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Pov Katniss

O mundo parecia não está no seu eixo ideal, parecia que meus pés não estavam firmes, tudo parecia confuso enquanto meus dedos ainda estavam enterrados nos fios loiros de Peeta e quando sua boca ainda é presente sobre a minha fazendo com que nada tenha sentido, me fazendo simplesmente agir e não pensar. Quanto tempo estive fugindo e fingindo desde que os pedaços do meu coração foram espalhados pela decepção que Peeta me deu?

A realidade parece me atingir como um tapa na cara e imediatamente paraliso diante do que eu estava fazendo nesses últimos minutos. Não podia está beijando-o, não poderia permitir que aquela pequena brasa que havia no meu coração voltasse a incendiar, acabaria por me queimar e sair machucada disso tudo. Afasto-me de Peeta imediatamente e encontro seu rosto confuso pela minha reação súbita. Eu realmente deveria estar imersa demais no que estava acontecendo para não perceber o tamanho dessa idiotice minha.

– O que foi, Kat?- Pergunta ele.

– Não posso...- Digo colocando minhas mãos sobre seu peito aumentando a distância entre nós.

– Como não? Estava tudo bem agora a pouco...- Lamenta esticando a mão na tentativa de fazer um carinho no meu rosto, mas o impeço.

– Não era para ter acontecido isso... Não posso permitir que você volte a ganhar espaço assim na minha vida, Peeta.

– Por quê não? Você viu agora a pouco a Clove perdoando o Cato e eles estão bem agora, por que não pode simplesmente me perdoar?

– Porque o que Cato fez não chega aos pés do que você fez Peeta! Você me quebrou da pior forma possível, você me despedaçou no momento em que eu estava mais fraca, me abandonou no momento em que eu mais precisei de você ao meu lado!- Explodo praticamente gritando tudo para ele enquanto lutava para conter as lágrimas que queriam se formar em meus olhos.

– Ah, Katniss... As coisas não são bem assim. Se você me deixasse explicar..

– Não Peeta! - O corto - Não há o que explicar, o passado não pode ser mudado, o que foi feito não tem como ser consertado! Já basta disso, não quero ter que ficar te ignorando, o que seria péssimo já que nossos amigos namoram. Vamos voltar a nossa trégua e conviver pacificamente.Além do mais eu... Eu já estou gostando de outra pessoa.

– Outra pessoa? Quem?- Questiona se afastando de mim para me encarar mais atentamente.

– Não vem ao caso...- Desconverso.

– Você está mentindo. - Acusa ele.- Qual o nome dele então?

– Boa pergunta..- Murmuro logo voltando minha atenção para ele.- Minha vida sentimental não te diz respeito, mas se servir para você se manter longe de mim basta você saber que existe um cara que está conseguindo provar seus sentimentos e ganhar espaço no meu coração! - Digo indo para a porta o mais rápido que consigo, o estranho foi que por um segundo antes de fechar a porta parecia que havia visto um pequeno sorriso nos lábios do Mellark.

Fui apressadamente para o meu quarto e me surpreendi ao encontrar Fox e Mad lá dentro com caras de preocupadas.

– Onde você estava,criatura de Deus?- Exclama Mad assim que põe os olhos em mim.

– Er... Bem, a verdade era que eu estava me agarrando com o Peeta até perceber o tamanho dessa burrice, então mandei ele ficar longe de mim e percebi que mesmo ainda havendo uma pequena chama no meu peito referente a ele, também há um sentimento novo por esse misterioso que está ganhando espaço na minha vida.- Digo em um fôlego só e elas ficam alguns segundos me encarando parecendo processar o que eu disse.

– Melhor você ir esfriar a cabeça com um banho. Nos encontramos na fogueira lá fora. - Diz Fox passando por mim e me dando um beijo no rosto, gesto imitado por minha prima que sai logo em seguida.

Me sinto aliviada por elas me entenderem tão bem e saber que estou confusa por mim mesma e que o que preciso agora é relaxar e tirar o foco desse turbilhão que ameaçava se aproximar da minha vida novamente. Tomo meu banho com calma, aproveitando a água morna sobre o meu corpo tenso, me arrumo com uma roupa um pouco mais pesada por conta do vento frio que faz aqui durante a noite e por fim me junto aos meus amigos.

Peeta parece concentrado em se divertir fazendo piadas com os amigos, e é exatamente isso que me ocupo em fazer também. Daniel e Gale entram em uma competição de quem vira a lata de refrigerante mais rápido, uma dessas coisas de meninos.

– Oi. - Diz Pedro se sentando ao meu lado sobre toalha que estendi na areia.

– Oi, se divertindo?- Pergunto.

– Posso confessar que estou mais feliz agora que estou ao seu lado.- Diz me oferecendo um sorriso galanteador e levemente presunçoso fazendo com que eu fique envergonhada.

– Você tem que parar com essa mania.- O recrimino.

– Que mania?- Diz fazendo cara de inocente.- Só lhe digo verdades, a culpa não é minha que suas bochechas tem a tendência a ficar mais coradas quando estão perto de mim.- Ele banca o convencido.

– Muito engraçadinho você!- Digo batendo meu ombro no seu só por brincadeira. Pedro, mesmo com esse jeito meio misterioso e de não sabermos muito do passado dele, está se revelando ser uma ótima companhia. É quando vem um "clic" em minha mente, Pedro começa com a letra "P"! Poderia ele ser o misterioso?

O resto da noite foi nessa brincadeira, cantamos ora realmente curtindo a música, ora desafinando e cantando músicas ridículas só por diversão. Não sei bem que horas eram quando resolvemos deitar, a maioria já desabando de sono, afinal o dia foi bem animado.

Na manhã seguinte a maioria acordou perto do horário do almoço e eu não fui diferente, quando desci só encontrei Maria acompanhada de Fox e Pedro, os únicos que já haviam tido disposição de levantar. Ficamos esperando os outros preguiçosos descerem, o último foi Marvel, que só desceu mesmo porque Fox foi o acordar.

Almoçamos a maravilhosa comida da Maria e decidimos aproveitar umas últimas horas de praia, já que antes do fim da tarde estaríamos na estrada voltando para casa. Coloco meu biquine, passo meu protetor, visto minha saída de banho branca de renda e me junto as meninas em um passeio na praia. Hora de colocar o papo em dia!

– Então, Clo, como o loiro arrependido está se portanto?- Pergunta Mad já puxando o primeiro tema em questão.

– Ele está mais grudento que nunca e eu adoro isso.- Diz Clove fazendo com que todas riamos.- Sério meninas, é maravilhoso ter meu namorado de volta, vocês sabem o quanto me doeu o que ele fez, a mentira e tudo mais, mas agora sei o quanto ele está arrependido e sei que o que ele sente é verdadeiro.

– Nossa, você está com a maior cara de boba apaixonada, parece até que se apaixonou de novo por ele!- Digo brincando e ela me dá língua.

– Acho que você não está errada, me apaixonei de novo por ele ontem, ele renovou minhas esperanças em nós e o meu amor por ele.

– Ok, ok, já entendemos o quanto você está apaixonada e radiante e ficamos felizes por você, mas já estou começando a ficar com diabetes!- Exclama Mad colocando a mão na testa dramaticamente.

– Não seja tão exagerada, Mad!- Fala Fox.

– Diz a outra que ficou direto de chamego com o namorado.- Rebate ela.

– Você também passou boa parte de ontem com o Gale, ein? Pensa que eu não percebi enquanto estava "de chamego" com o meu namorado?- Provoca Fox cutucando a cintura da minha prima, mas a mesma me lança um olhar levemente preocupado.

– O que foi, Mad?- Pergunto.

– Nada... Só estava vendo qual foi sua reação pelo que a Foxface falou.- Diz desviando o olhar do meu, que coisa estranha.

– Como assim minha reação? É apenas o Gale, vocês são amigos e passaram parte do dia juntos ontem, o que tem isso demais?- Questiono vendo minha prima ficar um pouco vermelha e olhar para qualquer lugar a nossa volta menos para mim. - Mad, o que está acontecendo?

– Er... O que vocês diriam se sentimentos estivessem surgindo em mim em relação ao... Ao Gale. - Disse ela parando de andar e olhando para areia que mexia com os pés.

– Mad, olha pra mim.- Digo exigindo sua atenção.- Você está gostando do Gale?

– Seria só uma suspeita sabe...- Diz ela voltando a desviar o olhar.

– E por que você está falando isso desse jeito?- Questiono.

– Você... Não está com raiva de mim? - Pergunta eu voltando a me olhar receosa.

– Raiva? Do que você está falando Madge?

– Algumas semanas atrás vocês eram namorados, o que você esperava que eu pensasse? Que iria sorrir, me abraçar e dizer que fica feliz?- Diz ela um pouco amarga.

– Podemos ter namorado, mas você sabe muito bem, como todas aqui, que sempre gostei de Gale como a um irmão, isso se comprovou no período em que namoramos. - Rebato enquanto Fox e Clove apenas observam.

– Então o que pensa a respeito do que acabei de lhe dizer?

– Acho que se for correspondido vocês formariam um lindo casal.

– E... E se não fosse tão recente assim isso?- Diz Madge voltando a me olhar com dúvida.

– Como assim? - Clove coloca em palavras o que pensei.

– Meninas, tenho uma confissão a fazer...- Minha prima fala mordiscando o lábio, claro sinal de seu nervosismo.- Ok. Kat, você provavelmente vai querer me matar por nunca ter falado isso antes contigo, mas tente me entender, por favor. Bem, tudo começou em um verão que eu vim passar na casa da Kat quando ainda éramos pequenas, não conheci vocês nessa época porque no período que fiquei aqui as duas estavam viajando, mas Gale estava aqui. Eu era uma menina boba com os meus 11 ou 12 anos e achei ele um garoto muito fofo e bonito. Os dias que passei aqui com a Kat e Gale naquele verão foram muito divertidos e quando fui embora levei comigo uma sementinha de paixão plantada em meu coração.- Ela suspira antes de continuar a sua "confissão".- Eu fiquei vindo mais raramente aqui, nas vezes que vim conheci vocês, o que foi ótimo e revi Gale, o que não foi tão bom já que estávamos maiores e ele mais lindo e maduro, maduro ao ponto de ficar com algumas meninas só nos poucos dias que passava aqui, aquilo não me deixou muito bem. Mas vocês me conhecem, então coloquei na cabeça que iria esquecê-lo e ponto final. Talvez isso seja um mal de família, ein prima?- Comenta dando um risinho.- Foi aí que teve o seu aniversário, ele te pediu em namoro, você aceitou, vocês namoraram e terminaram e eu vim morar aqui. Ah, e agora a bobona aqui acha que pode está fraquejando e voltando a se apaixonar por ele.

– Nossa, que história!- Fala Fox ainda pasma assim como Clove e eu.

– Mas Mad, se você tivesse me falado isso antes eu nunca teria tido nada com ele.- Digo perdida com todas aquelas informações. - Desculpa, prima.- Fui a abraçar.

– Por que você está pedindo desculpa? Tá doida?- Pergunta ela mesmo me abraçando.- Era pra você está com raiva, sei lá, eu disse que posso está gostando do seu ex, isso vai contra o CIA!

– CIA?- Pergunta Clove.

– Código Indiscutível de Amizade!- Explica Mad parando de me abraçar e olhando as outras meninas.- Ah, qual é? Artigo 3, segundo parágrafo: "Nunca se envolver com o ex da amiga"... Entendem o que quero dizer?

– Só a nível de curiosidade, quem inventou isso?- Pergunta Fox.

– Sei lá, só sei que não deveria sentir nada pelo Gale.- Diz Mad revirando os olhos como se estivesse irritada consigo mesma.

– Bem, você pode achar que não e ficar irritada por essa situação. Mas eu te garanto que não estou com raiva e até te ajudo com ele se quiser!- Digo por fim e vejo um sorriso se abrir no rosto dela.

– Sério? Ai prima, você é a melhor!- Diz pulando no meu pescoço fazendo com que nós duas caíssemos na areia.

Após essas descobertas um tanto quanto inesperadas, tocamos no assunto Mellark, o que gerou uma descrição de como a tal pegação começou e o que rolou, afinal ainda eram minhas amigas e exigiram detalhes. Ao final da minha narração elas me apoiaram na decisão de não dar brecha pro Peeta e quem sabe terminar ter curar meu coração para receber esse misterioso que promete se fazer presente no meu futuro próximo.

Voltamos para a casa por volta de umas 15h, os meninos estavam conversando nos degraus que ligam a varanda da casa a praia. Comemos um último lanche que Maria fez para nós, colocamos nossas malas no carro e nos organizamos para saber quem iria com quem. Clove decidiu voltar no carro de Cato acompanhada por Peeta que iria de vela do casal, no carro de Gale iria com Pedro e Daniel e no comigo iria o casal ternurinha e Madge.

O caminho de volta foi tranquilo, paramos para abastecer em um posto já no nosso bairro e acabamos por nos despedir ali mesmo, cada um indo para sua própria casa, afinal amanhã teríamos aula cedo. Deixo Marvel, depois Fox e sigo com Mad para minha casa, combinamos que ela dormiria na minha casa e amanhã vamos juntas para o colégio.

Chegando em casa Prim está na sala assistindo um filme e logo diz que nossa mãe está em um plantão de última hora, mas que aquilo era prova que ela já era grandinha o suficiente para ficar sozinha em casa, o que eu não concordo, mas resolvi não discutir. Mad e eu estávamos tão cansadas desse feriado de praia e sol que tomamos cada uma um bom banho e desabamos na cama, dormindo logo em seguida.

Acordo com o despertador tocando espalhafatosamente, quase me fazendo cair da cama. Respiro fundo desligando o aparelho louco e cutucando Madge q não sei como não acordou com todo aquele barulho, vou no quarto de Prim a acordando também e mandando ela se arrumar, quando estou descendo para preparar o café da manhã noto a porta do quarto da minha mãe aberto. Silenciosamente entro no quarto e vejo minha mãe ainda com a roupa do hospital deitada em diagonal na cama. Vou até ela colocando o lençol por cima de suas pernas e vejo que ela está abraçada com um porta retrato, com cuidado tiro-o de suas mãos para que ela durma melhor e percebo que é uma foto dela com meu pai juntos, lembro que essa foto foi tirada no natal do ano passado, pouco tempo antes do acidente... Pensar nisso me deixa com lágrimas nos olhos. Quanta saudade sinto do meu pai? De acordar domingo com o cheiro das suas panquecas, de conversar besteiras depois do jantar enquanto fazíamos piadas sobre os programas de tv... São muitas as lembranças e não há como medir a falta que sinto dele.

Enxugo a lágrima sorrateira que escapou do meu olho e saio do quarto que já foi dos meus pais e agora é ocupado pelo que sobrou da minha mãe. Arrumo tudo em silencio logo subindo para colocar meu material na bolsa e me vestir. Não muito tempo depois já estamos as três no carro a caminho do colégio, Mad e Prim foram conversando durante todo o caminho sobre como foi nosso feriado, mas preferi ficar calada com meus pensamentos.

Já no colégio Prim foi para sua sala e Mad foi pegar os livros que iria precisar no seu armário, que era um pouco longe do meu. Abro meu armário para pegar meu próprio material e me deparo com uma concha com uma linda pérola dentro, ao lado um bilhete com a mesma fitinha verde que havia na tulipa do outro dia. O bilhete dizia:

" Como um dia essa pérola foi um grão de areia, meu sentimento por você começou pequeno e com um tempo foi crescendo dentro de mim, e agora tenho esse lindo e concreto tesouro. Espero poder fazer você sentir o mesmo logo!

P."

E em meio a tantas lembranças e saudades que me entristeceram essa manhã, esse misterioso me conseguiu tirar um sorriso.