Incertezas Mutantes escrita por Sephyra Lune


Capítulo 16
A viagem - P. 2 - Verdades




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/309464/chapter/16

- Desistiu tão cedo, cajun! Achei que você fosse mais persistente!

Gambit abriu os olhos assustado e reparou que Julliette estava deitada ao seu lado na cama, observando-o. Ele esfregou os olhos e o rosto e sentou-se.

- Devemos continuar a missão. – Ele sentou-se na cama e arrumou os cabelos olhando para ela. – Não podemos perdê-lo.

- Estou pronta. Você está bem? Parecia agitado em seu sono.

- Está tudo bem comigo. Pegue suas coisas e vamos. Não voltaremos aqui.

Gambit levantou-se e saiu pela porta e Jully o seguiu carregando sua bolsa de viagem e o longo vestido de festa. Ela colocou a bagagem no porta-malas e entrou no banco do carona. Gambit arrancou com o carro preenchendo novamente o ambiente com o rock tranquilo.

Foram necessários 15 minutos de mais silêncio entre os dois pela estrada para que chegassem a uma propriedade isolada. Havia uma cerca alta e vários avisos para que ninguém se aproximasse dali.  Ao longe, via-se uma casa de pedra de dois pavimentos.

- Você tem certeza que é aqui?

- Absoluta. Você já participou dos treinamentos na mansão? - Gambit tinha um ar de preocupação.

- Já... Por que a pergunta? - Jully deu de ombros.

- Ótimo. - Ele assentiu com a cabeça.

Gambit empurrou o pesado portão de ferro, passando por ele seguido por Jully para acessar o extenso gramado. Os dois andaram até a metade da distância até a casa quando Gambit parou bruscamente e tirou o bastão do sobretudo.

- Eles sabem que estamos aqui.

- Não podíamos ter apertado a campainha e entrado como visitas então?

- Não queremos receber visitas, querida. – A terceira pessoa que se juntava a conversa riu histérica – Vocês deveriam ter respeitado os avisos do portão.

- Precisamos falar com ele. – Jully pediu observando o garoto loiro escabelado à sua frente.  Seus olhos claros pareciam em chamas ao encará-los.

- Ele não quer ser encontrado, agora sugiro que vocês vão embora.

- Essa não é uma opção da mesa, Pyro.

- Péssima escolha, Gambit.

Pyro lançou suas chamas em direção a Jully e conseguiu prendê-la em uma escultura de dragão de fogo que circulava ao seu redor. Ele riu alto mais uma vez e Gambit correu na sua direção, desviando agilmente dos jatos de fogo que ele lançava. Pyro lutava movendo suas chamas para atingir Gambit, mas o cajun era mais ágil e conseguia defender-se com auxílio de seu bastão, diminuindo a cada passo a distância entre os dois.

O gramado estava cheio de focos de chamas quando Gambit aproximou-se dele e cortou um dos fios que levava aos seus tanques de combustível. Pyro fitou-o com raiva e aproveitou a proximidade com o adversário para acertar um soco no seu estômago, fazendo-o cair ao chão de dor. O mutante controlador de fogo pegou o bastão dele e o arremessou para longe. Ele cutucou Gambit com o pé e chutou-o três vezes.

- Isso, quietinho você aí. – Ele andou na direção de Jully e transformou o dragão de fogo em um três finas argolas ao redor dela para aprisioná-la. – Vejamos... E você, quem é?

- Eu não sou ninguém. Só estou em busca de ajuda.

- Tem certeza que não quer dizer seu nome? Não estamos dispostos a ajudar ninguém hoje.

Pyro riu e as argolas de fogo aproximaram-se ainda mais do corpo da garota, fazendo-a sentir o calor que emanava dali. Aparentemente, se continuasse a não se revelar, sairia como um bife da chapa.

- Meu nome é Juliette e eu não tenho poderes. Preciso de ajuda.

Pyro analisou Jully por um momento e tomou sua decisão:

- Não, hoje não é dia para isso. Hora pegar o seu amigo fracote e partir!

- Não mesmo, Pyro.

Gambit separou quatro cartas de seu baralho e as encantou, lançando-as na direção de Pyro. Ele desviou das duas primeiras, mas foi atingido pelo outro par e perdeu o equilíbrio, desfazendo os aros de chama. Livre, Jully correu até onde o bastão de Gambit estava e o apanhou, mas quando chegou até Gambit, Pyro já havia parado de gritar e estava desacordado. Ela lhe entregou o bastão e seguiram a caminhada.

- Achei que você já tivesse participado das simulações dos X-Men.

- Já... Quer dizer... Nós fizemos alguns exercícios ao ar livre...

- Exercícios ao ar livre? Então não teve sala de perigo pra você?

- Não me deixaram entrar lá. Eu quis participar, mas o Professor disse que eu ainda não estava pronta.

- E você só me conta isso agora?

Gambit estava indignado e aumentou a velocidade de seus passos. Jully permaneceu em silêncio até chegarem à casa de pedra, sem saber se deveria ou não pedir desculpas a ele. Gambit empurrou a pesada porta de madeira vermelha envelhecida e, com um rangido, a estrutura se moveu. Os dois ingressaram em uma sala muito diferente do que imaginavam: o mobiliário era contemporâneo, as paredes eram brancas e a casa era muito bem iluminada. Um homem pequeno, vestindo uma espécie de casaco longo verde escuro que se assemelhava a um manto, estava sentado em uma pequena poltrona vermelha próxima à janela da propriedade. Ele, obviamente, havia assistido toda a luta entre Gambit e Pyro.

- Você sabe que pode bater na porta. Não precisa derrubá-la.

- Não achei que seríamos bem recebidos. Estou aqui pelo combinado.

- Direto ao ponto. Pois bem, sente-se aqui, querida.

Sábio indicou a poltrona vazia ao seu lado para onde Jully foi enquanto Gambit ficou estático. Ele esticou as mãos de dedos finos e as posicionou na altura dos olhos de Jully, mas sem tocá-la.

- Feche os olhos e relaxe, querida. Não queremos que sua tensão atrapalhe o momento.

Jully respirou profundamente e Sábio circundou a cabeça de Jully diversas vezes com as mãos, tentando compreender seus pensamentos. Seu rosto enrugado parecia mais feio do que o habitual devido ao esforço que era preciso realizar para se obter qualquer informação de Jully. Gambit os observou naquela cena por minutos até ele se afastar de Jully, que abriu os olhos imediatamente, como se tivesse apenas agora chegado na sala.

- Magnífico! – Sábio andava pela sala passando as mãos pelo rosto, estupefato – É magnífico!

- O que é tão surpreendente assim?

- Você é a primeira mutante que eu conheço que viajou no tempo, mas não tem poderes para viajar no tempo! Alguém muito forte te enviou para cá!

- Então... O que estou fazendo aqui?

- Não sei, mas é fascinante que você tenha sobrevivido à viagem. Perder seus poderes e memória foi um preço barato a se pagar por sua vida.

- Então Juliette simplesmente não é uma mutante? – Gambit perguntou, ele estava em pé no outro lado da sala.

- Ela possui a mutação do gene X, mas não manifesta outras características. É uma forma diferente de mutação.

- Por diferente você quer dizer inútil, não é? – Jully definitivamente estava chateada com as respostas de Sábio.

- Eu diria único e muito interessante.

- Bom, se é isso, muito obrigada por tudo. Desculpe pela perda de seu tempo. – Jully levantou e andou em direção à porta de madeira velha. Ela ouviu Gambit conversar qualquer coisa com Sábio, mas não prestou atenção. Jully cruzou os jardins e correu para longe, sozinha. Queria se afastar, sair dali o mais rápido possível, precisava pensar, colocar tudo que girava em sua cabeça em ordem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem a demora para postar!! Muitas coisas aconteceram nessas últimas duas semanas: fiquei cheia de trabalhos para fazer, conheci e desconheci um amor, fui viajar e fiquei doente. Vou tentar me organizar melhor para as próximas semanas! :)