Aleksandra saiu do banheiro com os cabelos molhados. Por pura sorte ela ficara sozinha no quarto. Seu corpo magro era coberto apenas pela toalha felpuda. Suas asas estavam escondidas, como sempre. Penetradas na carne as fazendo invisível.

Ela se vestiu e deixou os cabelos soltos. Vestiu uma blusa grande e comprida com uma estampa engraçada. Era um Mickey com moicano e kilt, além de um coturno e pulseiras de rebite.

Ela se sentou na cama e contemplou a parede em silencio até ouvir batidas em sua janela. Ela agarrou uma faca quando viu sorrindo na janela quem ela menos queria ver: Jesse Mason.

– O que você quer? - Ela não abriu a janela apesar de ver que o rapaz estava agarrado apenas a uma treliça.

– Ver você. Abre ai. Eu não to afim de cair.

– Então desca por vontade própria. - Ela disse e ele sorriu sarcastico - Sabe que você ta me lembrando o Edward Cullen assim? - Ela mexia nos cabelos e ele desapareceu.

Aleksandra pensou que ele havia caido, e abriu a janela o procurando. Ele pulou e entrou pela janela e caiu sobre ela.

– Prefiro acreditar que você é Julieta Capuleto. Então posso ser seu Romeu. Por sinal, te trouxe flores. - Jesse saiu de cima dela e a ajudou a se levantou.

Ele a entregou um buquê de flores estranhamente lindas. Pareciam lírios. Cada pétala. Mas eram azuis. Eram azul turquesa.

Aleksandra nunca fora romantica. Anjos não podiam amar. Não aprendiam a amar. Mas aquele ato daquele caçador, um dos poucos humanos ainda vivos, ela sentiu. Nenhum humano era permitido a esse luxo. Viviam apenas para se manterem vivos, mas aquilo era uma surpresa para ela.

– Já deu. Saia do meu quarto.

– Kiv... Por favor...

– Não. Você vem, diz um monte de coisas bonitinhas, mas eu não abaixarei a cabeça. Nem pra você nem para ninguém.

– Eu não quero que abaixe, Aleksandra. Eu...

– Não, Jesse. Vai.

– Você vai me ouvir, Aleksandra. E depois disso vou sair por onde entrei. Sua maldita janela. Eu sou humano, Kiv. Eu vou envelhecer e eventualmente morrer. E o pior que o que eu sinto nem mesmo é bom o suficiente para ser mais que a merda de um cliché. Vivemos em um mundo pós-apocaliptico e gostar de alguém devia ser a última coisa a se fazer. Mas desde aquela, que seja amaldiçoada noite, em Las Vegas a seis anos atrás na qual você me largou na cama como se eu fosse uma prostituta, eu... Eu amo você. Seis anos é muito tempo. Pode não ser para você, afinal, pra quem tem mais de dois milenios de vida, estou certo que seis anos não vale nada. Eu daria meu rim para não me importar tanto. Mas se eu tentasse, eu acabaria me importanto e sem meu rim. Eu sinto muito, mas eu a amo, Aleksandra Kivora.

Ela o encarou. No fundo daqueles olhos dourados. Os labios dele estavam entreabertos. Aleksandra balançou a cabeça e disse:

– Saia do meu quarto.

– Como queira. - Ele disse em um tom frio.

Ele passou por ela pisando nas flores que trouxera e pulara da janela. Aleksandra olhou para a janela e Jesse já havia desaparecido. As flores azuis quebradas foram esquecidas no chão, assim como o coração de Jesse Mason