Olha só para ele. E agora para mim. O quê diria? Que somos muito diferentes e estamos tão distantes? Sim, e não.

Sofro sim com a distância física, mas meus pensamentos são o alimento necessário para a esperança que cultivo. Nele tudo pode ser perfeito, e mesmo assim escolho a dúvida, a insegurança, todos os sentimentos que tenho certeza que vivenciaria. Estranho me iludir com a sua presença em minha vida, e não criá-la perfeita. Não sei por que faço isso, gosto da perfeição. Gosto de ver, na verdade, apreciar de longe. Deve ser por isso... Já me acostumei com a imperfeição da minha vida, o que a torna belamente retalhada. Imagino-a como uma seda ampliada, pois assim enxergam-se suas imperfeições, cada fio e suas direções. Impossível saber o final de uma linha, sem se perder noutra, e assim por diante. 

É assim, nunca sei o que será do dia de amanhã, e nunca espero demais. Espero o suficiente. Já fui mais feliz me empanturrando de tudo em um dia, mas não aproveitava o suficiente. Não via o suficiente. Empanturrava-me e depois me sentia estufada, como se fosse demais pra mim, não no modo bom. Ainda sou um pouco gulosa, amo o “demais”, só que não posso criar altas expectativas, porque sei que elas não me saciarão. Minha esperança está fraquejando, eu acho...

Quero você, quero demais!... Há uma fúria abrasiva clamando para ser despertada em mim, mas não posso deixar que seja liberta, pois não suportaria todo esse amor só para mim. Não aguentaria que não tivesse você aqui para desfrutá-lo comigo, dividi-lo e somá-lo. Só de imaginar - ah, minha imaginação traiçoeira, não é capaz de controlar-se, tem que ir ao encontro do perigo, do incerto... – seu sorriso, seus olhos, a sensação que você me passa, me sinto triste e desolada, pois esse sentimento me devasta e me faz crer, por momentos, que com a força do meu amor, poderia encontrar-te e fazer de você, minha vida...