Somewhere in Time escrita por Lonely Looney


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Voltei, seus lindos ^-^ Espero que os Antigos voltem e surjam Novos :) Vou sentir falta de quem sumir T_T



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Capítulo 10 –

— Por que está tremendo tanto?!— Perguntou Snape a Amanda, em tom de zombaria. A garota não teve um segundo de paz desde que Snape mencionou o convite para passar o Natal em sua casa, em Spinner's End. Amanda não queria alimentar falsas esperanças, mas e se o fato quisesse dizer... algo mais?

— Mas Snape... E... E se- Você não mora sozinho... Mora...?

Ele tentou disfarçar, mas meio que sorriu, por baixo dos cabelos, diante da pergunta evasiva de Amanda.

— Não, não moro... Há alguma intenção por trás da sua pergunta?

— Como assim, "alguma intenção"?! Que tipo de intenção poderia haver além de receber uma resposta objetiva do tipo, "sim"ou "não"?! É simplesmente inacreditável!

— Nossa, tá bom... Bem, então já respondi. Por que está tão nervosa, aliás?

— Eu não estou nervosa e você me irrita!

Ele não respondeu, só ficava ostentando um sorrisinho irritante, além de ter o desplante de pegar na mão de Amanda.

— Não se preocupe. Eles vão adorar você. – ele olhou para ela, cheio de ternura, tentando tranquilizá-la.

Era incrível! Não dava para acreditar, mas não podia ser Snape... Será que eram a mesma pessoa...? Amanda estava um pouco desconfiada, naquele momento... Será que era algum Universo Paralelo por Trás do Espelho, em vez do Passado?

— Hm? Que foi? – ele perguntou, confuso, encarando-a.

— Nada! – ela respondeu um pouco afetada demais com o espanto para parecer verdade, mas ele resolveu acreditar.

Amanda e Snape finalmente chegaram a Spinner's End. Que lugar mais... "triste", foi a primeira palavra que Amanda podia pensar para descrever. Uma rua com várias casinhas de tijolos, uma ao lado da outra, parecendo mais armazéns abandonados... E aqueles postes de luz enferrujados, com lâmpadas quebradas? E pelo cheiro... Devia haver um esgoto ali perto, ou um lago sujo, algo assim...

Tão diferente do esplendor ensolarado da Califórnia! Tão sem cor... e ainda por cima, chovia! Claro que chovia... Amanda nem pensava mais em resfriados. Já se sentia meio doente por estar ali.

E Snape parecia hesitante, ansioso...

Snape? Algum problema...?

Ele estava bem em frente à porta de sua casa... E não a abria. Simplesmente, não a abria. Finalmente, suspirou, abriu e entrou.

— Venha, Mandy. Conheça minha casa...

Ela entrou, um pouco receosa. Snape não parecia muito confortável e nem um pouco orgulhoso de sua moradia. Era um local bastante sombrio, a atmosfera era densa, melancólica...

Exatamente como o Snape do Futuro.

— Hm, Snape...! – Amanda tentou alegrar o ambiente – Bem legal sua casa!

E não soou nada convincente. Nem um pouco.

Tanto que o outro não teve escolha, a não ser rir. Não que fosse exatamente engraçado, mas pela reação de Snape, parecia a maior piada do Universo... Ele não gargalhava, mas era um riso contido e sincero, que ele continha apenas levando uma das longas mãos à seus lábios. Amanda estava entre nervosa e... deslumbrada.

— Se você gostou, espere até conhecer minha família. – o sarcasmo era evidente, apesar de Snape estar esboçando um largo sorriso, ao guiá-la pela pequena sala de estar, que ostentava apenas um sofá em péssimo estado, uma mesinha de centro empoeirada e várias estantes abarrotadas de livros. Ela queria parar para ver quais seriam os livros nas prateleiras, mas Snape nem lhe deu tempo para pensar nisso. Adentrou um cômodo gritando "Mãe!" e Amanda começou a sentir os efeitos da insegurança...

Amanda entrou junto com Snape e se deparou com uma mulher alta, dolorosamente magra, sentada em uma cadeira num quarto iluminado por apenas uma vela, com apenas uma cama e um criado-mudo mobiliando-o. Ela não parecia nem ter se dado conta da presença deles. Mas ao notar Snape, moveu os lábios, tão pálidos, no que parecia querer ser um sorriso e disse, se aproximando:

— Severus, você já chegou, meu querido. – E de repente, reparando que Amanda estava lá, fitou-a com curiosidade:

— Mas quem é essa, Severus? Uma amiguinha? Você nunca traz amigas para casa...

Amanda só ficava olhando para o chão e Snape, sem saber muito bem como controlar a situação, falou, com raiva (ao que parecia):

— Mãe, eu avisei à senhora que traria minha- bem, que traria uma amiga para cá. Eu mandei umas três corujas, pelo menos!

Amanda não se importava mais com o desconforto da situação. O que a incomodava, no momento, era uma palavrinha inconveniente...

— Oh, sim. Claro, meu querido. Seu pai deve ter recebido as cartas... Sabe como é, não é?

Que mulher... estranha... Amanda não conseguia entendê-la. Ela parecia apática, mas definitivamente, não soava como tal. Principalmente ao mencionar sobre "as cartas"...

"Essa não... Me meti numa situação bem Punk-Rock.", concluiu a garota.

— Melhor vocês irem se trocar, queridos...

— Onde está Tobias, Mamãe?

— Ele disse que sairia para comprar a ceia de Natal... Mas ainda não voltou...

Snape bufou e, imediatamente, Amanda correu para segurar as mãos da mulher:

— É que está chovendo muito, Sra. Snape...

As mãos dela estavam tão geladas que só o costume com situações extraordinárias evitou que Amanda as soltasse na mesma hora em que as agarrou.

E como era parecida com seu filho... O mesmo rosto pálido e angular, os mesmos cabelos...

Mas, por enquanto, os olhos de Snape não estavam opacos como os de sua mãe.

— Sim, querida, deve ser isso... – ela disse, sem olhar bem para Amanda ou lugar nenhum.

Uma porta se abriu, tirando todos desse devaneio.

— Eileen! – um homem gritava – Onde você está? Nunca tem comida nessa casa! É Natal, e você não preparou nada! Bruxa vagabunda, preguiçosa, nem sua magia faz aparecer comida! Você é mesmo uma inútil!

A mulher continuou sentada na cadeira, mas apenas se encolheu, visivelmente, como se estivesse tentando desaparecer ou entrar num casulo. Amanda olhou para Snape, pois sentiu uma aura emanando de algum lugar... E não foi à toa, pois o garoto saiu correndo, sacando a varinha, em direção à voz.

Não, Snape!— Amanda o perseguiu, sussurando.

Ela o alcançou a tempo de puxá-lo pelas vestes negras. Fato que o irritou ainda mais.

Desgraçado!— gritou Snape, mesmo sendo segurado por Amanda, e apontando a varinha para Tobias.

Valeu a pena porque o Trouxa ficou assustado... Talvez não mais que Amanda, pois isso renderia aos dois uma passagem sem volta à Azakaban e uma visitinha rápida ao Wizengamot, quem sabe...

— Snape, não seja absurdo! – Amanda sussurrava de modo que só ele podia ouvi-la. – Você sabe que não pode usar magia fora da escola, ainda mais para o que pretende!

Mas o garoto tremia de fúria.

— Você não sabe de nada. Me larga, Amanda. Não interessa mais. Isso acaba aqui. Já devia ter acabado.

— Está louco?! – ela se enfiou na frente de Tobias e Severus, a fim de racionalizar com o outro – Eu tenho mais a perder que você! Pode parar com isso agora!

Amanda teve a plena certeza de que Snape ia rir, empurrá-la para o lado, matar Tobias, olhar na cara dela e rir de novo. Afinal... "quem eu penso que sou? Não significo nada para ele, ele vai é matar a nós dois, se for preciso..."

Mas Snape apenas olhou para ela com uma cara muito feia, baixou a varinha, deu-lhe as costas e saiu.

O homem estava lá, caído no chão, ainda sofrendo os efeitos do susto. Amanda olhou para aquele ser patético e suspirou.

— Eu o salvei agora, mas não haverá tolerância numa próxima vez, Tobias Snape. – ela queria rir, visto que estava blefando como nunca e nem sabia com quem exatamente estava falando, apenas adivinhando nomes e parentescos e invocando a Deusa, para conferir mais autoridade à sua voz – Estaremos de olho. Aquela pobre mulher pode ter sido subjugada, mas você não escapará ao Julgamento Final.

Amanda saiu quase tropeçando nos próprios pés, abafando os risos. "Julgamento Final"? Tudo bem, essa foi um pouco demais...

E caindo em si... Concluiu que Snape a obedeceu. Ele... cumpriu uma ordem dada por ela.

"Isso sim, é que é inversão de papéis..."

Mas pelo jeito, ia sair caro. Snape estava parado em frente a uma porta, encostado na lateral, com uma cara nada, nada satisfeita. Só faltava ficar batendo um dos pés pra completar o quadro.

— Olha aqui... Não me venha com essa e nem aquela. – avisou Amanda. – Eu salvei sua vida.

— Salvou sua vida, você quer dizer. Não finja que fez isso por alguém que não tenha sido você mesma!

Por pior que fossem as palavras, ela já esperava por isso, tudo isso...

— Tem razão. A verdade é que foi bem isso mesmo. Voltei no Tempo por mim mesma, arruinei qualquer possibilidade de Futuro que eu teria por mim mesma, conheci o pior tipo de gente por mim mesma e enganei todo mundo por mim mesma. E fiz tudo isso pra no final o mais colossal dos idiotas dizer que trouxe para casa uma "amiga". Ainda bem que fiz tudo isso por mim. – ela disse essa última frase com o sorriso mais sardônico que conseguiu manejar, mesmo estando tão magoada.

— Não, não, espere... Não foi isso o que eu quis dizer—

— Foi o quê, Snape? Foi o quê? – ela olhou para ele, ácida, dessa vez sem nenhum sorriso.

Droga.— ele desistiu e entrou no quarto, frustrado.

Amanda não sabia muito bem o que fazer naquela hora. Talvez devesse ir embora... Por que simplesmente não voltava para o Futuro?! Já não havia brincado demais?

Ela retirou o pingente do Vira-Tempo de dentro da camisa e contemplou-o. Será que não detectariam Magia ou algo assim se ela ficasse brincando com ele e indo para onde quisesse, como se fosse uma espécie de Doctor Who? Ela podia levar a vida assim...

Até parece. Se fosse tudo tão fácil, o acesso a esses objetos seria ilimitado...

E depois... O Doctor nem sequer era humano...

"Droga."

Amanda queria entrar no quarto de Snape quebrando tudo, mas o que ela viu, a fez mudar de ideia, de imediato.

Snape estava... chorando.

— Você está chorando?!

Ele olhou para ela com a face cheia de lágrimas, indignado com a pergunta invasiva.

— Não, Amanda Rice. Estou me divertindo a valer. Minha vida é maravilhosa. Era só o que me faltava.

Amanda lamentou profundamente não ter ido embora quando pôde. Agora ela estava diante de um Snape, chorando, e saber o que dizer ou fazer nessa situação devia ser tão simples quanto preparar uma Poção para Ressuscitar (se é que existia tal Poção).

"Talvez eu deva perguntar sobre essa Poção! Ele deve saber se existe, isso vai distraí-lo e ainda por cima, pode ser uma informação útil!"

— Sai daqui! – ele falou, irritado. – Vai ficar aí parada, me olhando?

— Umh, Snape! – ela falou, sentando-se ao lado dele na cama – Olha, não é tão ruim quanto parece...

— É péssimo! E você não saberia!

— Olha aqui. – ela puxou os cabelos de Snape bruscamente – Não fale assim comigo, entendeu? Estou tentando te ajudar. Pare de agir como um idiota, se conseguir, é claro. E me escute: tudo bem, eu realmente agi por motivos egoístas. Mas aquela hora, não foi só por mim. Você o teria matado. Não nego que talvez ele merecesse, mas não cabe a você julgar. Afinal, você já está envolvido em problemas até o pescoço. Não precisa de mais essa na sua lista, Comensal.

Snape sibilou, irado, e virou o rosto para evitar encarar Amanda, sentindo-se humilhado.

— E você sabe que estou certa. Mas que seja. Estou indo, e agora, estou mesmo! Você é maluco e eu devo ser mais ainda!

Ela estava indo mesmo, Snape até esperou para ver se ela hesitaria... Mas ela estava realmente falando sério.

— Você vai mesmo embora?!

— Claro que vou! E por que deveria continuar aqui? Tecnicamente, eu nem existo.

— Não, não, espere! Talvez... – ele segurava o pulso de Amanda.

— Snape, me solte... Você não quer que eu fique, e sabe. Você não me quer.

— Então, no fim, se resume a isso? – ele deu um risinho.

— Se resume a isso o quê?!

— Amanda, não seja tão orgulhosa... Você quer ficar... Por que não fica?

Amanda quase pegou sua varinha para enfiar no olho dele.

— Quer saber, essa conversa não para de dar voltas. E você é presunçoso demais pra alguém que, agora há pouco, não passava de um bebezão.

Agora foi a vez de Snape ficar com raiva.

— Você joga na minha cara minhas fraquezas, isso não é coisa que se faça!

Amanda revirou os olhos azuis e contemplou-o com desprezo, irritando Snape mais ainda. A gota d'água foi ela virar as costas para ir embora. Mas se ia ou não, ele nem lhe deu a chance de sair do quarto. Agarrou-a pela cintura e bateu a porta, trancando-a por dentro.

— Ficou louco?! Não pode fazer isso, me deixa sair!

— Não vai sair, não. E vai fazer o que eu quiser. – ele dizia, enquanto empurrava seu corpo contra o dela, forçando-a a se deitar na cama.

— Vai se arrepender por isso, Snape... – ela dizia, em meio a um espasmo de antecipação. Ela nem estava lutando o suficiente para aquele jogo besta ter graça...

**********************************************

Os dois estavam juntos, abraçados, e Amanda finalmente falou:

— Eu amo você. Muito. Não quis parecer incompreensiva.

Ele suspirou e a abraçou mais forte.

— Eu sei. Você realmente me salvou, de novo. Sinto muito por me comportar assim, mas eu o odeio. Não queria que tivesse visto isso, mas não posso deixar minha Mãe sozinha. Só frequento Hogwarts porque devo. Preciso ter uma vida decente e cuidar dela, e me livrar... daquele maldito que você viu ali.

— Então, por que me trouxe? Não ficou... com medo de se sentir exposto, ou algo assim?

— Bem... – ele demorou um pouco para responder – Eu não podia deixar você lá sozinha em Hogwarts...

— Hm. Muito legal da sua parte, mas a Lily tinha me convidado para passar o Natal com ela e a família, sabe? Aliás, eu havia lhe falado.

— É, é, eu sei. – ele respondeu, cheio de desprezo – Mas eu preferia que passasse comigo.

— É? – ela o olhou nos olhos e exigiu – Por quê?

— Bem, porque... Porque aqui você vai se divertir muito mais, com certeza.

Amanda sorriu, e quase o deixou passar com essa.

Quase.

— Bem, se é por diversão... Eu tenho outra opção de diversão, que a Lily também chamou para o Natal, mas enfim...

Snape se afastou de Amanda bruscamente. O comentário surtiu o efeito desejado.

— Ora, Sev! Pois se fosse por você, não era comigo que estaria passando as horas vagas, não ééé?

— Okay, Amanda, chega de ser evasiva. O que está insinuando?

— Pois bem. Estou "insinuando" que você gostaria de estar com Lily Evans, mas me usa como válvula de escape, e como não quer ter seu orgulho ferido, não me deixa ir embora. E se os rumores de que seu amiguinho Sirius Black está interessado em mim forem verdade, eu poderia logo aproveitar e partir para outra.

Foi direto demais para uma insinuação, mas enfim... Amanda terminou de falar e era óbvio que esperava uma resposta. Uma boa resposta...

— Oh...

— É. É isso mesmo. Agora... diga-me, onde é o chuveiro ou algo assim?

— Mandy... Desculpe por eu ser tão insensível. E eu não estaria com você se não quisesse. Não estaria com uma garota pensando em outra! Caramba, Mandy, que tipo de cara pensa que eu sou?

— Uhm... Um cara que é amigo de uma Legião do Mal?

— Olha, Mandy, você está sendo difícil. O que, afinal, quer que eu diga?

— Nada, Snape. No momento, só quero que você me diga onde é o banheiro.

— Mandy...

— Snape, sério, eu preciso—

— Mandy, eu amo você. Sinto muito por ser covarde e por ser tão difícil falar isso, mas, eu amo você, sim.

Funcionou para ela pelo menos parar de perguntar sobre o banheiro...

— Você está dizendo isso só para eu te deixar em paz, não é? – ela perguntou, resignada. Definitivamente, não devia ser o efeito provocado...

— Como alguém diz essas palavras para se livrar de outra pessoa? Você vem de outro Tempo ou de outro Planeta? – ele agora olhava nos olhos dela, e segurava-lhe as mãos.

Ela apenas conseguiu balançar a cabeça afirmativamente.

— Eu mostro a você onde é o banheiro. Também preciso de um banho... – ele piscou, sugestivamente.

Amanda, na verdade, queria era chorar de alegria. Ele dissera e confirmara. Agora é que ela não voltaria nunca mais, se fosse necessário.


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