Laila escrita por Solidão


Capítulo 18
XVII


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaa, leitores! Então, bom tempo que eu não venho aqui, né?

Agora o combinado é esse: Quando eu tiver tempo, postarei um capitulo.

É que, às vezes, eu tenho um capitulo pronto, mas fico naquela de: "poxa, havia dito que postaria domingo... chateado", entendeu?
Enfim.

Aqui vai um novo capitulo, estamos chegando ao fim da primeira parte de Laila! (simmmm) Eu penso que a história terá quatro fases.

Espero que gostem desse capitulo, deixem comentários, por favor (podem falar de qualquer coisa, cara, estou com saudades de vocês :DDD)

Ps.: Recomendações à vista?



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Os dias de Laila, então, passaram-se praticamente voando.

Acabou-se Agosto, Setembro e num piscar de olhos, quando se deu conta, estava em Outubro. Dali a um mês, entraria de férias e seria uma aluna do segundo ano do Ensino Médio.

É, o tempo passa depressa – principalmente se você for a narradora da história e tem esse poder.

Para localizar os digníssimos leitores, revelarei que era um dia 12, numa manhã ensolarada, com pássaros, uma leve brisa refrescante e aparelhos de ar quebrados. A sala de aula parecia um forno e os alunos ferviam num calor de 32°C.

Laila estava sentada no centro da sala. Nem atrás, nem na frente; no centro. Olhava entediada para o quadro, sem prestar atenção alguma à matéria que era passada aos pupilos, e estava com a cabeça apoiada na mão. O cotovelo em cima do caderno, em branco, e a respiração lenta e gradual.

Ao seu lado, estava Renato – aquele amigo de Abelardo – que parecia animadíssimo com o que era falado pelo professor.

Na parte traseira, no fundão, estavam Thiago e seus amigos estranhos e desinteressantes. Tagarelavam qualquer coisa sobre videogames e jogos de computador e programas especiais para baixar coisas na internet.

E, na frente da classe, estavam Luna, Serena, Leila, Cíntia e Abelardo. As duas primeiras estavam sentadas na parede, conversando baixinho, e de quando em vez lançavam um olhar para o quadro – preocupadas em manter pro professor a aparência de ‘boas alunas’ – enquanto que Abelardo parecia muito interessado em prestar atenção.

Nada muito interessante, para um dia de aula em Outubro.

Mas, eu garanto, que as coisas vão mudar.

Laila pensava em Abelardo. Mas não daquela forma apaixonada ou encantadora que ela costumava usar para enxergar o moço. Daquela vez, ela analisava os modos do rapaz e tentava entender seu jeito de ser.

Há muito comentei com os senhores, leitores, que certas pessoas diziam que Abelardo era... Falso. E, bem, Laila evitava acreditar naqueles boatos sem pé nem cabeça, mas, ela há de confessar, que algumas vezes era muito difícil não acreditar na boca do povo.

Eu não consigo acreditar que ele fez algo desse tipo...”, ela pensou, pela enésima vez, no relato de Thiago sobre o ocorrido.

Veja bem, Abelardo e Renato haviam começado, juntos, uma banda de nome peculiar. Chamaram Thiago para tocar com eles, afinal, toda banda precisa de um baterista, e desde então eles fizeram duas ou três músicas. Eles começaram a tocar, mas, por algum motivo que só Deus sabe, Thiago saiu da banda, enfurecido, dizendo mil e uma coisas sobre Abelardo.

Deuses, de novo essa história de Abelardo!, Laila pensara. Thiago reclamava de Abelardo para ela, dizia que a banda não chegaria a lugar nenhum – e, vamos confessar, se as músicas continuassem no estilo e do jeito que estavam, provavelmente eles não chegariam a lugar algum – e que Abelardo era um falso.

Novamente Abelardo falso.

E toda essa história acabou criando em Laila um furtivo interesse sobre o jeito de Abelardo de ser. Será que ele era mesmo falso? Ela duvidava de algo assim, não conseguia acreditar que o rapaz ruivo, de sardas e olhar triste tivesse algum tipo de defeito.

Não acho que Abelardo seja falso, ele pode parecer levemente metido à besta, mas falso... Acho que não”.

Continuou a observar o rapaz. Sentado na cadeira, anotando algumas coisas importantes aqui, outras coisas importantes ali, e de quando em vez dando uma olhada no celular.

Ela franziu a testa. Sim, era certo que Abelardo podia se achar o melhor pianista, o melhor vocalista, o melhor qualquer coisa de todos os tempos, mas...

Eu nem o conheço direito, como vou saber se ele é falso ou não? Além do mais, o que isso me interessa? Eu nunca vou ser nada desse garoto mesmo...”, ela pensou.

Finalmente, um sinal agudo e penetrante fez-se soar em toda a escola. Era a hora do intervalo, e mais que imediatamente todos os alunos se levantaram e saíram correndo de seus lugares. Como era a sala de Laila, todos saíram correndo e gritando de seus lugares, como animais no cio.

A garota se levantou lentamente – ainda estava absorta em pensamentos – e não notou quando alguém parou ao seu lado.

-Laila – Thiago interrompeu seus pensamentos.

Odeio quando interrompem minhas reflexões”, ela pensou cruelmente. Na realidade, tudo o que Thiago fazia parecia irritar Laila mais e mais. E por mais que o garoto não pudesse ler mentes, ela ainda ficaria irritada com ele por ter interrompido suas importantes reflexões.

-Oi? – respondeu; seca. Fechou o caderno vazio, guardou umas canetas e jogou tudo dentro da mochila.

-Eu... Eu posso falar com você? – ele perguntou com uma voz baixa, meio nervoso.

Laila virou-se para o garoto; atrás dele, Luna e Serena passavam conversando e rindo. A garota sentiu uma pontada de ciúme. Ela queria estar ali, com Luna, e não com aquele Thiago.

-Pode – tentou demonstrar toda a impaciência em sua voz, mas pelo visto não conseguiu. Ele sorriu e pareceu nervoso e paralisado.

Atrás deles, a maioria dos alunos havia ido embora. Laila sentou-se novamente na cadeira, esperando uma atitude do ‘palerma’ e ficou a observar o quadro negro. Descobriu que a aula era sobre física – que ótimo, ela não sabia absolutamente nada.

Thiago pegou seu Ipod e sentou na cadeira ao lado. Deu um dos fones à garota e os dois ficaram ouvindo um rock qualquer do Nirvana. E enquanto Kurt se esgoelava no ouvido esquerdo de Laila, a garota pensava em Abelardo e em sua teoria sobre ‘pessoas falsas’.

Acho que se Abelardo fosse falso, provavelmente eu já teria escutado algo ruim sobre Thiago, ou Renato”.

Lúcio entrou na sala novamente e sorriu para os dois. Laila acenou para o garoto, se perguntando brevemente por que fizera aquilo, e voltou a seus pensamentos.

Acho que eu só posso julgar se Abelardo é falso ou não, se eu conhecer o garoto, ora essa”. Mas, para conhecer o garoto, Laila teria que ficar amiga dele e isso já era outra história bem diferente.

Entenda uma coisa, Laila prometeu que não trocaria mais palavras com Abelardo durante um bom tempo. Ela jurou a si mesma que não seria amiga de um garoto ridículo como aquele e que, nem em um milhão de anos, tornaria a falar amigavelmente com ele (observe que “começar a gostar dele” não está dentro do juramento).

Isso tudo porque, na sexta-série, Laila começou a ler uma série de livros chamada Deltora Quest.

Deltora Quest é uma série de três volumes, com 8, 3 e 4 livros em cada um, criada pela autora Emilly Rodda. Foi uma das primeiras séries de livros que Laila começou a ler, depois de Harry Potter, e ela estava muitíssimo empolgada! Havia adorado a história e resolveu pedir emprestado para a única pessoa que sabia que tinha os livros: Abelardo.

Nessa época, os dois frequentavam a mesma van escolar e trocavam algumas conversas interessantes e umas risadas. Por isso, ela pediu o primeiro emprestado e, em troca, deixou Abelardo jogar um joguinho besta em seu celular.

Tudo ia bem. Ela pegava os livros emprestados, ele jogava no celular, os dois conversavam, riam e pareciam estar se tornando amigos – ele até mesmo mostrou à Laila seu primeiro livro impresso, cuja primeira página Laila leu e guardou para sempre na memória – até que ela terminou o primeiro volume.

Devolveu o último livro do primeiro volume ao garoto e, no dia seguinte, durante o intervalo, correu até ele para pedir emprestado o primeiro livro do segundo volume. No refeitório, andou até a mesa onde ele se encontrava, engoliu a timidez e pediu o exemplar emprestado.

Abelardo simplesmente disse para ela que não iria mais emprestar nada, e ainda completou o discurso dizendo que ela deveria comprar seus próprios livros, se quisesse ler a história.

Laila saiu do refeitório, com uma raiva descomunal. Queria voltar naquela mesa, pegar o livro que devolvera no dia anterior, e rasga-lo em mil pedaços. Queria fazer Abelardo engolir suas palavras e queria socar sua cara até não restar mais nada.

Por que ele havia dito aquilo?! Ela não conseguia entender. Tinha certeza que o garoto apenas disse aquelas coisas porque estava com seus amiguinhos idiotas e retardados da outra turma. Ela tinha certeza absoluta.

Mas também, você vai ver, seu imbecil, ela pensou.

Voltou à sala e ficou sentada na cadeira, planejando algo contra ele. Talvez voltar com a mania de chamar o garoto por seu apelido – E.T. – ou então dar corda a todas as histórias e coisas que sussurravam debaixo dos panos sobre ele. Mas, principalmente, prometeu que nunca mais seria amiga daquele garoto; jurou que, por mais que falasse com ele na van ou em qualquer outro lugar, não seria amiga dele. Nunca.

Naquele dia, Laila ficou, acima de tudo, magoada. Não entendia porque o menino que parecia tão amigável, de repente disse aquilo. “Se você quer ler, então vai comprar, ué. Fica lendo às minhas custas”.

Então, no primeiro ano, se descobriu apaixonada por ele.

Não sabia se sentia raiva de si mesma ou do garoto por ter mudado tanto. De repente, ele não era mais tão idiota – ainda era muito idiota, mas nem tanto – e não parecia mais um imbecil, que faz piadinhas infantis a torto e a direito, um ser desprezível e repugnante.

Parecia até outra pessoa.

Mas, ainda assim, ela se debatia contra sua promessa. Não queria ser amiga daquele garoto de novo, e sabia, em seu interior tinha certeza, que aquela paixonite iria passar.

Alguém tomaria o lugar de Abelardo.

-... e eu realmente pensei que fosse dar certo – só então ela se deu conta de que Thiago estava tagarelando durante todo aquele tempo.

Deus, você não cala a boca durante um segundo?”.

Às vezes, Laila era bem cruel.

-Uhum – respondeu. Queria entender o que ele estava falando, mas achou que seria indelicado demais dizer que não prestou atenção em seu monólogo por estar pensando no caráter de Abelardo.

Ele ergueu os olhos e andou até a porta da sala.

Laila achou que seria educado andar até lá. Até porque, se Thiago falasse qualquer coisa desagradável, ela poderia simplesmente fugir para o bebedouro ou para o banheiro. Se bem que, se pensasse assim, ela teria que viver fugindo dele.

-Eu... – Thiago tentou falar qualquer coisa, mas Laila não se importou.

Atrás deles, o sinal batia e alguns alunos já subiam para suas salas. Inclusive o pessoal da turma 1103 – era possível ouvir a algazarra no corredor e as vozes estridentes do pessoal do fundão.

Thiago percebeu os outros alunos, respirou fundo e cuspiu:

-Laila, quer namorar comigo?

Laila encarou o garoto. Observou sua expressão nervosa, mas ao mesmo tempo enfeitada por um sorriso no canto dos lábios, como se já contasse com uma resposta positiva. Os olhos verdes a encaravam de uma forma ligeiramente irritante e as mãos se agitavam nas costas.

É, ele estava mesmo nervoso.

A garota notou que aquele pedido realmente significou alguma coisa para o rapaz. Aquilo, para ele, poderia significar o começo de algo bonito, singelo, agradável, que durasse um longo tempo.

Imediatamente, Laila se imaginou namorando Thiago. Beijando o garoto, saindo com ele, indo ao cinema com ele, dizendo para todos que ele era seu namorado...

Oh, Deuses. Ela sentiu que poderia vomitar ali mesmo.

Encarou a expressão de Thiago novamente.

Toda essa reflexão não durou nem meio milésimo de segundo. Quase que imediatamente à pergunta do garoto, ela respondeu.

Sorriu cinicamente e soltou um sonoro:

-Não.

Foi a vez de Thiago parecer que ia vomitar de tristeza.

Laila simplesmente saiu da sala, avistou Luna e sorriu.

Pela primeira vez em sua vida, Laila se sentia tremendamente leve, feliz e satisfeita. Se não fossem todos aqueles alunos, poderia ter beijado a amiga ali mesmo.

E sim, ela ‘cagou’ para Thiago.

Às vezes, Laila era realmente cruel.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? O que me dizem da atitude de Laila? HUEHUE.

Espero comentários, nem que seja para dizer que eu sumi por muito tempo! E, quem sabe, alguma recomendação? (dica para recomendaçao: Fecha os olhos e escreve tudo o que você sente ao pensar em 'Laila'. Funciona ;D )

Beijos, beijos!