Pov Clove

"Não acredito que estou soando frio! Se controle, Clove!" penso quando minha mãe me deixa em frente a casa de Cato com um simples "boa sorte" como despedida. Não havia motivos para nervosismo, afinal, quantas mil vezes percorri esse caminho que leva até a porta da casa dele? Sem contar que é da minha melhor amiga também!

Ao chegar em frente a porta pondero um segundo antes de por fim tocar a campainha. Não demora e Cato aparece todo sorridente a porta todo sorridente.

– Oi, amor!- diz abrindo os braços e me envolvendo em seu abraço de urso.- Já estava achando que havia desistido.

– Quase..- murmuro contra seu peito, mas pela sua risada acho que ele ouviu.

– Vamos entrar, só estávamos esperando você chegar.- diz me dando um selinho e me guiando para dentro.

– Clo!- Fox é a primeira a me cumprimentar quando chego na sala, onde todos estão sentados nos sofás.

– Nossa, ainda bem que chegou logo, eu já estava morrendo de fome aqui!- diz Marvel implicando comigo.

– Deixa de ser folgado, Mané!- diz Cato passando um braço despreocupadamente por minha cintura, o que me faz corar pela forma como seus pais estão nos olhando.

– Boa noite, Sr. e Sra. Ludwig. - digo formal.

– Agora é "Sr. e Sra. Ludwig" é? - comenta o pai de Fox contendo o sorriso.- Está vendo isso, querida?

– Até ontem era "Tia, a Fox pode isso?" ou "Tia, me arruma isso.."! - diz a mãe deles rindo.

– Poxa, Tia, eu aqui tentando ser educada...- comento envergonhada.

– Depois de passar sua vida inteira dentro dessa casa sendo a louca de sempre, vem agora querendo parecer normal?- diz Fox rindo da minha situação, e essa era a que se dizia minha amiga...

– Já podem para de rir da minha namorada.- diz Cato tentando parecer sério, mas vejo que ele também está se divertindo.

– Ui, "minha namorada"! Até enche o peito para falar.- zomba Marvel.

– Fica quieto aí se não minha irmã vai ficar solteira de novo!- ameaça Cato.

– Calei!- diz Marvel levantando os braços em sinal de rendição e logo abraçando Fox ainda sentados no sofá.

– Cato está certo, melhor irmos jantar e para de perturbar a pobre da Clove.- diz minha linda sogrinha me livrando.- Meninas me ajudem a colocar a mesa.

Me desvencilho dos braços de Cato e sigo Fox e sua mãe para a cozinha, chegando lá meus olhos quase enchem d'água! Minha sogrinha fez LASANHA para o jantar!!!

– Ai, sogrinha! Assim eu choro! Essa lasanha é especialmente para mim né? - digo fingindo secar uma lágrima.

– Fox me disse que a misteriosa namorado do Cato é você, e te conhecendo como conheço achei que nada melhor do que a minha lasanha especial para o "jantar de apresentação".- diz sorrindo.

Desde que me entendo por gente eu amo a lasanha da mãe da Fox. Não me contenho em atravessar a cozinha para lhe abraçar.

– Obrigada, melhor sogra do mundo!- digo dando um beijo estralado em sua bochecha.- Não sei por quê dizem que sogra são ruins.

– Isso por que você me tem de sogra. A minha sempre foi uma cobra comigo!- comenta e rimos.

– Assim eu vou ficar com ciúmes!- diz Fox com as mãos na cintura fingindo indignação.

Arrumamos rapidamente a mesa e logo já estão em seus devidos lugares. Sendo uma mesa de seis lugares o pai de Cato sentou em uma ponta, tendo sua mulher ao seu lado, eu fiquei ao lado de Cato e com Fox na outra ponta da mesa, tendo Marvel a minha frente. O jantar corria muito bem entre risos e brincadeiras de todos os lados. Vez ou outra Cato colocava sua mão na minha coxa por debaixo da mesa e a apertava chamando a minha atenção para olhá-lo e momentaneamente me perdia na beleza de seus olhos. Ou mesmo segurava minha mão em cima da mesa, entrelaçando nossos dedos.

– Clo, admite que você tava nervosa!- diz Fox no meio da conversa.

– Não estava não!- nego veementemente.

– Você disse que quase desistiu de vir!- acusa Cato.

– Não disse isso!

– Mas pensou.- diz Fox.

– Pode relaxar Clove.- diz Marvel.- Comigo foi mil vezes pior! Eles todos combinaram de tirar uma com a minha cara, o tio fingiu que não ia aprovar o namoro, a tia também não... Quase morri de medo e a minha namorada nem pra ficar do meu lado, sabe!

– A sua cara foi hilária! Ainda bem que gravei, depois te mostro, amor.- diz Cato.

– Que bonitinho você chamando ela de amor!!!!- diz Fox quase gritando.

– Lindinho mesmo! Nunca pensei que veria o meu filhão tão apaixonado. Pelo menos não tão cedo.- comenta minha sogrinha, o que me faz corar um pouco e olhar para Cato que também estava envergonhado.

O resto do jantar foi tranquilo, só com ais alguns constrangimentos básicos, mas foi bem melhor do que esperava. Tudo bem que eu não imaginei minha sogra me jogando pratos ou me expulsando da casa dela, mas sei lá... Acho que só estava ansiosa mesmo.

Quando terminamos o jantar, Cato diz que vai me levar para casa, já que era perto das onze horas. Não sei dizer o quão feliz fiquei por ter podido tirar aquela maldita bota, finalmente, hoje mais cedo e agora poder andar normalmente, principalmente porque era horrível entrar no carro de Cato. Não falamos muito no caminho até minha casa, o que me fez pensar se eu havia feito algo errado. Chegamos a frente da minha casa e Cato estaciona em frente a garagem mais uma vez.

– Por que está tão calado?- questiono desafivelando o cinto de segurança e virando meu corpo para o encarar.

– Só estava pensando na noite de hoje. Nunca tive nada assim antes.

– E isso é bom?

– Sim! Foi tão divertido, nos rimos, e você estava lá! Como minha namorada!

– Sim, eu estava. E vou estar ainda muitas e muitas vezes!- declaro segurando seu rosto e unindo nossos lábios.

Não demora a Cato pedir passagem com a língua intensificando nosso beijo, passagem que eu facilmente permito que aconteça. Uma de suas mãos vai para minha cintura me aproximando e fazendo com que eu tenha que me equilibrar entre os dois bancos. Apoio minhas mãos em seus ombros com medo de acabar me machucando, apertando-os durante o beijo que a cada momento ficava mais quente!

– Melhor.. Melhor eu entrar!- digo com um pouco de dificuldade quebrando o beijo.

– Melhor mesmo!- diz ele ofegante como eu.

– Você tem que se controlar mais.- digo brincalhona voltando a sentar no banco do passageiro.

– Mas foi você que me beijou!- acusa.

– Se eu não tivesse um namorado tão lindo eu não o quereria beijar tanto!- digo lhe dando um selinho.

– Sei que sou irresistível!

– Vejo que o seu lado convencido está voltando com tudo.

– Realista, meu amor, apenas realista. Assim como digo que ter uma namorada tão maravilhosamente linda, e ainda mais nesse vestido, é um grande privilégio que eu tenho.- diz e volta a me puxar para um beijo rápido.- E uma grande tentação também!- diz e rimos.- Melhor você entrar, já está tarde. Boa noite.

– Boa noite, me liga quando chegar em casa.- digo saindo do carro e abaixando minha cabeça até a janela.

– Sim mamãe!- diz batendo continência.

– Tchau!- digo e entro correndo em casa. Nunca pensei que poderia estar tão feliz.

**** 1 MÊS DEPOIS ****

– Doce!

– Salgada.

– DOCE!- digo/grito.

– Salgada é melhor!- diz Cato.

– Sério que vocês estão brigando pelo sabor da pipoca?- questiona Katniss entrando na cozinha da minha casa.

– O Cato é um idiota e quer fazer pipoca salgada, e você sabe que a minha preferida é a doce.- digo cruzando os braços.

– Por que vocês não fazem as duas? Afinal, uma pipoca não vai dar para todo o mundo.

– A Katniss está certa.- diz Cato.- Do jeito que o Marvel e o Peeta são eles vão comer um pacote sozinhos.

Hoje é sábado e como meus pais foram passar o dia na casa de praia de uns amigos para relaxar e resolver mais alguns negócios, coisa que não me atrai nenhum pouco, eu convidei Fox, Kat, Madge, Marvel, Peeta e obviamente Cato para passarem a tarde aqui comigo.

Depois de passar muito tempo de molho na piscina, divididos entre pegar sol, fazer algum jogo ou simplesmente aproveitar a tarde na maior paz, vi vez ou outra Peeta e Kat trocarem um olhar de pura tolerância, mas nada que estragasse o ótimo clima. Assistimos alguns filmes e, de uma forma educada, expulso todos, menos o meu amado namorado.

– Não acredito que conseguiu colocar todo mundo para correr tão rápido!- comenta esticado na minha cama.

– Tenho minhas técnicas!

– Sei que sim.- diz se sentando enquanto rodo pelo quarto procurando meu celular, que foi abduzido.- Agora me explica por que você está com a minha blusa mesmo?

– Porque eu estava com frio lá em baixo depois que saímos da piscina e não queria subir para pegar uma minha. Já pode admitir que ela ficou muito mais bonita em mim do que em você!

– Claro que sim! E quando eu chegar em casa vou está com o seu cheiro na minha blusa e não vou deixar minha mãe lavar nunca mais!- diz brincalhão.- O que você tanto procura?

– Meu celular, ele sumiu.

– Tá aqui no meu bolso.

– E por que não me falou antes? Eu passei o maior tempão feito uma idiota procurando e você aí bem deitado com ele no bolso.

– Você não me falou o que estava procurando, a culpa não é minha. Não me olhe com essa cara!

– Que cara?- digo colocando as mãos na cintura.

– Essa de "eu sempre estou certa".

– Mas eu sempre estou certa!- digo convencida esquecendo a "raiva" e indo até minha cama e ficando de frente a Cato que simplesmente me segura pela cintura, ainda sentado na cama.

– Talvez você esteja passando tempo demais comigo, está ficando convencidinha, ein pequena?

– Não sou pequena!- protesto tentando desvencilhar seus braços de mim, mas Cato é mais forte que eu.

– É a minha pequena, minha morena...- diz e me puxa fazendo com que caiamos na cama.- Minha.- diz e me beija.

Já estou namorando a pouco mais de um mês com Cato, o encanto e aas flores iniciais já passaram, voltamos a brigar por besteiras, mas nada comparado a antes. Não somos o casal mais normal do mundo, longe disso. Mas somos felizes, pelo menos nesse tempo que decidimos dar esse passo de tentar essa relação tão improvável. Conseguimos nos entender quando as brigas se tornam mais sérias, algo que não pensei que fosse dar certo. Descobrir que Cato e um ótimo ouvinte, ele realmente escuta o que eu falo, mesmo que suas respostas sejam piadinhas e brincadeiras bobas. Essas pequenas coisas só fizeram com que o que eu sinto por ele crescesse a cada dia e agora meu amor por ele não cabe em mim.

Nesse ultimo mês as coisas estão bem. Tirando que ainda não ganhei a aposta contra Fox e descobrimos quem é o misterioso. Ele é esperto, tenho que admitir, toda semana ele faz algo, sendo que houve vezes que na mesma semana ele mandou vários recadinhos fofos, o que fez a Kat quase se derreter, eu disse quase. A última que ele aprontou foi uma flor branca dentro do armário da Katniss. Como ele colocou lá eu não sei, mas sei que ele foi muito atencioso no cartão que explicava o significado da flor e tudo mais. Estou começando a suspeitar desse Pedro, ele está sempre que pode perto da Katniss, aproveitando as oportunidades de sair com a turma e... Eu vejo o jeito um pouco torto que Peeta olha para ele... Acho que não sou a única a desconfiar dele.

–Amor...- diz Cato praticamente me sacudindo em meio a o abraço que estávamos.

– O que foi?

– Você desligou. Parecia que estava em outro mundo.

– Talvez.- digo rindo e ele me dá um selinho.

– Sabe, amor...- começa ele.

– Lá vem.- o corto.

– Será que posso falar? - questiona e apenas assinto.- Então, próximo final de semana vai ser o aniversário da Glimmer...

– E o que eu tenho a ver com isso?- digo já desconfiada.

– Você nada, já que vocês se odeiam. Mas ela me convidou para a festa, afinal, sou amigo dela.

– Você está dizendo que vai para a festa da Glimmer?- pergunto sentando e o encarando.

– Não vejo por que não ir. É o aniversário dela.

– Você sem mim?

– Você iria na festa da Glimmer?

– Não mesmo!- declaro.

– Então terei que ir sem você, amor. Não me olhe com essa cara de que vai me matar, não vai acontecer nada demais. Peeta e Marvel também vão.

– A Fox vai?

– Não... Marvel me falou que a Glimmer só convidou ele, assim como fez comigo.

– Evidente...- murmuro.

– Você está com raiva, pequena?

– Por que eu estaria com raiva, já que estou só sendo comunicada que serei chifruda...

– Chifruda?! Tá louca?

– Ah, claro. Porque você vai para uma festa, com a GLIMMER, uma festa da GLIMMER, onde você vai beber as bebidas da GLIMMER E NO FIM VAI COMER AQUELA PUTA DA GLIMMER!- digo e no fim acabo gritando e levantando da cama de tanta raiva.

– Clove! Onde está sua confiança em mim? - diz nervoso passando as mãos para bagunçar ainda mais seu cabelo.- Vou nessa festa por consideração a Glimmer. Prometo não beber nada e voltar cedo se isso te deixa mais feliz.

– Isso não me deixa mais feliz! Ver você perto dela não me deixa feliz! Ela não vai perder nenhuma oportunidade de te seduzir e...- não consigo terminar o que falava pois Cato segurou meu rosto e colou sua boca a minha.

– Ela pode querer fazer o que for, me seduzir ou mesmo voar no meu pescoço, mas ela nunca será você, nunca terá o que você tem. O meu coração e o meu amor.- diz e obviamente derruba minhas barreiras.- Poxa, eu te amo morena! Acredita em mim e no que eu sinto.- suplica ainda segurando as laterais do meu rosto.

– Eu acredito, mas não confio naquela vaca de salto 15... -digo baixinho aninhando-me em seu peito.

– Eu posso ir a festa sem que você termine comigo ou me ameace de morte?

– Pode, mas vou colocar meus espiões de olho em você!- digo e rimos.

– Acho que o Peeta vai está um pouco ocupado com a Delly para me vigiar, mas como provavelmente terei que vigiar o Marvel, você pode pedir para ele me vigiar! Agora é melhor eu ir antes que o meu sogrão me flagre aqui nos aposentos da princesinha dele!

– Tudo bem.- digo engolindo minha raiva e mesmo a curiosidade sobre o que ele quis dizer falando que Peeta estará ocupado com a outra vaca que é a Delly, melhor eu ficar sem saber mesmo.- Te levo lá em baixo.

Descemos as escadas abraçados e calados, a ideia de ter Cato dentro do mesmo perímetro que Glimmer já me revirava o estômago, mas eles dois, em uma festa e ainda por cima uma festa da própria Glimmer faz com que meu organismo entre em curto.

– Pequena, me dá minha camisa para eu poder ir.

– Deixa eu ficar com ela, depois eu te devolvo... Ou não...- digo abraçando o meu próprio corpo e mantendo a blusa colada a mim.

– Tudo bem, gosto de saber que tem algo meu contigo. Agora tenho mesmo que ir, morena.- diz e enlaça minha cintura e me beija.

O beijo não foi muito longo, mas o bastante para eu conseguir aguentar a saudade até amanhã, se bem que não tenho certeza se terei tempo para sentir saudade enquanto penso nos métodos mais perversos e dolorosos de matar certa piranha oxigenada!