Batman: a Salvação de Gotham escrita por Fizban


Capítulo 5
Um Homem de Negócios


Notas iniciais do capítulo

“As coisas aparentemente mais insignificantes são as de maior importância”.
Sir Arthur Conan Doyle



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O Iceberg era uma famosa e fina boate de Gotham City e, como toda casa noturna, tinha uma discoteca, um bar e um palco para espetáculos; tudo em cinco andares. No entanto, diferente da maioria, este era um daqueles lugares respeitáveis em que nunca se convidaria as dançarinas para fazer um programa. Grandes shows eram realizados ali e era comum que a nata da sociedade se encontrasse ali para suas “reuniões de negócios”.

 

            Muitos conheciam bem seu dono, o simpático Oswald Chesterfield Cobblepot, que visitava todos os grandes clientes em suas mesas e a despeito de sua aparência, todos se sentiam mais confortáveis perto dele. Entretanto poucos o conheciam como o criminoso Pingüim e seus negócios ilícitos ligados a várias máfias do submundo da cidade.

 

As coisas não andavam como antes e cada vez mais pessoas descobriam seu segredo; aquilo não era bom. Cobblepot era constantemente inquirido sobre seus negócios escusos e aquilo espantava sua clientela da casa noturna, já que ninguém queria ter relações com um criminoso. Mas o problema foi transformado em oportunidade e Oswald aproveitou a “fama” recente para ser alvo da mídia e inverter sua situação de possível criminoso em um grande empreendedor que estaria sendo perseguido por seus concorrentes. Um homem de negócios.

 

Assim, naquela fria noite de janeiro, uma coletiva de imprensa foi preparada para que o dono do Iceberg falasse pela primeira vez na televisão. As maiores emissoras de televisão de Gotham estavam lá e alguns dos seus melhores âncoras de TV foram escalados para a ocasião.

 

Claro que Cobblepot só aceitou ser entrevistado em sua boate e assim acabar por fazer publicidade para seu grande negócio. Nunca o Iceberg esteve tão lotado e todo um aparato foi preparado para receber os jornalistas, incluindo os melhores pratos totalmente gratuitos para a imprensa. Tudo tinha que ser perfeito, pois depois daquele dia a cidade seria dele.      

 

-          Senhor Cobblepot, senhor Cobblepot! – iniciou uma dos âncoras. – Aqui é Angie Molina do GKLX News. Gostaria de saber o que o senhor tem a dizer sobre o Pingüim!

 

-          Parece que atribuem a mim a identidade de um criminoso chamado Pingüim, – respondeu Oswald. – mas digo com absoluta certeza que todos os meus negócios são legítimos! Sou um homem de negócios.

 

-          Senhor Cobblepot, aqui é Arturo Rodriguez do WGTV! – disse outro jornalista. – Não é verdade que Pingüim era seu apelido de infância? Não é verdade que sempre foi uma criança violenta?

 

-          Sim, um apelido devido à minha aparência! – voltou a falar o dono da Boate Iceberg. – Sempre fui perseguido na minha infância, forçado a reagir para sobreviver. Todos tinham que ser enérgicos naquela época e, às vezes, sua fama o precede! Há violência em Gotham, é claro, mas não vem de mim nem de ninguém que eu emprego e direi o porquê. Porque não é bom para os negócios.

 

-          Acha que o senhor está sendo perseguido agora?

 

-          Vou dizer uma coisa para vocês, não fiz nada para magoar essa gente, mas eles estão zangados comigo e o que fazem? Ficam inventando essa historinha de Pingüim que não podem provar, apenas para me aborrecer. Falam comigo como homens? Não! Perseguem um homem de negócios!

 

-          Senhor Oswald! Aqui é Winona Chen do WUGC. Está dizendo que o Pingüim não existe?

 

-          Sinceramente? Obviamente não existe, ou acham realmente que algum mafioso respeitaria alguém com esse nome? Não que eu entenda desses criminosos, é claro! No entanto, acho difícil que os marginais temerem um homem com minha aparência e esse apelido.

 

Todos os jornalistas da coletiva riram da simples idéia de que aquele homem baixinho, vestindo um smoking preto Armani e com seu charuto Cohiba Genios, fosse um dos chefões do crime em Gotham City. Cobblepot era gordo e de nariz avantajado muito semelhante ao de uma ave, ao de um pingüim.

 

-          Sou Ana Newton do WHAN-TV! Se o que diz é verdade, então por que sua boate precisa de tantos seguranças?

 

-          Bom, alguém se mete comigo, eu me meto com ele! – respondeu Oswald em um tom jocoso. – Alguém me rouba e eu digo: “Você me roubou!” Entende?

 

-          Na verdade não!

 

-          Olha, fui criado em um bairro violento e lá diziam: “Você se dá melhor com uma palavra delicada e uma arma do que só com uma palavra delicada”. – voltou a falar Cobblepot gerando risos de todos. – Sou um homem de negócios! Pior ainda, um negociante na cidade mais corrupta da América. Isso é suficiente para você?

 

-          O senhor realmente espera que acreditemos nisso? – perguntou Arturo da WGTV. – Que é um homem acima de suspeita? Que não existe um mafioso chamado Pingüim ao qual a polícia já atribui 37 crimes?

 

-          Bom, essa é Gotham! Se quiser acreditar que sou o Pingüim fique à vontade! Afinal quem pode te condenar? Muitos acreditam que tem um morcego gigante caçando criminosos! Até li no Gazeta que há um mafioso que é apenas um boneco de madeira! Essa é Gotham e o Asilo Arkham está mais cheio de criminosos que a penitenciária da cidade!

 

-         Aqui Cobblepot! – exclamou Angie GKLX News. – Muitos comentam da atribulada candidatura do comissário Thomas Dickerson para prefeito. Mas como o senhor foi eleito o homem do ano pela revista Gotham Times não pensa em se candidatar também? Andam falando que a cidade é sua mesmo! Então por que não é nomeado para o cargo de uma vez?

 

-         Bem, digo a vocês, é comovente. Como muitas coisas na vida rimos porque é engraçado e rimos porque é verdade. Falam muito que essa é a minha cidade, mas prefiro deixar a política em mãos melhores como as do comissário de polícia!

 

-         O senhor irá votar nele? – perguntou Ana da WHAN-TV. – Dickerson é o seu candidato à prefeitura?

 

-         Por favor, apesar de tudo esta é uma grande cidade! Sou apenas um homem de negócios tentando crescer nela! Aproveitem a noite e a lagosta, é por conta da casa!     

 

 Risos e aplausos ecoaram por toda o local. Se o dono da Boate Iceberg não tinha conquistado todos os jornalistas, ao menos se mostrou inofensivo o suficiente para retirar a má impressão de chefão do crime organizado de Gotham City.

 

Os jornalistas e suas equipes ficaram para o jantar, mas logo se arrumaram para ir embora. A noite seria longa para eles se quisessem preparar a matéria para o dia seguinte.

 

-          Então Artie, entendeu bem? – perguntou Winona Chen. – Ele é um homem de negócios!

 

-          Sim! – respondeu Arturo Rodriguez. – E eu sou o Batman! Sou o vigilante que bota medo nesse tipo de gente!

 

-          O que achou do nosso Al Capone?

 

-          Ah é claro, Winny! Bem que eu achei que reconhecia aquele discurso ensaiado. Só que no lugar do taco de Baseball tinha um guarda-chuva!

 

-          Eu saquei na hora, pequenos detalhes, meu amigo!

 

-          Sei, é que ele não tem nada haver com o Robert DeNiro!

 

-          Está mais para Joe Pesci! Mas diz aí, ele não é uma caricatura de gângster dos anos trinta? Tem até smoking, charuto e cartola?

 

-          Até pode ser, quem vai saber?

 

-          Como ele mesmo disse, aqui é Gotham!

 

-          Bom, já que tocou no assunto Winny, você soube da última do Capitão James Gordon?

 

-          Do sinal pro Batman?

 

-          Também, mas dizem que ele criou um grupo de supertiras!

 

-          Nossa versão dos Intocáveis?

 

-          Sim, parece que ele chama de Unidade contra Crimes Hediondos!

 

-          Bom Artie, tomara que funcione porque estão dizendo por aí que as máfias estão agitadas!

 

-          Não se preocupe com isso! Pode apostar que tem coisa muito pior que um bando de criminosos comedores de lasanha na escuridão.

 

-          Não acredito que acha que exista o tal do Morcego!

 

-          Claro, Winny, e você não?

 

-          É uma lenda, como aquele tal Don Romano! Achar que tem um mafioso controlando toda a máfia italiana como um só império é tão besteira como achar que tem um mostro caçando os bandidos!

 

-          Você não acredita mesmo!

 

-          Se o tal Morcego existisse já teria sido comprado pela máfia!

 

-          O Capitão Gordon é honesto!

 

-          Ah, por favor! Aqui nesta cidade só temos policiais corruptos. Se o capitão fosse limpo já estaria boiando no Rio Hudson.

 

-          Certo Winny!

 

-          Bom, pelo menos comemos bem hoje!

 

-          Odeio peixe!

 

-          Lagosta não é peixe, Artie!

 

-          Pode ser, mas vem do mar de qualquer...

 

-          O que foi?

 

-          Nada! Parecia que eu tinha visto algo lá em cima!

 

Arturo Rodriguez estava certo, ele realmente tinha visto algo, ou alguma coisa, vindo do Hotel Park Tower para o telhado adjacente; a Boate Iceberg. Um movimento quase que totalmente silencioso e abençoado pela escuridão da noite, era praticamente invisível. Aquilo era o que amedrontava os marginais de Gotham à noite, o que muitos diziam não existir, era ele!

 

Batman tinha escutado por tempo demais a conversa dos dois jornalistas e colhido tudo o que precisava. Concluiu que nem todos tinham engolido a conversa do Pingüim e isso era muito bom! Assim resolveu fazer o que tinha vindo fazer, o que era preciso fazer!

 

Uma vez no telhado o Cavaleiro das Trevas abril a clarabóia rapidamente usando seu jogo de gazuas que estava no cinto e com uma fina, mas resistente corda ele entrou na boate já fechada.

 

Estava na danceteria e caminhava sozinho pela penumbra, ou pelo menos assim achava. O Morcego estava acompanhado! Um dos homens do Pingüim estava aproveitando a escuridão para ficar a sós com uma garota qualquer. Batman atravessou o lugar furtivamente fazendo com que sua presença não fosse notada pelos “pombinhos” da noite.

 

Entretanto o segurança da boate percebeu que algo estava estranho e ligou as luzes da pista de dança. Felizmente para Batman o homem errou o interruptor e ligou o globo que gerava um espetáculo psicodélico perfeito para o vigilante agir adequadamente.

 

O Cavaleiro das Trevas derrubou rapidamente o vigia partindo sua vértebra cervical, chocando-o no chão. Muito preocupado com o homem, ele se esqueceu da garota por tempo suficiente para que ela gritasse:

 

-          Socorro, tem...

 

A jovem não teve tempo de terminar a frase, pois adormeceu devido ao clorofórmio que o Morcego colocou em um lenço na boca da sua vitima. Ele não gostava de agir assim com uma mulher, sabia que era uma inocente, mas qualquer erro seria fatal naquele lugar.

 

Três outros seguranças entraram na discoteca ainda rindo, pois achavam que a moça tinha berrado por ser forçada a se entregar ao colega vigia.

 

Batman derrubou o primeiro sem que os outros dois notassem. Era o maior deles e o herói concluiu que deveria se preocupar com este antes dos outros. Foram necessários dois golpes rápidos; um golpe espalmado que partiu a cartilagem do nariz do homem e outro golpe duplo que acabou atingindo a traquéia e impedindo a passagem de ar por tempo suficiente para que seu oponente desmaiasse.

 

Quase que como no mesmo movimento o vigilante atingiu o outro segurança na têmpora, o qual perdeu a consciência imediatamente. No entanto, o terceiro o viu e logo se virou para correr. Mas o Morcego o atingiu no joelho, deslocando a rótula, fazendo-o cair e, antes que pudesse gritar pedindo por socorro, ele foi atingido na garganta, mais precisamente no “pomo de adão”. O homem se estatelou no chão engasgando e desmaiando de dor.

 

O Cavaleiro das Trevas escondeu habilmente os corpos amarrados dos quatro vigias e da mulher. Com suas próprias roupas ele os amordaçou concluindo que logo outros os achariam, mas não antes dele terminar o que viera fazer.

 

Passando pelo corredor à sua direita o vigilante encontrou uma das cozinhas e outro corredor. Tinha estudado a planta da casa noturna e sabia que aquela direção o levava ao chamado “reservado”. O local de onde Cobblepot comandava seus negócios, mas nem Batman tinha conseguido a planta daquele local secreto.

 

O herói foi direto pelo corredor encontrando a entrada que levava ao escritório escondido do Iceberg e não encontrou nenhum segurança. Isso na verdade foi ruim, pois a porta se abria apenas com um código e o Morcego esperava “interrogar” um dos vigias do Pingüim para descobrir o código.

 

Ele tinha um aparelho, desenvolvido pela Wayne Tech, que podia decodificar o código e abrir a porta, mas aquilo demorava muito e o Cavaleiro das Trevas estava ficando sem tempo. Assim, com uma lanterna de luz ultravioleta, que também era usada pela Unidade de Cena do Crime, o vigilante descobriu os botões que eram usados no código e dez números caíram para quatro, ajudando e muito na velocidade do aparelho de seu amigo Lucius Fox.

 

Uma vez o código digitado corretamente, Batman descobriu que era uma espécie de elevador e esperou sua chegada. Lá dentro ele podia levar a todos os andares e mais um secreto, abaixo de quinze metros no subsolo, justamente por onde passava uma linha do metrô. Claro! O Cavaleiro das Trevas se perguntou o porquê de não ter pensado nisso antes, já que seria muito mais fácil invadir a boate por baixo, mas agora era tarde para voltar atrás.

 

Entro do elevador ele descobriu que só podia chegar ao andar desejado se tivesse uma certa chave. Bom, era trabalho novamente para suas gazuas e com alguma dificuldade o Morcego conseguiu girar a fechadura e fazer o elevador funcionar, indo para o subterrâneo.

 

O que o vigilante não sabia era que o Pingüim tinha câmeras secretas com visão noturna ligadas em todo a casa noturna e que ele já sabia da presença de um invasor na Boate Iceberg.

 

Homens armados esperavam o elevador, que quando chegou foi alvejado por suas tommy guns que descarregaram pentes inteiros com tiros perfurando e arruinando toda a entrada da sala secreta.

 

A porta se abriu toscamente e não viram ninguém dentro do elevador.

 

Batman contemporizou a situação e chegou à conclusão de que tinha subestimado os homens de Cobblepot. O treinamento que Wayne recebeu em volta do mundo, principalmente na Ásia, o fez entender que competência não significa ser perfeito, pois invariavelmente todos eram em algum momento. Competência significa a capacidade de se adaptar quando surgem imprevistos. É a habilidade de corrigir os próprios erros ao invés de não errar, já que acreditar que não pode errar é nada menos que arrogância. Ninguém é perfeito!

 

Os seguranças do Iceberg não compartilhavam desta compreensão e o Morcego sabia muito bem disso. Ele conhecia como a mente deles trabalhava, mas eles não conheciam como a sua trabalhava. E, como foi escrita pela cultura milenar chinesa, essa era uma vantagem que lhe daria a vitória sempre.

 

O Cavaleiro das Trevas surpreendeu os homens saindo de cima do elevador e com um golpe duplo de pernas ele derrubou dois deles. Havia mais sete, pela sua contagem, perto do elevador, além dos outros que poderiam estar no local fora de sua percepção. Tinha que ser rápido se quisesse derrotar todos antes que de re-carregarem suas armas.

 

Assim, com seus oponentes ainda surpresos, o herói golpeou, por entre as pernas, o vigia mais perto e o lançou para trás, por cima de seu próprio corpo, contra a porta do elevador. Antes que sua vitima encontrasse o chão, o vigilante puxou um outro oponente pela sua perna e fez um rolamento por cima deste, golpeando-o e passando por entre os capangas, ficando bem no meio deles.

 

Levantou atingindo o bandido caído na cabeça que desmaiou. A patela de um terceiro inimigo foi partida, e ele se encurvou para receber um gancho e então arremessado contra outro oponente. O Morcego pisou fortemente no pé de mais um homem e o ignorou, caminhando para partir a clavícula de outro oponente com a mão em forma de uma concha. Nesse passo o vigilante girou o calcanhar, esmigalhando o metatarso do capanga que tinha pisado.

 

Os dois que sobraram ainda estavam tentando recarregar quando Batman em segundos tinha derrubado cinco oponentes. Um deles desistiu largando a arma e sacando uma navalha.

 

Investindo contra o invasor da boate Iceberg, o segurança tentou o golpear lateralmente, mas o Cavaleiro das Trevas bloqueou o golpe com uma das mãos girando e, com a ajuda da outra, fez um movimento de alavanca, fazendo o braço do vigia dobrar, só que no sentido contrário!

 

Entretanto isso deu tempo para o último homem de Pingüim re-carregar sua arma e disparar contra Batman, que foi obrigado a se esquivar sem poder salvar o outro capanga, que foi alvejado.

 

Rapidamente o Morcego lançou seu batarangue no rosto do segurança, fazendo-o se distrair por tempo suficiente para tomar-lhe à arma a atingi-lo com a mesma, tirando-o de combate.

 

O bandido atingido pelos tiros estava morto e o vigilante não gostou nem um pouco daquilo! Sabia que estava lento porque ainda estava se recuperando das costelas quebradas no incidente do Baile de Caridade dos Fundadores. Ter vindo tão cedo era um erro que agora não podia consertar mais, no entanto, o tempo urgia e tudo estava mais difícil agora que tinha que ser três pessoas...

 

Um estranho ruído foi o suficiente para prender totalmente a atenção de Batman. Aquele era o escritório do Pingüim, que estava de costas, em uma das paredes, tentando escapar por sua rota de fuga que levava ao metro, como ele bem tinha previsto.

 

O Cavaleiro das Trevas arremessou mais um de seus batarangues, que perfurou a parede, “retirando” a cartola da cabeça de Oswald!

 

-          Cobblepot!

 

-          Hum, sim! O que posso fazer pelo senhor?

 

-          Se me tratar como um de seus clientes você vai se arrepender, Pingüim!

 

-          Ora, sou um homem de negócios, Batman! Receio que não aceitaria algo em torno de cinco milhões de dólares para me deixar em paz não?

 

-          Este é meu último aviso!

 

O Morcego atingiu a boca do estomago de Oswald com um soco certeiro que o fez ter náuseas e vomitar pela dor. Cobblepot engatinhou até sua escrivaninha, sentando-se em sua cadeira tentando tomar fôlego enquanto Batman pulava por cima de sua mesa e uma vez agachado, estava com o rosto próximo ao do Pingüim.

 

-         Hoje e apenas hoje não me importa seus negócios escusos, Pingüim, eu não vim atrás de você, mas posso mudar de idéia.

 

-         Não, você acabou com meus homens por nada, seu...

 

O vigilante golpeou a mão do criminoso sobre a mesa com tanta força que partiu quase todas as suas falanges dos dedos. O dono do Iceberg gritou pela dor e apenas agora começava a perceber o perigo que estava correndo.

 

-          Foi você que vendeu o plano para as gangues do Bowery?

 

-          Que planos?

 

Saindo de cima da mesa o Cavaleiro das Trevas rodeou a cadeira onde o mafioso estava sentado. Repentinamente o herói puxou a gravata de Cobblepot fazendo sua cabeça bater fortemente contra a mesa. Ele esperou Oswald se recuperar da pancada e voltou a falar:

 

-          Você está me deixando nervoso! Não vai gostar de me ver bravo...

 

-          Virgem Santa! Está certo, o plano era meu! Muito mal executado se quer saber, mas são apenas negócios! Não tive nada a ver com aquilo!

 

-          Então como os marginais usavam armas sem identificação?

 

-          Rasparam! Todo mundo sabe fazer isso!

 

Batman ergueu o Pingüim da cadeira e o arremessou contra a parede, fazendo-o se emborrachar no chão do escritório. O vigilante puxou uma pistola e cobriu o flácido corpo do mafioso mostrando a arma.

 

-          Não por favor, não me mate!

 

-          Não rasparam, elas nunca tiveram identificação e apenas jovens delinqüentes não sabem fazer armas assim, Cobblepot!

 

-          Sim, você está se preocupando com pequenos detalhes!

 

-          As coisas aparentemente mais insignificantes são as de maior importância!

 

-          Não são minhas! Elas são feitas pela máfia Odessa!

 

-          Estou ficando sem paciência, Pingüim! Eu sei que é dos russos, mas eles não teriam contato com a máfia, você sim!

 

-          Certo, eu as vendi para eles, sabia que era um erro! Que droga!

 

-          Por que as gangues o procuraram?

 

-          Ora, queriam fazer negócios!

 

Batman golpeou o baço de Oswald com a coronha da pistola, partindo uma de suas costelas.

 

-          Eles não são homens de negócios! Por que o procuraram?

 

-          Ai, santo Deus! Eles... Eles estavam com medo!

 

-          Mas não era da polícia e nem de mim, de quem era?

 

-          Ah, por isso está aqui! Devia ter falado logo!

 

Mais uma coronhada foi desferia contra o corpo do criminoso, partindo mais uma de suas costelas.

 

-          A próxima que partir vai rasgar seu pulmão!

 

-          Você precisa parar de me bater, é sério! Tem... Como dói! Tem uma máfia dominando o Bowery!

 

-          EU SEI DISSO!

 

-          Tá bom! Não me bate! É um tal de Shizen-Gumi!

 

-          Yakuza!

 

-          Isso, mesmo! Ai, eu... Aquele bando de orientais quer se instalar em Gotham, como se já não tivesse amarelos suficientes!

 

-          Onde eles estão?

 

-          Não sei e não me olhe com essa cara que eu não sei mesmo! Só sei...  Eles estão tentando fazer uma reunião com todas as máfias.

 

-          Se estiver mentindo Cobblepot, eu vou voltar!

 

-          E eu não vou gostar disso! Não me leve a mal, mas não é nada pessoal! São apenas negócios, entende? Sou um... Não socorro!

 

O Cavaleiro das Trevas golpeou o Pingüim na cabeça, fazendo-o perder os sentidos. O criminoso só voltou a si quando Batman já tinha ido embora e seu escritório já estava cheio de seguranças e assessores.

 

-          O senhor está bem, senhor Cobblepot?

 

-          Ora seu! Vou... Vou te mostrar o quanto estou bem!

 

Oswald sacou uma das armas de seus seguranças e atirou na cabeça de seu assessor. Estava claramente com raiva e todo seu corpo doía pela tortura à qual fora submetido.

 

-          Acho que estou bem o suficiente para isso, que tal?

 

-          O que faremos agora, senhor Cobblepot?

 

-          Cale a boca! – disse Pingüim atirando em mais um de seus homens. – Mais alguém tem alguma pergunta idiota?

 

-          Não senhor! – respondeu outro assessor. – O que quer que eu faça?

 

-          Bom, eu... Obviamente temos que ver o problema com a segurança, avaliar... Avaliar todo o estrago e fazer os contatos certos para sumir com tudo. Depois disso, se não se importar, eu quero ver um médico!

 

-          Claro, senhor! Tenho alguns homens tentando seguir o Batman.

 

-          Não! Não é preciso e provavelmente vamos perdê-los! Eu... O Cavaleiro das Trevas vai fazer uma cruzada contra a Yakuza.

 

-          Isso será um problema, senhor Cobblepot?

 

-          Sim, um problema... Um que não podemos resolver.

 

-          Então o que faremos, senhor?

 

-          Bem, meu caro, aprenda isso! Quando... Quando você tem um problema resolva, mas quando não puder faça o problema trabalhar para você!

 

Assim a mente do Pingüim começou a trabalhar imaginando como poderia lucrar com aquilo. Pensou em todas as possibilidades de ganho e avaliou todos os riscos, como os maiores comerciantes faziam, pois era isso que eles sabiam fazer, ganhar dinheiro inerente a qualquer adversidade. E Cobblepot era um dos melhores do ramo, um comerciante nato. Um homem de negócios.


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Notas finais do capítulo

Nota do Autor: As falas do Pinguim a imprensa são tiradas do filme Os Intocáveis de Brian De Palma. Ditas por Al Capone interpretado por Robert De Niro.



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