Dear Boss escrita por Bruna


Capítulo 5
I'm stuck in this fucking rut.


Notas iniciais do capítulo

Comentem dizendo se gostou ou não, depois. Por favor hein gente



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Outro. Novo. Rotina. Quinta. Edward. Maluca.

Quem foi a idiota que concordou com essa merda? Ah.

Se eu pensava que ia ser difícil, estava ridiculamente enganada. Difícil é um apelido carinhoso para o meu trabalho. Beirava a impossibilidade. Uma semana e meia ali, e eu suspeito que já estou com cabelos brancos. Fora as olheiras... Estas já são as minhas companheiras.

No começo, bem começo, não estava tão difícil assim. Ele me deu um tempo para gravar todos os aspectos da sua vida, e tudo o que eu tinha que fazer era, obviamente, gravá-los. Tudo bem. Isso eu poderia fazer.

Mas quando eu comecei a agir, ao em vez de apenas ler e repetir na mente, as coisas ficaram sérias.

Pouco a pouco, Edward foi me dando acesso á toda a sua vida.

Toda.

Eu fazia tudo para ele. Meu deus, como eu odiava a palavra tudo. Abrangia tanto. Tanto, que eu estava mais vivendo para ele do que por mim.

E, se algum ser na Terra algum dia acha que estou exagerando, teria o prazer doentio de lhe cuspir a minha rotina.

Rotina essa que começava ás seis da manhã. Eu acordo, e a primeira coisa que faço é ligar para sua casa. Esqueçam a higiene matinal. Eu tenho que ligar para Tyler,o seu mordomo, e ditar-lhe o café da manhã do meu chefe, baseado nos seus gostos e necessidade de nutrição já escritos – e devidamente gravados. Eu escolho as suas roupas através de um Ipad, e tenho que mandar uma mensagem dizendo o que ele deve vestir. Escolho seu almoço, e jantar. Levo suas roupas á lavanderia junto com o Tyler. Levo seu lanche.

Escolho, basicamente, tudo sobre cada aspecto da vida de Edward Masen, menos a parte profissional – por qual não tenho nenhum talento- e sobre as funcionárias que ele designa para ser sua empregada particular. Se tivesse esse poder, já teria feito outra pobre coitada passar por aquilo.

Seria uma atitude egoísta, mas pelo menos me livraria daquilo. Sinto como se estivesse pagando todos os pecados da minha vida. Diabos, estou esgotada.

Preciso de férias, com uma semana e meia de trabalho.

Gemi quando a dor de cabeça voltou, mas já estava acostumada a ela. Bebi um remédio, mandei o café da manha e escolha de roupas pelo Ipad para o Tyler e fui escolher as minhas próprias roupas.

Hoje o Edward teria um jantar com alguns de seus sócios, e eu teria que acompanhá-lo.

O que significava mais dor de cabeça.

Levantei mais cedo do que o Emmett, e me arrumei mais cedo ainda. Não podia deixá-lo ver o estado em que me encontrava. Ele iria me dar sermão sobre estar sendo explorada – o que estava mesmo – e pediria para eu me livrar daquela sina.

Mas ele não entendia.

Eu precisava daquele emprego. Precisava mesmo. Estava sendo egoísta antes, mas agora estava sendo totalmente altruísta. Me aproximar tanto do Edward tinha me aberto os olhos para o que ele significava. Ele era uma das pessoas mais influentes de Londres. Muito, muito mesmo. Se conseguisse passar por aquilo, conseguiria emprego em qualquer lugar daquela cidade. Se fracassasse, no entanto, seria uma eterna desempregada.

E isso significava não pagar aluguel, não ajudá-lo com a gasolina, com as compras, com nada. Significava deixar o Emmett na mão. E, se tinha uma pessoa que eu simplesmente não podia deixar na mão, era ele.

Por isso, me dirigia ao meu trabalho, arrastando-me. Peguei o chocolate quente do Edward, e deixei na sua mesa, antes de pegar o telefone para o restaurante favorito dele.

-Por favor. Por favor – implorei, pela décima vez ao gerente, sentindo-me fraca.

-Senhora, me desculpe, mas não há como reservar o melhor lugar do restaurante tão em cima da hora – ele respondeu, educado – Mesmo para o Sr Masen. É tarde demais.

Claro que era tarde demais. Edward tinha me dito daquele jantar ontem, e queria sua reserva para hoje. Era meio que impossível conseguir reservar algo decente num dos melhores restaurantes da cidade, tão em cima da hora. Mas eu tinha esperança que o seu nome ajudaria na missão impossível.

Não ajudou.

-O senhor tem certeza? Não há nada que possa ser feito? – repeti, cansada.

-Absoluta, senhora. Eu sinto muito

-Eu também – falei, num fio de voz, antes de desligar o telefone.

Edward não aceitaria um não. Tinha que pensar num segundo plano. E rápido.

Neste momento, a porta do elevador se abriu e um Edward maravilhoso saiu de lá. Ele estava de com uma blusa azul e calça informal branca, e eu tive que coçar os olhos para aquele tipo de beleza. Era inacreditável. Os seus cabelos estavam para todos os lados, mas isso eu já estava acostumada. Mas os cabelos daquele jeito, com aqueles olhos esmeralda e aquela roupa, me deixaram sem ar.

 Literalmente.

-Bom dia, Isabella – falou, antes de se dirigir á sua sala.

Corri atrás dele, o coração acelerado tanto pela sua beleza quanto pelo que faria a seguir.

Era arriscado, mas minha única opção.

- Sr Masen, gostaria de lhe falar por um momento, por favor – sussurrei, ainda abalada.

Ele olhou para mim, porque normalmente não falava nada, a não ser que ele pedisse.

-O que é? - perguntou, curioso.

Pigarreei um pouco antes de começar.

-Bom, o restaurante que o senhor costuma freqüentar está lotado – comecei, e o vi levantar a sobrancelha, incrédulo. Claro. Ele nunca ouvia um não – Mas, gostaria de levá-lo á outro lugar, igualmente interessante, se não fosse muito incômodo.

Pronto, falei. Estava feito. Meu estômago pulou de um trampolim, dando voltas em meu estômago enquanto esperava sua resposta. Tive o impulso de fechar os olhos, mas os mantive abertos.

Edward estava parado. Olhava para mim, pensativo, mas não demonstrava nenhuma emoção. Bem, pelo menos ele não parecia com raiva.

Ainda.

-Isabella, você deve saber que é um encontro com os meus sócios a ocasião em questão. Não admitirei imprevistos – falou, olhando nos meus olhos.

Eu ia desmaiar. Ia cair. Ia tropeçar assim que movesse os pés. Precisava me acalmar, já.

-Porém, deixarei que decida – deu de ombros – Se algo ocorrer mal, saberei em quem colocar a culpa. E saberei puni-la, também.

Eu não estava demitida! Suspirei de alívio, e saí da sala.

Apesar da sua ameaça, eu ainda tinha um emprego. Por enquanto.

Terminei de colocar a maquiagem, antes de me olhar no espelho.

Nada mal.

Estava com um vestido azul, apenas um pouco acima dos joelhos, tomara que caia. Era simples, mas sofisticada. Tinha um balonê no fim, permitindo movimento. A maquiagem estava o mais simples possível, apenas o suficiente para cobrir as olheiras e me permitir um pouco de cor. O cabelo estava solto em camadas, perfeitamente escovado.

Ótimo aspecto de mulher que irá acompanhar seu chefe em um jantar.

Sorrindo, saí da sala, recebendo um fio-fio do Emmett. Ri, divertida.

-Como estou? – perguntei, dando uma volta para que ele visse melhor.

-Linda. Como sempre – respondeu, me dando um breve abraço

-Obrigada. Vamos? – perguntei, porque tinha que chegar antes do Edward para confirmar que tudo estava perfeito.

Emmett acenou, mas me parou com um braço.

-Isa – parou, vendo o olhar que lhe lancei. Ninguém me chamava de Isabella. Só Bella, a partir de agora. Edward já falava Isabella por todos – Bella. Tem certeza que está fazendo o certo?

-Do que está falando? – perguntei, mas sabia exatamente do que ele estava falando.

-De você – ele estava sério – De trabalhar para este cara. Você pensa que sou estúpido, mas não sou. Vejo como sai primeiro que eu de casa, propositalmente. Vejo como chega cansada. Vejo como não tem mais tempo para nada a não ser trabalho. Tem certeza que quer seguir com isso?

-Não te acho um estúpido.

-Não mude de assunto – falou, olhando nos meus olhos.

Caramba, ele estava irredutível. Suspirei, revirando os olhos.

-Tenho certeza absoluta – quando vi que estava prestes a rebater, continuei – E não tem nada que possa fazer quanto a isso. Vamos, Emmett, não posso chegar atrasada.

E, sem lhe dar a oportunidade de me agarrar novamente, saí da sala, esperando-o do carro.

Cheguei ao restaurante nervosa, porque tudo precisava estar certo. Perguntei ao gerente se estava tudo certo, e ele assentiu. Fui até a cozinha, perguntando ao chef se tinha o prato preferido do Edward. Sim. Estava tudo ok. Só faltava eu me acalmar.

E, claro, Edward.

Eu estava num restaurante promissor. Tinha vindo com o Emmet certa vez, e simplesmente amei. Não era famoso por um único motivo: precisava de financiamentos. Para abrir outras filiais, expandir o negócio. Enquanto não conseguia, vivia com uma única sede, e era perfeita. Pequena, aconchegante, com vista privilegiada e uma comida fantástica. Tinha salvado a minha vida quando estava com fome e salvou de novo quando liguei desesperada para o gerente, ansiando por uma mesa.

Por sorte, ainda tinha.

Quando uma limusine parou na frente do restaurante, totalmente diferente dos carros simples ao redor, soube exatamente quem era.

Ofeguei, pega de surpresa. Quatro homens saíram da limusine, mas não dei atenção á nenhum deles. Edward, sim, era o centro dos holofotes. Estava com um terno que achei muito bonito no Ipad, mas agora estava achando perfeito. Ele estava lindo.

Meu Deus, como pôde caber tanta beleza em um homem só?

-Isabella – cumprimentou, antes de fazer uma rápida apresentação, e olhar para o restaurante em questão.

Franziu a boca, mas não tinha certeza se era de aprovação ou de desgosto.

-Vamos entrar – falei, rapidamente, antes de ele tomar qualquer decisão.

Ele acenou e todos entraram rapidamente. Antes de eles sequer chegarem á cadeiras, olhei desesperada para o garçom por perto.

Se não me acalmasse logo, iria explodir em tensão. E se eu explodisse, iria perder o emprego.

Quando tinha ficado tão paranóica?

- Que lugar agradável – um dos sócios falou, sorrindo para mim.

Tentei me lembrar do seu nome, mas no momento tinha coisas demais para lembrar. Então me detive a sorrir de volta.

O garçom chegou,e perguntou o que queríamos. Ei, eu conhecia ele! Era o Eric! Sorri , recebendo um sorriso resplandecente de volta.

-Gostariam de algo para beber, senhores? – perguntou, educado.

Edward olhou de mim para ele, e parecia de mal humor. Que droga.

Todos os 4 senhores pediram seus bebidas, e Edward pediu por último.

-O uísque mais caro da casa – falou, simplesmente.

-E uma água, para o Sr Masen beber depois – completei, rapidamente.

Edward não gostava de ficar bêbado. Se iria começar o jantar assim, era melhor trazer a água logo. Ele nem olhou para mim. Já estava acostumado ás minhas interrupções, e, contanto que os fins fossem justificáveis, os meios não importavam.

Eric saiu rapidamente, e Edward e seus sócios começaram a falar sobre alguma empresa que daria lucro o suficiente para alimentar a África. Desliguei-me da conversa. Ainda estava muito nervosa.

Eric voltou com as bebidas, e foi servindo cada um de um jeito muito prático

-Isabella! Que bom ver você aqui novamente – falou, sorrindo para mim.

-Bella – o corrigi – E é bom estar aqui novamente também, Eric.

Agora estava indo servir o Edward, que o interrompeu rapidamente.

-O que é isso? – perguntou, frio.

Eric parecia confuso.

Eu também estava.

-A sua bebida, senhor – respondeu, franzindo a testa.

-Pedi o melhor uísque da casa e você me traz isso?

Agora ele estava sendo totalmente arrogante. A raiva chegou, porque Eric não tinha culpa de ele ser rico. Aquilo era o melhor da casa e se ele não estava satisfeito, podia ir embora.

A raiva cegava o bom-senso, obviamente.

-Edward, esse é o melhor, não tenha dúvidas. – rebati, meio ofendida.

Ele virou o rosto para mim tão rápido que nem vi o movimento.

-Edward? – perguntou, cético.

Merda.

-Desculpa...Eu... Sr Masen, eu...

-Tudo bem. Pode me chamar de Edward – falou, e arfei, assim como os quatros senhores ao redor.

Aquele homem era insano. Completamente insano.

-Tudo bem, Edward.  –falei, ainda chocada – Mas, se não se importa dizer, está sendo um pouco rude com ele. E,aliás, achava melhor tomar apenas um suco de laranja. Amanhã tem trabalho, e se começar tomando uísque, pode ficar com dor de cabeça.

Agora todos pareciam desconfortáveis, como se quisessem sair do local, e eu sabia por que. Eles não queriam estar ali quando a bomba Edward estourasse. Ele não era reprimido, nunca. E agora eu estava o fazendo.

Mordi os lábios com tanta força que quase machuquei. Precisava manter a minha boca fechada. Urgente.

Porém, ao invés da raiva, Edward riu.

Meus olhos podiam saltar das órbitas.

- Suco de laranja? Isabella, posso me embebedar e faltar ao trabalho, se quiser. Sou o chefe – falou,como se fosse óbvio.

E era.

-Sim, mas não vai – rebati, mal humorada – Eric, traga um suco de laranja para o Sr Masen. E uma cerveja para mim.

Edward riu.

-Então você pode ingerir álcool e eu não? – perguntou, parecendo extremamente divertido.- Quero uísque.

-Posso. – respondi, e ao ver que Eric estava ali parado em dúvida do que fazer, completei – Vá, Eric. E volte com o suco.

-Uísque – Edward respondeu, agora virando-se para o Eric.

O filho da mãe estava se divertindo com aquilo. Bem, dois podiam brincar aquele jogo.

-Edward, você não vai beber uísque nenhum. – falei, totalmente decidida.

-E por que não? – olhava para mim.

-Porque não vou deixar. Se for necessário, eu mesmo pegarei o suco. Mas uísque você não bebe .

Ele riu mais uma vez, deliciando-se.

-Tudo bem, você venceu. Traga a merda do suco de laranja – falou, e riu novamente.

Quase engasguei com a minha própria saliva. Eu venci?

Venci? Venci uma discussão contra Edward Masen? Aquilo só podia ser brincadeira.

Uma brincadeira muito boa.

Todos pareciam tão surpresos quanto eu, mas disfarçaram rápido o suficiente. Ah bem, como era bom o gosto da vitória.

Devia ser por isso que meu chefe adorava tanto aquilo.

O resto da noite passou bastante rápido. Para a minha surpresa, foi bastante agradável. Bebemos nossas bebidas- não pude deixar de sorrir ao ver o Edward bebendo seu suco de laranja- ,comemos – e é claro que escolhi o prato dele- e sorri ainda mais quando eles elogiaram a comida. Eles conversaram mais um pouco, enquanto eu me desligava dali e pensava em qual roupa escolheria amanhã para o Edward. Estava pensando em outro azul, quando ele olhou para mim novamente.

-Isabella, volte para a Terra – falou, e sorria. Surpreendentemente.

Que noite reveladora.

-Bem, estava pensando em como irei te vestir amanhã – esclareci, dando de ombros.

Um dos seus sócios engasgou com a bebida, disfarçando com um guardanapo.

Pois é camarada, eu o vestia.

-E já decidiu? – Edward chamou a minha atenção novamente.

-Não. Talvez algo azul.

Os olhos dele brilharam.

-Como o seu vestido?

-Você gostaria de algo como meu vestido? Sabe, posso comprar algo assim para você. Só não do mesmo modelo, porque ficaríamos iguais.

Ele apertou os olhos para mim, e eu sabia que estava indo um pouco longe demais. Era a cerveja.

Não. Era o gosto da vitória que ainda estava perfeitamente doce sobre os meus lábios.

-Mas que petulante – repreendeu, olhando seriamente para mim.

Dei de ombros.

-Podemos ouvir alguma música? – um dos homens perguntou, olhando para mim.

Não me virei para ele.

-Quer que eu peça para colocarem kings of Leon? – perguntei, porque sabia que era a sua banda preferida.

O que eu não sabia sobre ele, então?

-Não .- falou, categoricamente – Quero que escolha a música.E espero que seja sincera.

O que? Ele estava me deixando escolher?

Será que naquela noite estava acontecendo algo que perdi? Alguma rotação estranha dos astros que tinha modificado o Edward a ponto de ter me permitido escolher algo?

Onde estava o Edward Masen cretino e controlador que eu conhecia?

-Agora, Isabella – mandou, olhando para mim.

Bem, ele não estava muito longe.

Levantei, mas antes o olhei, um pouco confusa.

-O que quer dizer sobre “espero que seja sincera”? – perguntei.

-Quero dizer que espero que seja uma música que expresse o que está sentindo – explicou, sem olhar para mim – Já que não posso ler seu pensamento.

O que?

Ah, com certeza não queria saber o que se passava pela minha cabeça. Porque envolvia muito xingamento e muita morte. Todas as dele.

-Tem certeza? – perguntei, incerta.

-Vá, Isabella – falou, simplesmente.

Ah, inferno. Ele queria saber, não queria?

E se Edward queria algo, a tinha.

Vamos lá, então. Pedi ao Eric que colocasse Playing God do Paramore, e voltei á mesa.

-Feito? – Edward perguntou

Não respondi, mas prendi a respiração quando as primeiras notas da música começaram a soar.

I can't make my own decisions (Eu não posso tomar minhas próprias decisões)

Or make any with precision (Ou fazer nada com precisão)

Well, maybe you should tie me up (Bem, talvez você deva me amarrar)

So I don't go where you don't want me (Então eu não irei aonde você não quiser)

Ao ver a perplexidade em seu rosto quando percebeu a letra, quase me estrangulei viva. Meu deus. Aquilo era raiva. Dirigida diretamente á mim.

Que merda eu tinha feito?

It's just my humble opinion (É apenas a minha simples opinião)

But it's one that I believe in (Mas é algo em que acredito)

You don't deserve a point of view (Você não merece um ponto de vista)

If the only thing you see is you (Se a única coisa que você vê é você)

A música continuou a tocar, e comecei a me levantar para tentar consertar a merda que eu tinha feito. Ele estava irritado, e eu sabia como a história terminava. Comigo tomando um pé na bunda.

Cacete.

Edward olhou-me nos olhos, e a intensidade do seu olhar me perfurou o cérebro. Eu estava em pane. Todas as emoções misturavam-se, me deixando tonta. Ele iria me matar. Diabos, eu iria me matar. Tinha feito uma merda, e agora teria que pagar por isso.

Já estava pagando, porque ele me olhava com tanta raiva, que calafrios formaram-se em todo o meu corpo.

-É isso que acha? – perguntou, mas sua voz era calculada e baixa. Fria. Assustadora.

Não respondi. Não podia piorar ainda mais a situação. Tinha que calar a boca, e fazer o que ele mandava. Calar a boca.

Calar a boca.

-Responda! – gritou, batendo na mesa, fazendo as bebidas estremeceram.

Jesus me ajude.

-O..O que? – gaguejei, tremendo.

-É essa porra que acha? Que sou controlador a este ponto? – perguntou, se aproximando tanto que podia tocá-lo se apenas estendesse a mão.

Mas não ia fazê-lo. Se estendesse, era capaz dele quebrar o meu dedo.

-Sim – falei, e fechei os olhos.

Agora.

Agora ele iria gritar comido, xingar-me, e dizer que estava demitida. Que me odiava. Que nunca mais o visse na vida.

O pensamento fez meu estômago remexer-se irrequieto.

-Bom. – e não falou mais nada.

Abri os olhos, e ele estava longe de mim. Ia em direção ao banheiro, á passos largos e irritados. Os homens na mesa olhavam estupefatos de mim para ele, sem entender o que estava acontecendo.

Também queria saber.

-Senhores, querem a conta? – Eric perguntou, e olhava para mim preocupado.

Eu deveria estar lívida. Que porcaria.

-Bella, você está bem? Precisa de algo? – Eric falou, se aproximando de mim.

-Bem. Estou bem – mas até minha voz sugeria que algo estava errado.

-Você é uma péssima mentirosa.

-Sou mesmo, não é? – sorri fracamente.

-Estamos indo – Edward surgiu de repente – Isabella, levante-se. Estamos indo embora.

Levantei sem questionar nada.

-Bella? Tem certeza que não precisa de nada? – Eric falou novamente, segurando meu braço.

Edward voltou-se para ele, e seu olhar era tão frio, que Eric se afastou bruscamente. Ele estava desnorteado.

Bem vindo ao meu mundo, querido.

-Ela irá embora comigo. – Edward declarou, entre dentes.

-Está tudo bem,Eric. Tenho certeza – interceptei, antes que Edward desse um jeito de demiti-lo.

Eric acenou e saiu dali o mais rápido que pôde. Queria poder fazer o mesmo.

-Você gosta desse rapaz? – Edward perguntou, mas estava andando rápido e na minha frente, de modo que não podia ver seu rosto.

O que?

-Se gosto dele? – questionei, achando aquilo um absurdo.

-Sim, Isabella. Quer este homem na sua cama? – perguntou, e ainda não podia ver seu rosto.

Quase mandei-o ir paras as profundezas do inferno. Estava sendo deliberadamente indelicado, me irritando num ponto que não imaginava ser possível.

Mas não podia irritá-lo mais. Não hoje.

-Não. Ele é só um conhecido – respondi, baixinho.

Edward deu risada de repente e quando virou-se para mim, seu rosto estava iluminado. Algo tinha acontecido e ele estava achando muito engraçado. Será que estava rindo de mim? Corei, e quando percebeu, Edward riu ainda mais.

Mas que merda estava acontecendo?

-Do que está rindo? – perguntei, antes que pudesse me refrear.

-De você.

-De mim? Por quê?

-Porque é engraçada. – e entrou no carro.

Bipolar. Aquele homem era uma porra de um bipolar.

Bipolar, maluco, idiota, e arrogante. Ele era tudo isso, e tinha que conviver com ele mais tempo do que o saudável.

E isso era uma droga.

-A propósito, está ridiculamente linda esta noite – elogiou, sem olhar para mim.

Sorri involuntariamente, bêbada com o elogio.

Bem, pelo menos agora ele estava de bom humor.


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Notas finais do capítulo

Então, isso vai ficar um pouco longo. Primeiro, esse capítulo é uma transição, mais ou menos. Para os bons entendedores, uma brecha do Edward...Ele mais "amolecido", deixando a Bella tomar, aos poucos, um certo controle. O começo de algo. Algo que vocês vão ver nos próximos capítulos, que pode ou não dar certo. Para os maus entendedores, acabei de explicar haha. Bom, segundo, to muito tristinha porque aparentemente tenho 31 leitores e muito poucos comentários. Sério, gente, preciso de vocês comentando para me motivar a escrever- e a postar! Nem que seja um "tá horrível" mas preciso de comentários! :/