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As garotas entreolhavam-se, pensando em qual brincadeira fariam hoje. Estava se tornando tudo muito repetitivo, e como crianças, queriam variar um pouco. Porém, nenhuma ideia boa passava pela cabeça. Tudo que sabiam era que estavam cansadas de se esconder uma da outra ou correr.

Droga, era tão difícil achar alguma coisa para a própria diversão?

Suspiraram juntas, trocando olhares novamente. Estavam quase batendo as próprias cabeças na parede para sair daquele tédio. Eram duas crianças, não poderiam ficar paradas o dia todo! A falta de atividades naquele local aborrecia as gêmeas.

– Kururi... – Murmurou sem nenhuma animação, formando um bico emburrado nos lábios. – Eu estou muito entediada! O que podemos fazer? Izaya não está em casa...

– Izaya foi aonde? – A outra questionou, parecendo mais interessada no local onde o mais velho se localizava do que no clima mórbido do quarto.

– Saiu com aquele amigo loiro dele. – Virou os olhos, revoltando-se. – Que droga! Ele sai com quem quiser para ficar de namoro e nós temos que apodrecer em casa! – Mairu cruzou os braços, abaixando o olhar. De fato, ela sempre fazia birra quando não tinha o que queria. E sua irmã já havia se acostumado com aquilo.

– Se acalme. – Ela pede com o tom tranquilo de sempre. A outra voltava ao normal conforme os minutos iam passando e o silêncio voltava a dominar o lugar. Por sorte, talvez Kururi tivesse uma ideia. Mas duvidava, e muito, que sua irmã concordasse. – Eu sei o que podemos fazer.

– É mesmo? – Deu um pulo, animando-se. – O que? Vamos, conte logo! Eu estou cansada de ficar parada! Kururi, no que você pensou? – Abriu um sorriso que ia de orelha a orelha. A gêmea hesitou um pouco, aquilo podia ter consequências mais sérias do que era permitido.

– O que você acha que Izaya e Shizuo irão fazer? Digo, podíamos fazer igual. Assim nos divertiríamos como eles. – Kururi tombou a cabeça para o lado, aguardando a resposta da irmã.

E ficou realmente surpresa, na verdade.

– Claro! – Mairu se levanta, erguendo a mão para que ela também ficasse de pé. Logo, as duas estavam em uma proximidade um tanto perigosa. Mas aquilo não era importante no momento. Teriam muito tempo para esse tipo de coisa se a brincadeira corresse bem.

– Ahn... Nee-san, você sabe o que eles fazem quando saem? Assim podemos imitá-los. – Deu um sorriso curto, ainda com os dedos enlaçados aos da gêmea.

– Eles são namoradinhos. – A menina soltou uma risada curta, rindo somente de imaginar seu irmão mais velho agarrado á outro homem. – Ficam trocando beijos, abraços e implicam um com o outro. Pelo menos foi isso que eu espiei. – Confessa.

– Então não sei se poderemos fazer o mesmo. Quer dizer, nós somos irmãs e eles não. – Kururi murmurou, aborrecendo-se novamente. Sentia que ia ficar no tédio novamente.

– E qual é o problema? – Perguntou, deixando clara a completa inocência que sua voz carregava. A gêmea arregalou os olhos, surpreendendo-se novamente. – Só porque você é minha irmã, não significa que não posso fazer isso com você! Não é?

– Eu não sei. Podemos tentar, se acharmos estranho, é só pararmos com a brincadeira. Você aceita?

– Aceito! – Ela concordava antes mesmo de Kururi terminar de falar. – Eu quero ser o Izaya! Afinal, eu sou mais parecida com o nii-san que você. – Levou as mãos até a cintura, empinando o nariz e mantendo-se na superioridade.

– Ok, eu serei o Shizuo. – Sorriu, afastando-se da irmã e olhando-a com o canto dos olhos. Então, a menor deu alguns passos para frente, fitando seu rosto de modo intenso.

– Oi! – Disse alegremente. A irmã acenou, sem saber o que fazer nessas horas. Nunca havia sido a namorada de ninguém, tampouco de sua irmã. – Ei, você deveria me beijar. – Cruzou os braços novamente.

– Eh? Ainda está muito cedo... Não pode esperar um pouco? – Perguntou um pouco sem jeito. Não sabia lidar com nada disso, e sentia-se terrivelmente envergonhada por sugerir a ideia.

– Kururi, não tem hora para beijos! Você deveria dar tudo que desejo para ser uma namorada boa! – O seu tom de voz era um tanto manhoso e infantil, como se ela estivesse o forçando para ser daquela maneira. - Hmpf, eu deveria terminar com você.

– N-Não! – Envolveu a cintura da irmã firmemente. A garota riu de modo tímido ao ver que sua irmã não a queria longe. – Nós não podemos terminar... A recém começamos a namorar!

– Eu decido o que faço aqui. Agora me beije! – Fez mais um bico. Kururi engoliu seco e levou uma das mãos até o queixo da gêmea, levando seus lábios até os dela e roçando-os de leve. Não sabia fazer mais que isso... Era muito nova para aprender. E aquilo não passava de uma brincadeirinha.

– Satisfeita? – Falou, tendo como resposta um breve aceno negativo com a cabeça. A irmã mais nova já ia se aproximar novamente para que o ato se repetisse, mas ambas foram interrompidas ao ouvirem a porta da casa abrindo. Por sorte, ainda estavam no quarto, então tinham tempo para se separar. Cada uma pulou para um canto do cômodo, fitando o teto como se nada tivesse acontecido.

Logo, o Orihara mais velho entra no quarto. Não estava com o loiro ao seu lado, provavelmente ele já havia ido para casa. E também, por um milagre, o passeio deles havia sido extremamente curto e rápido, coisa que geralmente não era normal.

– Oi oi. – Izaya olhou para suas irmãs com certa animação, tirando o próprio casaco e jogando-o em um canto qualquer da cama. Sempre fazia isso para se sentir a vontade. – Se divertiram bastante enquanto eu estive fora? – Soltou um sorriso bobo.

As duas se olharam, hesitantes em contar toda a verdade ou não. No final, decidiram que ainda não era a hora. Izaya podia esperar para saber, pois nada era certo.

– Sim, bastante. – Kururi responde de modo simples, porém, esboçava um sorriso perverso. E isso havia deixado certo irmão mais velho com suas dúvidas.