Acordei pela terceira vez na madrugada. Suspirei. Estava escuro no chalé 11 e um pouco frio, mas ainda assim eu não conseguia dormir. Só dava alguns cochilos, mas nada de um sono decente.

Dante estava deitado ao meu lado, como todas as outras noites. Me sentei, suspirando de novo. Me levantei, enrolada no cobertor e saí do chalé.

Estava escuro, mas não devia ser muito cedo. Talvez umas 5 da manhã. Apertei o cobertor ao meu redor e passei a caminhar sem rumo. Espero que ninguém tenha me visto.

Parei, olhando o mar. O céu começava a se colorir de um rosa alaranjado. Ventava fraco, de uma forma confortável. Me sentei na areia, sentindo o cheiro de morangos.

O Sol se ergueu no céu, lentamente. O ar foi esquentando aos poucos. Fechei meus olhos, sentindo o calor no meu rosto.

Alguém me cutucou de leve. Abri os olhos, piscando. Eu estava deitada na areia, enrolada no cobertor. O sol já brilhava alto no céu. Eu tinha dormido.

– Bom dia. – Chad, se sentou ao meu lado. Me sentei também. – O que tá fazendo aqui fora?

– Acordei de madrugada e vim pra cá. Acabei dormindo. – Bocejei. Ele riu. – Quantas horas?

– Quase 9. – Ele coçou o nariz com a palma da mão. Encostei a cabeça no ombro dele. – Dante acordou preocupado com você.

– Desde quando ele se preocupa? – Dei de ombros.

– Vamos, Dante é um babaca legal. – Chad deu uma risada fraca. – Sério, ele foi me procurar quando viu que você tinha sumido. Achou que você tinha fugido pro meu chalé.

Bocejei de novo. Chad passou o braço por minha cintura, sorrindo. Eu podia ouvir os campistas seguindo com suas vidas perto de nós, mas ignorei. Me forcei a ficar de pé.

– Vem, tenho que tomar café. Qualquer coisa. – Puxei ele pela mão.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Scirus conseguiu um copo de café pra mim, não sei de onde. Não gosto de café, mas aceitei. Ele tinha crescido um pouco nos últimos dias, com os chifres maiores também.

Assim que acabei, voltei para o chalé. Peguei meu livro e comecei a ler. Por mais que eu insistisse que estava bem, Quíron ainda não me deixava fazer nada.

Acabei o livro em meia hora. Deixei-o no chão, perto das minhas coisas e saí do chalé. O sol estava no pico. O dia estava agradável, apesar do tédio. Voltei a caminhar a esmo.

Parei quando vi que estava quase saindo do Acampamento. Estava perto da árvore de Thalia. Me sentei em uma das raízes, olhando as outras árvores. Fechei meus olhos.

Um estalo me fez abri-los de novo. Outro estalo. Vinham do outro lado da árvore. Altos. Vi alguns campistas se aproximando. Me levantei e dei a volta no pinheiro.

A casca estava se rompendo em certos pontos. Uma forma começou a surgir entre folhas, cascas e raízes. Uma garota. Franzi o cenho. Eu sentia a árvore muito mais viva do que antes. Muito mais viva.

Outros campistas já estavam ao nosso redor. A garota abriu os olhos, azuis elétricos. As palavras dela para um dos campistas depois de alguns segundos e de alguma indagação me confirmaram o que eu achava.

– Eu sou Thalia, filha de Zeus. – Thalia tinha voltado.