A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 13
Capítulo 13 - A dama das águas




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Dalila calçou seu par de tênis e organizou a mochila. Ela iria passar o final de semana fora, conseguiu uma folga dupla, já que havia trabalhado sem parar nos últimos dias. Ela explicou algumas coisas para Sally, como quando o chuveiro parava de sair água quente, precisava ligar e desligar a chave de luz. Também algum dinheiro, caso ela precisasse. Após outras recomendações feitas, pode se despedir da amiga.

Infelizmente, Dalila teve que mentir para Sally. Disse que iria fazer trilha e rapel com Calyce, ao invés de contar que estava indo conhecer sua mãe.

Quando chegou na mansão de Poseidon a beira mar, Calyce a aguardava no píer. Dalila não esperava que iria viajar no mesmo barco que Sally visitou, no primeiro jantar com Poseidon.

— Dalilinha! — Falando nele. Poseidon usava um quepe de capitão e vestia roupas brancas. Dalila não conteve um sorriso. — Você vai amar o mar, tal como sua mãe, seu pai... e eu, claro.

Ela aproximou-se do barco e subiu pela escada, deixando a mochila no chão. Não estava ainda acostumada com Poseidon chamá-la daquele jeito, mas Calyce pediu para ela dar uma chance ao deus.

— Você também vai? Achei que fosse ficar com Sally. Ela vai ficar sozinha o final de semana todo.

— Minha doce Sally Jackson pode ficar um dia sem a minha presença. — Ele disse, enquanto preparava a partida do barco.
Calyce se aproximou: — Conte a verdade para ela senhor.

— Que verdade? — Dalila também queria ajuda, mas não fazia ideia de onde começar.

— O senhor Poseidon, em sua mais alta esperteza, fez um pedido anônimo para Sally.

— As bolsas? Foi você quem as pediu? — Dalila olhou séria para Poseidon. — Ela disse que vai passar o final de semana todo costurando e colando conchinhas em bolsas, porque recebeu um pedido de uma loja.

— Sim. Não entendo porque ficou alterada. — ele notificou.

— Está mentindo para ela!

— Estou ajudando. — Poseidon largou uma corda nas mãos de Calyce, que a segurou sem problemas. — Eu a ofereci um emprego na sorveteria, Sally recusou. Ofereci uma ajuda de custo, Sally quase me atirou um garfo na cara. Então foi a única forma de ajudar, sem que ela se sinta mal com isso.

— Entendi. — Dalila quis se desculpar por sua atitude, mas a essa altura Poseidon já falava sobre sua mãe e como elas iriam se dar bem juntas.

— Minha mãe... ela teve outros filhos como eu?

Poseidon ajeitou o quepe de capitão na cabeça, e pediu um drink para Calyce, que o atendeu prontamente.

— Não, você é a única que eu conheço.

— E você? Tem algum filho como eu?

— Também não, pelo menos... já faz algum tempo desde o último, mas não é uma história feliz. — Ele moveu o pescoço, relaxando os ombros. — Bem, vamos zarpar meninas.

O barco dirigiu-se para a ilha das Nereidas.

No caminho, Calyce e Poseidon contaram sobre um acampamento meio sangue, ao qual Dalila deveria conhecer, já que ela não era a única filha de um deus. Mesmo com vinte anos de idade, poderia participar, caso desejasse. Também falaram sobre os perigos que era ser um meio sangue.

Dalila não sentiu medo, ao contrário, ela estava satisfeita em conhecer a verdade. Sempre achou que fosse um pouco diferente dos demais, mas somente porque costumava viajar muito com o pai que trabalhava em pavimentação urbana. E nos feriados, ele costumava viajar para praia, ou para um lago.

Gostava de pescar, mas sempre devolvia o peixe a água. Dalila contou que ele era um homem bom e gostava de tirar fotos. Foi aí que conheceu sua mãe, em uma dessas viagens ele a encontrou.

Mas agora ela não sabia se realmente era uma história verdadeira.

Dalila podia ver a ilha com o binóculo oferecido por Poseidon, que retirou o quepe de capitão por ordens de Calyce. A loira afastou-se por um momento, ordenando que eles se preparassem para ancorar. Iriam até a ilha em um bote.

— Não ligue. Calyce sempre fica nervosa quando vem aqui. — Poseidon se levantou, dando instruções.

A ilha foi crescendo diante dos olhos de Dalila conforme o barco se aproximava, mas a uma certa distância, o barco parou e ficou flutuando na água. Quando Dalila olhou para trás, Poseidon e Calyce já não eram mais pessoas normais, pelo menos não por suas vestes. Talvez, agora, ela acreditasse mais que eles realmente eram deuses.

— Vamos dar um passeio? — Poseidon segurou-a pela cintura e foi de encontro água. Dalila gritou, assustada, de olhos fechados. Mas quando percebeu que não havia afundado, e nem sequer se molhado, abriu os olhos para ver o deus dos mares a levar até a areia, onde a deixou.

Calyce juntou-se a eles em seguida.

— Onde estão todos? — Dalila perguntou caminhando pela areia.

— Espere só mais um pouco. — Poseidon partiu na frente, em direção as árvores.

Quanto mais caminhavam, mais Dalila estava curiosa com aquele lugar. Haviam plantas de todos os tipos. Árvores gigantescas, flores brotavam, tão lindas e coloridas. Os pássaros cantavam. Era como um paraíso ecológico, que Dalila já vira em jornais e visitara com seu pai.

Mais alguns minutos de caminhada, eles finalmente podiam ouvir o barulho da cachoeira, e uma doce melodia no ar. Dalila parou de andar, mas Calyce a incentivou a continuar.

Ela lhe sorriu docemente. Os cabelos de Calyce pareciam ainda mais dourados e decorados com pérolas. Seu vestido branco delineava bem suas formas, e a jovem quis saber um pouco mais da história dela, já que não sabia nada.

Mas, antes de ter a chance de perguntar alguma coisa, Dalila perdeu o fôlego com o que viu.

As nereidas estavam por todos os lados em volta a água que caíam da cachoeira, e seguia para o mar. As flores aqui era ainda mais belas e coloridas, os pássaros voavam rente a água. A canção vinha de um ponto central do lago. A bela mulher, aparentava apenas vinte e cinco anos e cantava uma canção, que automaticamente Dalila reconheceu. Era a mesma música que ela ouvia quando era pequena ao dormir.

Dalila se manteve estática no mesmo lugar, enquanto a mulher veio ao seu encontro. Seu longo cabelo castanho, estava enfeitado com algumas flores amareladas e rosadas, pérolas também enfeitavam a mulher, que vestia um manto azul celeste.

— Menina. — Ela estendeu a mão e acariciou o rosto bronzeado de Dalila, depois mexeu nos fios de cabelo dela, sorrindo docilmente. — Minha menina.

Ela a abraçou, um abraço de mãe.

Demorou algum tempo para Dalila se dar conta de que aquele abraço que sempre desejou, confortável e caloroso, que toda filha deseja sentir, estava acontecendo. Mas quando ela deu por si, estava agarrada ao corpo da mulher, chorando. Suas lágrimas eram de felicidade, Dalila sempre sonhara com um abraço materno. O pai de Dalila sempre contava como sua mãe era calorosa e carinhosa. E que ele se sentia mal por ela nunca poder provar a sensação de abraçá-la.

— Mãe?! — Dalila soluçou, esfregando as mãos no rosto, tentando se controlar. Sentindo-se uma verdadeira menininha.

— Sim. Sim, minha querida. — A mulher acariciou o rosto da jovem, e depois de alguns minutos admirando-a, ela virou-se para a segunda mulher ao lado de Dalila, e estendeu a mão na direção dela. — Calyce, minha menina.

Apesar de parecer um pouco dura, Calyce a abraçou carinhosamente.

— Senhora. Peço sua graça. — ela falou formalmente para a deusa dos mares.

— Minha filha, tem toda a graça que eu poderia oferecer.

— E eu? Não ganho abraços? — Poseidon aproximou-se delas. — Anfitrite, continua mais bonita que da última vez que a vi. Faz quantos anos? Dez? Vinte?

— Senhor dos oceanos. — A deusa virou-se para ele, ainda com um sorriso encantador nos lábios. — Cada ano que se passa sinto falta de seu ego. — Anfitrite não o abraçou, mas acariciou-o no rosto, como fizera com suas filhas. — Estou surpresa em saber que você a encontrou.

— Foi uma coincidência, mas uma agradável coincidência. — Poseidon viu que Dalila estava ainda contendo suas emoções e por isso achou melhor que Calyce a levasse para conhecer a ilha e suas outras irmãs, assim conversar a sós com Anfitrite.

Logo que as duas caminharam na frente, e as demais nereidas as cercaram cheias de gentilezas, a deusa e o deus afastaram-se discretamente. Poseidon contou o que sabia da história de Dalila, enquanto eles caminhavam por um jardim.

— Me sinto tão envergonhada por meus atos. — Anfitrite mexia nas pérolas presas ao seu cabelo. — Ainda que nosso acordo não me prenda ao casamento.

— Relaxa. — Poseidon aliviou a tensão, e abraçou-a, retirando aquele peso na consciência da deusa. — O que acha de mandar sua pequena preciosidade para o acampamento? Acho que ela poderia ajudar Dionísio lá.

— Não posso pedir a ela que abandone sua vida para viver no acampamento. Ela deve fazer suas próprias escolhas.

— Ela corre perigo lá fora sozinha. — Poseidon a alertou.

Anfitrite sentou-se num banco feito de pedras brancas. Ela jogou os cabelos para o lado, escovando-os com os dedos. Poseidon a admirou por alguns segundos, e sentou-se ao seu lado.

— Quando Dalila nasceu, eu temi o futuro dela. Consultei o oráculo da ilha, e suas previsões estão se realizando.

Nesse momento o deus dos oceanos tomou uma postura mais séria.

— E que previsão seria essa?

Anfitrite olhou para seu esposo.

— Não se preocupe com isso, meu senhor. — ela apoiou a cabeça no ombro de Poseidon, sentindo o braço amigável dele abraçá-la. — Não há nada o que se preocupar.

Eles retornaram e lá, Anfitrite pode contar tudo o que Dalila desejasse saber. Poseidon decidiu retornar, deixando a jovem aos cuidados de Calyce.


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Notas finais do capítulo

Minha Anfritite é uma fofa
Beijos