Enquanto muitos alunos se divertiam a caminho de Hogwarts um menino com cicatrizes no rosto corria apreensivo até o vagão dos monitores. Em sua mão um bilhete escrito às pressas dizendo:

“Senhor Lupin,

Peço que se apresente no vagão dos monitores (o mais perto do maquinista) para uma conversa comigo sobre sua condição pessoal o mais rápido possível.

Professora Mcgonagall”

O menino Remo Lupin de 11 anos tinha um problema a enfrentar no seu primeiro ano escolar e não era um problema normal como notas ou detenções. Remo era um lobisomem. Até esse momento ele não entendia como o diretor permitiu seus estudos em Hogwarts, era tudo muito perigoso, mas se Dumbledore achava que daria tudo certo Remo não iria descutir.

Quando recebeu aquele bilhete seu coração quase saiu pela boca: teria Dumbledore mudado de idéia? Será que Mcgonagall ia dizer-lhe para pegar seus pertences e voltar à Londres? Remo decidiu correr e enfrentar seu destino, afinal seria rejeitado toda sua vida por ser um lobisomem. Provavelmente nunca conseguiria um emprego normal, imagine estudar em Hogwarts oferecendo perigo a todos os estudantes.

Chegou finalmente ao vagão dos monitores e abriu a porta:

– O que faz aqui, menino? Você não é monitor! – Ralhou um menino com cabelos muito loiros.

– Calma, Lucio. A Professora Mcgonagall está ali na frente esperando pelo senhor Lupin. – Uma mulher alta e bonita se dirigiu à Remo – Você é esse Sr. Lupin? – Remo assentiu. – Ali na frente, menino. – E apontou para um compartimento mais à frente.

– Você é muito gentil com esses pirralhos, Andrômeda. Tem que mostrar o orgulho que tem de ser uma puro-sangue... E não devia se misturar com qualquer um... – Disse Lucio enquanto Remo se afastava.

– Quem sabe com quem eu me misturo sou eu, Malfoy. Para de tentar me mudar pra ficar com nariz em pé que nem você. - Andrômeda saiu de perto de Malfoy e Remo finalmente chegou na porta do compartimento da professora Mcgonagall.

Bateu na porta... Era isso, com certeza a professora o mandaria voltar a Londres... E então uma mulher muito alta abriu a porta e sorriu para o menino com a cicatriz no rosto:

– Olá, Sr. Lupin. Entre no compartimento. – Remo entrou de cabeça baixa. – Pode se sentar. – Remo assentiu e sentou na frente da professora que percebeu a apreensão do menino. – Espero que não tenha se assustado com a urgência do meu bilhete, Sr. Lupin. Realmente fui um pouco rude, mas não poderia escrever nada mais. Imagine se um dos seus colegas o pegasse... – Ela olhou para o menino que apenas concordou - Enfim, quando chegarmos à Hogwarts você vai fazer tudo como os outros primeiranistas, mas depois do jantar não deve ir para o dormitório com eles. Me espere na mesa que você tiver sido sorteado e o levarei ao diretor que te explicará como lidaremos com você na lua cheia.

Remo olhou para a professora pela primeira vez e disse:

– Mas... Você não ia me mandar de volta?

– O que quer dizer?

– Pensei que você iria me mandar de volta pra Londres, Professora Mcgonagall. Eu sou muito perigoso para meus colegas...

– Tenho certeza que o diretor Dumbledore considerou tudo o que pode acontecer e preparou um ambiente adequado para você, Sr. Lupin. – E sorriu para o menino. – Não se preocupe, Remo. Apenas peço que, até nossa conversa com o diretor Dumbledore, você não diga nada sobre seu pequeno... Probleminha... A nenhum dos outros alunos.

– Ah, pode deixar comigo, Professora. – Remo sorriu pela primeira vez para Mcgonnagal.

– Ótimo. Pode voltar ao seu vagão, Sr. Lupin.

Remo saiu do vagão com um sorriso enorme, mal podia acreditar: realmente iria para Hogwarts! Nesse momento a monitora que havia lhe mostrado o caminho apareceu novamente:

– Então, Sr. Lupin, teve uma boa primeira conversa com a professora Mcgonagall?

– Ah, tive sim...

– Que bom – Ela deu um sorriso animada. – Qual é o seu nome? Eu odeio chamar as pessoas de Senhor e Senhora. Acho tão... Formal... Berg! – Deu uma risada acompanhada por Remo.

– Pode me chamar de Remo. Remo Lupin.

– Eu sou Andrômeda Black. – Ela deu outro sorriso enorme.

– Black?

– Ah, sim. Você já ouviu falar do meu sobrenome? – Disse ela, seu sorriso animado tinha simplesmente murchado.

– Só ouvi de Sirius Black. Ele está no meu vagão...

– Ah, aquele é um dos Blacks legais! – Deu outro sorriso gigante – Pode colar nele que não vai se arrepender, Remo. Agora tenho que ir pra maldita reunião dos monitores. Morro de preguiça, mas minha mãe acha que é uma honra e blábláblá e me fez aceitar. Qualquer coisa que precisar pode me procurar... Até.

Ela se virou para a porta do outro compartimento, tropeçou nos próprios pés e bateu sua cabeça na maçaneta, Remo já estava indo ajuda-la quando ela levantou e disse com as mãos para cima:

– Eu to bem, eu to bem, Remo! Pode voltar pro seu vagão. – Deu uma longa risada e entrou no compartimento.

– Uau. – Remo começou a voltar para o compartimento de Sirius e James dando risadas, aquela monitora era realmente desastrada.

– Demorou em Remo? O que aconteceu? – Perguntou Sirius intrometido.

– Ah, nada demais... – Remo tentou pensar rápido – Err... Meu pai! Meu pai me mandou um livro que eu tinha esquecido em casa.

– Aquela correria toda por causa de um livro? – Mas Remo foi poupado de responder quando Pedro entrou no vagão olhando para os meninos:

– Cadê a menina ruiva?

– Saiu daqui brava com o James. – Sirius riu. – Lembra que o Olivaras disse que vocês vão ter uma relação conturbada, Jamisie?

– Para com isso, Sirius. – James riu do apelido – Ela parece um bom alvo para algumas brincadeiras. – Olhou para os colegas com um sorriso divertido.

– Você não perde tempo em, James? Não estava planejando outra coisa antes do carrinho de doces chegar? – Disse Remo.

– Aquele plano já está pronto, caro Lupin. Estou pensando no que aprontaremos quando chegarmos nos dormitórios.

Lupin se lembrou que não poderia ir para os dormitórios e logo mudou de assunto:

– Sirius! Eu encontrei uma prima sua. Andrômeda Black...

– Ela é muito legal! Esqueci que ela ainda está em Hogwarts. Uma vez ela me buscou no meu aniversario e me levou pra Hogsmeade... Ela é uma das poucas Blacks legais, sério.

– Ela disse a mesma coisa de você, Sirius. – Sirius deu um sorriso.

– E ela é monitora, James... Imagino que possa nos ajudar em alguns planos. – James escancarou os olhos e deu um enorme sorriso, muito parecido com o de Andrômeda.

– Nossa primeira brincadeira pode ser com os monitores, Sirius! Que grande idéia! – James disse e os restantes começaram a rir.

– E o que tem em mente? – Disse Pedro.

– Alguns encantamentos de levitação e uma grande quantidade de bombas de bosta. – Os olhos de James estavam brilhando.

Em outro vagão Lily colocava sua coruja em sua gaiola pela primeira vez:

– Aquele Potter acha que você é fraco, Charlie. – A coruja olhou feio para Lily – Mas nós sabemos que você é muito melhor que aquela coruja dele. Daqui uns meses vamos esfregar isso na cara daquele nojento. – Severo esboçou um sorriso.

– Planos contra Potter, Lílian?

– Vários. – Ela olhava com um sorriso maquiavélico para a janela e percebeu que estava ficando tarde – Eu devia colocar minhas vestes... Você espera lá fora um pouco, Sev?

– Tudo bem... – Quando Severo saiu trombou em um menino que parecia ser um primeiranista. – Ah, desculpe.

– Sem problemas... – Ele encarou Severo tentando adivinhar seu sobrenome, quando desistiu disse - Sou Avery e esse é Mulciber. – Apontou para um menino atrás dele - Você é...?

– Severo Snape.

– Nunca ouvi falar do seu sobrenome... – Disse Mulciber.

– Minha mãe infelizmente se casou com um trouxa. – Os dois meninos viram a expressão de raiva de Snape e perceberam que ele dava valor aos sangue-puro.

– Então você é meio-sangue, Snape? Nós dois somos puro-sangue, mas se você tem aversão aos trouxas é bem vindo ao nosso grupo... Contanto que entre na Sonserina, claro. – Avery deu um sorriso falso.

– Quando eu entrar na Sonserina, o que garanto que vou, irei atrás de vocês. Agora tenho que pegar minhas coisas porque chegamos em Hogwarts. Até logo. – Snape disse sem sorrir e voltou ao compartimento com Lily.

– Vamos descer, Sev! – Lily não conseguia parar de sorrir enquanto os dois levavam sua bagagem até a estação de Hogsmeade.

– ALUNOS NOVOS! ALUNOS NOVOS! ME SIGAM! – Gritava um homem no inicio da estação. – PODEM DEIXAR SEUS PERTENCES FORA DO EXPRESSO E DEPOIS VENHAM AQUI!

Lily e Snape foram para o inicio da estação e viram o homem, que não podia ser um homem. Ele era muito grande.

– Olá alunos novos – disse quando todos os primeiranistas se aproximaram – Meu nome é Rubeo Hagrid e eu sou o Guardião das Chaves e Terrenos de Hogwarts. Vou acompanhar vocês até o castelo. Me sigam.