O caos havia se espalhado por toda fazenda. " O que eles queriam? Por que queriam levar Natría ? O que fariam com ela ? ". Essas perguntas queimavam todos os neurônios de Henrique. 

- Por que? - ele perguntou.

- Desculpe - Gustavo olhou para ele - O que disse? 

- Por que querem leva-la ? - ele repetiu. 

- Para fazer algumas experiencias - um sorriso torto cresceu no rosto de Gustavo - Depois disso vamos libera-la, vai ser rápido, prometo. 

- E se eu não quiser que a levem ? - Henrique disse, totalmente sério.

- Então teremos que pedir ajuda ao governo. - Gustavo respondeu. 

- Tudo bem, eu vou - Natría respondeu, quebrando a tensão, no peito de Henrique as palavras queimaram feito fogo. - Vai ficar tudo bem Henrique. 

Ele hesitou por um momento, mas então relaxou os ombros. Olhou para Gustavo que estava encarando aquela cena com profundo desdem. 

- Por favor, arrumem suas coisas, ja estamos de partida - disse Gustavo apontando para a porta de Henrique. - Quanto mais rápidos fomos, mais rápido vocês voltarão. 

Henrique pegou duas peças de roupa, não estava preocupado com aquilo, mas sim com Natría. 

Entraram no carro, e no meio do caminho Henrique pediu para parar na mercearia de Sr. Roberto, para pedir que o senhor cuidasse de sua fazenda e de Tico até eles voltarem. 

Tico. Antes de sair de casa Henrique o abraçou como se fosse a ultima vez que veria seu melhor amigo. 

Depois de algumas horas, todo o cenário de plantações, terras e montanhas foram substituidos por ruas pavimentadas, carros de todas as cores e estilos, e muitos, muitos prédios. 

Henrique se esqueceu de tudo, e a unica vontade dele era sair daquele carro com Natría e curtir a cidade, nunca esteve ali, nunca visitou aquelas lojas fantasticas ou muito menos tomou um sorvete vendo a movimentação. 

Ja Natría, só pensava em como os humanos eram estranhos, com cores de pele, cabelos e olhos diferentes. Queria conhecer todas aquelas especies. 

- Estamos chegando, é logo ali na frente - A voz de Gustavo trouxe Henrique e Natría para o momento real. 

O prédio para onde Gustavo apontava era branco, com detalhes cinzas e várias palmeiras na entrada. A placa dizia " Centro de pesquisas e desenvolvimento biológico. " 

Ao entrarem, Henrique não pode segurar a surpresa. Tudo era muito organizado, todas as pessoas vestiam branco, e havia vários e vários corredores, com placas sinalizando o que a sala representava. 

Henrique viu uma mulher de cabelos vermelhos entrar em uma sala onde a placa dizia "Biologia Molecular III". Tambem viu um casal entrar em uma que a placa mostrava " Modificação Genética I ". E varias outras placas que no qual não faziam sentido algum a Henrique.

Gustavo os levou a um corredor mais afastado da entrada com poucas luzes iluminando o local. A porta que Gustavo abriu havia a descrição " Pesquisa Exobiologica " Henrique não sabia o que aquilo significava, mas Natría leu seus pensamentos e respondeu sussurrando em seu ouvido.  

- Pesquisa extraterrestre - ela disse. 

Dentro da sala, havia um grande circulo, cheio de portas. Ao centro desse circulo havia vários computadores e uma mesa que segurava uma rocha azul brilhante. Natría arregalou os olhos ao avistar a pedra. 

- Por favor Emilie - Gustavo bateu em uma das portas - Pegue as roupas especiais e leve - parou por um momento, olhou para Natría e continuou - Desculpe, como se chama ? 

- Marina - ela precisava de um nome do planeta Terra, e esse ela havia encontrado na mente de Henrique. - Me chamo Marina. 

- E leve Marina para se trocar, vamos começar os experimentos de radiação - ele disse, sorrindo. 

- Ok, ja levarei - uma voz respondeu de dentro da sala. 

- Este aqui é a rocha Putches - ele apontou para a rocha na mesa que ficava no centro da sala.

- Mentira - Natría o cortou - Essa não é uma rocha Putches. 

- Como ? - Gustavo olhou para ela, confuso. 

- Essa é uma rocha Xestir, encontrava nos subsolo do planeta... -  Ela percebeu que não deveria falar isso, mas era tarde demais. - Desculpe. 

- Devo avisar que sua informação é invalida, alias, nem existe essa rocha, Xestir.  - Gustavo riu, porem sua expressão não enganava ninguem, era de desconfiança.  Ele abriu uma das portas e disse - Entrem por favor. 

Emilie apareceu com as roupas especiais de experimento. Todos colocaram. Era um tipo de jaleco porem verde, com algumas placas de ferro dentro da costura.

- Isso vai proteger de radiações, caso alguma coisa der errada - Gustavo explicou. 

Ele ligou a maquina, que era uma maca com um tubo em volta. Onde a pessoa deitaria ali, e seria colocava dentro daquele grande tubo. 

- Esse é nosso identificador de radiação XLIV - explicou Gustavo, dando alguns tapinhas no tubo da maquina - A mais nova geração, ninguem consegue ultrapassar essa beleza. 

Natría riu. 

- Desculpe, desculpe. - ela disse. Mostrando que em seu planeta aquilo ja estava muito ultrapassado. 

Gustavo cerrou os olhos, suspirou e disse:

- Por favor, deite-se na maca, vamos começar. - apertou alguns botões e a maca saiu para fora daquele tubo. 

Natría se deitou. 

Seu corpo foi levado para dentro do tubo. 

O bip causado pelas luzes verdes que ligaram dentro do tubo fez o coração de Henrique disparar. " E se eles descobrirem a verdade? O que vamos fazer? Vou perder ela ? "

- Iniciando - Gustavo disse, cortando o terrivel pensamento de Henrique. 

Ao lado de Gustavo, um painel mostrava niveis de radiação. Começou com 885º. E foi aumentando. 

889º

1024º

2089º

Quando alcançou a marca de 3457º o queixo de Gustavo caiu. Ele pigarreou e parou a maquina. Quando Natría desceu ele disse.

- Me acompanhe por favor. - abriu a porta para Henrique e Natría sairem. 

- Onde vamos ? - perguntou Henrique. - Não era só esse exame? Ja acabou. 

- Onde vamos? - Gustavo não olhava para eles, apenas caminhava. - Pedir ajuda. Ela é uma ameaça. O governo precisa saber que temos forma de outro planeta no nosso.