— Bom, pelo menos a TV Hogwarts permanece. — disse Scorpius ligando a televisão no canal do Pirraça. — Até os pirralhos foram embora. Eles crescem tão rápido, não?

— Onde foi que erramos? — perguntei sentando-me ao lado dele no sofá.

— Sei lá, em algum sinal de mais. — deu ombros. — Pelo menos não estamos tendo aulas de História da Magia, seria pior se estivessemos fadados à eternidade ouvindo o senhor Binns.

Suspirei cansada e me vi no direito de deitar no ombro de Scorpius, estava chateada.

Chateada porque nunca havia errado uma conta e tinha certeza de que nada estava errado. Tínhamos que juntar oito casais e um sem querer, mas não havia sobrado nenhuma pessoa sozinha. Alvo e Alice, Adam e Lily, Teddy e Victoire, Roxanne e Lorcan, James e Dominique, Molly e Leo, Fred e Hubi, Lucy e Wood. Não havia nada, exceto…

— Eu. — disse em voz alta, como se uma lâmpada tivesse acendido em cima da minha cabeça. — Eu sou a ponta solta.

— Como é? — Scorpius riu, passando a mão pelo meu braço.

Eu gostava do Wood, e ele não gostava de mim, então logicamente eu sobraria nessa profecia. E, para variar, teria que encontrar alguém para… Amar. Malfoy. Scorpius Hyperion Idiota Malfoy era a solução — por mais tosco que pudesse parecer — da profecia. Com ele, que eu já tinha visto que gostava de mim, eu não seria uma ponta solta.

Olhei para ele com um sorriso divertido, e ele franziu o cenho.

— O que foi?

— Shhhhh.

Virei-me para ele, coloquei minhas mãos em seu rosto e o beijei, ao vivo, a cores e acordada.

[SEXTA-FEIRA]

— ROSE WEASLEY, ACORDA!  — Roxanne pulava em cima da minha cama, como uma criança que tenta acordar os pais (ou o mundo). — Domi, acho que ela morreu.

— Eu não morri, Roxanne. — resmunguei. Opa. — Roxanne? — arregalei os olhos e um sorriso imenso apareceu nos meus lábios. — Domi? Vocês são mesmo vocês?

— Até onde eu sei, eu sou eu. — Dominique riu enquanto arrumava sua capa. — E você, Rox? Você é você?

— Eu sou eu, também. — a morena deu ombros. — Você ficou lendo até que horas? Porque… Caso não saiba, você tem dez minutos para se arrumar.

— Por Merlin! Preciso achar o Scorpius.

— Hã? — foi a última coisa que ouvi Roxanne dizer.

Não cronometrei, porém tive plena convicção que não levei sequer cinco minutos para me trocar e sair correndo do dormitório em direção ao grande salão.

Era impossível que tudo aquilo tivesse sido um sonho, realmente impossível. Por isso, corri o máximo que pude para encontrar Scorpius em algum lugar. Graças à imensa cadeira grande branca de Simon, quando estava chegando perto do salão, avistei um garoto que não tinha asas e parecia estar desesperado para me encontrar.

— ROSE! — ele gritou, indo correndo até onde eu estava.

— Graças a Dumbledore. — suspirei ao vê-lo. — Me convença que não foi um sonho.

— Maicon, Colin, asas, CDC, bebês… — dizia descontroladamente enquanto sorria. — Não foi um sonho. Aliás, quando eu acordei, tinha uma carta em cima da minha cômoda. CDC que enviou.

— Por alguns instantes pensei que estava louca.

— Eu também. — estendeu o envelope para mim. — Eu acordei meio atordoado, só lembrando de você, ou melhor, de nós em um sofá e você desesperada falando “Vai, Scorpius”. — não pensei duas vezes antes de lhe dar um tapa bem ardido no braço. — Seu senso de humor continua horrível.

— Isso significa que éramos o último casal. E…

— E isso é estranho. — completou me segurando pelos ombros e, em seguida, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Mas podemos nos acostumar, hum? Ou você vai resistir aos meus encantos?

— Que encantos? — ri revirando os olhos. — Tenho certeza que a missão deles é acertar alguma flecha em nós, certeza! — exclamei enquanto era abraçada por ele. — Nós nos odiamos, esse plano deles é praticamente impossível.

— Eu não te odeio.—  Scorpius depositou um beijo na minha testa. — E se você me odiasse, não teria me agarrado duas vezes.