Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 3
Capítulo Três




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/305148/chapter/3

Estamos de volta a estrada, não consegui dizer mais uma palavra depois do que vi e ouvi. Não sei se estou feliz ou se estou com medo, provavelmente os dois. Só alguém que teve premonição sabe como estou me sentindo nesse momento. Minha mãe quebra o silêncio.

– Está certo, já fizemos o que você pediu, agora você nos deve uma explicação.

Papai abre a boca pra responder, mas não sai nada. Vejo uma gota de de suor escorrendo em sua testa, suas mão estão tremendo, como nunca tinha visto em toda minha vida. Finalmente ele fala.

– Lembra quando saí da ultima vez? - Ele faz uma pausa pra ver se assentimos, então continua, - fomos em missão em um centro de pesquisas, onde tudo estava fora de controle. Chegamos lá e vimos muitas pessoas descontroladas saindo de dentro do local, pareciam canibais, atacando as pessoas e dilacerando-as com seus dentes.

Jenna o interrompe soltando uma gargalhada forçada.

– Pai, já não basta o Richard com essas histórinhas de zumbis e você vem com essa ai?! Pare de brincar, e conte a verdade pra nós.

Papai esquece a estrada a frente, olha para Jenna e diz em um tom de voz bem alto.

– Não estou brincando, isso é sério. Não iría tirar vocês de casa se não fosse verdade. - Jenna escuta em silêncio enquanto meu pai continua a falar - Olha, eu gostaria de dizer pra vocês que vai ficar tudo bem, pra não se preocuparem, mas eu não posso mentir, a situação está se complicando a cada hora que passa, eu estou fazendo o que posso para mantê-los a salvo.

Ninguém fala nada. Meia hora se passa e ainda estamos percorrendo uma extensa rodovia. Avistamos um posto de gasolina e paramos para abastecer, um homem alto, careca e um pouco acima do peso, que aparenta ser frentista vem em nossa direção enquanto descemos do carro.

– Richard, fala pro pai que eu fui com a mamãe no banheiro, falou?!

– Jenna, acho melhor você pedir pra ele, esse lugar está quase deserto, pode ser perigoso.

– Ah, vocês dois estão viajando, tô começando a achar que o serviço estressante deixou ele louco de vez. Tô indo, não vamos demorar.

– Espera, não... - Mas não adianta falar, ela já deu as costas pra mim e caminha em direção ao banheiro empurrando a cadeira de rodas da mamãe. Jenna sempre foi teimosa, assim como eu.

Volto pra onde meu pai e o frentista estão e percebo um certo desespero no rosto do homem.

– Os outros que trabalhavam aqui deixaram seus postos ontem a noite e foram pras suas casas, disseram que iam pegar suas famílias e procurar um lugar seguro, alguns falaram até em sair do país.

– E por que eles fizeram isso? - Eu pergunto, embora já imagine qual seja a resposta.

– Está tudo um caos, a programação do rádio é sempre a mesma, boletins de notícias mandando as pessoas estocarem comida e se trancarem em casa, mas eles nunca são muito específicos em relação ao que está acontecendo.

– E por que você não foi atrás da sua família, como os outros fizeram? - Pergunta meu pai.

– Não tenho família, senhor.

Nossa conversa é interrompida por um grito vindo do banheiro do posto, corremos desesperados até lá, eu já penso no pior. Meu pai abre a porta do banheiro com um chute e encontra Jenna encolhida ao lado da pia, apontando pra um ratinho que passeia por ali.

– Você está ficando louca? Esse escandâlo todo por causa de um rato? - Meu pai é um misto de raiva, mas também de alívio por ela estar bem.

– Esse bicho nojento passou por cima do meu pé! Preciso de álcool agora mesmo! Não quero pegar nenhuma doença.

– Em meio a "canibais" que estão devorando pessoas você tá preocupada com um ratinho? - Estou muito irritado e não consigo esconder isso. - Cadê a mamãe?

– Canibais? Você é um lunático Richard!

– Parem de brigas meninos, será que vocês não conseguem ficar uma hora sem brigar? - A voz é da nossa mãe, que vem saindo de um dos banheiros com certa dificuldade pra se ajeitar na cadeira de rodas.

– Olha, não quero interromper a discussão familiar, mas o garoto aí falou "canibais"? Do que ele estava falando?

– Não temos tempo pra ficar dando explicações, vamos encher alguns galões de combustível e sair daqui agora. Temos um longo caminho pela frente ainda. - Diz meu pai, saindo do banheiro e indo em direção as bombas de combustível.

– Desculpe moço, nem nós sabemos direito o que está acontecendo. Tudo está muito confuso, mas seria melhor o senhor sair daqui também, não deve ser seguro ficar sozinho por aqui. - Olho nos olhos do homem enquanto falo, e tenho um leve pressentimento que logo iremos nos encontrar novamente.

– Vou decidir ainda se fico aqui ou vou pra outro lugar. Aliás, qual é mesmo seu nome garoto?

– Richard e o seu?

– Maike. Quem sabem a gente se encontra por aí R.. Ri.. Como é mesmo seu nome?

– Richard. Adeus Maike.






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue Quente - O Contágio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.