Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 11
O Massacre


Notas iniciais do capítulo

O Segundo Massacre Quaternário irá começar!



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A multidão fica em silêncio por um momento, Caesar está olhando fixamente para meus olhos, chocado com minha resposta. As câmeras focalizam meu rosto tentando fazer com que eu tente mudar o que eu disse, uma pressão que me sufoca por alguns segundos até eu dizer:

— Mas eu irei fazer tudo isso, tudo por Alice, por meu irmão e por minha mãe. Só por ele, por mais ninguém.

Caesar balança em concordância tentando absorver minha resposta.

— Todos nós fazemos loucuras por quem amamos, certo? – pergunta Caesar para a multidão que responde em concordância.

— Vocês vão ter orgulho de mim – digo para Caesar, mas que essas palavras cheguem aos ouvidos de minha família.

— Com certeza! Bem... Toda sorte para você, Haymitch Abernathy – diz Caesar apertando minha mão.

Aceno para a multidão que começa a bater palmas e gritar. Digo um obrigado para a multidão e vou para meu assento, Maysilee está me encarando como se eu tivesse feito alguma besteira. Ignoro o olhar de reprovação dela e espero o hino começar e nos levantamos. Enquanto isso as câmeras vão filmando os rostos dos tributos, as crianças que terei de matar para conseguir paz com minha família.

Depois do hino somos levados para o saguão do Centro de Treinamento e enfileirados os tributos vão entrando nos elevadores e indo para seus respectivos andares. Quero chegar logo, estou cansado e não quero ouvir nada o que Brock ou Pount tenham a me dizer. Como a multidão obriga aos mentores, estilistas e acompanhantes a andarem devagar, apenas tributos entram nos elevadores por enquanto. Silêncio. Só consigo ficar sozinho no elevador depois que outros quatro tributos são deixados nos seus andares e quando as portas se abrem para meu andar Carly e Lucas estão nos esperando.

— Boa entrevista – diz Carly.

Não falo nada e passo reto mandando um sorriso para ela. Antes que eu consiga chegar a meu quarto Pount consegue me ver e tenho que voltar para ouvi-la.

— Você fez um bom trabalho – diz ela.

— Bom? Eu acabei de falar que os Jogos são uma matança se crianças indefesas, você sabe o que aquela multidão irá fazer? Torcer para que eu morra. Eles querem ver o espetáculo, as mortes, eles gostam de sangue.

Pount segura em meus ombros e fala:

— Mas você chamou a atenção deles.

— Sim, agora sou um tributo que não gosta de matar. Quem vai querer me patrocinar? – digo

— Você não gosta de matar, ninguém gosta, mas você disse que irá fazer tudo por quem você ama.

Balanço a cabeça em concordância com ela. Pount está certa, eu consegui sobreviver à entrevista e pude chamar a atenção para mim. Este foi a única forma já que no Desfile de Tributos o Distrito 12 só serve para ser criticado pelas horríveis roupas, como deve ter acontecido este ano. Tenho uma chance, de ganhar os Jogos, de voltar para minha família, de ser feliz.

— Agora você terá de ter cuidado Haymitch – diz Rubian.

— Por quê? – pergunto sem entender o que ele quis dizer.

—Você chamou a atenção para você, isso quer dizer que outros tributos também estão de olho em você.

Maik e sua companhia.

—Mas eu não fiz de propósito, eu só disse o que estava preso em minha garganta! – respondo.

— Não estou te ocupando, estou te alertando nos perigos que a atenção pode causar.

— Que cheiro delicioso é esse? – pergunta Brock que chega abraçado a Maysilee.

— Vamos comer então – convida Pount.

Não consegui evitar olhar para Maysilee, seu rosto está inchado e seus olhos vermelhos, ela estava chorando. Não tenho coragem de perguntar e comemos em silêncio.

Depois do jantar, assistimos á reprise na sala de estar. Pareço forte e engraçado, um adolescente que faria tudo para reencontrar a família. Maysilee é adorável e meiga com Caesar e chora muito ao ver sua reprise, mas todos dizem que ela está linda.

Quando a tela fica escura, o silêncio toma conta da sala. Amanhã, bem cedo, seremos acordados e preparados para a arena. Os Jogos irão começar ás dez horas por causa das pessoas da Capital que acordam tarde. Mas os tributos devem acordar cedo.

Apenas Pount não irá poder ir conosco. Ela irá para o quartel-general dos Jogos e irá começar a convencer e chamar patrocinadores para nós e também de como irá montar a estratégia sobre como e quando entregar as dádivas. Brock, James, Rubian e Diamante viajarão conosco até o ponto de onde os seremos transportados para a arena. Mas todos irão começar se despedir aqui.

Pount nos deseja boa sorte com lágrimas nos olhos. Ela nos beija no rosto e sai ás pressas.

— Último conselho? – pergunta Lucas para Brock.

— Não vão para Cornucópia. Vocês não estão preparados para o banho de sangue na Cornucópia. Corram o mais rápido possível e tenham uma distância grande de outros tributos, e achem uma fonte de água que será fácil achar comida – diz ele. – Entenderam?

Todos balançam a cabeça em concordância. Fomos treinados por certo período que não consigo definir e agora teremos de por tudo em prática.

Vou para meu quarto e tomo um banho quente, removo um gel que estava em meu cabelo e o cheiro de rosas que ficou impregnado no meu corpo. Visto um moletom e pulo na cama. Percebo que será difícil dormir hoje, estou ansioso e com medo e só consigo ficar pensando como será a arena, o que irei fazer, será que vou morrer ou terei que matar alguém. Preciso dormir porque cada momento que eu deixar minha guarda aberta será um pedido para que alguém me mate.

Fico rodando pela cama por algumas horas pensando em o que me espera na arena. Qual será o terreno que serei jogado? Deserto? Ilha? Uma terra congelada? Espero que haja grandes florestas porque assim será mais fácil de me esconder, um terreno árido é fácil de encontrar um tributo e acho que as pessoas da Capital não gostam de ver tributos se matando com facilidade. Que armadilhas os Idealizadores dos Jogos esconderam para animar os momentos mais chatos e lentos? Bestantes? Minas? E também os tributos que estarão tentando me matar...

Passo a noite acordando e adormecendo com os pesadelos da Arena, imaginando como está minha família no Distrito 12, se os outros estão nervosos como eu. Acordo várias vezes com o coração batendo forte e suado, sangue sendo jorrado em minha cara, facas e espadas duelando em um verdadeiro banho de sangue, bestantes comendo tributos...

Não vejo ninguém de manhã, Brock aparece antes de amanhecer e me da muda de roupa e me conduz até o telhado. Os últimos preparativos serão feitos nas catacumbas que ficam abaixo da própria arena. Um aerodeslizador aparece do nada, e uma escada desliza para baixo. Brock fala para eu colocar minhas mãos e pés nos degraus e quando faço isso uma corrente me deixa congelado e não consigo me mexer e sou erguido em segurança para dentro do veículo.

Estou tentando me soltar sozinho, mas não consigo até que uma mulher com um casaco branco se aproxima carregando uma seringa.

— Isso é um rastreador, Haymitch. Fique bem imóvel para que eu injete de forma rápida e eficiente – diz ela.

Eu não posso me mexer, ela poderia me dar um soco na cara que eu não iria fazer nada. Sinto a picada dolorosa quando a agulha insere o dispositivo metálico em meu antebraço. Agora os Idealizadores dos Jogos poderão rastrear minha posição na arena a qualquer minuto e fazer uma armadilha ou fazer com que eu chegue perto de outro tributo para que a diversão deles comece.

Assim que a mulher confirma que está tudo certo com o rastreador, ela me libera da escada. Brock é resgatado do telhado. Estou ansioso e meu coração bate rápido e forte, só consigo ficar mais calmo quando a refeição chega e tomo um chá que faz com que eu relaxe um pouco. A vista pela janela é linda, voamos por cima da cidade em direção á natureza.

A viagem dura certa de quarenta e cinco minutos. Então as janelas se fecham, indicando que estamos nos aproximando da arena e não podemos ver nada até sermos posicionados na arena. Tudo será uma surpresa. O aerodeslizador aterrissa e Brock e eu voltamos para a escada, só que somos conduzidos a um tubo subterrâneo que nos leva ás catacumbas. Seguimos instruções até meu destino, a Sala de Lançamento. No Distrito 12 chamamos de Curral. O local onde os animais são mantidos antes de serem abatidos.

A Sala de Lançamento é nova. As arenas são sítios históricos, preservados após os Jogos. Destinos populares para os visitantes da Capital em férias. Você pode rever os jogos, passear pela a arena, pelas Salas de Lançamento, visitar os locais onde tributos morreram. Você pode até participar de remontagens, só que dessa vez são com armas de brinquedo para ninguém se machucar.

Tomo banho e escovo os dentes. Brock arruma um pouco meu cabelo e me da às roupas que são a mesma para todos os tributos. Calças pretas de feitio simples, a blusa preta também e apenas isso que ganhamos.

— Essa arena não terá mudanças de climas fortes. Pode esperar dias com temperatura normal e talvez a noite esteja um pouco mais fresca. Não faça uma fogueira! Morra de frio, mas não morra por causa de uma fogueira.

As botas são de um couro macio e estão muito confortáveis em meus pés, ando de um lado para o outro para me acostumar com o peso e o tamanho delas.

— Agora vamos esperar a convocação – diz ele. A menos que você tenha mais alguma dúvida.

Balanço a cabeça em negativa e bebo um copo d’água lentamente enquanto espero no sofá. Ficar sentado esperando me deixa mais ansioso então levanto e tento ficar andando de um lado para o outro tentando fazer com que o tempo passa mais rápido.

— Boa sorte Haymitch!

— Obrigado.

Dou um abraço em Brock. E assim ficamos sentados esperando, até que uma voz masculina anuncia que está na hora de eu preparar para o lançamento.

Caminho ao círculo de metal.

— Lembre-se, não vá para a Cornucópia. Corra e encontre água, o resto será conseqüência – diz ele. — Você pode ganhar, eu sei que pode.

— Sério? – sussurro perguntando.

— Sim – diz Brock. Ele bate algumas vezes em meu ombro — Boa sorte.

E então um cilindro de vidro começa a abaixar em torno de mim.

Olho para o alto e consigo enxergar uma luz. O cilindro começa a subir. Por uns vinte segundos, fico em total escuridão. Em seguida, sinto o círculo de metal me empurrando para fora do cilindro, em direção a luz, ao ar livre. Aperto meus olhos devido à intensa luz do sol e consigo sentir um aroma fantástico.

Então, ouço a voz do lendário locutor, Claudius Templesmith, retumbar ao meu redor.

— Senhoras e senhores, está aberto o segundo Massacre Quaternário!


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Notas finais do capítulo

Comente sobre o que posso melhorar, caso tenha gostado favorite a história e recomende para seus amigos. Isso ajudará a divulgar minha Fanfic e mais pessoas poderão desfrutar da história de Haymitch. Lembrando que todas Sextas sai um capítulo novo, o chamado #QuaterQuellDay (Dia do Massacre Quaternário). Me siga no Twitter: @BatataReal.