A Linhagem Sagrada escrita por elleinthesky


Capítulo 3
Capítulo 2 - Um Novo Lugar Pra Chamar de Casa


Notas iniciais do capítulo

A quem gosta de capítulos curtinhos: desculpem os 'testamentos', mas é que quando a imaginação aflora não consigo me controlar rs



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Como nunca havia estado em Nova York antes, logo de cara Amy já achou fascinantes todas aquelas luzes e pessoas competindo por espaço nas ruas da cidade. As primeiras semanas foram incríveis, com direito a muitas compras e decoração do apartamento novo.

“Papai e eu nos mudamos muito, mas sempre estivemos em locais calmos e onde não chamássemos muita atenção; Perth foi a maior cidade que já vivemos. Eu jamais havia conhecido um lugar como Nova York, isso aqui é mais que incrível”, disse ela em um email a Emma.

Apesar de ser um nephilim respeitado na Clave, Stephen sempre fez questão de levar uma vida mundana comum trabalhando como médico neurologista em alguns hospitais ao redor do mundo e por este motivo ele queria que Amy tivesse uma vida tão normal quanto fosse possível. Enquanto estavam morando provisoriamente em Nova York até que terminasse a reforma de uma casa que seus pais tinham em Nova Jersey, ela passou a estudar em um colégio mundano para meninas.

Era uma escola católica, o que não a surpreendeu em nada. Tudo era chato e irritante, inclusive as aulas de educação religiosa. A professora dizia que nephilim eram anjos desertores e seguidores de Lúcifer, o que ela sabia que era uma grande mentira. Nephilim não eram anjos, muito menos fantoches do Anjo Caído. Como ela precisava guardar o segredo, tudo o que fazia era abaixar a cabeça e tampar os ouvidos para tentar ignorar aquele monte de asneira que os mundanos acreditavam serem reais.

A única coisa de que ela gostava de verdade era o uniforme: sapatos pretos, meias ¾, saia de pregas, camisa de mangas longas e blazer com o brasão bordado no bolso; a fez lembrar do único lugar onde se sentia em casa, da Inglaterra.

Apesar de tudo o que aconteceu, Amy sentia falta de morar na Grã-Bretanha. Era verdade que a sua casa, sua verdadeira casa era em Alicante mas ela nunca se sentiu como se realmente pertencesse àquele lugar. Era uma boa cidade para relaxar ou passar as férias como um spa relaxante, mas nada se comparava com a vida em Northampton. Ela sentia falta de tomar chá com as poucas amigas que tinha, ir passear em Londres nos fins de semana, passar o dia no Nene Whitewater Centre com as amigas, visitar castelos e até mesmo sentar em qualquer canto do Cottesbrooke Hall and Gardens ou do Coton Manor Garden com um livro nas mãos e passar a tarde inteira ali, lendo. Amy jurou que em seu testamento pediria que a enterrassem naquela cidade, afinal tinha sido ali que ela nascera e passara alguns dos momentos mais felizes de sua vida.

Nova York era diferente em tudo. Era imensamente mais agitada e, nas primeiras noites no apartamento do The Carlyle Hotel, ela se deu conta que a ordem do lugar era “criadagem não cria amizade com hóspede/morador”. Ela achou que fosse algo particular do The Carlyle, mas prestando bastante atenção viu que era assim por quase toda Manhattan. Amy achava que esta era uma ideia um tanto quanto antiquada, bem século XVI.

Ela sentia falta do aconchego das cidades pequenas, aquela coisa de que todo mundo conhece todo mundo; apesar de não ser extrovertida, Amy gostava da sensação de ver rostos conhecidos passando por ela pela rua, receber acenos, sorrir para alguém e até mesmo ouvir “como anda o doutor?” vindo de alguém que fosse mais próximo, como um vizinho ou paciente de seu pai.

E então Nova York começou a ficar muito chata. Ela não fizera nenhum amigo desde que chegou; tinha apenas as colegas da escola, mas as meninas não pareciam apreciar o fato de ela ser inglesa e ter um sotaque extremamente forte. Os Ironwand não respondiam seus emails há quase um mês, o que a fez pensar que talvez estivessem em uma missão e não tinham tempo para lê-los. Depois de assistir todos os espetáculos da Broadway que a interessavam, fazer compras onde queria, ir a todos os museus da cidade, fazer três piqueniques no Central Park, fotografar as paisagens mais bonitas de Nova York e enviar alguns postais e souvenires para as amigas da Inglaterra, não havia mais nada que Amy julgasse interessante para fazer.

Seu principal refúgio estava na livraria Barnes & Noble da Union Square, onde – se tivesse sorte – podia ver algum autor famoso ou ainda pegar um autógrafo enquanto escolhia quais livros levaria. Ela aparecia por lá a cada três dias ou caso houvesse algum evento, como o lançamento de alguma obra que lhe parecesse interessante. Os vendedores do lugar a conheciam e já havia dado-se conta que ela era uma bookaholic, pois ela sempre saía de lá com pelo menos um exemplar em mãos. Amy ia e voltava de metrô, até porque ir do Upper East Side até a Union Square de táxi era quase como cometer suicídio financeiro. Não que dinheiro fosse um problema – e não era -, mas seu pai sempre a ensinara a administrar seus gastos conscientemente.

“A única parte ruim em nos mudarmos é o fato de ter que contratar um caminhão extra pra carregar todos os seus livros, sabia?”, costumava dizer Stephen. O que não era exagero, pois ela sempre exigia que seus livros fossem cuidadosamente embalados e transportados para não sofrerem nenhum dano. Os quase trezentos exemplares que Amy possuía variavam de biografias a livros de zoologia, passando por História, romances, suspenses e muitos outros.

Amy colecionava livros desde os 15 anos de idade, antes disso ela nunca se sentiu muito atraída por eles. Desde então, fazia questão de comprar ao menos um livro por semana, porém às vezes chegava a sair com cinco exemplares de uma loja. Ela sabia exatamente como fazer a alegria de qualquer vendedor; isso quando não entrava em uma discussão crítica sobre alguma obra e informava o nome de um vendedor diferente do que a atendera, se este não concordasse com ela.

O que mais irritava Amy era quando ela não conseguia encontrar determinado livro antigo ou clássico na Barnes & Noble. Quando isso acontecia, ela ia a um sebo chamado Strand Bookhouse na Broadway; pelo menos não era tão longe da B&N, dava para ir a pé se ela não estivesse com pressa.

Amy chegou a cogitar a possibilidade de abrir uma biblioteca por causa dos muitos volumes que possuía, mas depois de muito pensar a respeito da conservação dos seus “tesouros” ela desconsiderou totalmente essa possibilidade. Seus livros seriam considerados herança de família e somente emprestados àqueles que fossem de sua inteira confiança.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Me contem o que acharam de mais uma parte da história de Amy Graycastle (:
2bjs



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