POV Justin

Estamos no cruzeiro há cinco dias e eles passaram muito rápido. Visitamos o sul do Brasil e estamos indo para a Argentina. Foi difícil pra Carol conseguir se sentir bem aqui dentro, mas aos poucos ela foi perdendo o medo. James está bebendo bem menos. Pelo menos ele não ficou bêbado outra vez e quase beijou o Sam de novo.

Sam me disse que ele estava certo. Foi só uma quedinha momentânea pelo James. Ele já não quer mais nada com ele. Seria péssimo ter que ouvir Sam e Carol competindo pelo James, sendo que todos nós sabemos quem ele escolheria. E ele anda bem colado comigo ultimamente. Achei até que quisesse me beijar outra vez. Me lembro do nosso selinho demorado no elevador. Eu o avisei que não quero nada porque ainda penso no Rick. Mas não vou culpá-lo porque ele estava bêbado.

Estamos voltando da boate, e eu vou logo pra minha cama. Minha cabeça dói de tanta informação. Assim que deito, durmo.

- Justin... – Uma voz conhecida me chama – Justin...

Abro meus olhos devagar e vejo Rick vestido de branco na minha frente.

- Rick?! – Pergunto espantado. Olho para os lados e apenas vejo nuvens. Estou no céu? Me levanto e o abraço forte – Rick! Senti tanto a sua falta!

- Eu também sinto a sua, Justin. Muito. Mas também estou muito chateado com você – ele olha sério pra mim.

- Por quê? – Pergunto assustado.

- Porque você está deixando de viver sua vida por minha causa. Vá se divertir, vá viver a vida de um adolescente normal! Você sabe que tem alguém que gosta de você. Por que não aproveita?

- Quem? O que? – Franzo a testa completamente confuso.

- Eu estou tentando dizer pra você ter algo com o Sam! Dá pra perceber que ele quer isso. Ele é um cara bem legal e te faz rir. Ele te deixa feliz. Eu sinto isso... Eu quero que você seja feliz. Sem mim.

- Não... Rick, eu não posso!

- É claro que você pode. Eu estou morto. Sam está vivo. É simples – ele ri.

- Então pra eu poder ficar com você eu preciso morr...

- Nem ouse terminar essa frase! – Ele me interrompe. – Eu quero que você dê uma chance pro Sam. É triste ver você sozinho, sabia? Me deixa triste.

- Estou triste porque não tenho você.

- Eu estou com você o tempo todo. Aqui – ele toca minha cabeça – E aqui – ele toca meu coração. Sua mão permanece lá, o que faz meu coração bater mais rápido – E o Sam está lá. Esperando por você. Agora vá e fique com ele. Eu sei que ele quer isso. E você também quer.

- Não, eu não...

- Quer. Eu vejo em você. Você só não aceita isso porque ainda pensa em mim. Mas eu quero que você aceite isso. Eu estou bem aqui. Protegendo você de qualquer coisa.

- Obrigado – o abraço – Posso ganhar um beijo? – peço.

Ele sorri e se afasta.

- Sam fará isso por mim.

Abro os olhos e me sento na cama às pressas. Isso foi um sonho. Talvez um sinal do Rick. Será?

Ouço a porta do banheiro e Sam está quase saindo de lá.

- Não saia! – Desço da cama correndo e fico de frente pra ele – Oi.

- Bom dia – ele sorri.

- P-posso entrar no banheiro? – Gaguejo.

- Claro – ele tenta sair, mas eu o impeço – O qu...

Eu entro no banheiro e fecho a porta atrás de mim. Olho pra ele. Ele parece confuso, mas interessado.

- Eu... – Respiro fundo – Tive um sonho. E foi um sinal pra eu fazer isso.

Me aproximo dele devagar. Ele percebe e dá um sorrisinho. Ele também se aproxima e fechamos os olhos. Quando estamos com os lábios quase colados, eu coloco as mãos em seu cabelo e ficamos um tempo parados apenas respirando. Nossos rostos se movem, e nos beijamos.

É um beijo lento no início, mas é bom. Será que Rick queria isso mesmo ou eu estava enganado sobre o sonho? De qualquer forma, Sam já me imprensou contra a parede e eu não consigo me mexer. Continuamos o beijo, e Sam sorri.

- Sabe... Não imaginei que fosse você a me beijar. Eu pisquei tantas vezes pra você nesses últimos dias, que acho que fiquei com algum problema no olho – ele ri.

- Aquela história de estar a fim do James... Era só pra fazer ciúmes em mim?

- Talvez – ele sorri e morde meu lábio inferior.

Continuamos nos beijando e um tempo depois, minha barriga ronca. Sam ri.

- Acho melhor irmos tomar o café da manhã – ele me beija outra vez.

- Que horas são?

- 9h. Eu ia voltar a dormir, mas você já tirou todo o meu sono – ela morde o próprio lábio.

Sorrio envergonhado e abro a porta do banheiro. James nos olha e sorri maliciosamente. Olho pra baixo e sinto meu rosto pegar fogo. Por sorte, Carol ainda está dormindo. Mas James não para de nos olhar com um sorrisinho.

- Vamos tomar café. Quer vir? – Sam pergunta normalmente.

James concorda e acorda Carol pra ela não ficar sozinha na cabine, mas ela diz que não tem problema e volta a dormir. Trocamos de roupa e subimos até a cafeteria. Fazemos nossos pratos e nos sentamos.

- Então... – James começa e ri.

- Então o que?

- Se beijaram? Eu não sou estúpido, né – ele sorri.

- E foi o Justin que deu a iniciativa – Sam diz.

- Uau! Estou impressionado – James bate palmas de brincadeira.

- Para com isso – rio.

Voltamos para a cabine e Carol já está de biquíni. Colocamos nossas bermudas e vamos pra piscina. Todos entram, menos eu.

- Entra, Justin! – Sam me chama.

- Ah, não – eu rio envergonhado.

- Por quê? – ele pergunta.

- Ele não sabe nadar – James responde por mim.

- Eu te seguro – Sam pisca pra mim.

Sorrio tímido, e entro na água. Sam fica me segurando pela cintura.

Saímos pra almoçar e quando terminamos vamos jogar um pouco de futebol com alguns brasileiros que falam inglês, e vamos pro salão de jogos. Passamos a tarde inteira nos divertindo, então voltamos para nossas cabines e tomamos banho. Jantamos, vamos pro teatro e depois pra boate. Preferimos não beber hoje, e mesmo assim dançamos e rimos muito.

Lá pras 2h, James e Carol resolvem voltar pro quarto. Saio da boate com Sam, e ficamos andando pelo convés. Ele enrosca o braço dele no meu e ficamos andando agarrados. O vento é muito forte e frio.

- Você não me explicou direito – Sam começa a falar – Que sonho foi aquele?

- Não sei se foi um sonho ou um aviso do Rick, mas... Ele me disse pra eu ficar com você.

- Então eu acho que ele fez certo – ele me beija, mas eu o afasto.

- Por favor, sem beijos em público. Da última vez, nem beijando eu estava, e olha o que aconteceu...

- Tudo bem. Já entendi. Sem problemas – ele sorri fraco – Que tal se voltarmos pro banheiro?

- Mas James e Carol estão no quarto.

- Eles não vão nos ver se estivermos no banheiro – ele arqueia uma sobrancelha.

Rio, e vamos para nossa cabine. Chegando perto, começo a ouvir uns barulhos estranhos. Me aproximo mais, olho espantado pro Sam e ele tampa a boca. Chego perto da porta e encosto minha orelha. Puta merda.

James e Carol estão transando!