A Seleção escrita por imyourvenus


Capítulo 5
Como você é engraçada Srt. Ops




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Lily Evans.

Fiquei conversando com Dorcas e Lene até o anoitecer, elas eram realmente engraçadas.

Chegou à hora do jantar, elas me ajudaram a me vestir – não sei pra que tanta palhaçada apenas para descer, jantar e voltar pro quarto, uma vez que nem o próprio príncipe estaria lá – com um vestido azul simples mas muito elegante e uma correntinha dourada com um pingente de coração muito fofo. Fui obrigada a colocar um salto que era mais ou menos da altura da minha mão – sim, Lene me ameaçou – deixamos meus cabelos soltos e elas fizeram uma maquiagem levinha e discreta.

Com a cor do meu cabelo, tudo o que eu precisava era chamar menos atenção. E acho que as meninas fizeram um ótimo trabalho á esse respeito.

Estávamos descendo as infinitas escadas que dava acesso á sala de jantar quando elas tomaram outro corredor.

– Vocês não vêm? – Perguntei aflita, afinal, como eu iria achar a sala de jantar sem a ajuda delas?!

– Não Lily, nós jantamos na cozinha. Mas não se preocupe, é bem fácil de achar a sala, é só continuar descendo e virar á esquerda, não tem como errar! – Disse Dorcas gentilmente enquanto voltava a caminhar ao lado de Lene.

– Bom, então me desejem sorte. – Murmurei pra ninguém em especial.

Fui descendo lentamente, afinal, se eu tentasse andar um pouco mais rápido era possível eu tropeçar e sair rolando escada abaixo. O que seria bem mais rápido, mas nada legal.

Não era nenhum pouco fácil como Dorcas tinha dito, só a escada era como um labirinto, tinha corredores que desciam e subiam para direita e para a esquerda – sim, corredores de escada! – então decidi descer reto, e foi isso o que eu fiz, enquanto acreditava inutilmente que quando a escada terminasse teria apenas um corredor esquerdo.

Doce ilusão.

Tinha pelo menos uns seis corredores esquerdos e seis direitos, fora os que iam pra frente que nem me atrevi a contar.

Eu estava tentando decidir por qual corredor seguiria, mas isso era praticamente impossível já que todos os corredores eram idênticos, sem uma única pista de onde daria.

Sinceramente? Acho que deveriam ter placas de indicação naquele castelo idiota.

– Perdida ruivinha? - Perguntou uma voz masculina, e com certeza não era a do carinha que trabalha pra família real. A voz que me chamou de “ruivinha” era bem mais másculas, e se me permite dizer... Sensual.

– Precisou de ajuda ou descobriu sozinho?! – Falei enquanto encarava o garoto a minha frente. Sem dúvidas era muito bonito, mas também era muito convencido. E sim, era possível perceber que ele era convencido só de olhar pra ele.

Estranho, não?

– Vejo que alguém está irritada, e se eu fosse você não falaria assim comigo já que sou o único que pode te ajudar a encontrar o caminho.

Convencido e chantagista. Ótimo, bom começo.

– Vem cá, você já nasceu chato assim ou se aprimorou com o tempo?

– Acho que é de família, e pro seu governo você também não é nada legal Srt... Qual é o seu nome mesmo?

– Evans. Lily Evans.

– Eu sou Sirius Black. Satisfação Srt. Evans, por que o prazer é só na cama.

– Vou fingir que não ouvi essa última frase, Black. E agora quer me fazer o favor de me mostrar o caminho? Estou com fome!

– Chata e esfomeada. Não tinha como melhorar. – Ele resmungou consigo mesmo. – Siga-me.

Entramos no corredor esquerdo do meio e andamos bastante para começarmos a ouvir os murmúrios das garotas que já haviam chegado.

Quando já estávamos bem próximos á sala e dando para ver as garotas que estavam lá dentro, Black se abaixou um pouco, a fim de ficar da minha altura – mesmo com salto – e sussurrou:

– Está vendo aquela louca ali? A única que está vestindo preto? Ela é minha prima, Bellatrix Black, fique longe dela.

– Por quê? – Falei enquanto rondava a sala com meus olhos para procurar a tal menina.

Ela realmente tinha cara de louca, igualzinha a da televisão.

Só que umas cinco vezes mais feia, assim como todas as outras ali. Inclusive eu, já que melhoraram nossas fotos para não assustar ninguém quando passasse na televisão.

Uma tentativa frustrada já que ficamos parecendo bonecas de 1,99.

– Ela é capaz de tudo pra conseguir o que quer. Tudo mesmo. – Falou ele dando uma piscadinha e entrando na sala, indo em direção á mesa em que se sentava a família real.

Na mesa da família real já estavam sentados o Rei e a Rainha e mais um garoto que não consegui identificar. Sirius se juntou á eles e acenou com a mão como se dissesse: “Tá paralitica? Não foi você mesma que disse que estava com fome?”.

E só de pensar nisso meu estomago roncou e minhas pernas começaram a se movimentar em direção á mesa das Selecionadas, e ao único lugar vago. O que era bem na frente da mesa da família real.

Agora já sabemos o motivo dele estar vago.

O jantar já estava servido, só estávamos esperando que o Rei e a Rainha começassem a comer para começarmos também. O que, na minha opinião estava demorando muito.

– Gostei do seu colar. – Falou uma voz doce ao meu lado.

– Obrigado, seu vestido também é muito bonito – e na verdade, era mesmo. – a propósito, meu nome é Lily Evans, e o seu?

– Sou Molly Prewett.

– Prazer Molly. – Falei enquanto sorria para a ruiva ao meu lado.

Sim, ela também era ruiva. Mas o ruivo dela era diferente do meu, o dela era mais puxado pro laranja enquanto o meu estava mais para o vermelho.

E ela também tinha muito mais sardas do que eu,as dela estavam espalhadas por todo o seu rosto enquanto as minhas eram localizadas bem abaixo dos olhos atravessando o nariz.

Molly era muito bonita, do seu jeito. Tinha bondosos olhos castanhos e era meio gorduchinha. E isso estranhamente combinava com seus cabelos alaranjados cheios.

E também era muito simpática. Ela estava tão faminta quanto eu, já que quase soltamos fogos quando o Rei e a Rainha começaram a comer, nos liberando também.

Me servi de tudo um pouco, e eu posso afirmar com certeza que nunca havia comido nada como aquilo.

Tudo era muito bom, queria que Petúnia estivesse aqui para provar dessas tortas, já que ela é a maior formiga-humana que conheço.

O jantar acabou na hora marcada e fomos orientadas a voltar para nossos quartos. O que nem foi tão difícil, já que agora eu conhecia o caminho.

Liberei Lene e Dorcas para que dormissem onde quisessem, não iria obriga-las a dormir comigo.

É claro que elas relutaram, afinal, essa era uma das obrigações delas. Mas ao mesmo tempo pude perceber que elas queriam dormir em outros lugares, com suas famílias talvez.

– Tem certeza que vai ficar bem? – Perguntou Lene com tom preocupado.

– Claro que sim Lene, eu sou bem já sou bem grandinha para cuidar de mim.

Lene assentiu e fechou a porta.

Depois que as meninas se foram, troquei o vestido por uma camisola verde viva que tinha um tom muito parecido com a cor de meus olhos e me deitei.

Mas é claro que não consegui dormir, fiquei me revirando incontáveis vezes na cama com aquela sensação de estar presa.

Como se eu fosse um pássaro e estivesse presa em uma gaiola, embora ampla e bonita, não tinha liberdade, eu não poderia sair voando para fora quando quisesse. Mesmo com todo aquele luxo da gaiola eu me sentia presa e sufocada.

Sufocada, era isso o que eu estava, já que uma falta de ar repentina me pegou em cheio.

E eu simplesmente não aguentei ficar no quarto e saí correndo sem direção.

A única coisa que eu sabia era que queria sair daquela gaiola, daquele castelo, ou de como você preferir chamar.

Eu precisava de ar fresco!

Eu não sei em qual corredor estava, mas eu avistei uma porta, então corri diretamente pra ela quando percebi que ali tinha um guarda, e ele não estava nenhum pouco disposto a me ajudar.

– Onde a Srta. Acha que está indo? – Ele perguntou.

– Olha, eu não sei quem é você, mas que quero sair, eu preciso de ar! – Pedi em tom de súplica, mas ele pareceu não ter ouvido ou não ligar já que me ignorou e continuou ali, na frente da porta. E eu não poderia fazer nada.

– Vocês não ouviram a moça? Ela quer sair, abram as portas! – Ouvi uma voz desconhecida falar atrás de mim, mas não me dei o trabalho de me virar para ver quem era, muito pelo contrário, eu saí correndo na direção do lindo jardim que estava atrás da porta.

Aquela voz deveria ser de uma pessoa importante, já que o guarda abriu a porta sem falar nada e ainda murmurou um pedido de desculpas rápido e bem baixo.

Eu corri mais um pouco e senti necessidade de parar, afinal, meus pés ainda reclamavam do salto que tinha usado a pouco tempo, estavam bem doloridos!

Sentei no chão mesmo, queria sentira a terra em minha mão, aquilo me fazia bem de uma forma indescritível.

Apoiei minhas costas em um banco que estava logo atrás de mim. E esse banco logo foi ocupado pela pessoa que mando que o guarda abrisse as portas.

– É impressão minha ou você está me seguindo? – Perguntei á pessoa que estava logo atrás de mim.

– Bem, essa é a minha casa, creio que possa ir a qualquer lugar na hora em que eu quiser. – Ele disse com uma voz marota.

– Ah, não me diga que você é... – Não concluí a frase e me virei para trás, a fim de ver se realmente era ele.

Como minha sorte nunca colabora comigo, é claro que era ele.

–James Potter e você? – Ele falou enquanto ria da cara horrenda que eu devo ter feito.

Como se minha cara já não fosse horrenda o bastante.

– Ops. – foi tudo o que minha mente inútil conseguiu dizer.

O que mamãe e Petúnia diriam se vissem aquilo?!

– Ops, que nome bonito o seu. Mas a Srt. Pode me dizer o que está fazendo aqui?

– Meu nome é Lily Evans, - falei com certa raiva de ele ter debochado de mim – Eu estava com falta de ar, então eu quis sair. Tem algum problema Sr. Potter?

– Na verdade tem sim. Pode me chamar só de James, Srta. Evans.

– Tudo bem, então pode me chamar de Lily, James. Que problemas?

– Invasões, os rebeldes nos atacam com frequência, mas estamos acostumados. Vocês não, e como estão sob nossa responsabilidade temos que proteger vocês á todo custo. Entende?

– Acho que não. Provavelmente não. Não, não entendi nada. Você não sabe explicar.

– É, eu já ouvi isso várias vezes. – Ele falou enquanto ria.

– James, posso te perguntar uma coisa?

– Bom, você já perguntou. Mas sim, pode perguntar outra coisa.

– Eu sempre pensei que você fosse chato e mesquinho, por isso ainda não tinha arranjado uma esposa. Mas eu estava enganada, você até que é legal. Então por que estamos aqui?

– É complicado, Lily. A maioria das garotas que eu conheço estão interessadas em minha coroa. Ou na coroa e em mim. Mas nunca só em mim, entende?! Claro que tenho amigas, como Lene e Dorcas, que não estão interessadas na coroa, apenas em mim, mas como amigo e eu igualmente, só as vejo como amigas... E bem, eu tenho esperanças que encontre minha esposa entre vocês, embora também só estejam aqui pela coroa...

– Eu não sei o que essas pessoas veem de mais em uma tiara bonitinha e o poder de mandar e desmandar em tudo. Sinceramente, eu imagino o que você deve passar James, deve ser chato não saber se a pessoa gosta de você ou do título que você carrega.

– Você fala como se não ligasse pra coroa. – Ele falou enquanto me analisava com cautela.

– E realmente não ligo, não estou interessada nela e nem em você. Talvez como amigo, mas não como marido.

James arqueou as sobrancelhas e perguntou:

– Se não está interessada na coroa, e nem em mim. Por que está aqui? Digo, para a Seleção.

– Sabe James, eu tenho uma vida dura. Todos lá em casa trabalham bastante e quase não temos dinheiro, ás vezes nem para a nossa sopa, e ficamos com fome. Eu não queria me inscrever, como você já sabe não estou interessada nem em você nem na sua coroa, mas minha mãe insistiu tanto e acabou concordando em me deixar ficar com a metade do meu salário se apenas me inscrevesse. Então me inscrevi, mas tinha certeza que não seria Selecionada. Mas eu fui, e o dinheiro que eu receber aqui vai ajudar de mais a minha família, James. Acho que até vamos poder trocar presentes no Natal!

– Você já passou fome, Lily?

– Sim, e isso é outro motivo pra eu estar aqui. Quero aproveitar a comida até você me chutar do castelo, e se me permite dizer, nunca havia comido nada parecido com a comida daqui, seja sincero, seu cozinheiro é um anjo?!

– Bom, eu não sei, mas as vezes acho que sim. Ele faz uma torta de limão que meu Deus, tenho certeza que ele coloca algum ingrediente do céu... Você já a experimentou?

– Não, ainda não. Mas tenha certeza que eu não vou sair daqui sem experimenta-la. – Disse rindo, e ele me acompanhou.

– Lily, agora deixa eu te fazer uma pergunta? – Ele perguntou, se recuperando da risada, mas nunca perdendo aquele sorriso maroto que ele tinha.

– Bom, você já perguntou. Mas sim, pode perguntar outra coisa. – Disse imitando o que ele havia falado á poucos minutos.

– Como você é engraçada Srt. Ops, - ele ironizou, mas deu uma risadinha logo depois – Você não acha meio egoísta querer ficar com metade do seu salário, sendo que sua família passa fome as vezes? Você não deveria ajuda-los?

– Olhando de fora, eu concordo com você. Mas você não sabe como é. Imagine ser uma garota de 16 anos que não tem nada do que quer, não poder comprar um brinco que gostou, ou até mesmo uma revista... Não é fácil James, mas no final eu cederia minha parte do salário, acho que me encantei apenas com a possibilidade de ter o dinheiro. Mas não acho que realmente o negaria caso minha família precisasse dele. – Eu não sei por que estava contando aquelas coisas para ele. Afinal, ele nunca me entenderia. – Mas não espero que você me entenda James, você não sabe como é, e fique agradecido por isso.

Ele ficou alguns minutos em silêncio, como se estivesse imaginando o que eu tinha passado. Até que resolveu quebrar o silêncio e disse:

– Então, deixe-me ver: Você está aqui para ajudar sua família, pela comida, e por um acordo que pensou que iria se dar bem? – Ele falou enquanto ria. – Você tem uma sorte monstruosa.

– Tão monstruosa quanto a sua cara. – Eu falei, arrancando mais risadas dele. – Basicamente, mas também vim por que tem coisas... Coisas e pessoas que não me fazem nada bem de onde eu vim, e dar de cara com elas todos os dias não me ajudam a esquecê-las. – Falei enquanto sentia meus olhos marejarem, e ele provavelmente percebeu, já que minutos depois me atacou com cócegas.

E pelos céus, ele sabia exatamente onde eu as sentia.

Ele não parava, e com certeza eu devia estar vermelha pelo excesso de risadas, e James também estava rindo.

– Para... James... Eu... Não...Aguento...Mais... – Falei e ele parou, me ajudando a levantar – sim, estávamos jogados no chão.

– Você é muito bonita para chorar por qualquer idiota, Lily. – Ele falou enquanto sorria de forma terna pra mim.

– Obrigado, mas acho que já está na hora de entramos, não é? – Falei enquanto corava ainda mais.

Eu nunca fui boa em receber elogios.

– Claro, claro. Nos vemos amanhã, e posso te pedir um favor?

– Você não tem que me pedir favores, você é o príncipe e eu sou só mais uma súdita. – Falei sorrindo.

Era pra ser uma brincadeira, mas James não encarou assim. Ele fechou a cara e disse.

– Você não é só mais uma súdita, nunca mais fale assim.

– Desculpe. Pode falar o que você quer.

– Não conte para ninguém sobre nosso “encontro” – ele disse fazendo aspas com as mãos – você sabe, tenho que ter o mesmo tempo com todas e não seria anda saudável se descobrissem que passei mais tempo com você.

– Tudo bem, James. Não vou contar pra ninguém. Talvez só pra Lene e Dorcas. – Falei sorrindo enquanto acenava com a mão e começando a andar em direção à porta que continuava aberta.

– Lene e Dorcas? Elas são suas criadas?

– Felizmente, eu as amei!

– Então acho que sua sorte não é tão monstruosa quanto a minha cara, é um pouquinho melhor.

– É, acho que sim. Tchau James, até depois.

– Até depois, Lily.

Refiz o caminho para me quarto e literalmente me joguei na cama, eu estava exausta!


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