem bonito – Lu disse.

–Acho que não faz diferença o vestido ser curto ou longo, ele só tem que ser bonito e não muito vulgar – Isabella falou.

–Fato – concordei.

Isabella voltou para o provador. Acabou que compramos nossos vestidos naquela loja mesmo. Isabella comprou um vestido um pouco acima dos joelhos, azul de cetim, com alças, justinho nos seios com um tecido de renda preto, e descia mais largo, muito bonito. Jéssica comprou um vestido vermelho longo e colado no corpo até as coxas, simples e liso, com algumas pedrinhas brilhantes brancas na região dos seios. Luiza comprou um vestido com alças, roxo e justo, alguns dedos a cima do joelho. E eu comprei um vestido branco tomara-que-caia justo nos seios com uma fita rosa clarinho abaixo e, descia larguinho, um pouco a cima dos joelhos, com uns detalhes verdes em baixo. E os sapatos compramos numa loja do terceiro piso, eu comprei um salto alto branco e simples, Isabella comprou um preto, cheio de brilho violeta, Luiza um salto preto com uns detalhes marrom e Jéssica uma sapatinha vinho escura.

Terminamos as compras e descemos para o segundo piso. Fomos para a praça de alimentação. Sentamos em uma mesa e pedimos um Fast Food. Começamos a conversar sobre os meninos e, com quem Lu e Isa gostariam de ir.

–A Thati tem sorte de já ter um par... – Isabella disse fazendo uma carinha triste.

Eu ri.

–A Jess também tem – eu disse, ainda rindo um pouco.

–Quem? – Luiza perguntou.

–Eu vou com o Victor – ela riu, com as bochechas tomadas por um rubor clarinho.

–Ata – Isa sorriu. – Eu estava querendo chamar o Leo, mas eu não sei se ele vai querer ir comigo.

–E você vai pedir pra ele? – Luiza perguntou incrédula.

–Qual o problema, Lu? Século XXI, as meninas tem que se mexer também – impôs Isabella. Nós rimos.

–O Gabriel comentou comigo que o Hugo estava querendo ir com você, Isa. Não quer pensar antes de pedir pro Leo? Tem mais peixe no mar – Jess falou baixo.

–Quem sabe. Meu mar é realmente bem cheio. Mas chamar o Leo é só uma opção, eu recebi outros convites, mas disse que ia pensar – ela se gabou.

Isabella era linda, realmente ela poderia ter recebido outros convites.

–Quem? – Lu ficou curiosa.

–O Hugo já veio me pedir – ela disse olhando para Jess. – O Fábio, o Rodrigo e o Bê.

–Bernardo? Qual deles? – Jess perguntou.

–Costa – Isabella respondeu.

–Hm, se deu bem! – eu disse.

–E ainda quer ir com o Leo? O Fábio é lindo demais! – Lu comentou, com um sorriso enorme.

–Pois é – Isabella riu. – Por isso eu disse que o Leo é uma opção, e bem arriscada.

–Escolhe logo, antes deles chamarem outras meninas, Isa – Jess avisou.

–Eu sei. Mas foi até bom a gente vir juntas, eu posso pedir a opinião de vocês, com quem vocês acham que eu devo ir? – ela perguntou verdadeiramente em dúvida.

Não havia muito que dizer, afinal, a escolha deveria partir dela, e não da gente.

–Acho que você deveria ir com o Fábio – Luiza disse.

–Por mim você escolhe, mas se fosse eu, iria com o Bê.

–Eu acho que você deveria arriscar ir com o Leo, já que foi o único que você demonstrou interesse, aponto de pedir pra ele – eu disse por fim.

–Verdade, Thati. Então, acho que vou arriscar no Leonardo. Espero que ele me aceite – ela disse com esperanças. Sorrimos para ela. Desejei-lhe sorte em minha mente.

Quando fomos jogar os restos da comida fora, Isabella recebeu uma mensagem de Manuela, dizendo que estava do lado de fora do shopping esperando a gente. Pegamos nossas sacolas e nos dirigimos para os elevadores. Descemos até o primeiro piso e fomos para a porta. Manuela estava lá, e buzinou para que a encontrássemos. Entramos no carro e partimos de volta para Niterói. Manuela nos perguntou como foi nosso dia, Isabella e Luiza se encarregaram de contar tudo, e inclusive pediu a opinião dela quanto a Leonardo. Manuela disse que o par para o baile é uma decisão pessoal, e só ela poderia decidir. Foi basicamente o que eu pensei.

A volta foi tranquila, Jess estava exausta e o papo com ela não evoluiu. Por um minuto pensei que ela estivesse dormindo. Encostei meu braço na porta do carro e apoiei minha cabeça na mão e, encostei-me à janela, olhando com atenção o mar.

Cheguei a casa à noite, mas a tempo para o jantar. Minha mãe perguntou como foi e dei uma resposta breve, porque eu não estava com muita vontade de conversar. Estava morrendo de sono. Jantei rápido e depois subi com as sacolas na mão. Peguei meu vestido e pendurei-o em um dos cabides. Depois coloquei os sapatos num espaço vazio do armário perto do vestido. Então, joguei as sacolas no lixo. Por fim, vesti meu pijama de cetim rosa e deslizei lentamente em minha pele para sentir a maciez. Tentei fazer a ficha cair, eu iria mesmo ao baile com o Igor. O estranho era que eu não o conhecia bem o suficiente para chamá-lo de amigo e, estranhava ele ter pedido para ir comigo – talvez por não conhecer mais ninguém da escola. Mas eu sentia que tinha intimidade o bastante para desabafar com ele. Era esquisito, mas eu gostava – eu só esperava que ele sentisse o mesmo. Desliguei as luzes, deixando apenas o meu abajur da mesinha de cabeceira ligado. Deitei por um minuto na cama tentando esclarecer e limpar minha mente. Quando finalmente concluí o objetivo, desliguei o abajur, e coloquei minha máscara de dormir.



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