Dramione - When Fire Meets Ice escrita por Sofia, beaguiar


Capítulo 9
Capítulo 9 - Sangrando


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta.
Então, eu gostei muito de escrever esse capítulo, acho que é um dos meus favoritos até agora. Espero que vocês também gostem.
Observação: No capítulo passado, nas notas finais, eu mencionei uma música do Tiago Iorc que combinava com o capítulo. Não estou obrigando ninguém a escutar esta enquanto lê nem nada, mas a letra tem relação com o que acontece nesse capítulo e foi a trilha sonora de quando eu estava escrevendo-o. Chama-se Sunday Bloody Sunday, do U2.
Boa leitura!



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Hermione estava sentada à escrivaninha, escrevendo furiosamente. Queria terminar absolutamente todos os trabalhos naquele dia e apenas deixar os deveres mais simples para depois.
Já havia se passado um mês desde a conversa com Rony, e eles não conversaram nem mesmo uma vez desde aquele dia. Consequentemente, Hermione mal conversava com Harry e passava menos tempo com Gina, já que o clima entre os quatro estava um pouco pesado. Para manter-se ocupada, tinha enfiado a cara nos livros e nos trabalhos pendentes. Passava mais tempo dentro da biblioteca do que estudando nos jardins, uma mudança de hábito repentina. Passara a apreciar o silêncio típico do local e o cheiro agradável de livros antigos. Começara a reparar também na textura e na beleza única das páginas amareladas de cada livro e o som do passar das páginas, para tantos dessonante, para ela era uma bela melodia que a acompanhava nas tardes de domingo.

Era um sábado, e ela estava isolada no quarto da monitoria com a porta aberta, uma vez que todos estavam em Hogsmeade. As visitas ao povoado se tornavam cada vez mais frequentes, mas já que ela provavelmnete ficaria sozinha, uma vez que Gina, Harry e Ron estariam juntos, preferiu ficar no castelo e adiantar o que tinha para fazer.
Em relação à Draco, não trocou nem mesmo meia palavra com o garoto desde que brigara com Rony, e também não fazia muita questão de ficar conversando com o loiro.

De qualquer forma, não estava tendo tempo para pensar muito nessas coisas, já que o sétimo ano estava exigindo cada vez mais dos alunos. Muitos consideravam as visitas à Hogsmeade uma ótima trégua para poder respirar direito, mas para Hermione eram apenas algumas horas de puro estresse.

Fez uma pausa para massagear os dedos, já doloridos. Levantou-se e foi até o primeiro salão para pegar alguns bolinhos. Todos ficariam a tarde toda fora do castelo, portanto, os bolinhos e biscoitos eram apenas para ela. Sorriu sozinha, admirando a ausência de outros seres humanos. Por incrível que pareça, estava feliz por estar sozinha. Tudo que ela queria era colocar uma música bem alta e sair dançando entre as poltronas, sem se preocupar com nada. Permitiu-se alguns minutos para relaxar, e se jogou em uma poltrona perto da janela, observando os jardins desertos. A lula gigante aproveitava o silêncio para dar um passeio pela superfície do lago.

Hermione nunca tinha pensado que seria bom ficar sozinha no castelo em um pleno sábado de visita à Hogsmeade, e agora tinha vontade de fazer aquilo todas as vezes.

Levantou-se, afim de ir até o corujal. A resposta da mãe chegara aquela manhã, em um tom preocupado, e Hermione queria escrever outra carta para tranquilizá-la, afinal, realmente estava tudo bem.
Ao chegar na pequena torre, fez uma careta ao perceber que teria que andar sobre todas aquelas “titicas de coruja”, como diria Harry. Estava tão concentrada tentando pisar nos lugares mais limpos possíveis daquele lugar que nem percebeu a presença de alguém num canto escuro do lugar.

-Granger? – A voz de Malfoy não era maldosa, era duvidosa, como se ele não acreditasse que ela, justo ela, ficara em Hogwarts em um dia de visida á Hogsmeade.

-Malfoy? –O garoto estava sentado, recostando-se na parede. A menina franziu o cenho e percebeu que o loiro fazia o mesmo. –O que está fazendo aqui? Por que não foi à Hogsmeade?

-Pergunto o mesmo. –Ele ergueu as sobrancelhas.
Hermione suspirou.

-Fiquei para estudar. –De maneira nenhuma iria mencionar Rony, embora soubesse muito bem que ele já estava sabendo do acontecido. –Vim mandar uma carta para minha mãe. E você?

-Estou esperando uma carta. –Disse o loiro, encarando o chão.
A castanha perguntou-se se aquilo tinha algo a ver com o pergaminho de vira em cima do piano na sala precisa, uma semana atrás. Aliás, ambos estavam fingindo que aquilo nunca tinha acontecido, embora as perguntas continuassem a surgir descontroladamente na cabeça de Hermione.

Nenhum dos dois falou algo mais, não havia nada para ser falado. Hermione simplesmente se recostou na janela e começou a escrever, e quando terminou, amarrou o pergaminho enrolado à perna de uma das corujas e ordenou-lhe o destino. Suspirou, vendo-a partir.
Todo o seu humor de liberdade de antes tinha se esvaído quando a garota viu que Draco também tinha ficado no castelo. Ela realmente achava que ele não iria sair daquele lugar enquanto não recebesse a tal carta, mas não era a mesma coisa.

Hermione também não aguentava mais olhar para a cara do garoto todos os dias e ficar calada, fingindo que não o viu chorar nem tocar o piano. Algo sério tinha acontecido, ela sabia disso, e achava que ninguém precisava passar por situações difíceis sozinho, até mesmo Draco.

-Malfoy. –Finalmente tomou coragem para abrir a boca e deixar as palavras fluírem. –Não posso continuar fingindo que eu não vi nada.

-Mas você não viu nada, Granger. –O garoto respondeu, com o tom de ironia habitual.

A menina suspirou, impaciente.

-Pare de fingir, Malfoy, eu sei que algo aconteceu. Eu sei que você me odeia, acredite, o sentimento é recíproco, mas ninguém precisa passar por situações assim sozinho.
O loiro revirou os olhos, mas depois encarou-a, considerando a possibilidade. Hermione sentou-se na frente dele, tentando ignorar a sujeira.

-Não vou desistir tão fácil. Tenho tempo. –Disse, em tom decisivo.

O silêncio predominou por longos e intermináveis minutos, e em certo ponto, Draco desistiu de retribuir o contato visual com a garota, pois aquilo estava destruindo-o por dentro.

-Pare com isso, Granger, você nem mesmo é minha amiga ou algo assim. –Disse, tentando fazê-la desistir e voltar a fazer seja lá o que ela estava fazendo. Ele não podia sair dali, senão já tinha se levantado há muito tempo, já que temia perder a chegada daquela maldita carta se saísse do corujal.

Hermione não respondeu, apenas continuou encarando-o. Draco não podia deixar de reparar no quão firme ela era, sempre conseguindo o que queria.

Mais alguns minutos se passaram. Alguns não, muitos. Hermione viu o sol baixando e percebeu que já passava do meio dia.
Depois de mais algum tempo, Draco suspirou, derrotado.

-Era uma carta da minha mãe. –Finalmente falou, sentindo os olhos começarem a arder. –Você sabe a atual situação da minha família, Granger, meu pai está preso em casa por um feitiço, sem varinha, simplesmente enlouquecendo pouco a pouco. E minha mãe tem que ficar aguentando... sozinha.

A garota tinha um olhar solidário e demonstrava que estava escutando, mas não disse nada, e Draco admirava a atitude. Ele não precisava escutar nada no momento, precisava apenas falar. Vomitar palavras. Colocar tudo para fora.

-Estou visitando uma psicóloga, aqui em Hogwarts. A Professora McGonagall, você e eu somos os únicos que sabemos disso, então, pelas calças de Merlin, que isto fique entre nós. –Draco nem mesmo sabia porque estava falando aquilo tudo, mas de certo modo sabia que teria que fazer isso alguma hora, e era melhor que fosse com uma pessoa que ele odiava mas sabia que não iria falar para ninguém do que com alguém como Pansy, por exemplo. –E tem dias que tudo está bem e eu simplesmente consigo desviar todas as minhas preocupações e tudo fica perfeito, mas tem outros dias que tudo... simplesmente... desaba. E eu tenho vontade de pular pela janela, só para fazer aquela sensação parar de qualquer forma. Eu não consigo fechar os olhos e fazer tudo sumir, tudo voltar ao primeiro ano, quando tudo era tão fácil...

Os olhos de Draco estavam ficando vermelhos, e Hermione sabia que ele estava tentando ao máximo segurar as lágrimas, mas era muito difícil. A garota nem mesmo conseguia pronunciar o quão complicada era a situação.

-E então, na semana passada, minha mãe me enviou uma carta falando que meu pai teve um ataque de violência. Ele estava indomável, e ela teve que ligar para... bom, para um tipo de sanatório bruxo que fica à alguns quilômetros de Azkaban. Eles o levaram, e não sabemos ao certo quando será liberado, então... Eu simplesmente passo a sentar aqui, todos os dias no meu tempo livre, esperando a carta da minha mãe que vai dizer que ele está em casa novamente.

Hermione não sabia o que dizer depois daquilo. Draco começara a soluçar e levantou-se virando as costas para ela, em uma tentativa de esconder o rosto, mas a garota levantara-se, novamente ao lado dele, encostando a mão em seu ombro.

-E eu me sinto culpado, Granger... –Ele engasgou, tentando manter a voz firme. –Quero que meu pai volte, mas quero que ele volte como ele era antes, e não podre... E louco... Não quero deixar minha mãe sozinha com um homem assim... Tudo que eu fiz na minha vida foi tentar agradar meu pai, e eu machuquei tantas pessoas... Eu matei alguém, Granger. Eu matei um toruxa!

-Draco, todos nós cometemos erros... –Disse Hermione, e segundos depois, ficou tensa, ao perceber que o chamara pelo primeiro nome. Percebeu a tensão nos músculos dele também, mas ambos fingiram que nada de diferente tinha acontecido, e depois de alguns segundos, relaxaram de novo.

-Mas matar... Matar não é nem mesmo discutível. Isso é horrível, um crime hediondo... E tudo que eu fiz foi servir à uma causa que visava matar trouxas! Minha vida inteira foi dedicada à isso, e agora eu tenho que acordar e encarar essa marca horrível no meu braço, tenho que escutar os sussurros nos corredores quando eu passo, tenho que aguentar os pesadelos... Os pesadelos onde eu escuto os gritos... Os gritos da mulher que eu matei...

Hermione olhou pela janela e percebeu que já estava anoitecendo. Nem percebera o tempo passar, ficara a tarde inteira no corujal, sentada, olhando para Malfoy, e não vira o tempo passar...

-Malfoy, olha para mim. Olha! –Ela pediu, segurando os pulsos dele, tentando conter a tremedeira. O garoto se virou. – Você está arrependido, e isso é o que conta agora. Isso tudo está acabado, a guerra terminou, Voldemort está morto.

O loiro estremeceu ao ouvir o nome tão temido.

-Pare. Não é necessário ter medo dele. Ele está morto, Malfoy. –Hermione encarava aqueles lindos olhos cinzentos e podia ver a pureza por detrás deles. –Prometa, prometa com muita sinceridade, que você não vai fazer nenhuma bobagem como se matar. Tudo vai ficar bem. Seu pai vai voltar para casa, mais calmo, e você e sua mãe, juntos, vão fazê-lo refletir e se arrepender, como você está se arrependendo agora. Me entendeu, Malfoy? Você promete?

Depois de alguns segundos de silêncio, o garoto conseguiu sussurrar.

-Prometo. Eu prometo. –Ele disse, voltando a tremer. –Desculpe-me, Granger, por tudo que te fiz. Desculpe-me, por favor, perdão...
A castanha abraçou o garoto num gesto súbito, e Draco apoiou a cabeça no ombro dela, voltando a chorar, sussurrando por perdão.

-Eu te perdoo, Malfoy. Eu te perdoo...

O garoto soluçava e tremia, agarrando-se à Hermione como se ela fosse sua vida.

-Mas o quê...? –Uma voz veio da entrada do corujal.

-Rony? –Disse Hermione, abrindo os olhos e largando Draco, encarando o garoto parado.

O ruivo apenas balançou a cabeça negativamente e riu.

-Como eu sou estúpido. –Foi a última coisa que falou antes de virar-se e ir embora.

Hermione ficou dividida por correr atrás do garoto e continuar com Draco, que permanecia soluçando. A garota soltou um longo suspiro, perguntando-se por que diabos tudo tinha que dar errado. Draco parou de soluçar, e o silêncio dominou o local por alguns segundos.

-Vá. –Hermione escutou o loiro dizer, com a voz baixa. Olhou para ele e viu que ele apontava para a saída com a cabeça, encoranjando-a. A castanha lançou-lhe um último olhar agradecido e saiu correndo pelos corredores do castelo atrás de Rony, pensando no que iria acontecer a seguir.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Me deem opiniões sinceras nos reviews, por favor, eu ficaria agradecida.
E se está gostando, recomende! Ajuda na divulgação da fanfic e deixa a autora feliz.
Até o próximo.