Assim que os guardas pararam, ouvi dois tiros acertando dois guardas, seguidos de outros dois tiros. Olhei para a direção e encontrei Daniel com um revólver na mão.

- Onde conseguiu essa arma? – perguntei, aproximando-me dele.

- Isso realmente importa agora? – Daniel perguntou a mim, guardando a arma no cinto. Neguei com a cabeça. – Ótimo, vamos rápido.

Saímos da sala e corremos corredor adentro. Fiquei olhando cada porta, esperando que alguém saísse. Nada aconteceu. Nenhum outro guarda apareceu, nem mesmo alguém armado. Estranho, pensei.

Eu não sei. A voz falou dentro da minha cabeça.

Por que você apareceu só agora? Perguntei.

Não sei. Ela respondeu.

Paramos em frente a uma sala. Olhei para Daniel, estranhando, e ele apenas fez sinal para que eu esperasse. Assenti e ele encostou a cabeça na porta. Depois, quando voltou a olhar para mim, falou:

- O médico está aí. Temos que encontrar outra saída. Talvez uma janela ou...

- Me de a arma. – pedi a ele.

- O que você vai fazer? – ele e a voz perguntaram para mim, em um tom de desconfiados.

- Me de a arma. – repeti, quase tomando a arma das mãos dele. Ele hesitou, mas acabou me entregando.

- Tome cuidado. – ele disse. Assenti e ele me abraçou.  – Estou falando sério.

- Eu também. – falei, retribuindo o abraço. – Ache uma saída e me encontre depois.

Ele me olhou por um breve segundo e depois me beijou de leve. Foi muito rápido, mas ambos tínhamos que ir.

Entrei na sala. De início, não encontrei o médico. Não sei como, mas ele conseguiu se esconder. Talvez tenha nos ouvido lá de fora.

- Saia de onde quer que você esteja. – ordenei a ele.

O que você vai fazer? Perguntou a voz. Tenho que parar de chama-la assim. Tenho que chama-la pelo nome. Responda! Abby pediu.

Você verá. Falei para ela.

O médico saiu devagar. Ele também tinha uma arma, apontada para mim. Fiz o mesmo, apontando a minha arma para ele.  

- Não seja idiota. – ele falou.

- Não seja medroso. – disse – Você sabe que eu te vencerei.

- Veremos. – ele disse.

Quando ele apertou o gatilho, abaixei e apertei o meu também. A bala passou raspando pela minha cabeça, mas nada muito sério. Já a que o atingiu... Acertei-o bem no estômago. Assim que me levantei, fui na sua direção.

Ele estava caído no chão, contorcendo-se de dor, e eu estava adorando aquela situação. Coloquei meu pé de leve, em cima de seu pescoço.

- Eu sei que foi você quem mexeu na minha cabeça. Sei que foi você quem adicionou algumas partes dos outros em mim. E sei que também fez o mesmo com Daniel. – eu falei, enquanto apertava sua garganta. Esperava que ele morresse logo, não importava se fosse por causa do tiro ou sufocado.

Um minuto mais ou menos se passou e seus olhos finalmente morreram. Retirei meu pé de seu pescoço, apontando a arma para ele, prevenindo-me caso ele não estivesse completamente morto. Quando me certifiquei de que ele estava, disse à voz/Abby:

 Obrigada.

Pelo o que? Ela perguntou.

Eu sei que foi você quem nos fez abaixar. Então... Obrigada.

Houve um silencio, mas ela logo respondeu:

 Você também nos salvou. Sabe... Matou ele!

É. Acho que funcionamos bem juntas. Falei, sorrindo.

Talvez. Ela respondeu, mas eu também podia ouvir que ela estava bem. Acho que vamos dividir essa mente durante muito tempo.

Talvez para sempre.

É.

Houve novamente um silencio, sendo apenas interrompido por uma janela, atrás de mim, sendo aberta.

- Abby. – Daniel chamou – Venha!

Corri em direção a pequena abertura. Você gosta realmente dele, não é? Ela perguntou. Sim. Respondi. Ela entendeu, pois meio que me deu uma “privacidade” para ir falar com ele. Só não suma, ok?

Ela hesitou por um momento, pensei que ela já tivesse ido, mas no fim disse: Ok.