Eu voei até a colina e de lá de cima vi a cena, vários parias estavam lá, eles estavam em menor numero, mas pareciam com vantagem. Coloquei a mão no meu colar, ele estava quente e eu quase não conseguia ficar com ele no pescoço, me lembrei das palavras de Luce "esse colar tem que ser passado para alguém, alguém que você ame". Eu não poderia dar esse colar para Cam, e eu nem o amava mais, ele era só mais um idiota que passou pela minha vida. Mamãe? Ela era a única pessoa ali que sobrara, mas nunca aceitaria o colar. O jeito ia ser dar para alguém que não amava.

Pousei e peguei meu arco, tinha sete flechas, precisava tomar cuidado com elas, flexionei as asas, para que não ficassem tão grandes, e corri até o campo de batalha, assim que cheguei esbarrei com Daniel.

— Você veio?- ele pareceu incrédulo.

— Não podia deixar de lutar- retirei o colar e o entreguei a ele- toma!

— Mas...

— Fique com ele, e entregue a alguém que você ame, ou confie- peguei uma flecha e atirei certeiramente em um pária, corri para pega-la e esbarrei com outro, ele me jogou no chão, lhe dei um chute o jogando para o outro lado e peguei a flecha, nem se dei ao trabalho de coloca-la no arco, cravei em seu joelho, o desmanchando em pó.

Avistei minha mãe lutando ao lado de um anjo negro, eu já tinha visto ele, seu nome era Castiel. A luta dos dois contra os párias que os estavam rodeando estava acirrada, coloquei mais uma flecha no arco e atirei, desmanchando um em pó. Megan olhou para onde tinha vindo a flecha parando seu olhar em mim, logo era ficou brava.

— O que você está fazendo aqui?- ela gritou brava e matou um pária, ela estar nervosa era até bom para a guerra, mas não para mim.

— Mãe, eu tinha que vir!

Virei as costas para ela, entrando mais na guerra, vi anjos morrerem, e aquilo eram deprimente, a poeira já subia e estava ficando difícil ver. Vários párias começaram a me cercar, comecei a andar para trás pausadamente quando minhas costas roçaram com a de alguém, olhei por cima do ombro e reconheci a pessoa, Cam.

— O que você está fazendo aqui?- ele brigou, eu peguei uma flecha e entreguei a ele, assim que nossas mãos se tocaram, meu corpo foi preenchido de uma energia que eu não conhecia, mas pareceu me deixar mais forte e determinada a vencer.

— Não lhe devo explicações Cameron- respondi fria e atirei em um pária, a flecha quicou caindo perto dos meus pés, a peguei rapidamente, já cravando nas costas do outro que tentou pega-la.

— Você é boa- Cam me elogiou e eu revirei os olhos.

Olhei para a guerra e vi Ariane, ela estava como sempre, dando lições de moral nos párias enquanto os matava, ela me viu e acenou, soltando um sorrisinho, acenei de volta meio rapidamente. Olhei para a esquerda e vi um paria apontando o arco para ela preparei o meu e lancei, o matando antes que ele pudesse lançar.

A guerra continuou por mais duas horas, eu estava exausta e meu braço estava sangrando. Matei um pária com um golpe certeiro na barriga, sorri feliz, faltavam cerca de cinco párias. Senti uma picada na nuca, começou a arder. Coloquei a mão na nuca e puxei a seta. Aquilo somente matava anjos, e eu era metade anjo.

Meu corpo começou a arder e a minha vista embaçar, cambaleei pra trás e a última coisa que vi foi Cam.

— Annie?

***

A primeira coisa que vi foi uma garota de grandes olhos negros e cabelos também me observando com curiosidade, assim que ela percebeu que eu estava acordada, soltou um sorriso.

— Ainda bem que acordou...

A interrompi.

— A guerra? O que aconteceu?- estava eufórica.

— Ganhamos, quase perdemos por sua culpa, não ouviu meu conselho sobre dar para alguém que amava?- ela me perguntou.

— Luce?

— Sim- ela afirmou- por sorte, Daniel entregou o colar para Cam e só aí conseguimos ganhar...

Corei instantaneamente.

— Olhe... Meus sentimentos por Cam...

— Ei, fique sossegada Ann- ela hesitou- posso te chamar assim né?

— Claro- assenti.

— É algo difícil um relacionamento com um anjo, mas Ann, você pode viver isso se quiser...

— Não quero ter um relacionamento com Cam, não tenho certeza dos sentimentos dele por mim e... – agora foi a vez dela me interromper.

— O colar só teria poder se o sentimento fosse recíproco- Luce sorriu, fiquei confusa, abri a boca para falar algo quando Daniel apareceu.

— Olá meninas, Annie, sua mãe esta brava com você, mas orgulhosa, por mais que ela não deixe transparecer, está sim. – ele sorriu e sorri também. Luce se levantou e suspirou.

— Já vou indo Ann, meu tempo para ficar no acampamento não é tão grande, nos vemos qualquer dia- Luce sorriu e acenou para mim, acenei de volta e a olhei sair abraçada com Daniel.

Fiquei ali parada, observando meu braço, eu sempre me machucava naquele braço, ela incrível, um dia ainda iria perdê-lo, ri com meu pensamento e uma risada me acompanhou. Olhei pra cima e vi Nico.

— Oi- falei para ele.

— Olá, fiquei sabendo do seu desenvolvimento na guerra, meus parabéns.

— Obrigada- me forcei a sorrir, minha língua secou, olhei para o copo d'água e o fiz levitar até mim, bebi a água sendo observada por Nico, com um olhar assustado- o que foi?

— Uau, isso foi... O máximo- ele sorriu.

Ouvi um barulho de saltos, minha mãe apareceu, ela já estava recuperada da guerra, parecia ter acabado de sair do salão de beleza, na verdade, ela sempre parecia ter acabado de sair do salão, mas aquela era só minha mãe, sempre bela, talvez mais até que Afrodite. Megan cruzou os braços e lançou um olhar a Nico, pedindo que saísse.

— Depois nos vemos- ele disse antes de sair.

Mamãe se sentou do meu lado e deu umas tapinhas na minha perna.

— Pode falar.

— Você foi boa com um arco e flecha, estamos agradecidos, mas Annie Bela Triz Simons, nunca mais ouse fazer isso novamente! Não pode ir para uma guerra quando digo que não deve ir! – ela aumentou o tom, percebeu que falou alto demais e voltou ao tom normal- estou orgulhosa de você Bela.

— Obrigada mãe- nos abraçamos, ela deu um beijo na minha testa e suspirou.

— Ele quer falar com você- ela se levantou.

— Ele quem?

— Você sabe e... Não quero você namorando, por mais que eu conheça Briel, não estou acostumada com você tendo 15 anos...

— Mãe, eu não quero namorar!- a acalmei e ela sorriu.

— Avise isso pra ele então. – Megan saiu batendo o pé.

Respirei fundo e me sentei na cama, coloquei os pés para fora e calcei meus tênis, senti uma grande dor de cabeça quando Cam entrou, ele me observou e sorriu.

— Fico feliz que esteja bem... – ele começou.

Ele se sentou do meu lado e me olhou nos olhos, seus olhos verdes estavam cintilantes, Cam segurou minha mão e pensou no que falar. Fiquei com medo do que ele pudesse me dizer, mas suas palavras me deixaram mais sossegada:

— Em resposta daquele dia [...]