Pov Katniss

Já era quinta-feira e até agora não tive nenhum problema em relação ao castigo. Não tive que conviver muito com Peeta, já que o pessoal da cantina sempre nos dava trabalhos diferentes. As aulas também estavam andando bem, só não estava bem em história, pois prefiro números a palavras, mas eu não podia me dar ao luxo de gostar ou não gostar de alguma matéria, eu tenho que ir bem em todas.

A festa da Foxface era uma coisa que estava me dando um trabalhinho e na qual eu não estava tão animada assim, já que de acordo com a Clove, eu teria que me divertir e arrasar na pista de dança, que é uma coisa que eu não faço desde... Desde muito tempo.

Hoje, depois do fim da aula, Clove, Foxface e eu almoçamos aqui no colégio mesmo, como tem sido desde segunda, já que chegamos à conclusão que no restaurante da família do Peeta não colocaríamos mais os pés.

Depois do almoço fomos para os nossos devidos castigos. Mas quando eu cheguei ao meu, já um pouco atrasada, um dos responsáveis por nos fiscalizar estava falando com Peeta, que como sempre, foi pontual e já estava uniformizado. Quando me aproximo para entender do que se tratava a conversa, o responsável, acho que o nome dele é Brutus, se virou para mim e fez um gesto para que eu me aproximasse, eu o fiz.

– Como estava dizendo para o Peeta, agora vocês vão ter de executar suas tarefas juntos, pois separados vocês demoram demais para fazer. – ele disse olhando para o Peeta e depois para mim.

Como não teria opção apenas concordei com a cabeça me apressei para me trocar, para poder começar o castigo, já que nos só saímos depois de terminar os trabalhos do dia.

Primeiro tivemos que varrer todo o chão da cantina. Acabamos já passava das duas e meia, mas até que trabalhando com o Peeta foi mais rápido, eu sozinha iria terminar talvez só depois das quatro.

Peeta não falava muito,as vezes tentava puxar assunto, mas eu não estava muito afim de conversa, então ele só me dava umas dicas e me ajudava algumas vezes, como quando eu quase deixei que o vento espalhasse todo o montinho de lixo que eu já havia juntado. Depois de juntar o lixo todo, Peeta se ofereceu para colocar na lata de lixo atrás da cantina enquanto eu descansava um pouco. Quando ele voltou estava com dois baldes com um pouco de água, duas esponjas e dois panos. Olhei para ele sem entender.

– Brutus disse que era para limparmos todas as mesas do refeitório, lavando uma por uma. – disse ele antes mesmo que eu pudesse perguntar. A cara de desanimado dele era a mesma que a minha, já que o refeitório tem muitas, mas muitas mesas e elas estão sujas de muitas coisas, como catchup, refrigerante e esses tipos de coisa.

– Tudo bem então. – disse demonstrando toda a minha falta de animação.

Peeta foi para um lado da grande cantina e eu fui para o outro, e ambos começamos o nosso trabalho.

Mal havia se passado meia hora e ainda estávamos na metade das mesas. Tenho que admitir, Peeta limpou bem mais que eu, parecia que ele já tinha jeito. Pelo que eu sabia, ele ainda ajudava no restaurante dos pais, e ainda sonhava em ter o seu.

Já passava das 3h quando do nada Clove passa por nós correndo, toda molhada e chorando. Ela apenas parou um segundo, me olhou, e antes mesmo que eu pudesse perguntar a ela o que havia acontecido ela correu em direção a saída do colégio.

Não sabia o que fazer, Clove iria voltar comigo para casa, mas do jeito que ela estava eu não duvidaria nada se ela fosse andando sozinha e molhada pelas ruas do nosso bairro.

Perdidas em meus pensamentos, só voltei para a realidade quando Peeta falou meu nome. Viro-me e tenho quase certeza que ele presenciou toda a cena.

– Katniss, você me ouviu? – ele disse e eu sinceramente não sabia o que ele estava falando. – pode ir atrás da Clove, tudo bem, eu invento uma desculpa para o Brutus.

–Mas e as mesas? Ainda faltam muitas e ainda temos muito que fazer.

– Não se preocupe, eu falo com o Brutus e vejo se consigo arrumar para terminar as tarefas que eu não conseguir cumprir hoje amanhã. - ele falou como sempre, com aquele jeito doce e simpático dele.

Concordei, eu tinha que ser rápida ou não encontraria Clove, pois ela poderia muito bem ir pelo parque do bairro para poder pegar um atalho para casa. Fui correndo a um canto onde Clove, Foxface e eu havíamos encostado nossas mochilas. Peguei a minha e a da Clove e já ia saindo em direção ao estacionamento quando percebi que estava esquecendo uma coisa. Voltei em direção às mesas da cantina e lá estava o Peeta esfregando uma mesa para tirar a mancha que tinha nela.

– Peeta – digo e ele se volta para mim – obrigada. – ele dá um meio sorriso e eu retribuo, mas não perco mais tempo e vou em direção ao meu carro.

Chego ao meu carro abro logo o porta malas e tiro uma toalha e levo por precaução lá e jogo junto com as bolsas no banco de trás. Quando finalmente encontrei Clove ela já estava saindo de perto do colégio, não sei como ela conseguiu sair nesse estado. Paro o carro do lado dela e desço, quando ela me vê, ela vem na minha direção e me abraça, deixando a minha blusa molhada também, mas isso não tinha importância.

Depois que Clove se acalmou e parou de chorar e começou a respirar mais calmamente sendo interrompida apenas por pequenos soluços por conta de tanto choro. Consigo fazer ela entrar no carro e aceitar que a levasse para minha casa, onde poderíamos conversar em paz, já que minha mãe estava no trabalho e Prim iria dormir essa noite na casa de Rue.

O caminho até a minha casa é silencioso, escutava-se apenas os soluços de Clove. Eu sabia que teria que conversar com ela calmamente para poder saber o que de tão ruim havia acontecido para a sempre tão durona e forte Clove está totalmente vulnerável e sensível.

Depois de chegarmos a minha casa, convenço-a a tomar um banho. Enquanto isso eu liguei para mãe dela perguntando se ela poderia dormir na minha casa hoje, o que não foi um problema. Depois liguei para a minha mãe para avisá-la e ela aproveitou para me avisar que teria plantão hoje. E antes que Clove saísse, aproveitei também para mandar uma mensagem para Foxface dizendo que ela teria que vir dormir aqui em casa e contando que Clove precisava da gente.

Clove saiu do banheiro vestindo uma roupa minha, só um short e uma camiseta vermelha, que eu sabia que ela amava. Ela não falou nada, só me olhou, me viu sentada na ponta da cama perto do criado mudo onde acabei de colocar meu celular. Ela fica assim por um tempo, depois vem até mim e se deita na cama, colocando sua cabeça em meu colo.

Fico fazendo carinho no cabelo dela, esperando ela está bem o suficiente para me contar o que afinal de contas tinha acontecido para deixá-la assim.

– Ele me beijou. - ela diz depois de cerca de uma hora, me deixando totalmente confusa por um momento.

– Como assim? Quem te beijou?

– Cato. O Cato me beijou Katniss. Hoje lá na piscina. – diz ela, agora calma e muito séria.

– Mas como isso aconteceu?

Ela me contou uma história que envolvia a falta de uma camisa, ela se afogando, ele bancando o salva-vidas, depois beijando-a, ela mordendo ele, ele sendo cínico e se fazendo de desentendido, coisa que eu achei bem a cara dele.

Continuamos conversando até que escutamos a campainha tocar e descemos para atender, e como imaginávamos era Foxface, morta de preocupação. Assim que abri a porta só deu tempo dela me dar um rápido beijo na bochecha e ela voou para cima de Clove dando um abraço de urso e fazendo perguntas do tipo “você está mesmo bem?”, ou, “já tomou um remédio para não gripar?”.

– Estou bem sim mamãe! – respondeu e parece que seu senso de humor havia voltado. – Agora, por favor, vamos nos divertir um pouco, vocês são minha amigas, é sua OBRIGAÇÃO me animar! – nos rimos e resolvemos voltar para o meu quarto para podermos começar nossa noite da amigas!